Deus Salve a Rainha: os 5 glamourosos anos de The Crown

Cena da série The Crown. É uma imagem com as bordas escura e bem iluminada ao centro para destacar, em plano médio, a personagem principal: Elizabeth II, uma mulher branca, magra, de cabelos castanhos presos para trás em um penteado baixo com uma grande coroa acima, prateada e composta de cristais. Ela tem grandes olhos azuis e está em pé andando para a esquerda, olhando para a direita e sorrindo sem mostrar os dentes. Ela veste um vestido de tecido brilhante branco e prata, com um pequeno detalhe aparente de tecido azul turquesa na saia e um pedaço de um detalhe em prata na cintura do vestido. Ela cruza os braços na direção da cintura para enrolar um estola de pelos braços pela parte superior do corpo, que cobre toda a frente da roupa e deixa apenas um pequeno pedaço dos ombros e do colo à mostra. Ela usa luvas brancas que cobrem até acima dos cotovelos, já no braço esquerdo, carrega uma pequena bolsa branca, em seu pescoço há um grande colocar brilhante com pérolas e nas orelhas, há brincos compridos e brilhantes. Atrás dela e levemente ao fundo, do lado direito da imagem e levemente desfocado está Philip, um homem branco, magro e alto, de cabelos loiro médio, ele se encontra na mesma posição de corpo que ela, ele veste um smoking preto, com um lenço branco no bolso, e por baixo uma camisa branca com uma gravata borboleta da mesma tonalidade, ele aparenta estar com os braços atrás do corpo. Ao fundo atrás da personagem há dois grandes pilares cor de areia, e em frente a eles, à esquerda da imagem, há um pequeno grupo de pessoas, da esquerda para a direita: uma mulher branca, magra, de cabelos castanhos com um lenço cor de areia escuro cobrindo-os, deixando apenas o topo aparente, ela usa batom vermelho e veste um sobretudo marrom de estampa xadrez, ela sorri sem mostrar os dentes e aplaude. Um pouco atrás dela há um homem alto, branco de cabelos loiro escuro, usa um terno preto com uma camisa branca e uma gravata bege clara, só é possível ver a a parte superior do corpo acima da cintura; em frente a ele há um homem um pouco mais baixo, branco, de cabelos pretos e sobrancelhas grossas, ele veste um sobretudo cinza azulado e na cabeça usa uma boina da mesma cor, embaixo do sobretudo, veste uma camada um pouco mais escura acima de uma blusa branca, as duas mãos estão juntas em frente ao corpo. Atrás de Elizabeth é possível ver apenas o rosto de um homem branco de cabelos castanhos que olha em sua direção, assim como todos os figurantes. Ao fundo à esquerda há mais algumas pessoas não distinguíveis e a direita um prédio pouco iluminado com paredes cinzas, janelas grandes e de pelo menos dois andares.
“O país precisa ser liderado por alguém forte” (Foto: Netflix)

Júlia Caroline Fonte

Há 5 anos, os portões do Buckingham Palace foram abertos ao público, revelando os segredos obscuros e os dramas da família real britânica, como também nos aproximando de uma das figuras mais conhecidas da história. The Crown, série criada por Peter Morgan, que, de início, não tinha tanta aclamação e atenção do público, logo tornou-se um sucesso e, prestes a lançar sua quinta temporada, a série da Netflix conta com o maior orçamento da plataforma, a altura de suas personagens e de sua luxuosa produção. 

Além de fofocas e polêmicas dignas de um romance da corte francesa, a série consegue conquistar o espectador logo de cara apenas com sua protagonista, a rainha Elizabeth II, no início interpretada pela talentosa Claire Foy. Sendo um dos principais elementos para garantir esse sucesso, a atriz entrega o papel de forma surpreendente, trazendo à tona uma visão que dificilmente teríamos da soberana.

Não é surpresa que as mulheres enfrentaram – e ainda enfrentam – enormes obstáculos para assumirem sua posição e poder, e a trajetória da personagem Lilibeth procura evidenciar esse problema. Uma figura prestes a completar 70 anos de reinado – o primeiro monarca do Reino Unido a conquistar esse feito – é retratada na série como uma jovem que não foi preparada para governar, mesmo que sua posição de Chefe de Estado já estivesse prevista desde criança.

