Atenção: Legalmente Loira não é uma comédia romântica

Cena do filme Legalmente Loira. Nela está presente uma mulher branca loira caminhando por uma rua. Ao fundo é possível ver à esquerda pessoas passando, à direita um carro com o porta malas aberto e no chão estão algumas malas e itens de mudança. A mulher usa óculos com lentes rosas e está vestida com saia na altura altura joelho e blusa, ambos rosas. Ela segura com a mão esquerda uma bolsa vermelha com um lenço laranja e rosa pendurado nela. Na mão esquerda ela segura um cachorro da raça chiuaua que usa uma roupinha rosa e roxa. A esquerda dela está um carro conversível preto.
Reese Witherspoon guardou com ela todos os figurinos usados por Elle no filme (Foto: MGM Distribution Co.)

Marcela Zogheib

Nas prateleiras das locadoras, centenas de filmes competiam pela atenção dos clientes que estavam procurando algo para assistir, e ninguém se saía melhor nessa briga que Elle Woods (Reese Witherspoon) com seu vestido rosa, chiwawa de coleira, caneta de plumas e, claro, os livros de Direito. A capa que dizia “Legalmente Loira: pelos direitos das patricinhas” estava sempre no topo da seção de comédia romântica buscando chamar o olhar do público feminino colocando o máximo de itens rosa possíveis em 20 centímetros de capa de DVD. E funcionou.

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35 anos depois, Ferris Bueller permanece Curtindo a Vida Adoidado

Foto retangular de uma cena de Matthew Broderick no filme Curtindo a Vida Adoidado. Ele é branco, de cabelos pretos curtos e lisos. O personagem veste um roupão listrado vermelho e cinza. Ele fala ao telefone sem fio antigo branco, segurando-o com a mão direita. Com a mão direita, ele segura um copo de suco amarelo. Em seu colo, está um jornal. Ele está sentado em uma cadeira inclinável dourada. Ao fundo, há folhagens verdes.
Anos se passam e a gente ainda quer um dia de folga igual ao de Ferris Bueller (Foto: Paramount Pictures)

Ana Laura Ferreira e Júlia Paes de Arruda

Nos últimos anos, pudemos sentir uma enxurrada de influências oitentistas tomar conta de nossas vidas, indo desde o Cinema até a Moda. O estilo saudosista e a visita aos grandes clássicos do passado mostram apenas como a cultura é cíclica, se utilizando do que já foi criado para inspirar a inovação. Dentre as inúmeras referências que poderíamos coletar dessa grande nostalgia, Curtindo a Vida Adoidado (1986) é uma das mais relevantes, afinal o espírito de Ferris Bueller (Matthew Broderick) ainda se faz presente até mesmo em produções da Marvel. Completando 35 anos em 2021, o longa envelhece como vinho, ganhando cada vez mais nossa devoção.

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15 anos de O Diabo Veste Prada e a vilanização de Miranda Priestly

Lançado em 2006, O Diabo Veste Prada continua gerando rixa na internet (Foto: DR)

Ana Júlia Trevisan

O que esperar quando dois grandes nomes da cultura pop como Meryl Streep e Anne Hathaway se juntam em um filme? Nada menos que uma produção tão calorosa quanto o inferno. Dirigido por David Frankel e adaptado de um livro de mesmo nome (esse escrito por Lauren Weisberger), O Diabo Veste Prada é um dos maiores marcos de 2006, eternizando a toda-poderosa Miranda Priestly, a jornalista recém-formada Andrea Sachs e os corredores da revista Runaway.

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Persona Entrevista: Anita Rocha da Silveira

Diretora de Medusa relembra o processo de produção do filme e comenta sobre a experiência no Festival de Cannes

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco da diretora Anita Rocha da Silveira. No lado direito, foi adicionada uma imagem do poster de seu filme, Medusa, e acima, foi adicionado seu nome, "anita rocha da silveira".
Finalizando os trabalhos de cobertura da 45ª Mostra de Cinema em São Paulo, o Persona Entrevista recebe Anita Rocha da Silveira, diretora de Medusa (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Em formato híbrido, a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo possibilitou oportunidades de ouro para a equipe do Persona. Entre cabines de imprensa de filmes com sonho de reconhecimento no Oscar e um esperado encontro presencial dos membros da Editoria, tivemos a oportunidade de não apenas conferir a vibração descomunal de Medusa, como também de entrevistar sua realizadora, a majestosa diretora Anita Rocha da Silveira.

