Nirvana: 25 anos depois, o espírito adolescente permanece mais forte que nunca

nirvana-nevermind-cover
Você deveria ter um exemplar desse álbum em casa

Nilo Vieira

Apenas colocar Nevermind como o disco mais importante da década de noventa não apenas é redundante, como se revela um reducionismo. É justamente pelo fato do álbum ter se tornado “vaca sagrada” em tão pouco tempo que reside o grande conflito de ser mais discutido do que, propriamente, ouvido. Os embates nem sempre são prolíficos: existem os detratores sórdidos, que opinam que uma banda citada como influência por um segmento de qualidade questionável no rock (o “pós-grunge”, cujos maiores representantes são os odiados Nickelback e Creed) não pode ter credibilidade, ao mesmo passo em que tem-se os admiradores ferrenhos ou até os pouco críticos (do tipo que opina “eu detesto esse disco, mas ele é sensacional, porque é importante”). Continue lendo “Nirvana: 25 anos depois, o espírito adolescente permanece mais forte que nunca”

Vitor Assis Brasil: entre Berklee e o beco das garrafas

Eli Vagner F. Rodrigues

foto-2

No seleto grupo de colecionadores de LPs da música instrumental brasileira, aqueles que possuem o álbum Desenhos, de Vitor Assis Brasil, podem se vangloriar de ter um dos documentos fonográficos mais importantes do jazz brasileiro. A gravação de 1966 completa 50 anos e é uma das primeiras mostras do talento daquele que foi considerado o maior saxofonista brasileiro. O álbum foi gravado pelo quarteto integrado pelo pianista Tenório Júnior, morto pelo regime militar argentino em 76, Edison Lobo, no contrabaixo (com apenas 19 anos) e Chico “Batera”, cujo nome dispensa a menção ao instrumento. Continue lendo “Vitor Assis Brasil: entre Berklee e o beco das garrafas”

Em exposição inédita no Sesc Bauru, crianças e adultos são cativados pela arte contemporânea

1
Entrada da exposição Arte à Primeira Vista: que linha é essa? Foto: Adriano Arrigo.

Adriano Arrigo

No último 27 de Agosto, o Sesc Bauru abriu suas portas para receber a exposição Arte à Primeira Vista: que linha é essa?. Essa exposição com curadoria de Renata Sant´anna e Valquíria Prates faz parte do programa Arte à Primeira Vista que como objetivo a aproximação da arte contemporânea com as crianças através de um ambiente lúdico e informativo. Continue lendo “Em exposição inédita no Sesc Bauru, crianças e adultos são cativados pela arte contemporânea”

Born to be Blue: O Jazz e a Heroína

born-to-be-blue-poster

Eli Vagner F. Rodrigues

Quando Charlie Parker morreu, em 12 de março de 1955, aos 34 anos, o médico legista testemunhou que seu corpo parecia o de um homem de 65, resultado de sua adição em heroína. Quando Chet Baker caiu da janela de um hotel em Amsterdam em 13 de maio de 1988, aos 58 anos, seu corpo aparentava ser de um homem de 80 anos, efeito da mesma devastação provocada por essa que foi a droga mais associada à história do jazz. Continue lendo “Born to be Blue: O Jazz e a Heroína”

Punk rock não é só pro seu namorado!

imagem-1
“Quando ela anda, a revolução vem vindo/ Em seus quadris há revolução/ Quando ela fala, eu escuto a revolução/ Em seu beijo, eu sinto o sabor da revolução” Bikini Kill – Rebel Girl

Bárbara Alcântara

All girls to the front! I’m not kidding” (Todas as meninas para frente! Não estou brincando). Foi com esse pedido inusitado que as bandas riot grrrl – movimento que surgiu em meados da década de 90 – foram ganhando notoriedade dentro da cena punk norte-americana. Munidas de guitarras, baixos, baterias e microfones, elas bradavam “we want revolution girl style now!” (Nós queremos a revolução ao estilo das garotas agora!), pedindo visibilidade dentro de um movimento que se mostrava, apesar dos ideais libertários, cada vez mais misógino e distante das pautas políticas femininas. Escreveram fanzines, organizaram festivais, enfim: conseguiram provar que eram capazes de liderar não só suas próprias bandas, mas todo um movimento social. Elas deram uma nova cara ao feminismo.

