Quem é Quem: quando o nonsense encontra o riso fácil

Viviane Araújo e Eri Johnston, as estrelas de Quem é Quem (Foto: Assessoria)

Mateus Conte

A peça Quem é Quem, protagonizada por Eri Johnson e Viviane Araújo e encenada no dia 22 de setembro no Teatro Municipal de Bauru, representa bem as comédias de relacionamento que vemos frequentemente nos palcos brasileiros.

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Zeca Pagodinho está ainda ‘Mais Feliz’

“Anjo do Samba” foi como sua madrinha Beth Carvalho apelidou o sambista (Foto: Reprodução)

Rayanne Candido

“Nós somos feitos um pro outro de encomenda/ Como a chave e a fenda, como a luva e a mão/ O nosso amor é kama sutra, é juventude/ É demais, parece um grude/ Corpo, alma e coração”. Esse trecho faz parte de Mais Feliz, composição de Toninho Geraes regravada por Zeca e usado na abertura de seu novo álbum. Um lançamento de uma das maiores figuras do Brasil é muito mais do que somente uma coleção de canções, é um convite a relembrar toda a trajetória que marcou o país. É sinônimo da genuína brasilidade.

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Sun Ra Arkestra e convidados distorceram o espaço-tempo no Sesc Bauru

A Sun Ra Arkestra aterrissou em Bauru no dia 5 de outubro. Ao centro, o líder Marshall Allen no alto dos seus 95 anos. Ao seu lado, Knoel Scott (Foto: Gabriel Leite Ferreira)

O saxofonista Marshall Allen começou a tocar com o pianista Sun Ra no fim dos anos 50. E assim segue até hoje, mesmo após a morte do mentor da Arkestra, um dos grupos mais cultuados do jazz de vanguarda, em 1993. Depois do também saxofonista John Gilmore, outro contribuidor fiel à obra de Sun Ra falecido em 1995, Allen mantém a Arkestra na estrada desde então. O espetáculo Outros Espaço: Sintonia Cósmico Sônica, que se deu na quinta-feira passada (3) no auditório do SESC Bauru, sinaliza a vontade de transmitir a ideologia musical e cósmica de Sun Ra para novas gerações de músicos e público.

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Elena: um retrato sensível e necessário para debater suicídio e depressão

Aviso de Gatilho: Elena pode conter elementos prejudiciais àqueles sofrendo com depressão ou pensamentos suicidas.

Cena do filme Elena. A imagem mostra duas mulheres flutuando num rio de águas escuras. As duas mulheres estão do lado esquerdo da imagem, e a primeira está na parte de baixo, na horizontal, com a cabeça para o lado direito e os pés em direção ao centro da imagem, virados para o lado esquerdo; e a segunda na parte de cima, de cabeça para baixo, na diagonal. As duas usam vestidos longos em tons de bege. O fundo é preto.
O documentário Elena mistura realidade e ficção para contar a história de vida da irmã da cineasta Petra Costa, diretora de Democracia em Vertigem (Foto: Busca Vida Filmes)

Raquel Dutra 

O segundo longa-metragem de Petra Costa leva o nome de sua irmã mais velha, a atriz Elena Andrade. Sob a premissa de retratar a história da jovem e os sentimentos que a família conserva por sua memória, Elena toca em debates ultra sensíveis acerca de suicídio e depressão, ao mesmo tempo em que carrega o valor de ser considerada como uma obra marcante da documentarista. No filme, tudo tem um único fim: construir um retrato íntimo e profundo da vida de Elena, que aos vinte anos, tratando de doenças psicológicas e tentado se reerguer de desilusões profissionais, findou a sua própria vida.

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K-12 prova que conceito nem sempre é tudo

Foto: Reprodução

Ana Laura Ferreira

Inovação e crítica social. Essa é a mistura feita por Melanie Martinez em seu mais novo projeto: K-12. A obra composta por um álbum com 13 faixas e um filme de uma hora e meia compõe a 2ª parte da história de Cry Baby, personagem idealizada pela cantora em seu primeiro trabalho. Resultado de uma criação abusiva e uma infância tóxica, Baby agora deve encarar uma sociedade deturpada por um falso conceito de certo e errado.

