Crianças Selvagens: Hot e Oreia criam uma identidade única na nova geração do rap mineiro

“Não somos rappers. Vestimos o rap para mostrar o que a gente sente das coisas que ouvimos desde pequeno”, explica Oreia em gravação para a Rolling Stone Brasil (Foto: Eliza Guerra)

Lucas Ristow

Hot e Oreia, dupla de artistas mineiros que vem se mostrando revelação no cenário do rap nacional, continuam a desabrochar seu trabalho, tratando de assuntos sérios e necessários, mas com bom humor e criatividade, característica do duo. Crianças Selvagens, segundo disco dos artistas juntos em estúdio, é repleto de beats inovadores, versos marcantes e uma identidade sem igual. Nos fazendo imergir em um cenário repleto de sentimentos e debates, abordando educação sexual, respeito às religiões afro-brasileiras e às minorias.

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Chip Chrome & The Mono-Tones é a morte de The Neighbourhood

Jesse Rutherford é Chip Chrome; Brandon Fried, Jeremy Freedman, Mikey Margott e Zach Abels são os Mono-Tones (Foto: Reprodução)

Jho Brunhara

Para Jesse Rutherford, vocalista, compositor e a principal cabeça do The Neighbourhood, o contrato de uma banda é como um casamento. E o divórcio é o seu fim. Mas Devil’s Advocate deixa bem claro que, assim como na vida real, o buraco é mais embaixo: “Eu continuo junto pelas crianças/Eu preciso fazer a coisa certa”. No ano passado, Jesse lançou seu segundo álbum solo, GARAGEB&, e por enquanto parece fácil conciliar os desejos do grupo com seus próprios, mas até que ponto as saídas criativas do artista encontram um sentido comum com seus parceiros? Chip Chrome & The Mono-Tones parece ser esse limite da dobra, e como toda boa morte simbólica, um recomeço para os meninos de Sweather Weather. 

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The Walking Dead não tem fim

O objetivo da série nunca foi falar da cura do apocalipse, mas sim lidar com a humanidade e seus medos (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Chega a ser cômico escrever um título desses poucas semanas depois da AMC revelar o planos de encerramento para The Walking Dead, mas vamos lá. Após sofrer pausas na pós-produção por conta do coronavírus, TWD exibiu a season finale alguns meses depois do planejado. Num painel remoto da San Diego Comic Con, os produtores anunciaram o lançamento de mais 6 episódios, no início de 2021, para preencher lacunas da temporada atual. Finalizando o arco dos Sussurradores, o seriado se encaminha para dizer adeus mas, mais do que qualquer coisa, existe uma sensação de infinito quando pensamos na crônica de zumbis. E não tem nada a ver com o que você está pensando.

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A revolução que Jogos Vorazes iniciou completa uma década

“E que a sorte esteja sempre ao seu favor” (Foto: Reprodução)

Anna Clara Leandro Candido

Durante a primeira década do século XXI, o mundo cinematográfico e literário foi tomado por grandes franquias. Desde a representação de uma sociedade bruxa até um mundo pós-apocalíptico, as histórias sobre revoluções com ruptura de padrões antiquados e preconceituosos estavam captando cada vez mais a atenção dos jovens-adultos. Incentivando-os a lutar por uma sociedade melhor e mais justa, tomar a iniciativa e se levantar contra as injustiças. Dez anos atrás, o livro Jogos Vorazes chegou ao Brasil trazendo consigo esses mesmos conceitos.

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O Diabo de Cada Dia falha em se destacar da obra original

Arving Russel (Tom Holland) é o eixo principal deste drama policial (Foto: Reprodução)

Gabriel Fonseca

O Diabo de Cada Dia (The Devil All The Time) é um filme que tenta corresponder à experiência literária da obra original e, com isso, perde a sua essência. Esta adaptação do primeiro romance de Donald Ray Pollock, traduzido como O Mal Nosso de Cada Dia, gerou grandes expectativas no público, e o fez acreditar no investimento de sua produção, que escolheu nomes em alta para compor o elenco.

