Tomb Raider – A Origem é uma boa ideia mal executada

(Foto: Reprodução)

Hanna Queiroz

Um dos remakes mais famosos do cinema hollywoodiano é O Grande Gatsby (1949), que foi rodado duas vezes, em 1974 e em 2013. Eles existem para reviver grande produções audiovisuais, que se tornaram ultrapassadas e acabariam se perdendo no tempo, em uma época que o cinema está em constante evolução – ou apenas porque o filme rendeu muita grana e fazê-lo de novo seria o tiro certeiro no público fiel. Ainda assim, isso não significa que todo remake será melhor que o original. É o caso de Tomb Raider – A Origem, nova versão de Tomb Raider (2001) que estrelou Angelina Jolie no papel de Lara Croft.

Continue lendo “Tomb Raider – A Origem é uma boa ideia mal executada”

Vida de Inseto: como combater a opressão e o conservadorismo

Gabriel Jaquer

Quando assistimos a um filme na infância, não dá para perceber toda a complexidade presente na obra, e é sempre uma surpresa agradável rever os queridinhos do passado sob um olhar mais maduro e perceber que ainda são relevantes para nossas vidas (como em Shrek, onde as piadas de insinuações adultas só são percebidas depois que assistimos com mais idade, e pelos pais – ou não – que assistiram na época). Vida de Inseto, a segunda animação da Pixar (lançada 3 anos depois de Toy Story) que completa agora seus 20 anos, aposta nessas entrelinhas e consegue agradar todas as idades.

Continue lendo “Vida de Inseto: como combater a opressão e o conservadorismo”

Aniquilação e o papel do “eu” num mundo repleto de cópias

Dirigido por Alex Garland, ficção científica traz Natalie Portman comandando um elenco de respeito (Foto: Netflix)

Vitor Evangelista

A fusão entre ficção científica e filosofia está presente na Sétima Arte desde muito antes dos filmes de Stanley Kubrick ou James Cameron. A maneira como essa arte apresenta aspectos íntimos do ser humano e os debate em ambientes místicos e distantes da realidade vivida pelo homem ecoa na mente do espectador, brindando a ele obras-primas e filmes com muito significado a ser discutido.

Aniquilação, distribuído pela Netflix, dirigido por Alex Garland e protagonizado por Natalie Portman, faz jus ao gênero cientifico-filosófico ao narrar a história de um grupo de cientistas que partem numa missão secreta. Essa que acaba por culminar num território vivo que desafia as leis de natureza e oferece perigos ao mundo.

Continue lendo “Aniquilação e o papel do “eu” num mundo repleto de cópias”

A Maldição da Casa Winchester e a saturação de filmes de assombração

Longa se passa em 1906 e aborda questões de âmbito social ainda em vigor nos Estados Unidos do século XXI (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Nos Estados Unidos, a era Trump, além de marcada pelo caos político
e por um festival de intolerância, trouxe também à tona a velha discussão sobre o controle do uso de armas pelos cidadãos. Esse debate, que se intensificou após uma série de tiroteios que mancharam de sangue escolas e universidades do país, gera um número exorbitante de pontos de vista; no Ccinema, um deles foi abordado recentemente no último longa dos Irmãos Spierig: A Maldição da Casa Winchester.
Continue lendo “A Maldição da Casa Winchester e a saturação de filmes de assombração”

A poesia erótica e violenta de A Forma da Água

Leonardo Teixeira

A relação entre homens e “monstros” parece sempre ter fascinado Guillermo del Toro. O diretor fez fama mundial em 2006 com o horror fantástico O Labirinto do Fauno, mas a verdade é que a contraposição entre humanidade e a falta dela é tema onipresente em sua obra. Celebrado por tudo e todos, A Forma da Água (The Shape of Water) é mais uma adição ao clube. Continue lendo “A poesia erótica e violenta de A Forma da Água”

A utopia que Me Chame pelo Seu Nome ensina

Elio (Timothée Chalamet) e Oliver (Armie Hammer) em Me Chame pelo Seu Nome. (Crédito: Sony Pictures Classics)

Adriano Arrigo

“Tudo é tão incrivelmente sensual”, diz Oliver (Armie Hammer) quando observa os fotolitos de esculturas gregas mostradas por  Mr. Perlman (Michael Stuhlbarg), professor de arqueologia antiga.  As esculturas do período helenístico com forte influência de Praxíteles, o maior escultor da antiguidade, segundo o professor Perlman, são esguias, de músculos rígidos e perfeitamente proporcionais. Elas retratam o ideal de beleza grega e são as referências estéticas de Me Chame pelo Seu Nome. Continue lendo “A utopia que Me Chame pelo Seu Nome ensina”

The Post – A Guerra Secreta: um filme fraco para uma personagem forte

Hanna Queiroz

The Post – A Guerra Secreta, o novo filme de Steven Spielberg, retrata um episódio da imprensa norte-americana que denunciou pela primeira vez as contradições da participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Expondo mentiras, omissões e manipulação, o The New York Times publica documentos secretos e é processado pelo governo Nixon. Mesmo com o jornal na corda bamba da justiça e a liberdade de imprensa sendo ameaçada, o jornal The Washington Post tem a chance de publicar mais material de teor privado e denunciativo. É aí que entra o importante dilema de Kay Graham (Meryl Streep), dona do jornal: decidir publicar e correr o risco de afundar seu amado jornal de família em um processo judicial, ou não publicar e deixar que a repressão do governo censure a imprensa.  

Continue lendo “The Post – A Guerra Secreta: um filme fraco para uma personagem forte”

Churchill e a língua inglesa

Eli Vagner F. Rodrigues

Bertrand Russel desmascarou os grandes metafísicos do século XIX como autores de monstruoso embuste aplicado a gerações ansiosas por serem enganadas. A crítica à hipocrisia e à estupidez de um certo espírito vitoriano foi inspiração para a literatura posterior e se inspirava na postura niilista do final do século XIX. Desde então, na literatura como nas artes em geral, se cultivou o valor da contestação ao status quo. De Joyce aos beatniks, de Orwell à Salinger a hipocrisia do discurso é um alvo comum. Continue lendo “Churchill e a língua inglesa”

Projeto Flórida: o sonho da infância no capitalismo

n.v.z

O fato de o Oscar dar mais atenção à produções de menor sucesso comercial que seu primo musical ainda não é (nem nunca será) sinônimo de plena igualdade – ou representatividade, para usar um termo em voga. A mísera indicação na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pela atuação de Willem Dafoe em Projeto Flórida (The Florida Project) é prova cabal. Continue lendo “Projeto Flórida: o sonho da infância no capitalismo”