Sex Education: identidade e irreverência pautam excelente terceira temporada

Cena da série Sex Education. Asa Butterfield e Mimi Keene como Otis e Ruby. Otis é um homem branco de estatura média. Seus cabelos são pretos, ele veste uma jaqueta branca e vermelha e está virado olhando para Ruby. Virada levemente para a direta e olhando para Otis, Ruby veste uma jaqueta amarela e um vestido colorido. Seus cabelos estão presos para trás com uma fivela lilás. Ela usa brincos coloridos em formato de pêra.
Terceira temporada chegou no fim de setembro na Netflix e liderou o Top 10 do Brasil (Foto: Netflix)

Laís David

Com centenas de lançamentos por mês, é cada vez mais fatigante encontrar uma série adolescente interessante na Netflix. De clichês entediantes até os cancelamentos iminentes, a plataforma luta para conversar com esse público da maneira correta. Um dos maiores acertos dos últimos anos, no entanto, foi a excelentíssima Sex Education. Com sua despretensiosa narrativa teen e complexa gama de personagens, a obra conseguiu conquistar seu espaço na lista de melhores produções do streaming e, em 2021, entrega sua terceira temporada com ainda mais encanto.

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Blue Banisters: Lana Del Rey canta sobre seu álbum de família

Blue Banister, oitavo álbum de Lana Del Rey, é um relato pessoal da vida em família (Foto: Universal Music)
Blue Banisters, oitavo álbum de Lana Del Rey, é um relato pessoal da vida em família (Foto: Universal Music)

Gabriel Gatti

As grandes divas pop sempre seguiram uma linha similar em suas trajetórias como cantoras. As músicas costumam ser agitadas, propícias para a pista de dança, os looks sempre extravagantes e as coreografias contagiantes levam os fãs a reproduzi-las. Nesse universo agitado surge Lana Del Rey, uma artista que vai na contramão do padrão para o mundo pop. Mesmo com um início de carreira conturbado, repleto de críticas pelo seu estilo sugar baby, a cantora conquistou seu lugar ao sol e lança agora, em conjunto com os produtores Gabe Simon, Drew Erickson e Barrie-James O’Neill, Blue Banisters, o oitavo álbum de estúdio, composto por 15 faixas.

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Os dias são melhores em Scaled And Icy

A imagem é uma arte de divulgação do disco Scaled And Icy. Nela, há um recorte dos rostos de Tyler Joseph, à esquerda, e Josh Dun, à direita. O topo da cabeça de Tyler está cortado, em que há um homem ao centro dela com uma luz brilhando ao fundo. O topo da cabeça de Josh também está cortado, mas com a cabeça e o corpo de um dragão azul emergindo. Os dois são homens brancos.
Lançado no dia 21 de maio, Scaled And Icy é o sexto álbum do Twenty One Pilots (Foto: Fueled by Ramen)

Vitória Silva

Há 10 anos, Twenty One Pilots vem fazendo barulho ao redor do globo terrestre. Desde Regional at Best, o duo original de Columbus, Ohio, formado por Tyler Joseph e Josh Dun, luta constantemente para manter a unicidade de sua musicalidade, caracterizada por uma junção de elementos que vão desde o rap até o pop dançante. Característica essa  inegociável para a banda, que fez questão de manter seus gritos estridentes mesmo após assinarem o contrato com a gravadora Fueled by Ramen.

Mas a identidade de Joseph e Dun vai muito além de se aventurar em diferentes estilos musicais, usar gorros na cabeça e moletons com desenho de esqueleto. Desde o lançamento do Blurryface – que, de fato, revelou Twenty One Pilots mundo afora – a dupla vem materializando a construção do seu próprio universo no meio musical. Muito mais do que apenas uma era, essa concepção contempla, agora, 3 álbuns completos, e contando.

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Ser 100% Charlie Brown Jr é permanecer Abalando A Sua Fábrica, mesmo após 20 anos

Capa do disco 100% Charlie Brown Jr - Abalando A Sua Fábrica. Na parte superior está escrito “100% Charlie Brown Jr” com letras estilo de rua vermelhas. Ao lado direito superior existe uma pequena frase escrita “Abalando A Sua Fábrica” com letras distorcidas e fundo preto. Ao lado da frase, tem o desenho preto de uma fábrica sendo destruída por uma bola de destruição. No centro tem uma imagem com fundo predominante vermelho e amarelo. A imagem é a caricatura dos integrantes da banda. Da esquerda para a direita, está desenhado um homem branco de cabelos loiros e jaqueta azul. Ao lado dele, está desenhado um homem branco de chapéu vermelho e blusa marrom. Ao lado dele, está desenhado um homem branco com chapéu roxo que tampa os olhos e veste blusa marrom. Ao lado dele, está desenhado um homem branco de cabelos castanhos e blusa alaranjada.
Depois do disco Nadando com os Tubarões, a banda Charlie Brown Jr. lançou seu quarto álbum, sendo esse o primeiro sem participações de convidados externos (Foto: EMI/Charlie Brown Jr.)