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Today is gonna be the day: 25 anos do (What’s the Story) Morning Glory? e o legado do Oasis

A foto icônica da capa foi tirada na rua Berwick, em Londres, famosa pela quantidade de lojas de discos (Foto: Brian Cannon)

Lara Ignezli e Maria Carolina Gonzalez

Se em 1994 o Oasis conquistou o mundo, no ano seguinte o quinteto de Manchester o tinha na palma da mão. Depois de ganharem a atenção do público e da mídia inglesa com o sucesso do álbum de estreia Definitely Maybe, os irmãos Gallaghers e companhia estavam mais que preparados para o perigoso teste do segundo álbum. E o resultado não poderia ser diferente. (What’s the Story) Morning Glory?, lançado no dia 2 de outubro de 1995, é uma das jóias mais preciosas da coroa britânica que ocupa um lugar sagrado juntamente com Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), dos Beatles, e a coletânea Greatest Hits (1981), do Queen, como terceiro álbum mais vendido na história da Inglaterra.

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Há 15 anos, Maria Rita se mostrava pela segunda vez uma das maiores vozes da música brasileira

Capa do álbum “Segundo”, lançado em setembro de 2005 (Foto: Reprodução)

Ana Júlia Trevisan

Maria Rita Camargo Mariano era a voz que todos queriam ouvir. Filha da consagrada Elis Regina, Maria Rita era promessa de sucesso mesmo antes de dar sua voz a grandes compositores, como Milton Nascimento, Lenine e Marcelo Camelo. E em seu álbum de estreia homônimo, lançado em 2003, a artista não decepcionou. Batendo recorde de vendas, Maria Rita foi reconhecida pela classe artística sendo a primeira brasileira a ganhar o Grammy Latino de Artista Revelação, sendo premiada com 3 vitrolas naquela noite de 1° de setembro de 2004.

Após essa avalanche de sucesso do seu primeiro disco, o ano de 2005 trouxe a ansiedade para o próximo projeto da artista, junto do questionamento se ela continuaria se provando como uma grande cantora. À quem tinha dúvidas, ela mais uma vez mostrou uma entrega inigualável. Com uma estética “clean”, o álbum que recebeu o nome de Segundo tem começo, meio e fim. Nele, a cantora se permite sentir a música e transpassa a mesma sensação ao ouvinte.

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Um pouco mais de Amor e Sorte vai bem em 2020

Gilda e Lúcia, mãe e filha quarentenadas (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

2020 definitivamente não foi um ano fácil para o audiovisual brasileiro. Pela primeira vez em mais de 50 anos, as gravações das novelas da Rede Globo foram interrompidas, o que levou a emissora a reprisar obras já conhecidas pelo público. Mesmo com a retomada das gravações no último mês de agosto, só saberemos o desfecho dessas histórias em 2021 – Lurdes está mais perto de encontrar Domênico do que nós estamos da vacina. E é nesse contexto que surge Amor e Sorte, minissérie filmada de maneira 100% remota com atores e atrizes que dividem esse período de pandemia.

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O Dilema das Redes aponta erros muito grandes para soluções moralistas

O documentário expõe que os problemas das redes sociais não são ilegais, e sim um método padrão desse esquema de negócio (Foto: Netflix/Reprodução)

Bruno Andrade

O documentário recém-lançado da Netflix, O Dilema das Redes, dirigido por Jeff Orlowski, se inicia com um questionamento a todos os personagens dessa história. “Qual é o problema?” parece ser a pergunta que guia os entrevistados e, embora todos apontem os erros com certa facilidade, não conseguem manter a mesma assertividade quando tentam apontar a solução do problema.

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O Filho de Mil Homens: uma prosa lírica dos afetos humanos

“Os seus olhos tinham um precipício. E ele estava quase a cair olhos adentro, no precipício infinito escavado para dentro de si mesmo. Um menino carregado de ausências e silêncios.”

Edição publicada pela Editora Biblioteca Azul, com ilustrações do Bloco Gráfico (Foto: Reprodução)

Vanessa Marques

O luso-angolano Valter Hugo Mãe é um dos romancistas mais prestigiados da atualidade. José Saramago, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, referiu-se ao autor como um tsunami linguístico. De fato, a escrita de Mãe explora com maestria toda a potencialidade e beleza da língua portuguesa. O Filho de Mil Homens, publicado em 2011, é uma prosa poética dividida em vinte contos que se entrelaçam numa história comum. O enredo perpassa numa vila litorânea fictícia, de modo que o romance emana um tom enlevo de locus amoenus (do latim: “lugar ameno”). Nela, o pescador Crisóstomo, a enjeitada Isaura, o órfão Camilo e o delicado Antonino engatam suas trajetórias pessoais com lirismo e introspecção.

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