Opera: a grande máquina chamada sociedade

Imagem do filme Opera. A imagem mostra uma pirâmide com pequenos “setores”, cada setor realiza uma atividade diária. A base é escura e sombria enquanto o topo é iluminado e mais colorido. Ao fundo é possível ver uma tela preta e algumas nuvens ao topo.
Opera, indicado ao Oscar 2021 de Melhor Curta Metragem de Animação, mostra como nós construímos a pirâmide sociedade (Foto: Erick Oh)

Larissa Vieira

Rotina é algo que parece muito particular e que influencia somente no nosso dia a dia mas, é a partir dela que construímos os ciclos de nossas vidas; escola, faculdade, emprego, aposentadoria, etc. E são os nossos, únicos e particulares, estágios de vida que arquitetam o que chamamos de sociedade. A grande e tremenda máquina chamada sociedade.  

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O brilho de uma estrela em Estados Unidos Vs Billie Holiday

Cena do filme Estados Unidos Vs Billie Holiday. Na imagem, vemos Billie Holiday, interpretada por Andra Day, em frente a um microfone, com os braços abertos. Ela é uma mulher negra, de cabelos escuros presos em um coque no topo da cabeça, com uma flor branca ao lado esquerdo. Billie veste um vestido preto, luvas brancas compridas, um par de brincos e um colar. Ela está sorrindo e com os olhos fechados.
Com direção de Lee Daniels e roteiro de Suzan Lori-Park, o filme recebeu apenas uma indicação no Oscar 2021, na categoria de Melhor Atriz (Foto: Hulu)

Vitória Silva

O caminho das cinebiografias é um tanto arriscado de se explorar. Eleger uma personalidade para ser a peça central de uma narrativa requer pensar em detalhes minuciosos, em um recorte que vá além de sua brilhante carreira em vida. Vemos isso acontecer em títulos mais recentes, como Bohemian Rhapsody, que conduz a história do Queen sob a perspectiva do grandioso Freddie Mercury, e em Rocketman, que se centra na ascensão e vícios de Elton John. Essa escolha precisa é algo que Estados Unidos Vs Billie Holiday não foi capaz de realizar. 

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Klara e o Sol: quando a sensibilidade de um robô supera a nossa

Capa do livro Klara e o Sol. O fundo é laranja, o desenho situado no centro é composto por um borrado dourado em cima, um borrão preto embaixo e um círculo falhado em linhas finas pretas no centro. Na parte inferior está o título em branco, e embaixo o símbolo e nome da editora, o nome do autor “Kazuo Ishiguro” em branco consta na parte de acima.
A obra é o oitavo romance do autor britânico de origem japonesa (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Apesar dos ares de preconceito que rodeiam o novo livro de Kazuo Ishiguro, é preciso olhar para Klara e o Sol com a mente aberta. O célebre autor, vencedor do Nobel de Literatura em 2017, lançou neste ano seu oitavo romance, que chegou ao Brasil pela editora Companhia das Letras. O escritor, que muitas vezes teve seu mérito questionado, desenvolve uma trama que é pobre quando se pesa apenas a qualidade da ficção científica, mas satisfatória quando observada através da lente sentimental.

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A raiz de Minari e suas três germinações

Imagem de divulgação do filme Minari. A imagem é retangular e mostra o personagem David, interpretado por Alan Kim, uma criança asiática de sete anos, de cabelos lisos escuros, ao centro. David veste uma camisa polo de listras em tons de marrom, branco, cinza e laranja, e uma bermuda cinza escura. O menino, fotografado do quadril para cima, olha para a câmera com uma expressão serena e segura um graveto com a mão direita, oferecendo-o para a câmera. Atrás dele, existe uma casinha com uma pintura da bandeira dos Estados Unidos na parede, e ele caminha sob um gramado verde. A imagem é colorida vibrante.
Minari é um dos melhores filmes de 2020 e um dos grandes indicados ao Oscar 2021 (Foto: A24)

Raquel Dutra

A raiz que busca um solo para se firmar, o sonho que busca um meio de se realizar e o Cinema que busca um espaço para se expressar. Assim é Minari: tão belo, suave e poderoso quanto o fenômeno mais fundamental da natureza, tão feliz quanto o processo mais gratificante da experiência humana, e tão transformador quanto o ato de criar seu próprio caminho. O drama familiar dirigido e roteirizado por Lee Isaac Chung se destaca dentre muitos filmes ambiciosos, fechados e maquiados com sua narrativa delicada, representativa e verdadeira. Encantando em absolutamente todos os lugares que passou desde sua estreia no Festival de Sundance em janeiro de 2020, o filme chega em 2021 representando uma série de narrativas e existências que não precisam e nem querem gritar em obras de estruturas grandiosas para serem ouvidas. Apenas desejam encontrar seu espaço para existir.