Leticia Stradiotto

O Começo do Fim do Mundo, em 1982, foi o principal marco do punk rock brasileiro. O festival em São Paulo contou com a participação das primeiras bandas nacionais com foco na contracultura e foi dividido em dois dias, onde grupos como Ratos De Porão e Cólera eram atrações. Porém, logo no segundo dia, a Polícia Militar invadiu o local para queimar documentos relacionados à ditadura. Dessa forma, no fim dos anos 90, com a continuação da tendência punk em 2001 – quase 20 anos depois do evento – o grupo Charlie Brown Jr. lança o seu quarto disco e demonstra que agora, no som nacional, a única coisa a ser queimada é a censura.

O álbum 100% Charlie Brown Jr – Abalando A Sua Fábrica teve importância não só na evolução do conjunto musical, mas também na releitura do punk rock ao modo brasileiro de ser. Com a saída do guitarrista Thiago Castanho, é o primeiro projeto sem a formação original da banda e gravado com todos os instrumentos ao mesmo tempo, no estilo garage rock. Se você acha que o termo “100% Charlie Brown Jr” é uma ironia à separação e possivelmente uma saída do convencional em grupo, você está certo. Afinal, é fato que o vocalista Chorão (Alexandre Magno) era dono de um caráter forte – um tanto quanto rebelde – e queria marcar presença de uma forma específica: Abalando A Sua Fábrica, independente de qual fosse.

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30 anos de Loveless, o ruído total de My Bloody Valentine

Capa do álbum Loveless do grupo My Bloody valentine. Na imagem, há o captador de uma guitarra coberto por uma camada nebulosa de cor rosa. Toda a imagem possui um filtro de cor rosa. Na parte inferior esquerda, está escrito my bloody valentine também em fonte de cor rosa.
Loveless, segundo álbum de My Bloody Valentine, completou 30 anos em 4 de novembro de 2021 (Foto: MBV Records/Domino Recording)

Bruno Andrade

Músicos são, geralmente, indivíduos que se alimentam da matéria sonora presente em seu tempo, buscando criar algo totalmente novo; por essa razão, a Música está sempre morrendo e renascendo. Quando tentamos classificá-la, surgem descrições que tendem a separá-la do todo, numa tentativa de evidenciar o que a define como única e distinguível àquela sociedade. Mas como classificar o ruído? Alguns podem chamar de shoegaze, gênero no qual My Bloody Valentine carrega o maior prestígio, e cujo hipnótico Loveless, segundo álbum de estúdio do grupo, completou 30 anos no começo de novembro.

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Starboy: há 5 anos, The Weeknd se consagrava como uma potência do pop

Capa do álbum Starboy de The Weeknd. O cantor de pele negra e cabelo curto está em uma pose agachada, ele veste uma jaqueta de couro e um colar de cruz enquanto é iluminado por uma luz neon de tom azul em frente a um fundo vermelho. Na parte superior da imagem, o nome do álbum, Starboy, é escrito em fonte amarela.
A revelação da capa de Starboy causou um alvoroço pela mudança brusca na identidade visual de The Weeknd (Foto: Nabil Elderkin)

Nathalia Tetzner

Quando The Weeknd apareceu com o cabelo curto substituindo os seus icônicos dreadlocks, os fãs sabiam que a construção de uma nova identidade visual viria acompanhada de músicas inéditas. Afinal, ao contrário da grande parte dos artistas masculinos, Abel Tesfaye sempre soube compor grandes eras à la divas pop. Assim, no outono americano, com o lançamento do videoclipe do primeiro single e faixa-título do seu terceiro álbum de estúdio, Starboy (2016), o cantor literalmente assassinou a persona do Beauty Behind The Madness (2015) e deu início ao projeto mais mainstream de sua carreira.