Cena da série The Crown. A imagem é um plano geral fechado, mostra uma sala do palácio, com paredes bege claras e cinco janelas, duas nas laterais e três ao centro (que formam meio hexágono), todas com cortinas brancas com bandô volumoso vermelho escuro. Em frente, há cadeiras beges com detalhes dourados, e dois pilares finos e beges claro de cada lado; no chão há um tapete vermelho de tom mais claro que a cortina e no teto há um lustres de cristais. Em frente e em destaque na foto há 9 personagens em pé posando para a foto e olhando para a câmera sérios, todos são brancos, da esquerda para a direita: A primeira é a Rainha Mãe, com as mãos juntas em frente ao corpo, uma mulher entre 40/50 anos, de cabelo grisalho escuro preso, magra de estatura média ela está com o corpo um pouco virada para a direita da foto, ela usa um vestido reto, longo e de manga longa, de cor salmão, e tecido um pouco pesado, por cima do vestido, ela usa uma faixa diagonal azul, com algumas medalhas penduradas, e como acessórios ela usa brincos um colar prateados de pedras e um grande chapéu com plumas do mesmo tom e tecido do vestido. Ao lado está a rainha Mary, com as mãos também juntas em frente ao corpo, que usa um vestido longo, de mangas longas e cinza azulado, de tecido um pouco mais leve e estampa de bolinhas, ela também usa a faixa azul de medalhas e um chapéu combinando com o vestido, ele é quase cilíndrico e com plumas, além de luvas brancas diversos colares prateados e de pérolas no pescoço, bem como um brinco de pérolas; Ela é uma mulher idosa, magra, um pouco mais baixa, entre 80 e 90 anos, tem cabelos brancos cacheados e também presos em um penteado baixo. Em seguida vem o Duque de Windsor, um homem alto, magro, entre 50 e 60 anos, de cabelos brancos levemente grisalhos e curtos, ele está com os braços para trás, ele veste um terno cinza, com textura e um leve xadrez amarelo, no terno há um flor branca próxima ao ombro esquerdo, um lencinho de cor creme no bolso, e por baixo, ele veste uma camisa branca e uma gravata cor de areia, nos pés, usa um sapato preto com detalhes brancos na parte superior. Depois há o príncipe Philip, um homem alto, magro, de cabelos loiros e curto, penteados para trás, ele usa um terno militar azul marinho escuro, com botões dourados na frente medalhas próximas ao ombro esquerdo e uma corda dourada ao lado direito, além de ombreiras douradas, por baixo ele usa uma camisa branca e gravata preta e sapatos pretos. Ele está com as mãos para trás e levemente inclinado para Elizabeth que vem em seguida, uma mulher de estatura média, magra, de cabelos castanhos curtos, e olhos azuis, ela está inclinada para Philipe com as duas mãos em frente ao corpo; ela usa um vestido longo branco, com saia volumosa e um corpete sem alça, que tem uma renda que desce até o meio da saia, ela também usa a faixa azul com medalhas, colar e brincos de pedras prateados, e na cabeça uma coroa grande e prateada. Ao lado há a princesa Margaret, a única que apresenta um leve sorriso, é uma mulher alta, magra, de cabelos castanhos curtos e olhos azuis, ela está levemente virada para a esquerda da imagem e está com as mãos do lado do corpo, usa um vestido longo com uma saia menos volumosa que a da irmã e também um corpete sem alça, o vestido é cinza bordado em roxo e com um cinto bege na cintura, ela usa uma echarpe lilás enrolada nos braços e que desce até o chão, ela usa luvas que cobrem quase o braço todo da mesma cor do vestido, usa um colar prateado com pedras roxas e um pequeno brinco prateado. Logo atrás dela está Peter Townsend. um homem magro, alto e de cabelos pretos, que veste um uniforme militar de alfaiataria, composto de calça e blazer, que contém medalhas e um cinto com listras douradas, por baixo ele usa uma camisa branca e uma gravata preta; a mão esquerda segura uma espada prata e marrom que está presa a cintura. Por fim há dois primeiros ministros, o penúltimo é Winston Churchill é um homem baixo, gordo, por volta de 60 ou 70 anos, de cabelos brancos, ele usa um smoking preto, e por baixo há uma camisa branca com um colete preto, e uma gravata borboleta preta e sapato preto, ele está levemente virado para a direita da imagem, a mão esquerda segura o smoking e a direita se apoia em uma bengala preta. E por último Anthony Eden, um homem magro, por volta de 70 anos, com cabelos grisalhos e bigode, ele está levemente inclinado para a esquerda e tem as duas mãos para trás do corpo, ele veste um terno cinza médio, com textura, botões pretos e um lencinho branco no bolso, por baixo há uma camisa branca, uma gravata prateada, e usa um sapato preto.
The Crown conseguiu conquistar o público com uma história envolvente, grande atuações e um retrato charmoso da realeza britânica (Foto: Netflix)

The Crown tem um papel social importante: reconhecer o legado de Elizabeth como uma das mulheres que comandou um país que sempre esteve à frente de diversas outras nações. Ela prova que por mais que inúmeras forças a desacreditem e tentem derrubá-la durante sua trajetória, uma mulher tem o poder de sentar a uma grande mesa com homens velhos de terno, e é capaz de decidir o rumo de uma grande potência econômica. A monarca é hoje um símbolo que traz força para diversas figuras femininas influentes que foram jogadas à margem ao longo da história.  