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Colette é um curta sobre dor e perdas

Cena do curta Colette. Na imagem vemos duas mulheres, Colette Marin-Catherine, que está sentada, e Lucie Fouble que está ao lado segurando um quadro com a foto preta e branca de Jean Pierre, homem jovem que veste uma camisa e um chapéu. Colette é uma mulher de 90 anos, branca e com cabelo branco, ela veste um casaco branco com listras marrons e óculos. Lucie é uma jovem mulher branca que veste uma blusa azul com listras brancas de mangas longas e óculos. O fundo da imagem é um quarto branco com quatro janelas.
Lucie Fouble é uma historiadora que pesquisa sobre o Holocausto (Foto: The Guardian)

Ana Beatriz Rodrigues

Em tempos sombrios, há uma necessidade de relembrarmos o passado para que os mesmos erros não se repitam, e assistir Colette exerce essa função. O curta produzido pelo The Guardian acompanha Colette Marin-Catherine, integrante da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. Ela é convencida por Lucie Fouble a visitar o campo de concentração que seu irmão foi morto. Essa viagem dolorosa concorre ao Oscar como Documentário em Curta-Metragem.

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Greyhound – Na Mira do Inimigo: um tiro na água

 Cena do filme Greyhound. Nela vemos Tom Hanks, um homem branco e de meia-idade, com roupa de capitão. Ele olha por uma janela de navio quebrada.
Greyhound amargou uma única indicação ao Oscar 2021, na nova categoria de Melhor Som (Foto: Apple TV+)

Vitor Evangelista

2021 foi um ano histórico para a Apple. Seu serviço de streaming, o Apple TV+, caminha lentamente para conquistar espaço no disputado mercado audiovisual, depois de ganhar um Emmy por The Morning Show e ser indicado duas vezes ao Oscar, uma por Wolfwalkers e outra por Greyhound, assunto deste texto.

O filme é estrelado por Tom Hanks e roteirizado pelo próprio, a partir da obra O bom pastor, de C.S. Forester. Nada inventiva ou envolvente, a trama de Greyhound (que ganhou o bizarro complemento nacional de Na Mira do Inimigo) se desenvolve ao redor do capitão Krause e seu jogo de cintura para sair de uma encruzilhada marítima, tudo isso envelopado no contexto da Segunda Guerra Mundial.

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Pinóquio é uma viagem ao passado com elementos sombrios

Cena do filme Pinóquio. Nela vemos os atores Roberto Benigni e Federico Ielapi, que estão olhando diretamente para a câmera. Roberto é um homem branco de 68 anos, com pouco cabelo castanho e barba. Ele está de pé, veste um suéter marrom claro e uma calça marrom escuro. Federico lelapi é um menino de 10 anos e branco. Na foto ele está caracterizado como um boneco de madeira e veste uma blusa e bermuda, ambos vermelho, e um chapéu ponto vermelho também. O menino está sentado. O fundo da imagem é uma marcenaria.
Pinocchio concorre em Figurino & Cabelo e Maquiagem no Oscar 2021 (Foto: Archimede)

Ana Beatriz Rodrigues

Reviver histórias é uma viagem mágica ao passado e assistir aos live actions das nossas animações preferidas faz parte dessa aventura. Nos últimos anos, a Disney vem provando seu talento para fazer novas versões de seus clássicos, A Bela e a Fera e Mulan são a prova disso. E mais um presente chegou para todos aqueles amantes dos filmes infantis, Pinóquio ganhou duas novas adaptações. A Disney é responsável por uma delas e não possui previsão de estreia. Já a outra, a versão italiana, chegou no Brasil em 2021 e está indicada ao Oscar.

