Os 40 anos da epopeia de sentidos em Stop Making Sense

Cena de Stop Making Sense. Nela, vemos David Byrne, um homem branco de cabelos pretos. Ele veste um terno cinza e uma camisa cinza. O terno é consideravelmente maior que o corpo do cantor, ficando bastante folgado. Byrne está em pé, de olhos fechados e com a boca aberta em frente a um microfone. O fundo é preto.
Cabeças falantes nem sempre precisam fazer sentido (Foto: Arnold Stiefel Company)

Guilherme Veiga

Um tablado preto de teatro. Uma luz no fundo, de onde vem um par de pernas que veste uma calça cinza clara e um sapato terrivelmente branco. Essas pernas chegam até um microfone e então é posto um rádio ao lado. A mão do corpo a quem pertence tais pernas dá play no aparelho, e então uma bateria digital começa aquela que seria uma das versões mais emblemáticas de Psycho Killer. A câmera sobe até o vislumbre de um jovial David Byrne e o resto é história. Assim começa aquela que, posteriormente, seria considerada a obra definitiva quando o assunto é filmes-concerto: Stop Making Sense.

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Arlequina é quatro vezes mais divertida ao lado de Hera Venenosa

Cena do seriado animado Arlequina. Na imagem, as personagens Hera Venenosa e Arlequina se entreolham. Hera é uma mulher de pele verde e cabelos vermelhos, enquanto Arlequina é uma mulher branca de cabelos loiros com mechas em azul e rosa. As vilãs vestem uniformes característicos de suas cores, verde e vermelho. Elas parecem conversar sobre algo sério. Ao fundo, o cenário é o apartamento onde vivem.
A 4ª temporada de Harley Quinn estreou no verão estadunidense de 2023 (Foto: Max)

Nathalia Tetzner

Respirar novos ares é desafiador, mas refrescante. Na quarta temporada de Arlequina, o seriado aposta em uma roupagem diferente para a protagonista que, frente a decisão de mudar de ramo profissional – isso é, passar a irritar a Bat-Família no lugar da Legião do Mal enquanto persegue criminosos com seu bastão de baseball –, consegue proporcionar um sentimento de identificação com o público nunca antes explorado pela animação. Do humor pesado, floresce uma jovem que tenta equilibrar a nova fase de sua vida sem deixar a natureza maquiavélica para trás, justamente o que fez Hera Venenosa e nós cairmos de amores por ela pela primeira vez.

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Longe do humor, A Filha do Palhaço se ancora em dramas familiares

Cena do filme A Filha do Palhaço. os atores Demick Lopes e Lis Sutter, que interpretam, respectivamente, Renato e Joana, estão presentes. Renato está no canto esquerdo, usando luvas de manga longa douradas, um colar com contas coloridas e um sutiã com enchimento. Ele está maquiado como parte da caracterização da drag Silvanelly, que interpreta todas as noites. No lado direito, encontra-se Joana. Com os cabelos amarrados, a jovem de 14 anos segura uma bolsa e sorri para o pai. Ela veste uma blusa de manga curta cinza com a estampa de um cachorro e, por baixo, uma blusa de manga longa com listras rosas e pretas. Pai e filha estão na frente de um carro.
A produção nacional teve sua primeira exibição no Cine Ceará, o Festival Ibero-americano de Cinema (Foto: Embaúba Filmes)

Felipe Nunes

Em A Filha do Palhaço, o título engana e que bom por isso. A história, inicialmente simples sobre mais uma relação paternal problemática, se transforma em uma trama catártica cheia de reviravoltas que te prende do início ao fim e está longe de ser um drama clichê. É com Renato (Demick Lopes) e Joana (Lis Sutter) que vemos uma disfuncional relação entre pai e filha abrir portas para a polissemia da cinematografia. Da maternidade solo ao abandono parental, a obra passeia por temas delicados com uma abordagem fiel ao que se propõe. O mérito é do excelente roteiro assinado por Amanda Pontes, Michelline Helena e Pedro Diogenes.

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Há cinco anos, Billie Eilish mostrava seus pesadelos com WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?

