Aviso: o seguinte texto discursa sobre temas que podem se tornar gatilhos para algumas pessoas que sofrem/sofreram com dependência por uso de álcool e depressão.
“Às vezes você me faz sentir/Como se eu vivesse na beira do mundo” (Foto: Fiction Records)
Marina Iwashita Canelas
Se por um lado, as cidades industriais inglesas do final da década de 1970 à metade de 1980 já tivessem tido dias mais coloridos, por outro, a sua cena musical era visualmente escura, com neblina e lápis preto nos olhos. Foi em uma apresentação pouco concorrida dos Sex Pistols no Lesser Free Trade Hall, em Manchester, que os fãs ali presentes posteriormente formariam bandas do movimento post punk, como o Joy Division e The Cure.
No mês de uma data comemorativa importante para a literatura, o Persona comemora com dicas especiais (Texto de abertura: Jamily Rigonatto/ Artes: Raíra Tiengo)
Dizem que ler é uma viagem capaz de alcançar mundos e planos além do físico. Nas páginas de um livro, a fantasia, a realidade, o suspense, a aventura, o grotesco, o romântico e muitas outras facetas se encontram e desembocam em linhas poéticas. O Estante do Persona de Abril vem para contemplar essa pluralidade com uma lista de exemplares recheados de possibilidades.
Com o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor tendo sido comemorado em 23 de Abril, fica uma reflexão sobre a importância do hábito da leitura. Além de necessário para o desenvolvimento cerebral e manutenção da boa memória em idades variadas, o consumo de livros é capaz de despertar emoções, suscitar a curiosidade e ainda se comportar como um aparato educacional.
É também um momento oportuno para homenagear e reconhecer o trabalho de autores nacionais e internacionais, que, mesmo em um mercado desvalorizado, continuam se empenhando por um trabalho original e de qualidade. Em completa resistência diante da digitalização e da facilidade de distribuição de conteúdo pirata no universo online, os escritores seguem mantendo um legado admirável e extremamente humano.
Nas dicas na nossa editoria, você encontra um pouco mais do que essas produções culturais são capazes de causar nas pessoas que as leem. Em uma seleção de obras especiais e significativas, os gêneros, autores, formatos, histórias e demais elementos contemplados pelos escritos se tornam os grandes protagonistas. Escolha o seu favorito e boa leitura!
A nova queridinha da Gen Z lançou seu segundo álbum em 2023 (Foto: RCA Records)
Guilherme Barbosa
A música pop sempre esteve no auge do mundo, principalmente após o início dos anos 2000. A ascensão de nomes como Britney Spears, Beyoncé, Lady Gaga e Rihanna fez com que a régua de exigência em relação a cantoras que iriam surgir a partir dali fosse muito alta. Com o passar do tempo, a forma de se consumir música pela grande massa mudou. O TikTok, a rede social mais usada pela Geração Z, tem grande influência na indústria fonográfica, com o poder de ressuscitar grandes clássicos e fazer pequenos artistas se tornarem globais, como Olivia Rodrigo, por exemplo. Tate McRae também faz parte dessa nova leva de cantores, e isso fica evidente em seu novo álbum de estúdio, THINK LATER.
Além de dar vida às duas protagonistas da minissérie, Rachel Weisz também é produtora (Foto: Prime Video)
Vitória Gomez
Rachel Weisz nunca pode ser demais e Gêmeas – Mórbida Semelhança sabe disso. Com a atriz britânica na pele das gêmeas Beverly e Elliot Mantle, a releitura do filme (quase) homônimo de David Cronenberg vira do avesso para explorar o outro lado da moeda: o longa original se torna uma minissérie e os irmãos, irmãs. No entanto, a obsessão e a relação doentia um pelo outro se mantém e a produção leva os limites médicos ao extremo, ao mesmo tempo que lida com duas figuras opostas presas em uma só.
Na série, Beverly e Elliot são médicas obstetras insatisfeitas com a maneira como o sistema de saúde lida com mulheres grávidas. Juntas, elas buscam investimento para abrir seu próprio centro de maternidade. A perfeita harmonia das duas beira a insanidade, mas a simbiose funciona no âmbito profissional e pessoal – até a chegada de Genevieve (Britne Oldford). Quando a atriz se envolve com uma das irmãs e elas se veem obrigadas a não mais viver uma para outra, o desequilíbrio leva desde a convivência doméstica até os bastidores da medicina ao extremo.
O longa foi um dos destaques do Festival de Sundance 2023, de onde saiu com os direitos de distribuição adquiridos pela Disney (Foto: Searchlight Pictures)
Nathan Nunes
Três personagens movem a trama de Rye Lane: Um Amor Inesperado, disponível no catálogo da Star+ (em breveDisney+). O primeiro é Dom (David Jonsson), um contador que, nos minutos iniciais, se encontra desolado pela traição da ex-namorada Gia (Karene Peter) com Eric (Benjamin Sarpong-Broni), melhor amigo do rapaz. A segunda é Yas (Vivian Oparah), uma aspirante a figurinista também recém-saída de um término com o pretensioso artista plástico Jules (Malcolm Atobrah). A situação dos dois parece a mesma, mas as personalidades são completamente diferentes. Ele é um ‘filhinho de mamãe’ introvertido, neurótico e com problemas de autoconfiança. Ela é extrovertida, de espírito leve e carisma imbatível.