Continue lendo “Punk rock não é só pro seu namorado!”

Brasil, um país de extremos

Nilo Vieira

Não é novidade alguma afirmar que o Brasil é um país de contrastes. Em contraponto à beleza natural do país, a desigualdade social sempre se fez presente. Ao passo em que a miscigenação nos trouxe tanta riqueza cultural, os mais peçonhentos tipos de preconceitos nunca abandonaram nossa sociedade. O carisma do brasileiro sempre encontrou no oportunismo dos tiranos um grande inimigo; e por aí vão os incontáveis arquétipos intrínsecos à nossa história. Apesar de alguns avanços notáveis, a Terra de Vera Cruz continua não sendo um país de todos e nem para todos.

Continue lendo “Brasil, um país de extremos”

Miles Ahead: muito pouco sobre o Dark Magus do jazz.

Blue-Miles-Ahead-poster

Eli Vagner F. Rodrigues

Miles Ahead não segue o modelo de “cinebiografia hagiográfica”, característica de algumas produções cinematográficas que retratam vidas de artistas. Tampouco segue o padrão histórico-cronológico, que sintetiza os momentos mais expressivos da carreira de um artista tendo como pano de fundo um panorama sociocultural. Essas produções geralmente se baseiam em um retrato das dificuldades que o artista enfrentou até chegar ao estrelato, ressaltando as condições desfavoráveis de sua origem em contraste com o poder transformador de seu talento. Continue lendo “Miles Ahead: muito pouco sobre o Dark Magus do jazz.”

Os melhores discos de Agosto/2016

2016 segue sendo um ano difícil: as grandes expectativas acabam não fazendo jus aos lançamentos do ano – qualitativa e quantitativamente.

Todavia, quem estiver disposto a peneirar entre os mais diversos estilos musicais ainda achará algumas pepitas pelo caminho. Essas foram as nossas, a maioria encontrada aos 45 minutos do segundo tempo do mês de agosto – ufa! Continue lendo “Os melhores discos de Agosto/2016”

O impacto do maior conflito da história traduzido em palavras

Max Hastings evoca uma visão histórica, original e necessária acerca da Segunda Guerra Mundial, numa obra que elucida os anos de 1939 a 1945 com sobriedade e autoridade.

Guilherme Reis Mantovani

A literatura sobre a Segunda Guerra Mundial e seus desdobramentos é vastíssima, por se tratar justamente de um assunto de vital relevância na história da humanidade. Entretanto, o ambicioso Inferno – O Mundo em Guerra: 1939 – 1945 (Intrínseca, 2012) se destaca por evidenciar não apenas as estratégias militares minuciosamente detalhadas através de mapas exibidos no próprio livro (ao todo, são 48 páginas dedicadas à fotografias da época, além de vinte mapas propriamente ditos), as jogadas políticas oriundas de gabinetes dos países beligerantes e as causas e consequências do conflito devidamente analisadas, mas também por evocar o sentimento de pessoas aparentemente comuns – soldados e civis – que vivenciaram o dia a dia da guerra. Para tanto, o autor, britânico, historiador militar e renomado jornalista Max Hastings, permeia a escrita com cartas, trechos de diários e outros documentos de cidadãos que encararam a Segunda Guerra Mundial, mostrando que, se existe alguma glória em tal conflito, neles deve residir. Continue lendo “O impacto do maior conflito da história traduzido em palavras”

Análise psicológica como espelho para nossas relações em Síndromes – Loucos como Nós

Sindromes

Felipe Monteiro

“Olhando de perto, ninguém é normal.” Essa citação é o ponto de partida para o enredo de Síndromes, peça de Miguel Falabella e Maria Carmen que aborda problemas psicológicos modernos.

Continue lendo “Análise psicológica como espelho para nossas relações em Síndromes – Loucos como Nós”