Capa do álbum When We All Fall Asleep, Where Do We Go?, no centro há uma cama branca com edredom, lençol e travesseiro branco. Na beira da cama está a cantora Billie Eilish, uma mulher branca de cabelos escuros. Ela está usando meias, calça e camiseta branca. Seus olhos estão completamente brancos e ela sorri.
Há cinco anos, a cantora lançou seu primeiro álbum que a tornou a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio de Álbum do Ano no Grammy (Foto: Kenneth Cappello)

Guilherme Barbosa

Billie Eilish entrou para a história em 2020, na 62ª edição do Grammy Awards, quando seu álbum de estreia aclamado, WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?, ganhou o prêmio de Álbum do Ano, o que a tornou a garota mais jovem a conquistar essa categoria. Ao longo das 14 faixas que compõem o disco, a artista navegou por diferentes sentimentos, desde os melancólicos até os mais obscuros.

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Há 20 anos, Beatrix rompia seu ciclo de violência em Kill Bill – Volume 2

Cena do filme Kill Bill - Volume 1. Na imagem, vemos a personagem de Uma Thurman, vestida com um uniforme amarelo, com alguns detalhes em preto e manchado de sangue. Ela está segurando uma espada para enfrentar a personagem de Lucy Liu, que também segura uma espada e está vestida toda de branco. Elas estão em um jardim, está de noite e nevando.
O uniforme todo branco de O-Ren lembra o da Yuki, principal personagem de Lady Snowblood (Foto: Miramax Films)

Guilherme Moraes

Apostar em uma maior cadência depois do sucesso do primeiro filme, que foi inspirado no clássico Lady Snowblood, é um desafio. No entanto, Kill Bill – Volume 2 mostra que essa foi uma escolha acertada ao encerrar a saga dando mais substância à protagonista. Quentin Tarantino nos surpreende ao diminuir a violência em tela, mostrando que o caminho que a personagem trilhava era em direção ao fim do ciclo sangrento em que ela vivia, mas que, paradoxalmente, exigia o sacrifício de mais alguns personagens.

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Respire, pois a Fúria Primitiva de Dev Patel é de tirar o fôlego

Imagem do filme Fúria Primitiva. Na foto, a sombra do ator Dev Patel está em evidência em frente a uma pintura com as cores marrom e vermelho, que contém diversos guerreiros
Dev Patel atua, dirige e roteiriza em Fúria Primitiva (Foto: Diamonds Filmes)

Guilherme Machado Leal

Em 2008, um jovem ator britânico estrelou o drama adolescente Skins como um coadjuvante. No mesmo ano, protagonizou um sucesso que chegou ao Oscar, o longa-metragem Quem Quer Ser Um Milionário?. Esses são apenas dois dos trabalhos que marcam a carreira de Dev Patel. Agora, com Fúria Primitiva, o artista inicia sua carreira atrás das câmeras. Nos papéis de roteirista, diretor e ator principal, ele dá vida a Kid, um rapaz que luta em um clube clandestino com o codinome Monkey Man para sobreviver e pagar as contas.

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Para mergulhar em Radical Optimism é preciso segurar o fôlego

Imagem da capa do álbum Radical Optimism. Na foto, a cantora Dua Lipa está dentro do mar, com a parte do peito para cima fora d ́ água. Ela está no canto esquerdo da foto, no lado direito há um tubarão, para fora do mar está sua barbatana principal. Ao fundo, o céu está no fim da tarde, com o azul contrastando com o laranja do sol. Há dois pássaros voando. Dua Lipa e o tubarão estão ao fundo da imagem, na frente em destaque está o mar. Dua Lipa é uma mulher branca, na faixa dos 30 anos de idade. Ela possui cabelos lisos longos na cor vermelha, usa brincos e uma roupa na cor dourada.
A nova promessa de Dua Lipa chegou aos streamings no Brasil em Maio (Foto: Warner Records)

Davi Marcelgo e Guilherme Machado Leal

Na música pop, artistas femininas são colocadas a prova a cada trabalho que realizam. Criam-se rivalidades entre cantoras, de Madonna à Gaga até Taylor Swift e Katy Perry. Seja pela sonoridade, pelos vocais ou pela composição, as mulheres do gênero musical precisam se esforçar duas vezes mais se comparadas aos cantores masculinos. Com Dua Lipa, a situação não foi diferente: desde a sua estreia, com o álbum homônimo, mesmo com números exorbitantes – a exemplo o clipe de New Rules, que possui mais de três bilhões de visualizações no Youtube –, a cantora não ficou ilesa das críticas devido aos seguintes questionamentos: ‘ela vai aprender a dançar?” e ‘ela irá superar o primeiro trabalho?’. Após o lançamento do Future Nostalgia, em 2020, a britânica provou que, daqui 40 anos, vamos sentir saudades do seu dance-pop.

