O Som do Silêncio, da Amazon Prime Video, prega uma inteligência emocional que todos gostaríamos de ter. O longa independente conta a história de um baterista de heavy metal que descobre no meio de uma turnê, que está ficando surdo. Esta premissa já nos faz esperar por um clichê de superação da deficiência, ou de obsessão artística, como em Cisne Negro. Mas, o que torna as coisas interessantes é a oposição do protagonista à própria adaptação.
Acompanhar a carreira de Tiê é experienciar uma constante evolução. Desde seu debutem 2009 com Sweet Jardim, ela caminha ao encontro de seu estilo pessoal e sua poesia. Nesse primeiro conjunto de canções, a melancolia fazia cada nota parecer solitária, como se a cantora paulistana não tivesse trabalhado em parceria com Toquinho, Tulipa Ruiz, Thiago Pethit e outros nomes conhecidos da música. Era um álbum para ser ouvido repetidamente, até que o minimalismo de suas composições atingisse a monotonia.
Um ponto de virada nessa jornada, foi o lançamento de A Coruja e o Coração, que está fazendo aniversário de 10 anos. As canções escolhidas nesse registro contrapunham o sentimento lúgubre do primeiro: agora, Tiê parecia mais bem humorada, vivendo novas descobertas e mostrando outras facetas musicais sem perder sua essência. Abrir a seleção com Na varanda da Liz já deixa claro que essa não era uma continuação de Sweet Jardim, era uma nova sensibilidade de uma Tiê mãe, intérprete e compositora.
Ser uma amante de musicais é um caminho perigoso que proporciona altos estratosféricos e quedas dolorosas. Não é todo dia que temos a oportunidade de aproveitar um Mamma Mia (2008) e por vezes nos deparamos com alguns Cats (2019) pela frente. E por mais que A Festa de Formatura (The Prom) tivesse absolutamente tudo para entregar uma história recheada de carisma, atos de dança deslumbrantes e atuações dignas de Oscar, o filme se torna apenas mais um entre as inúmeras produções de Ryan Murphy. Nem a pior, nem a melhor, apenas a mais esquecível.
Não é sempre que uma comédia esportiva consegue sair dos dramas de seu nicho e conquistar a grande audiência. O costumeiro é que as histórias se restrinjam aos jargões do gênero, repetindo estereótipos sexistas. Ted Lasso, original da Apple TV+, dribla todos esses problemas e marca um golaço. Jason Sudeikis protagoniza as aventuras de um treinador de futebol americano que se muda para o Reino Unido a fim de comandar uma equipe da Premier League. O problema? Ele não manja nada do futebol convencional.
“Quando um amor é mais forte do que a própria vida, ele não cabe numa só história”. Era o que dizia a primeira chamada da novela Além do Tempo, no ano de 2015, logo de início chamando a atenção do público, de forma sutil, à seu formato inovador e até mesmo revolucionário. Em seus 161 capítulos, a novela da seis, escrita por Elizabeth Jhin e dirigida por Pedro Vasconcelos, cumpriu sua missão em contar uma grandiosa história de amor, dividida em duas fases muito distintas entre si, que se comunicavam em excelentes sacadas de texto, um enredo muito bem amarrado e uma montagem de tirar o fôlego.
Nós damos valor demais ao Globo de Ouro. Esse ano, o grupo votante lamenta a morte de seu antigo presidente, Lorenzo Soria, ao mesmo tempo que enfrenta acusações de fraude e uma investigação que revelou o óbvio: a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) não tem diversidade alguma. Reportagens no Los Angeles Times e no The New York Times estouraram poucos dias antes da 78ª edição do prêmio. Além de descobrirem que a HFPA não tem membros negros, foi escancarado um lobby poderosíssimo ao redor de Emily em Paris, uma das questionáveis indicadas ao Globo de Série de Comédia ou Musical.
É de suma importância relembrar que o GG não é prévia do Oscar de maneira nenhuma. Em questões de marketing e campanha, uma vitória no Globo alavanca sua visibilidade, mas o corpo votante da Academia é composto por mais de 7 mil membros, todos trabalhadores da indústria. A HFPA, por outro lado, é formada por 87 jornalistas, residentes de Los Angeles e que não têm ligação com o Oscar.
Todavia, o que acontece é o Globo de Ouro tentando ditar tendências na temporada. Às vezes, as coisas dão ‘certo’: Green Book e Bohemian Rhapsody começaram ganhando aqui e percorreram solenes seu caminho até as estatuetas douradas e carecas. Ano passado, o amor por 1917 e por Sam Mendes caiu por terra quando Parasita e Bong Joon-ho saíram com os louros.
Amizade: sentimento de afeição, de estima, de dedicação recíproca entre pessoas. Amigo é quem nos acolhe mesmo se estamos errados, nos aconselha e até briga com a gente, mas não nos abandona. É a pessoa que desabafamos, rimos, confiamos e torcemos. É a pessoa que corremos para contar as novidades, com quem curtimos festas ou mesmo o colo que nos aconchega quando nos sentimos vulneráveis. Amigo é a pessoa que nos faz bem só de estar junto, mesmo se for pra compartilhar o famoso “fazer nada”. São a família que escolhemos ao longo da vida. Amigos verdadeiros são espécie em extinção, se você tem algum, cuide bem.
E é mostrando uma amizade duradoura e complicada que a nova série da Netflix,Amigas Para Sempre, estreou no início de fevereiro, sendo baseada no romance Firefly Lanede Kristin Hannah. Tully e Kate se conheceram na chamada Alameda dos Vagalumes durante a adolescência e, apesar dos altos e baixos, se mantêm unidas na vida adulta. Melhor dizendo, elas são amigas inseparáveis! As duas vivem trinta anos de cumplicidade, porém as personalidades das personagens são bem distintas.
George Clooney nos familiarizou ainda mais com o seu trabalho de diretor depois de seu último filme. Produção da Netflix, O Céu da Meia Noite usa a ficção para falar das relações humanas, em especial, a história de um pai e sua filha. Apesar de semelhanças com Interstellar (2014), o longa é uma adaptação do romance Good Morning, Midnight, de Lily Brooks-Dalton. Além da direção, Clooney se coloca no centro da história, e com um visual diferente dos seus galãs de meia idade.
Ninguém estava preparado para o show que o quarteto conhecido como The 1975 armaria em seu segundo trabalho de estúdio.I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it, que nasceu em 26 de fevereiro daquele profético 2016, completa cinco anos refletindo com veemência a narrativa que a banda começou no início da década e finalizou cruelmente no ano passado.
É quase impossível pensar em Coldplay sem associar o grupo às suas costumeiras melodias enérgicas, letras imaginativas e canções vívidas encaixadas dentro de um pop eletrônico que colocou arenas inteiras em estado de catarse nos últimos dez anos. Antes de desviar-se por essa direção, a banda fez seu nome com um rock alternativo sentimental, poético e igualmente atraente com seu álbum de estreia em 2000 e através dos outros dois que o seguiram, estourando com algo mais pop em 2008. O que veio depois disso é alvo de opiniões fortes, mas apesar das inconsistências que a arte de uma banda altamente vendável vivencia ao decorrer dos anos e das respostas conflitantes que podem surgir do público e da crítica, o sucesso que o grupo conseguiu construir em suas diferentes identidades é um fato inquestionável.