25 anos depois, já podemos parar de falar sobre Friends

I’ll be there for you (Foto: NBC)

Vitor Evangelista 

Friends é a grande série do século XX. A comédia sobre os seis amigos de Nova Iorque que conquistou a cultura pop num solavanco, hoje se prostra como uma das maiores produções televisivas da história. A sitcom comemorou vinte e cinco anos no fim de setembro e fãs mundo afora celebraram o legado e as piadas de Rachel, Joey, Phoebe e companhia. Mas, tanto tempo depois da estreia, Friends deveria deixar os holofotes de lado.

Grande parte do buzz do seriado vem da exibição global da Netflix. O fácil acesso aos 236 episódios exibidos originalmente pela NBC entre 1994 e 2004 é primordial para manter acesa a chama de discussão da série. Todavia, com todas as portas que Friends abriu, carreiras que lançou e conteúdos que originou, o grande público pode voltar atenções a outras grandes produções lançadas de lá para cá. E não há problema algum nisso.

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Melhores discos de Agosto e Setembro/2019

Linn, Glória, Karol discos
Da esquerda para a direita: Linn da Quebrada, Glória Groove e Karol Conká. A música brasileira vai muito bem, obrigada! (Divulgação)

Gabriel Leite Ferreira, Leandro Gonçalves e Leonardo Teixeira

“A música brasileira está uma merda”, afirmou Milton Nascimento em entrevista polêmica para a coluna de Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo, no último dia 22. E armou-se o circo. A assessoria do cantor do clube da esquina logo tratou de esclarecer o que seria um mal-entendido, já que Nascimento estaria se referindo à produção musical do mainstream brasileiro.

O que deveria amenizar as discussões, deu mais pano pra manga. Em meio a manifestações de apoio e repúdio à fala do cantor e compositor mineiro, a bolha cultural da internet tirou o dia para discutir a produção musical brasileira. Afinal de contas, a nossa música, popular ou independente, estaria uma merda?

Nossa curadoria dos meses de agosto e setembro prova que não. Numa semana em que o cantor Jaloo anunciou — em um desabafo que revelou a dificuldade de se fazer música por conta própria no Brasil — que não deve trabalhar por muito mais tempo, fica um pensamento: a arte merece apoio. A arte brasileira e a estrangeira, a arte de gravadora e a underground.

Confira abaixo os nossos momentos preferidos, dentre todas essas cenas, dos dois últimos meses. Boa leitura!

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Uma década de Lungs e a arte nascida do caos

(Foto: Reprodução)

Jho Brunhara

“Não deve existir nada melhor que isso”, Florence Welch canta em South London Forever, faixa presente no seu álbum de 2018, High as Hope. A música distante temporalmente de seu primeiro disco não poderia estar mais próxima a nível emocional. Em um relato nostálgico e fiel a sua conturbada adolescência e início da juventude no sul de Londres, a cantora britânica resgata na canção todos os sentimentos de euforia, impulsividade e frustração que a moldaram no início da carreira e possibilitaram a existência de seu mágico e caótico debut, Lungs. Dez anos depois de vir ao mundo, o primeiro trabalho de Welch ainda é um grande exemplo de sua capacidade de transformar a desordem de um coração em uma obra de arte.

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50 anos de Abbey Road e o fim da estrada dos Beatles como Beatles

(Foto: Iain Macmillan)

Maria Carolina Gonzalez

Em setembro de 1969, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr encerravam juntos uma jornada que perdurou por sete anos intensos. Abbey Road – último trabalho que os Beatles fizeram, embora não seja o último a ser lançado – nasceu em meio ao caos, às desavenças e às rupturas que os quatro viviam até se reunirem novamente no lendário estúdio. Mesmo com as diferenças, o quarteto de Liverpool mostrou muito entusiasmo para assim completar, de forma brilhante, a longa e sinuosa viagem que transformou os Beatles… em Beatles.

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5 anos de Queen Of The Clouds: o desabafo de uma estrela autêntica

Queen Of The Clouds, o álbum de estreia da cantora sueca Tove Lo, lançado em setembro de 2014, é completamente uma experiência, seja por conta das letras que retratam um amor do surgimento ao fim, ou pelas produções que entregam uma obra muito bem lapidada e que é recomendável para qualquer fã do gênero pop.