“Este não é um álbum country. Este é um álbum ‘Beyoncé’.” (Foto: Blair Caldwell)
Nathalia Tetzner
Quando Beyoncé idealiza um projeto, dá adeus aos limites e insiste até funcionar. Em sua nova empreitada, COWBOY CARTER, ela definitivamente não chega de ‘mansinho’ para cavalgar pelo country. Diante de um gênero musical financiado por uma indústria conservadora que já a alertou para ‘tirar o cavalinho da chuva’, a texana se aventura enquanto, pelo bem e mal, deixa a sua marca registrada em todas as 27 faixas.
Um vilão, três adolescentes e uma mulher capaz de prever um futuro (quase) incerto fazem parte da teia de Cassandra Webb [Foto: Sony Pictures]Agata Bueno
O thriller que nos apresenta uma das heroínas mais enigmáticas da Marvel não nos leva a lugar nenhum. Entre os segredos do passado e um futuro que envolve todos na teia de Cassandra Webb, lugar nenhum é um eufemismo perto do abismo em que o filme deixa o espectador. Afinal, Madame Teia prometeu uma viagem tão transcendental assim?
Asteroid City é uma comédia, quase romântica, de ficção científica (Foto: Universal Pictures)
Costanza Guerriero
No primeiro semestre de 2023, as redes sociais foram invadidas por vídeos de composições simétricas, cores pastéis, filtros saturados e rostos inexpressivos. Ao som de Obituary, do compositor Alexandre Desplat, os internautas retratavam os seus dias cotidianos, no que parecia ser uma viralização do estilo característico do diretor Wes Anderson. O fascínio da mídia espontânea pelo visual característico do cineasta prova o encantamento que suas produções podem causar no telespectador, por meio da intrínseca relação que suas narrativas encontram com sua estética. Asteroid City, a última obra de Anderson, entrega um pouco desse fascínio.
Em um clima menos cômico que o do filme anterior, os personagens voltam a explorar uma casa cheia de fantasmas (Foto: Disney+)
Laura Sipoli
Em 2003, Mansão Mal-Assombrada foi dos parques para os cinemas estrelando o icônico Eddie Murphy, no que viria a se tornar um dos clássicos do Halloween infanto-juvenil. No filme, que foi baseado em uma das atrações mais famosas dos parques da Disney, o protagonista fica preso em uma casa mal-assombrada com a família e tenta quebrar a maldição que prende fantasmas no local, enquanto lutam para sobreviver. Para os personagens que a adentram, uma mensagem assustadora; para quem assiste ou vai aos parques, um ingresso para diversão.
Duas décadas depois da estreia, temos o prazer de vivenciar o comeback nostálgico da mansão cheia de espíritos nas telas do cinema, com o remake de Mansão Mal-Assombrada. Nesta versão, a comédia de horror carrega o mesmo nome de seu antecessor e conta com uma história completamente diferente. Apesar de cheia de referências na tentativa de despertar a memória afetiva dos fãs do original, a narrativa não tem conexão com o anterior, mas a proposta permanece a mesma: uma casa com 999 fantasmas procura mais almas para aprisionar.
Olivia Rodrigo retornou ao mundo da Música com o poderoso GUTS (Foto: Larissa Hofmann)
Guilherme Machado Leal
Um artista, ao lançar o seu primeiro álbum de estúdio, possui a difícil tarefa de se superar no trabalho seguinte. Isso porque a mídia, quando encontra alguém novo na indústria, tende a se perguntar ‘será ele(a) one hit wonder?’ ou afirmar ‘o sucesso dele(a) é passageiro’. Nesse sentido, exceções mais recentes – como o Future Nostalgia, de Dua Lipa, e o Vício Inerente, de Marina Sena –, são bons exemplos de que um cantor pode ampliar a bagagem de mundo do fã que o acompanha. O ano de 2021, por esse lado, foi um divisor de águas para Olivia Rodrigo; ao mesmo tempo em que a colocou no estrelato, também testemunhou o seu íntimo, a levando para outro patamar.
Quando lançou o SOUR, o seu primeiro ‘filho’, a ex-Disney deu voz às inseguranças que assolam os adolescentes. Coração partido, sentimento de inveja e a desconexão com o mundo que os cerca foram temas abordados no seu lado azedo. Agora, dois anos depois, ela retorna ainda mais autêntica e ‘segura com o seu taco’ com GUTS. Entendendo que a sua unicidade é um porto-seguro para que os jovens se sintam à vontade de expressar as emoções mais excêntricas, o período de transição entre o Ensino Médio e a vida adulta consegue ser compreendido de uma forma menos dolorosa através da Arte.