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Maligno, de James Wan, é criativo, sombrio e surpreendente

Cena do filme Maligno. A imagem mostra a personagem Madison sentada no chão de uma cozinha. Sua expressão é de medo e surpresa. Madison é interpretada por Annabelle Wallis, uma mulher branca, de cabelos castanhos, lisos, com uma franja. A câmera filma de baixo para cima, de forma que os pés da atriz estão maiores e mais próximos do telespectador do que sua cabeça. Madison está centralizada na imagem. Atrás dela, ao fundo, estão armários e uma janela. Está de dia e uma luz fraca, que vem da janela, ilumina a cena. A imagem também tem uma iluminação azulada.
Em Maligno, James Wan une, com maestria, referências de várias vertentes do Horror (Foto: Warner Bros. Pictures)

Mariana Nicastro

Para os fãs do Terror, o nome de James Wan se destaca na atualidade devido ao seu talento em transformar até mesmo os roteiros mais simples em obras memoráveis. Isso ocorre com Jogos Mortais, Invocação do Mal, Sobrenatural, Velozes e Furiosos 7 ou Aquaman. Com Maligno, ele se superou. O longa se desenvolve sob uma ótica de Horror italiano setentista, com cores vibrantes, cenários diferenciados, atuações e trilha sonora novelescas e um vilão misterioso, cruel e interessante. 

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Persona: 55 anos da obra-prima de Ingmar Bergman

Cena do filme Persona apresenta uma imagem em branco e preto de um menino de costas com a mão direita erguida sobre a foto de uma mulher branca, que toma conta de todo o plano.
Vanguardista, Ingmar Bergman inicia sua obra com sobreposições de imagens (Foto: AB Svensk Filmindustri)

Gabriel Gatti

A palavra persona, de origem grega, é usada para designar um papel social, como uma profissão, ou um personagem, no qual o indivíduo passa a interpretar uma realidade que não é a sua. No campo da representação, é possível empregá-la para designar uma máscara. Nesse contexto de transposição de personalidade, somos apresentados a Elisabet e Alma, duas mulheres que se fundem ao longo da trama dirigida por Ingmar Bergman em 1966.

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30 anos dos gêmeos do Guns N’ Roses: Use Your Illusion I e II

Com um fundo preto, temos o texto “You can Use Your Illusion let it take you where it may” em duas cores: metade em amarelo e vermelho e metade em azul e roxo. No centro, uma criança em preto e branco escrevendo em um livro em cima das suas pernas cruzadas.
Arte feita com as cores dos dois álbuns e a imagem do menino que se encontra no quadro “A Escola de Atenas”, abaixo da estátua de Atena à direita da obra (Foto: Three-Beat Designs)

Luize de Paula

Em 1991, de um pequeno recorte da detalhada obra A Escola de Atenas, do italiano Raphael, nasciam dois gêmeos. Os álbuns Use Your Illusion I e II foram lançados logo após os maiores hits da banda com o Appetite for Destruction de 1987. Atingindo logo o 1º lugar da Billboard, com quase um milhão de vendas no primeiro dia de lançamento, os dois álbuns venderam 18 milhões de cópias no mundo todo e cada álbum recebeu 7 vezes platina pela RIAA.

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Escape Room 2: a fuga nunca vai acabar

Cena do filme Escape Room 2: Tensão Máxima, na imagem está o casal de protagonistas, Ben interpretado por Logan Miller e Zoey, interpretado por Taylor Russell. Ben tem a pele branca, seus cabelos são curtos e lisos e de tom castanho, veste uma jaqueta preta, camiseta preta. Zoey é negra clara, seus cabelos são ondulados de tom preto, veste uma camisa de manga longa verde escura com gola V, a imagem não mostra calças. Ben tem em seu rosto uma expressão de grito, suas mãos estão levantadas em um movimento de socar a porta, já Zoey tem sua mão pousada sobre o vidro com suavidade mas em seu rosto uma expressão de choque e desespero. Ambos estão presos em um vagão de metrô.
A tensão entre Ben e Zoey é nula perto da tensão que as salas de fuga despertam no público (Foto: Sony Pictures)

Thuani Barbosa

Se você não viu, não aconteceu”. Frases de efeito, várias descobertas, dois finais diferentes e ainda mais complexidade nas salas. Escape Room 2: Tensão Máxima nos promete tudo isso e entrega, ainda que deixando outras lacunas. O suspense traz salas mortais se assemelhando a Jogos Mortais de uma forma menos cruel, mas ainda assim arrepiante. O filme também tem sua pegada de thriller psicológico, como O Poço, de uma maneira muito diferente, mas que causa a mesma sensação aflita na espera do próximo minuto. O torneio dos campeões chegou às telas de cinema arrasando na bilheteira e deixando os fãs sem ar – literalmente.

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