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Dor e Glória molda arte ao redor do passado e do cinema

Dor e Glória foi o filme escolhido para representar a Espanha no Oscar 2020 (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Não, Dor e Glória (Dolor y Gloria, no original) não é um filme autobiográfico. Seu realizador, o notório Pedro Almodóvar, prefere o termo autoficção. Caminhando em território poético, o cineasta conta uma história íntima sobre amores, perdas e sobre o passado de um diretor de cinema, brilhantemente vivido por Antonio Banderas.

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Coringa: A sociedade desperta o monstro

O filme pode conter gatilhos, cuidado (Foto: Reprodução)

 

Gabriel Soldeira

O Coringa é um dos vilões mais importantes das histórias em quadrinhos, o caos e a loucura que envolvem a psique do personagem o tornam curiosamente cativante. Ele foi eternizado por interpretações memoráveis, principalmente a de Heath Ledger que no cultuado “Batman: Cavaleiro das Trevas” (2008), cuja performance pareceu ser o rosto definitivo do palhaço do crime. Coube agora a Joaquin Phoenix deixar sua marca, mas dessa vez o vilão protagoniza um filme solo. Dirigido e co-roteirizado por Todd Phillips, “Coringa” é um profundo estudo de personagem. O filme adentra a insanidade do palhaço na forma de um thriller psicológico, e é mais um que se afasta do falido universo da DC nos cinemas.

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Boneca Russa: série ‘original’ da Netflix não traz nada novo

O nome Boneca Russa faz referência às Matrioskas, bonecas de tamanhos variados, colocadas uma dentro das outras (Foto: Reprodução

Jaqueline Neves

Uma pessoa com hábitos autodestrutivos se vê numa situação em que a vida a obriga reconhecer seus erros – e consertá-los – ao reviver o mesmo dia várias vezes. Parece familiar, não? Isso porque, assim como qualquer série ou filme original da Netflix, “Boneca Russa” também se encontra dentro do clichê da indústria do audiovisual em que todas as produções, no fundo, giram em torno da mesma história.

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A Música da Minha Vida toca notas familiares, mas extremamente emocionantes

“Vagabundos como nós, amor, nascemos para correr” (Foto: Reprodução)

Gabriel Oliveira F. Arruda 

Admiro muito os artistas que se propõem a realizar obras autobiográficas, sejam elas na literatura ou no cinema, já que a minha péssima memória não me permitiria escrever algo do tipo. No entanto, me lembro distintamente da primeira vez que ouvi Born to Run, do Bruce Springsteen. Eu devia ter 13 ou 14 anos, e lia Battle Royale, do japonês Koushun Takami, uma obra que faz inúmeras referências a lendária música de Springsteen. Me lembro do impacto que ouvir aquela canção, naquela idade, me causou. A Música da Minha Vida (Blinded by the Light) fala exatamente sobre esse sentimento.

Baseado no livro autobiográfico do jornalista Sarfraz Manzoor, Greetings from Bury Park, é dirigido por Gurinder Chadha (Driblando o Destino), o filme conta a história de Javed Khan (Viveik Kalra). Um jovem paquistanês vivendo nos subúrbios de Luton, Inglaterra, durante os turbulentos anos do governo de Margaret Thatcher, e como a descoberta da música de Springsteen mudou a sua vida e sua percepção do mundo e de sua família.

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25 anos depois, já podemos parar de falar sobre Friends

I’ll be there for you (Foto: NBC)

Vitor Evangelista 

Friends é a grande série do século XX. A comédia sobre os seis amigos de Nova Iorque que conquistou a cultura pop num solavanco, hoje se prostra como uma das maiores produções televisivas da história. A sitcom comemorou vinte e cinco anos no fim de setembro e fãs mundo afora celebraram o legado e as piadas de Rachel, Joey, Phoebe e companhia. Mas, tanto tempo depois da estreia, Friends deveria deixar os holofotes de lado.

Grande parte do buzz do seriado vem da exibição global da Netflix. O fácil acesso aos 236 episódios exibidos originalmente pela NBC entre 1994 e 2004 é primordial para manter acesa a chama de discussão da série. Todavia, com todas as portas que Friends abriu, carreiras que lançou e conteúdos que originou, o grande público pode voltar atenções a outras grandes produções lançadas de lá para cá. E não há problema algum nisso.

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