25 anos de Live Through This e o que fazemos com a arte de mulheres monstruosas

Bárbara Alcântara

Courtney Love é e sempre foi uma filha da puta ambiciosa. De certa forma, atingiu o que queria: em 1992, casou-se com Kurt Cobain, um dos grandes ícones da história do rock. Dois anos depois, no dia 12 de abril de 1994, preparava-se para lançar o que é até hoje a sua obra prima, Live Through This, segundo álbum de estúdio da banda Hole, em que era vocalista.

Continue lendo “25 anos de Live Through This e o que fazemos com a arte de mulheres monstruosas”

Os melhores álbuns de 2017

Quando decidimos que nossas listas de melhores do ano seriam compostas por escolhas pessoais, em vez de votações e colocações, o objetivo era atingir uma maior multiplicidade de gostos. O que não esperávamos era que alguns dos maiores figurões das listas de toda a imprensa ficassem de fora da nossa. Desculpa, Lorde e Kendrick Lamar.

Mas também, qual a necessidade de bater na tecla dos consensos quando temos outras tantas obras interessantes para ouvir? Do rock ao hip hop, passando pelo eletrônico, esses são nossos destaques de 2017:

Continue lendo “Os melhores álbuns de 2017”

Terror, magia, quase apocalipses e empoderamento feminino em Buffy, a Caça-Vampiros

 

*Atenção: contém spoilers!

Bárbara Alcântara

A loira, líder de torcida, branca, magra e atraente é sempre uma das primeiras a morrer nos filmes de terror. Para comprovar essa premissa é só entrar na aba da Netflix com essa classificação. Os gritos estridentes são logo calados por uma facada de Jason Voorhees em “Sexta-feira 13”. O mesmo acontece nas mãos de Freddy Krueger em  “A Hora do Pesadelo”, Ghostface em “Pânico”, Michael Myers em “Halloween” e tantos outros títulos. Era humanamente impossível imaginar que uma menina que se preocupasse tanto com a aparência poderia ser também inteligente e corajosa. Continue lendo “Terror, magia, quase apocalipses e empoderamento feminino em Buffy, a Caça-Vampiros”

Pet Shop Boys em São Paulo: o pop que une gerações

André Siqueira e Bárbara Alcântara

Os Pet Shop Boys vieram ao Brasil pela primeira vez em 1994, em um show memorável no antigo Metropolitan, no Rio. E eu estava lá. Sozinho. Um amigo desmarcou em cima da hora, e – por mais incrível que possa parecer hoje – naquele fim de século 20 não era muito fácil encontrar companhia para um show tão associado ao universo gay, caso você não pertencesse a ele. O duo inglês ainda estava no seu auge, e encheu a casa de cores, som e um seleto público, predominantemente LGBT. Antes de entrar, tive que vender o ingresso que sobrou, e esbarrei com ninguém menos do que Renato Russo – que, infelizmente, já tinha seu bilhete. Continue lendo “Pet Shop Boys em São Paulo: o pop que une gerações”

But I’m a Cheerleader já dizia: identidade de gênero não tem a ver com orientação sexual

But-Im-a-Cheerleader

Bárbara Alcântara

But I’m a Cheerleader (1999) é um filme que, a princípio, parece se tratar do clássico drama da saída do armário. A sinopse: Megan (Natasha Lyonne, a Nicky de Orange is the New Black) é uma adolescente americana padrão. Loira, magra, bonita, líder de torcida, com boas notas, que frequenta a igreja e tem um namorado de dar inveja. Tudo parece caminhar bem em sua vida. Até que ela descobre que a forma que olha para as amigas durante os treinos não é a mesma que olha para seu namorado enquanto o beija; que a atração física que sente é pelas primeiras e, não, pelo segundo – como era o esperado; que os seus gostos e atitudes não são assim tão “padrões”. Megan é lésbica. Continue lendo “But I’m a Cheerleader já dizia: identidade de gênero não tem a ver com orientação sexual”

20 anos depois, Dominatrix mostra que o riot grrrl não morreu

dominatrix-1
old is cool

Bárbara Alcântara

“Depois eles falam que as mulheres não são unidas”, ironizou a vocalista da banda paulistana Dominatrix, Elisa Gargiulo, no último sábado (22). Ela disse isso no camarim da Associação Cultural Cecília, logo após se apresentar na 3ª edição do Distúrbio Feminino Fest – em comemoração aos 20 anos de lançamento do álbum de estreia da banda, Girl Gathering (1997). Continue lendo “20 anos depois, Dominatrix mostra que o riot grrrl não morreu”

Young Lungs renova os ares da Alunte Lounge

young-lungs-bauru
Foto: Lucas Mendes

Bárbara Alcântara e Gabriel Leite Ferreira

O show da Young Lungs começou quase pontualmente neste domingo. Por volta das 21h, João Ricardo Ribeiro, Guilherme Abramides e Joyce Rodrigues se distribuíam pelos instrumentos, dispostos na parte da sala da Alunte que foi reservada como palco. À medida em que eles iam assumindo suas posições, as pessoas se aproximavam, intrigadas. Essa foi a primeira vez que o espaço abriu as portas para uma banda de rock local, e o resultado dessa experiência foi um público bem diversificado – muito diferente das outras edições que acabaram se estendendo apenas à galera do rolê do hip hop.

Continue lendo “Young Lungs renova os ares da Alunte Lounge”

A terceira temporada de Twin Peaks: Muito além da pequena cidade

dale-cooper-2017Bárbara Alcântara

Mistério, assassinato, violência e uma dose de nudez desnecessariamente explícita – tudo isso coroado por cenas que transitam entre o sonho, o pesadelo e uma bad trip de LSD. Esses foram os dois primeiros episódios da terceira temporada de Twin Peaks: muito Lynch e pouca nostalgia. Continue lendo “A terceira temporada de Twin Peaks: Muito além da pequena cidade”

Segunda temporada de Master of None: quando o amor é um ato político

Uma das poucas imagens de Dev com Sara
Uma das poucas imagens de Dev com Sara

Bárbara Alcântara

(Atenção: texto contém spoilers!)

Dirigida, produzida e protagonizada pelo comediante indiano Aziz Ansari, Master of None coloca o dedo nas várias feridas da sociedade. Mas ao invés de machucar, faz cócegas: assim como o “Everybody Hates Chris” de Chris Rock, usa o humor para fazer uma crítica social leve e quase didática. Na segunda temporada, lançada no dia 12 de maio, esta característica foi ainda mais explorada: as risadas arrancadas do público dialogam com questões atuais como o racismo, o sexismo e a homofobia. Continue lendo “Segunda temporada de Master of None: quando o amor é um ato político”

10 anos após Riot!, Paramore se encontrou ou se perdeu em After Laughter?

paramore after laughter

Bárbara Alcântara

Quem ouviu de cabo a rabo o álbum Riot!, em 2007, e se apaixonou por Paramore, ficou no mínimo surpreso com o recém-lançado After Laughter. O 5º álbum de estúdio não se distancia só do repertório da banda: também foge completamente das tendências atuais. Em meio a um revival dos anos 90, e de um relativo retorno da popularidade do pop punk e do emo – estilos que fizeram a banda deslanchar – o lançamento traz baladinhas oitentistas, entre o new wave, o synthpop e o pop tropical. Continue lendo “10 anos após Riot!, Paramore se encontrou ou se perdeu em After Laughter?”