Agora, iniciando a sua terceira era, Radical Optimism, a artista se afasta da sonoridade que abordou durante os três anos do seu segundo disco. No lançamento de Dance The Night para Barbie (2023) e os três singles, o público quis testar a albanesa ao apontar que o novo projeto seria uma coleção de descartes do FN. Porém, desde Houdini, a influência de Kevin Parker (Tame Impala) com os arranjos de sintetizadores e pianos elétricos, deixaram claro a pegada psicodélica do mais recente trabalho, distanciando-se dos laços com as pistas de danças da década de 1990. Mas será que com as diferenças, o mergulho de Dua Lipa entre tubarões é tão profundo e memorável quanto seu antecessor? 

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A Alegria é a Prova dos Nove: um mergulho de cabeça no raso

Cena do filme A Alegria é a Prova dos Nove. No centro da imagem, está a protagonista, uma mulher idosa, branca e de cabelos ruivos bem laranjas. Ela está com tinta azul espalhada por todo o rosto e colo e olha para cima com uma expressão de êxtase e a boca aberta em um sorriso. Atrás dela, tem um homem à sua direita e uma mulher à sua esquerda, ambos também com tinta em seus rostos e corpos.
Helena Ignez traz para o seu filme parceiros de longa data, com quem já trabalhou outras vezes, como o amigo artista Ney Matogrosso e sua filha, a atriz Djin Sganzerla (Fonte: Mercúrio Produções)

Giovanna Freisinger

Não se pode dizer que A Alegria é a Prova dos Nove não é uma experiência. Até os últimos minutos, paira a dúvida: é uma sátira, né? Por esses breves momentos, se torna genial, seria uma crítica afiada às cirandas de uma nova esquerda totalmente desorientada. Há momentos de frivolidades tão cômicos que só poderiam ser propositalmente irônicos. Mas, em seu desenrolar, o filme segue confirmando que não. Não é uma sátira, são só os devaneios de uma classe alheia à realidade do presente.

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Sem disfarçar, Evidências do Amor é uma comédia romântica razoável

Cena do filme Evidências do Amor. Na imagem, os personagens Marco Antônio e Laura estão em um karaokê. Antônio é interpretado por Fábio Porchat, um homem branco de cabelos e olhos claros, e Laura é vivida por Sandy, uma mulher branca de cabelos e olhos escuros. Ambos vestem jaquetas em tons escuros e são fotografados a partir dos ombros pela câmera. Eles se entreolham enquanto ao fundo podemos ver uma televisão com a letra de Evidências, música cantada pela dupla no karaokê.
O casal inesperado surpreende pela pouca química e muita afinação (Foto: Warner Bros. Pictures)

Maria Vitória Bertotti e Nathalia Tetzner

Lançado em Abril de 2024, Evidências do Amor é a mais nova comédia romântica brasileira banhada a humor e uma trilha sonora um tanto quanto inesquecível. Com Fábio Porchat e Sandy Leah protagonizando o longa e formando um casal mediano e sem química, o filme conta a história de amor dos dois e de como a música Evidências, de Chitãozinho e Xororó, acompanha essa jornada de (muitas) lembranças, visitas literais ao passado e reconquista.

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O Verão que (Não) Mudou Minha Vida

Cena da série O Verão Que Mudou Minha Vida. Na imagem, Lola Tung, uma mulher de descendência asiática que interpreta Belly, veste uma regata branca. Ela está sorrindo e usa um brinco redondo em uma das orelhas.
Lola Tung esbanja carisma na segunda temporada de O Verão Que Mudou A Minha Vida, mesmo que a sua personagem não o faça (Foto: Amazon Prime Video)

Guilherme Machado Leal

As formas de caracterizar a relação entre personagens são chamadas de tropes literárias e possuem um papel importante em relação à narrativa de uma obra. Em Crepúsculo, por exemplo, Bella, Edward e Jacob vivem em um complicado triângulo amoroso e a relação interpessoal do trio dita os rumos da saga. Nesse sentido, a autora Jenny Han – conhecida pela trilogia de livros Para Todos Os Garotos Que Já Amei e o spin-off televisivo Com Carinho, Kitty –, conta em O Verão que Mudou Minha Vida a história de uma adolescente e seus devaneios com o uso desse recurso literário.

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