(Foto: Reprodução)

Caio Savedra

O conceito do título – “rainha das nuvens”, em tradução livre -, reforça um dos motivos da autenticidade – uma das características que mais marcam seus trabalhos – da cantora: depois do lançamento de seu primeiro EP em março do mesmo ano, Tove viu sua carreira decolar e oportunidades aparecerem, ela se sentia no topo do mundo, mas sem deixar de sempre tentar dar um passo para trás e analisar o quadro geral, tomando ciência de que este é o seu mundo agora.

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Fleabag é coisa de gênia

A trilha sonora vem acompanhada de corais dominicais, recheando o mergulho na religião que a temporada aborda (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista 

A TV atual está repleta de shows idealizados por indivíduos com um tato único. Seja a surreal Atlanta de Donald Glover, passando pela dramédia teatral Barry de Bill Hader e chegando no cósmico urbanista Boneca Russa de Natasha Lyonne. Todos esses seriados transbordam originalidade e um talento excepcional em reinventar situações problemas já batidas na arte. Mas nada, repito, nada, chega perto da dolorosa poesia de Phoebe Waller-Bridge em sua Fleabag.

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Taylor Swift quer amar para sempre

Capa do lover
(Divulgação)

Leonardo Teixeira 

“Ás vezes as coisas não se quebram, elas se estilhaçam. Mas quando você deixa a luz entrar, estilhaços de vidro brilham”. A cena da carta do longa Alguém Especial (2019), filme que bombou na Netflix, deve ter emocionado muita gente. Após o término de um relacionamento de 9 anos, a protagonista escreve sobre seu luto e o futuro incerto, sem a pessoa com que ela esperava passar a vida. “Nós somos mágica. Para sempre”.

É uma cena linda e dolorida. “Se cuide, meu querido. Só existe um de você”, Jenny (Gina Rodriguez) conclui. Quando se ama alguém, por tanto tempo, essa pessoa se torna um lugar de conforto. E passa a ser parte essencial da sua vida. A ideia de perder essa pessoa é desesperadora, já que é fácil esquecer como era a vida antes dela. E é exatamente esse vazio que Taylor Swift teme seu novo disco, Lover.

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Morte e Vida Severina: Companhia Estável de Dança de Bauru evoca toda força poética de João Cabral de Melo Neto

O espetáculo com coreografia inédita de Arilton Assunção estreou em 1º de setembro, mas dia 14 marcou a abertura da mostra do Festival de Artes Cênicas (FACE) de Bauru, neste ano em sua 8ª edição.

Ensaio dos bailarinos da Companhia Estável de Dança de Bauru para o espetáculo “Morte e Vida Severina” (Foto: Loriza Lacerda/Reprodução)

Vinícius Nascimento

O novo espetáculo “Morte e Vida Severina”, estrelado pela Companhia de Dança Estável de Bauru no teatro Celina Lourdes Alves Neves, é uma adaptação do poema de mesmo nome de João Cabral de Melo Neto publicado em 1955. O mesmo poema já ganhou versão cinematográfica em 1977 e 2010, além de adaptação para TV pela Globo em 1981, o que demonstra a riqueza que o material original tem e como diversas linguagens se apropriam do texto sempre propondo uma releitura atual da obra.

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Steven Universo: O Filme – tudo é culpa de Rose Quartz

 

(Foto: Reprodução)

Felipe Gualberto

Depois de um longo hiato de 224 dias (nada de anormal nesse desenho) os fãs de Steven Universo finalmente puderam assistir ao filme em 2 de Setembro de 2019. Nesse dia Rebecca Sugar e sua equipe concretizaram o projeto anunciado na SDCC de 2018. A história do longa se passa dois anos após os eventos de “Change your mind”, último episódio da quinta temporada, Steven agora está com 16 anos.

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Decadente, alarmante e polarizada: a Democracia em Vertigem de Petra Costa

O longa foi apontado pelo The New York Times como um dos melhores filmes do ano, e é o queridinho latino-americano para o Oscar 2020 (Foto: Netflix)

Raquel Dutra 

Polêmico e contundente, o documentário Democracia em Vertigem chegou à sua terra natal pela Netflix no dia 19 de junho, depois de seu aclamado lançamento no Festival de Cinema Sundance de 2019. Mergulhado nas memórias pessoais e no passado político de sua diretora e roteirista, o filme relembra os contextos sociais e políticos em que a figura de Luís Inácio Lula da Silva emergiu, passando pelas eleições ganhas por sua sucessora, Dilma Rousseff, e seu controverso processo de impeachment. O documentário também trata da presidência de Michel Temer, construindo um fio narrativo que busca entender a crise política do país, agravada pelos movimentos de 2013.

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