Porém, essa representatividade histórica não apaga todas as controvérsias e condutas nocivas relacionadas à essa poderosa família, que são ofuscadas por muita romantização de todos os seus movimentos. Suas cenas muito bem escritas expõem o lado difícil de viver sobre o peso de um poderoso legado e, tentam envolver o espectador em um sentimento de empatia quando Margaret (Vanessa Kirby) não pode viver um simples e forte romance ou Elizabeth tem que abrir mão da sua vida de mãe presente para focar nos difíceis cuidados do novo filho: seu reinado

Essa visão passa a rondar as duas primeiras temporadas exibidas em 2016 e 2017 e tem sua inversão nas duas seguintes, principalmente na mais recente, lançada ano passado, em que uma jovem plebeia adentra as muralhas da realeza. A clássica mudança de elenco a cada dois anos marca uma grande transformação na narrativa da monarquia. Algo podre começa a emergir das paredes do palácio, e então passamos a mergulhar ainda mais em um lado frio e sombrio dos personagens, principalmente Elizabeth, que na terceira temporada prepara seu herdeiro de modo apático. A visão do belo passa a dar lugar ao início de uma imagem deteriorada para público, e a empatia e encanto sentidos no começo iniciam sua lenta partida.

Cena da série The Crown. A imagem está em plano médio, em frente e na ponta esquerda está o príncipe Charles, com um olhar preocupado olhando para baixo a esquerda, um homem branco, magro, alto e de cabelo castanho curto, ele veste uma grande capa, aparentemente de veludo, de cor vinho escuro, com uma pelúcia branca até o abdômen e na abertura do centro, com um fecho dourado, toda essa parte tem bolas pretas também em pelúcia, ele usa uma coroa grande, com a borda feita da mesma pelúcia, seguida de ouro com um adorno no centro da cabeça também em dourado formado por uma bola e uma cruz, e no meio é preenchida por um tecido vinho escuro, ela é toda adornada com cruzes douradas, as mãos dele saem do meio da capa e seguram um papel branco com escritos, na mão esquerda há um anel dourado com uma pedra escura; em frente a ele, há um microfone duplo cinza com espuma preta. Na lateral direita da imagem está a rainha Elizabeth, agora ela aparenta estar entre 40 ou 50 anos, ela está sentada e na imagem está embaixo e aparece em plano próximo, ela veste uma roupa de cor areia clara de mangas longas, ela usa colares de pérolas, batom vermelho e um chapéu que cobre a cabeça como um capacete, ele é da mesma cor da roupa e adornado com pérolas, ela olha para o mesmo local que o filho e está séria. Ao fundo, há uma platéia desfocada que cobre toda a imagem, nela há diversos militares que vestem seus uniformes pretos, há homens de terno preto ou cinza e mulheres com roupas clássicas e monocromáticas, variando em verde água, amarelo, rosa azul pastel, são todos adultos e estão aplaudindo
“E que bando de monstros insensíveis é minha família. Como são frios e maldosos, grosseiros e chatos. Sem alegria e sem amor” (Foto: Netflix)

É também na terceira parte que The Crown começa lentamente a se perder em sua protagonista e esfacelar seu enredo com tantos personagens embaralhando-se, entregando para o público uma das temporadas mais lentas e arrastadas. Porém, sua quarta temporada é salva por uma das figuras mais importantes para a realeza: Lady Di. Reacendendo a imagem na família real na década de 80 e quebrando protocolos, a jovem traz a atenção do público de volta à série. O protagonismo entre ela e Elizabeth começa a ficar mais dividido, consolidando o problema do ano anterior. Apesar disso, The Crown ainda se garante como uma excelente história.

Para a decepção de muitos, a vida da Princesa do Povo é mostrada de modo rápido e razoável. Mesmo não sendo a protagonista, a duquesa, assim como em vida, sempre consegue atrair todos os holofotes para si, bem como os espectadores, que sempre anseiam por mais Diana. Com a atenção à protagonista se perdendo, o desejo de adentrar cada vez mais a vida da jovem aumenta entre o público, que precisa se contentar com poucos momentos. No entanto, estes não deixam de ser notáveis, graças a Emma Corrin e Josh O’Connor interpretando, respectivamente, Diana e Charles.

