Família, sangue, vingança e meio século de tradição reunidos em O Poderoso Chefão

Cena do filme O Poderoso Chefão - Família Corleone reunida para a foto oficial do casamento de Connie. A imagem exibe os principais membros da família Corleone. Vemos Don Vito centralizado com um smoking preto ao lado de sua esposa, Carmela Corleone (Morgana King). Do lado direito estão: Sonny (o mais velho), Sandra (esposa de Sonny), as filhas gêmeas de Sonny e Sandra à frente, Michael e sua namorada Kay. Ao lado esquerdo estão: Carmela, Connie Corleone (noiva) e seu marido Carlo Rizzi, Freddo e Tom Hagen. Todos os homens da família Corleone estão trajados de smoking preto, exceto Michael e o noivo Rizzi. Michael está com um terno oficial militar verde e Carlo aparece com uma gravata preta. Todas as crianças estão à frente de seus respectivos pais.
Coppola não poderia ser mais assertivo ao trazer o casamento de Connie Corleone como cartão de visita para apresentar o núcleo das personagens e, ao mesmo tempo, a dicotomia entre família e negócios (Foto: Paramount Pictures)

Gabriel Gomes Santana

Por que você veio até mim antes de ir à Polícia prestar queixas?, disse o grande padrinho, Don Vito Corleone, no início de O Poderoso Chefão. Aclamado pela crítica, vencedor de três Oscars e dono da mais alta charmosidade cinematográfica, o filme de Francis Ford Coppola celebra cinco décadas. Você conhece aquela expressão “old but gold, ou “velho, mas brilhante”? Se encaixa perfeitamente para resumir essa fantástica ascensão de um império americano à moda italiana. Este texto traz como tema central as nuances e razões que fazem da obra algo irrecusável, à frente de seu tempo e referência na arte de expor a máfia nas telonas.

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50 anos de Blue e o seu legado definitivo pela Música

Capa com filtro azulado na qual a cantora está cantando com os olhos fechados. Joni, uma mulher branca, na época tinha aparência jovem e cabelos loiros.
Lançado em 1971, Blue representou a consolidação de Joni Mitchell como uma das gigantes de seu tempo (Foto: Warner Music)

Carlos Botelho

50 anos depois e as pessoas finalmente o  entenderam. Isso me deixa muito feliz”. Assim agradece Joni Mitchell, atualmente uma simpática senhorinha de tranças, em um vídeo publicado em sua conta oficial do Twitter, sobre o aniversário de meio século de seu disco Blue. É de se estranhar, em um primeiro momento, que a dona de um dos álbuns mais influentes da história dê essa declaração, porém faz mais sentido se pensarmos que artistas femininas como FKA twigs, Taylor Swift e Olivia Rodrigo têm recepções controversas até hoje por suas canções em tom confessional.

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50 anos de Construção: Deus lhe pague, Chico Buarque

A foto de Chico foi tirada por Carlos Leonam e enquadrada na arte de Aldo Luz, que também assinou a capa de Krig-ha, Bandolo de Raul Seixas (Foto: Philips)

Caroline Campos

 O roteiro das aulas sobre a ditadura militar, traçado nas salas de Ensino Médio e cursinhos ao longo do país, é padronizado: em algum momento, quando introduzido os malabarismos para escapar da censura e as músicas de protesto contra o regime, Chico Buarque de Hollanda será citado. Será, no mínimo, mencionado – pode anotar. Não é para menos, afinal, Chico integra a gama de artistas brasileiros que sofreram com a repressão e a tesourada em suas composições para que se adequassem aos bons princípios dos governos militares. Mas o carioca tem um quê especial.

Perseguido pelos milicos em meio aos devaneios do “milagre econômico” da trupe de Médici, a situação se tornou insustentável a ponto de, em 1969, Chico Buarque deixar o Brasil e se instalar na Itália, em um autoexílio que durou pouco mais de um ano. O resultado de toda essa história completa 50 anos em 2021; quando o músico enfim retornou, no início da longa década de 70, trouxe com ele as letras daquele que se tornaria seu primeiro manifesto político. Nascia Construção.

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Uma celebração dos 50 anos de Gillian Flynn e de suas mulheres perturbadoras

Foto em preto e branco da autora Gillian Flynn. Ela é uma mulher de 50 anos branca com cabelos castanhos na altura do ombro, usando um longo vestido branco sem mangas. Gillian Flynn está sentada em uma poltrona de vime, com as mãos entrelaçadas e algumas plantas no fundo. Olha diretamente para a câmera, e está sorrindo sem mostrar os dentes.
“É uma fascinação minha: assassinato, traição, vingança, engano, loucura — todas as minhas coisas favoritas” (Foto: M. Spencer Green)

Carol Dalla Vecchia e Layla de Oliveira 

“Eu estou falando de mulheres violentas, perversas. Mulheres sinistras. Não me diga que você não conhece algumas”. Com dificuldades de se enturmar por conta de sua timidez, a jovem Gillian Flynn encontrou uma fuga na leitura e na escrita, o que a levou a cursar Jornalismo na Universidade do Kansas (KU). Uma vez formada, ela planejava se tornar repórter policial, no entanto, percebeu que era desajeitada para o ramo criminal por querer que toda história tivesse um começo, meio e fim. Assim, começou a trabalhar na Entertainment Weekly, escrevendo críticas de cinema e TV por dez anos.

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50 anos de Pearl: ainda não há nada como a pérola de Janis Joplin

Janis Joplin, uma mulher branca em torno dos seus 27 anos, está sentada em uma poltrona estampada. Ela está com as pernas cruzadas, o braço apoiado no encosto e dá uma gargalhada. Ela usa uma calça solta e vermelha, sapatos de bico fino vermelhos, uma blusa roxa de mangas compridas e plumas vermelhas no cabelo. O fundo é azul e há um copo com um líquido amarelado no chão.
Seja no soul, no blues ou no rock: Pearl é sinônimo de genialidade (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

Há séculos, cometas têm passado pela Terra. Seus suspiros de vida são breves, mas igualmente fortes. Tão fortes que ecoam gerações adiante mesmo após sua passagem. Janis Joplin, a selvagem primeira dama do rock n’ roll, foi um cometa – desses que desestabilizam e transformam os poucos sortudos que podem presenciá-los. Apesar do tempo da cantora nesse plano ter sido curto, é possível entrar em contato com um pedacinho de sua alma ao ouvir Pearl, sua obra-prima. O disco foi lançado em janeiro de 1971, três meses depois de Janis ter sido encontrada morta em seu quarto de hotel. Passados 50 anos, a certeza ainda é uma: nunca existiu ninguém como Janis Joplin.

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