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Druk – Mais uma Rodada: movidos por aquela saideira

Cena do filme Druk - Mais uma Rodada. Quatro homens adultos estão andando no meio de uma rua, cercada por carros estacionados dos dois lados, postes de luz acesos e árvores nas calçadas. Da esquerda para a direita, temos: Lars Ranthe, um homem branco de 51 anos com cabelos curtos e castanhos. Ele usa apenas uma cueca marrom e tênis preto, e se cobre com um cobertor verde. Ao seu lado, Mads Mikkelsen, um homem de 55 anos, de cabelos um pouco mais compridos e escuros. Ele usa um sobretudo preto, calça e blusa cinza e tênis preto. Na sua mão esquerda, segura um guarda-chuva. Seguindo, Thomas Bo Larsen, um homem branco de 57 anos, usa um conjunto de moletom preto e azul. Ele possui cabelos curtos e castanhos e segura uma garrafa na sua mão direita. Por último, Magnus Millang, um homem branco de 39 anos, usa uma camisa azul por cima de uma camiseta preta, calça jeans e tênis vinho. Ele tem cabelos e barba castanhos.
Another Round, em inglês, surpreendeu a categoria de Melhor Direção, mas é o favorito em Melhor Filme Internacional no Oscar 2021 (Foto: Nordisk Film)

Caroline Campos

Quer comemorar um grande feito? Uma garrafa de champagne. Afogar as mágoas? Uma latinha de cerveja. E sobreviver aquele domingo melancólico? Uma taça de vinho, claro. O mundo é, basicamente, movido à álcool – e Thomas Vinterberg sabe disso. A partir da relevância da bebida no nosso dia a dia, o diretor dinamarquês de Druk – Mais uma Rodada idealiza, como uma celebração, seu novo longa, que consegue encontrar o equilíbrio perfeito entre o moralismo alheio e a romantização do alcoolismo. 

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O Tigre Branco nos mostra a Índia das carteiras cheias e barrigas vazias

A imagem retangular é uma montagem do filme O Tigre Branco. Da esquerda para direita vemos três pessoas encarando a câmera, com um filtro em preto e branco. Centralizado e à esquerda, Priyanka Chopra, uma mulher indiana de cabelos lisos e curtos e possui um semblante sério. Ela usa um vestido decotado com um cinto na altura da cintura, além de usar um relógio em seu pulso direito e apoiar sua mão direita nos ombros de Adarsh Gourav. À sua direita e centralizado na foto, vemos Adarsh Gourav sentado, ele é um homem indiano de cabelo liso e jogado para o lado com um bigode longo e barba rala. Ele sorri enquanto utiliza uma camisa social clara. À sua direita centralizado à direita da foto vemos Rajkummar Rao, um homem indiano de topete liso com um semblante sério. ele usa uma jaqueta longa e aberta com uma camiseta por baixo. O plano de fundo da foto é um azul vibrante e sobre a cabeça de Adarsh há uma montagem de uma coroa amarela.
O Tigre Branco abocanhou uma indicação na categoria de Melhor Roteiro Adaptado no Oscar 2021 (Foto: Netflix)

Vitor Tenca

O sistema de castas sócio-religiosas perdura em território indiano há mais de 2600 anos. A estranha e embaraçada divisão populacional configura uma sociedade baseada em preconceito e desigualdade, que acaba por perpetuar um privilégio às castas superiores em detrimento da injustiça e regressão às inferiores, independente do fato desses costumes  terem sido erradicados por lei desde 1950. O Tigre Branco, produção original da Netflix dirigida por Ramin Bahrani, nos mostra essa realidade de uma Índia que vive na luz e nas trevas ao mesmo tempo.

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Amor e Monstros: uma extraordinária aventura em um mundo apocalíptico

Foto promocional do filme Love & Monsters. No centro é possível ver Dylan O'brien, homem branco de cabelo curto e preto, segurando uma arma nos ombros e olhando para a frente. Em baixo dele há a imagem dos outros três personagens principais. Na ordem, da esquerda para a direita, estão: Um homem branco de barba, roupas verdes e chapéu escuro; Uma mulher de ascendência asiática, regata verde e cabelo preto preso; Uma garota criança branca de cabelo preto solto, segurando um arco e flecha. No fundo há um carro abandonado, um telão e um poste com vários fios.
Amor e Monstros, protagonizado por Dylan O’Brien e disponível na Netflix, foi indicado ao Oscar 2021 de Melhores Efeitos Visuais (Foto: Netflix)

Mariana Chagas

Até onde o amor é capaz de levar alguém? Alguns saem do avião em direção ao trabalho dos sonhos para ir atrás de seu amado, como Rachel em Friends. Na fantasia de Sarah J. Maas, o amor motiva Feyre a subir a montanha e encarar sua maior inimiga. Em Romeu e Julieta, ele guia o encontro do casal com a morte. E, no filme Amor e Monstros, esse sentimento que é tão confuso, mágico e poderoso leva Joel Dawson a encarar um mundo pós-apocalíptico e seres gigantes, apenas para tentar achar a garota que ele ama.

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