Nesta quarta temporada, a família real passa a ter um papel de vilã para a jovem plebeia que tem a vida retratada de modo trágico. Com um marido que a abusa emocionalmente e tendo que dividi-lo com a amante Camilla Parker Bowles (Emerald Fennell), a família real se mostra indiferente e como sempre, apenas tentando garantir as aparências. Esse é um dos motivos que fizeram com que The Crown sempre estivesse envolvida em polêmicas com a realeza britânica, porém, sua quarta parte garantiu o aumento da tensão, principalmente com aqueles próximos a Charles que se incomodaram com sua representação.

Cena da série The Crown. A imagem é um plano médio da personagem princesa Diana, ela está um pouco à direita da imagem, ela está com o corpo quase em perfil, andando para a esquerda e olhando observadora para algo à direita. Diana é uma mulher jovem de 19 anos, magra estatura média, branca, cabelo liso, loiro e curto, repicado abaixo das orelhas, ela tem grandes olhos azuis que estão maquiados com um leve esfumado preto. Ela veste um conjunto de alfaiataria amarelo, sendo a parte de baixo uma saia mais soltinha e de cima uma blusa de mangas 7/8 com botões à frente, no ombro direito, carrega uma bolsa branca pequena de alça fina e longa, a mão que segura a bolsa exibe um anel com uma pedra azul escuro com contorno branco. Ao fundo e desfocado há uma rua da cidade de Londres, há um prédio cinza claro com grandes portas cinzas com vidros, algumas árvores e carros, na rua há uma scooter antiga bege dirigida por um homem desfocado que veste uma calça jeans e um casco azul. Na calçada em que Diana está há pilares médios cinza escuro, e logo atrás dela há diversos fotógrafos desfocados, os dois mais aparentes estão um logo atrás da princesa, com câmera cobrindo o rosto, vestindo calça jeans clara, um casaco marrom escuro e um capacete de moto antigo na cor prata, a esquerda há outro fotógrafo, ele usa uma calça e um casaco cinza escuro, com uma bolsa lateral de tom próximo. Na ponta esquerda da imagem, há um homem quase totalmente de perfil, ele aparenta ter por volta de 40 anos e está usando um terno azul marinho bem escuro de gola preta, aparece a gola de uma camisa branca, usa uma gravata azul escura com listra finas douradas e uma cartola pequena preta na cabeça cobrindo o cabelo preto curto; ele caminha sério para a esquerda.
O destaque da quarta temporada não foi apenas Diana, mas também sua intérprete, Emma Corrin, já que o papel lhe rendeu um Globo de Ouro de Melhor Atriz em Série de Drama (Foto: Netflix)

Além de sua excepcional narrativa, a série criada por Peter Morgan também não deixa de dar um espetáculo em seus aspectos técnicos. A direção de fotografia do brasileiro Adriano Goldman foi fundamental para transmitir a mensagem da série e garantir seu visual deslumbrante junto com a direção de arte, que não poupou dinheiro e esforços ao recriar a vida das personagens. A trilha sonora também se destaca, com a maior parte das músicas de autoria de Rupert Gregson-Wiliams combinadas a outros elementos sonoros, criando a atmosfera ideal.

É difícil ressaltar a qualidade de The Crown sem mencionar seu elenco, que brilhou não apenas por causa de Claire Foy. Em sua primeira fase, a série nos presenteia com os atores Matt Smith no papel do Príncipe Philip e John Lithgow que reviveu o prestigiado Winston Churchill; além de outro grande destaque: Vanessa Kirby, que nos encantou com sua rebelde e intensa Princesa Margaret.

Já em sua segunda fase temos a versão mais velha dos personagens, com a aclamada Olivia Colman vivendo Elizabeth, Tobias Menzies, como seu marido,  Helena Bonham Carter, dando voz à polêmica irmã, e Gillian Anderson como a famosa Dama de Ferro. Um elenco de peso que, contudo, não supera seus antecessores, deixando nítida a divisão entre os dois períodos retratados, com algumas diferenças na personalidade de suas personagens e suas próprias versões das mesmas. E é claro, uma brusca diferença física, principalmente para as duas irmãs, que ficaram marcadas pelos grandes olhos azuis das atrizes, ignorados pela produção.

The Crown completa seus 5 anos como uma já consagrada e singular obra. Nos proporcionando a experiência única de acompanhar e nos aproximar pelo menos um pouco da realeza deste século. A série, que já garantiu diversos prêmios e indicações em seu caminho (e fez história vencendo todas as estatuetas de Drama no Emmy 2021), vem instigando as expectativas dos fãs para as próximas temporadas, que começam a caminhar para o final de sua história; e anunciando mais uma vez um grande elenco, ela se encerrará com um dos períodos bem críticos para a realeza, que com certeza será retratado com a mesma excelência que vimos até então.

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