Na tarde do dia 5 de novembro, o Brasil foi surpreendido por um plantão da Globo, o qual anunciava um acidente aéreo envolvendo a cantora Marília Mendonça. Até então, foi informado pela emissora, através de informações dadas pela assessoria da artista, que ela e outras quatro pessoas estariam bem. Entretanto, era tudo incerto, pois não haviam informações confiáveis que comprovassem tal afirmação. Após algumas horas de muito trabalho por parte da equipe de bombeiros, veio a notícia que ninguém queria receber: o falecimento da cantora Marília Mendonça, aos 26 anos de idade.
Nascida em 1920, Clarice Lispector é um dos nomes intocáveis da nossa Literatura. A ucraniana, batizada como Haya Pinkhasovna Lispector, chegou ao Brasil aos dois meses de idade, com seus pais de origem judaica que fugiram do país devido à perseguição durante a Guerra Civil Russa. Inicialmente residente em Maceió, em sua infância e pré-adolescência, a autora passou por Recife e pelo Rio de Janeiro, e, por onde trilhava seu caminho, carregava consigo sua paixão pelos livros.
Após ingressar na Faculdade Nacional de Direito, em 1941, trabalhou como redatora da Agência Nacional e, posteriormente, do jornal A Noite, dando seus primeiros passos no universo da escrita. Não demorou muito para que mergulhasse de vez nele, e publicou seu primeiro romance em 1944, com o títuloPerto do Coração Selvagem. A obra estreante retrata uma perspectiva sobre o período da adolescência e, logo de cara, fez com que Clarice abrisse novos horizontes na Literatura nacional.
Quebrando todo e qualquer paradigma literário da época, Lispector abandona noções de ordem cronológica e funde um lirismo único a sua forma de representar ações e emoções humanas, traços que se tornaram mais do que característicos de toda a sua carreira. Não à toa, a produção foi agraciada pelo Prêmio Graça Aranha, e, mais tarde, a autora colecionaria outros títulos de referência, comoLaços de Família (1960) e A Hora da Estrela (1977), em que este último ainda ganhou uma adaptação para as telonas, em 1985.
Amadurecer pode trazer consigo um sentimento de nostalgia. Relembrar, de bom agrado, os velhos tempos e se deliciar com os novos caminhos que tem pela frente. É nessa atmosfera que Ed Sheeran apresenta = (Equals), com um doce sabor que não víamos desde seu último lançamento solo, em 2017. Ainda que o britânico permaneça na sua zona de conforto com o pop comercial, o álbumse destaca por sua qualidade em cada nota e ritmo, tornando-o um dos melhores e mais vulneráveis trabalhos que o cantor já nos apresentou.
RuPaul, por favor, está demais! Sem folga, a máquina Drag Race mastigou e nos entregou mais uma edição de sua infinita coleção de franquias. Dessa vez, é hora de analisar a segunda temporada de Drag Race Holland, uma das primas europeias do show. Setembro de 2021, mês de encerramento desse ciclo, foi histórico para a comunidade trans, que assistiu a duas mulheres serem coroadas como as Próximas Super Estrelas Drags. Kylie bradou vitória na América, enquanto a Holanda foi o lugar do triunfo de Vanessa Van Cartier.
São seis horas da tarde. O Zapping Zone começa com aquele gosto de comida de vó no jantar. Os olhos estão compenetrados na TV, aguardando o primeiro episódio da nova série do Disney Channel. A sinestesia é tão grande que quase posso me imaginar no sofá, com o olhar vidrado na vinheta promocional. Infelizmente, já não é 2011 e não tenho mais 11 anos. Porém, a lembrança permanece tão fresca na memória que nem parece que uma década se passou desde a estreia de Austin & Ally.
Vinte e um anos atrás, Bronco Henry morreu. Estamos em 1925 e Phil (Benedict Cumberbatch), seu aprendiz, amigo e muito provavelmente amante, ainda não superou essa perda. Sua maneira de lidar com o luto é se tornando um completo babaca, abusivo com o irmão mais jovem e tóxico com seus funcionários do rancho em Montana. Sob a direção sempre alerta e nada ociosa de Jane Campion, a Netflix constrói no íntegro Ataque dos Cães um drama acrônico, atemporal.
O ano era 2019, a mágica turnê dos Tribalistas havia oficialmente chegado ao fim após o lançamento do DVD, e Marisa Monte anunciava em suas redes que iria se ausentar do mundo real para se concentrar em um novo álbum de inéditas, quase uma década depois de O Que Você Quer Saber de Verdade. O ano terminou e 2020 veio sorrateiramente trazendo a pandemia que colocou um ponto final em milhares de vidas pelo mundo. O Brasil, que já vivia em negação pelo troglodita que assumiu o cargo de chefe de Estado, viu Bolsonaro assumir sua pior faceta e se manter impune de um genocídio anunciado. Toda revolta e inquietação ganhou o agravante do isolamento, transformando as mentes em oficinas do diabo. Sobre o colo de Marisa caiu a tarefa de se refugiar – e oferecer refúgio – através da sua Arte.
Aviso de prevenção de gatilho: Giles Corey pode contar com elementos possivelmente prejudiciais aos que sofrem com pensamentos suicidas ou depressão.
Frederico Tapia
Em 2011, Dan Barrett, membro da banda Have A Nice Life, lançou o primeiro e único LP sob o nome Giles Corey. A origem do nome adotado por Barrett é de um fazendeiro com o mesmo nome que viveu no século 17 e foi morto durante os julgamentos das bruxas de Salem. Ao longo dos 56 minutos que constituem o álbum, ele fala abertamente sobre suas lutas internas, principalmente contra a depressão e o suicídio. Ele mesmo afirma em seu perfil no Bandcamp:“Giles Corey são músicas acústicas sobre depressão, suicídio e fantasmas”.
52 anos se passaram desde que Carlos Marighella foi alvejado por tiros em uma emboscada, dentro de um carro na Alameda Casa Branca, em São Paulo. O momento, marcado para sempre nos livros de História como mais um dos massacres políticos e sociais da Ditadura Militar, agora é transposto às telas da ficção, na dolorosa constatação de que o Brasil de 1969 dialoga com eloquência e pesar com o país de 2021. Marighella, cinebiografia do Guerrilheiro que Incendiou o Mundo, aposta no Cinema de ação e revolta para, em meio ao banho de sangue e lágrimas, exprimir esperança.
Retratando um cenário particular que reflete as diferentes realidades da maternidade, Maid exibe com fidelidade o machismo e a falta de oportunidade vivenciada por mães que sofrem com algum tipo de violência. A minissérie original da Netflix estreou arrebatando emoções e nos obrigando a preparar os lencinhos. Jovem, Alex (Margaret Qualley) larga os estudos e o sonho de ser escritora para cuidar da filha Maddy (Rylea Nevaeh Whittet), mal sabendo que no futuro, o conjunto de registros realizados durante o seu trabalho como faxineira a salvariam.