Nietzsche recomenda Carmen

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Eli Vagner F. Rodrigues

A ordenação hierárquica das artes é controversa na história da estética. Para Hegel a Poesia seria a Música plástica, uma arte suprema que pode expressar o pensamento por imagens. Para Schopenhauer a música seria a mais elevada das artes, expressão direta da Vontade, a essência do mundo dos fenômenos. Maurice Nédoncelle considera o problema da Hierarquia das Artes uma questão estéril para nossos dias.  Para Nédoncele, não devemos impor às Artes uma ordem de precedência, pois todas teriam valor igual, apenas são julgadas de perspectivas diferentes. O que é inegável, mesmo com todas as polêmicas classificações é que a música sempre ocupou lugar de destaque como forma de expressão artística. Na Alemanha do século XIX, a filosofia se debruçou com especial atenção sobre as possibilidades estéticas da música. Neste panorama de autores, ideias e disputas as análises de Friedrich Nietzsche da música da época são, a meu ver, essenciais para a compreensão de alguns problemas estéticos característicos do final do século XIX e que influenciaram autores fundamentais para a crítica do século XX, nomes como Adorno, Horkheimer e Foucault. Nietzsche se arriscou não somente na “crítica” mas também esboçou alguns exercícios de composição, hoje disponíveis até por streaming. Um dos pontos centrais de sua obra crítica foram suas considerações sobre a música de Richard Wagner.

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A Lista de Schindler: mil nomes, mil vidas

Clássico filme de Spielberg conta a história real de um homem que sacrificou tudo o que possuía para salvar mais de mil judeus do Holocausto

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Créditos: Reprodução

Guilherme Reis Mantovani

Contextualizado no início da década de 40 e baseado em fatos reais, A Lista de Schindler, dirigido por Steven Spielberg, narra a história do alemão Oskar Schindler ( interpretado por Liam Neeson). Membro do Partido Nazista e possuidor de alto prestígio junto à SS, Schindler emprega mão de obra judia em sua fábrica voltada ao esforço de guerra alemão num anseio voraz de enriquecimento. Contudo, por intermédio da amizade que desenvolve com seu contador judeu Itzhak Stern (Bem Kingsley) e através da contemplação dos horrores da Solução Final, se sensibiliza e utiliza de sua influência e de sua fábrica como fachada para salvar o maior número de judeus possível.

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Maus: quando humanos se tornam ratos

Art Spiegelman relata em quadrinhos a vida de seu pai, sobrevivente do holocausto

Maus-Art-Spiegelman-PortableOs prisioneiros em versão antropormófica, com os uniformes típicos dos campos nazistas (Ilustração: Art Spiegelman)

Danielle Cassita

A Segunda Guerra Mundial e seus horrores são de conhecimento geral, principalmente aqueles que envolvem o holocausto, um dos eventos mais trágicos que foram escritos em nossa história. O tema foi abordado de várias formas: no cinema, “A Lista de Schindler” e “Tribunal de Nuremberg” são referências. Já na literatura, podemos considerar títulos como “O Diário de Anne Frank”, “O Menino do Pijama Listrado”, “A Menina que Roubava Livros” e um menos conhecido, a graphic novel “Maus”, de Art Spiegelman. 

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O Soul e o Sou de Liniker

O cantor agitou a cidade de Bauru com seu ritmo, sua voz e seu estilo

linikerO cantor durante apresentação no SESC Bauru (Foto: Vinicíus Gálico)

Vinícius Gálico

A black music de Liniker invadiu a cidade de Bauru e levou uma multidão para o show do cantor e seu grupo, os Caramelows, no ginásio do SESC na última quarta-feira (20). O show faz parte da turnê de seu novo EP “Cru”, lançada pelo selo independente Vulkania.  Com apenas três músicas – “Zero”, “Caeu” e “Louise du Brésil”, Liniker agitou as redes sociais alcançando mais de 1 milhão de visualizações no YouTube em apenas uma semana. Sem divulgação ou assessoria de comunicação para anunciar o lançamento, o cantor pegou muita gente de surpresa, e desde então continua surpreendendo a todos por onde passa com sua voz, estilo e atitude – e em Bauru não foi diferente.

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A obra ficcional de Umberto Eco e a História da Ignorância

ecoUmberto Eco

Eli Vagner F. Rodrigues

A obra ficcional de Umberto Eco é conhecida por exigir do leitor um pouco mais do que uma visão mediana da cultura. Suas obras são elaboradas a partir de complexas referências do mundo das artes, filosofia, história e da própria literatura. O que torna a leitura fascinante também dificulta a interpretação. Esta característica e a reação do público (crítica e leitores) levou o autor a publicar o “Pós-scriptum ao Nome da Rosa”, espécie de bula para a elucidação de alguns aspectos da obra que se tornou um best-seller. Este traço de academicismo e erudição atrai milhares de leitores, no mundo todo, a cada lançamento de um de seus livros de ficção. O público encontra uma espécie de teste intelectual a cada página produzida pelo bruxo de Bologna.

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Trupe Chá de Boldo em São Paulo: Temperatura Inconstante

Banda empolgou o público com seu maior hit, mas decepcionou no desfecho do espetáculo

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A Trupe já conta com 10 anos de estrada (Foto: Divulgação)

Victor Pinheiro

O grupo musical Trupe Chá de Boldo trouxe seu repertório experimental para duas apresentações no Sesc Santana, em São Paulo, no sábado (16) e domingo (17). O setlist foi repleto de faixas do novo álbum da banda, Presente (2015), mas  também contou com sucessos da obra anterior, Nave Manhã (2012).

 Usando toda sua potência instrumental, a Trupe mostrou seus arranjos característicos para começar o espetáculo com força total e  arrancar aplausos, gritos e dança. O marcante trio feminino formado por Ciça Goés, Julia Valiengo e Leila Pereira, nos vocais, o rodízio de instrumentos entre os integrantes e as simpáticas performances no palco foram essenciais para levantar a apresentação.

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Los Hermanos: Amor e Ódio

loshermanos2A banda no show de São Paulo (foto: Vinícius Gálico)

Vinícius Gálico

O cenário musical brasileiro de 2015 foi marcado pelo inesperado reencontro da banda Los Hermanos. A princípio seria apenas uma apresentação no aniversário de 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, mas não demorou muito para que anunciassem mais dois shows na capital carioca, a fim de atender a demanda dos fãs. O anúncio se tornou viral nas redes sociais e fãs do país inteiro mobilizaram pedidos de shows em suas cidades. A partir disso, o que era pra ser um único show se transformou numa turnê nacional.

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Star Wars: Sem inspiração na Força

O primeiro filme da saga Star Wars após a venda da LucasFilm, do diretor George Lucas,  para a Walt Disney apela para a nostalgia, porém a falta de ideias novas para a franquia causa um gosto amargo no final da sessão.

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Créditos: Divulgação

João Pedro Fávero

Em “O Despertar da Força”, trinta anos se passaram desde que os Rebeldes venceram o Império, mas uma nova ameaça, bem semelhante à já enfrentada nos filmes da trilogia original, entra em cena para governar a galáxia. Chamada de Primeira Ordem, o grupo liderado pelo Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), por seus pupilos Kylo Ren (Adam Driver) e General Hux parece ter sido inspirado no regime Nazista e segue a mesma agenda do Império, incluindo os mesmos planos que fracassaram antigamente – como a Estrela da Morte, dessa vez maior e com um nome diferente: Starkiller. A única esperança da Resistência é Luke Skywalker e seu paradeiro é desconhecido.

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