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Sou feliz porque sei, com certeza, que ela me ama: 90 anos de Senhoritas em Uniforme

Cena do filme Senhoritas em Uniforme de Leontine Sagan. Nela está Fräulein von Bernburg, interpretada por Dorothea Wieck, e Manuela, interpretada por Hertha Thiele. Ambas são mulheres brancas e se encaram. Fräulein von Bernburg segura o rosto de Manuela com as mãos, inclinando-o para cima. A fotografia é em preto e branco com filtro granulado. Os tons escuros se esfumam junto do branco que parece brilhar. A proporção da tela é de 1.20:1.
Precursor do Cinema queer, Mädchen in Uniform (título original de Senhoritas em Uniforme) foi a estreia da curta filmografia de Leontine Sagan [Foto: Deutsche Film-Gemeinschaft]
Ayra Mori

1931, dentro de um internato, se deu o primeiro beijo lésbico reconhecido pela história da Sétima Arte. O título é honra, não dos tímidos beijos trocados por um casal de mulheres arlequinamente dançantes em Le départ d’Arlequin et de Pierrette (1900), da pioneira mãe do Cinema, Alice Guy-Blaché, ou do sex appeal de um beijo sáfico roubado por uma Marlene Dietrich andrógina em Marrocos (1930), mas sim, por direito, de Senhoritas em Uniforme (1931). Marco do audiovisual LGBTQIA+, a produção alemã determinou os destinos da ficção queer ao longo de seus 90 anos, revelando com sensibilidade o florescer do desejo lésbico. E realizado por uma equipe de mulheres, na desobediência, é alcançada a libertação.

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A mordida de Teen Wolf comemora uma década

Cena da série Teen Wolf. Nela está Scott, homem branco de cabelo preto, com feições mais animalescas. Sua boca está aberta, mostrando dentes de lobo. Seus olhos tem a cor avermelhada. No fundo é possível ver a entrada de um túnel, e o ambiente está escuro.
Tyler Posey é quem viveu o protagonista Scott McCall há uma década, e foi o primeiro a comemorar os 10 anos com a novidade de que seu bando voltaria para mais uma aventura em um filme (Foto: MTV)

Mariana Chagas e Nathália Mendes

Se a adolescência por si só é um caos, imagine para Scott McCall (Tyler Posey) ter garras, dentes afiados e pelos por todo o rosto crescendo durante um jogo de lacrosse. Teen Wolf pareceu ingênuo por surfar na onda de Crepúsculo e Diários de um Vampiro lá em 2011, aproveitando as lendas de lobisomens e vampiros que se tornaram uma febre. No entanto, o criador Jeff Davis conseguiu mergulhar um lobo adolescente na complexidade da mitologia e, ao mesmo tempo, lidar com problemas profundos da passagem para a vida adulta.

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10 anos de Born This Way: a igreja de Lady Gaga

Capa do disco Born This Way, de Lady Gaga. A imagem está em preto e branco, apenas com o batom de Gaga em vermelho. Na parte superior, foi adicionado o texto “BORN THIS WAY”. Abaixo, foi adicionada uma montagem que mostra a cantora sendo metade humana, metade motocicleta. De seu corpo, a cabeça está onde deveria estar o guidão da moto, e os braços seguram a roda da frente.
“A moto representa a jornada. E agora, como na capa do álbum, eu sou um veículo. Sou o veículo para a voz de todos os meus fãs” (Foto: Universal Music)

Jho Brunhara

Over The Rainbow, I Will Survive, I’m Coming Out, True Colors, Express Yourself, Beautiful, Firework. Ao longo da história, a comunidade LGBTQIA+ encontrou nas músicas de grandes cantoras o conforto proporcionado por letras sobre esperança, libertação e expressão. Algumas dessas, com uma mensagem quase explícita sobre aceitação direcionada ao público queer, confirmada pelos clipes, onde tinham maior liberdade do que nas letras (que poderiam ser boicotadas pelas rádios). Quando Lady Gaga lançou a faixa Born This Way e colocou a canção para tocar no mundo todo, ela também estava transmitindo o trecho “Não importa se você é gay, hétero ou bi/Lésbica ou transgênero/Eu estou no caminho certo, baby/Eu nasci para sobreviver”.

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O universo nunca mais foi o mesmo depois de conhecer a infinitude de Marisa Monte

Em 2021, o mundo de Marisa Monte dividido entre Infinito Particular e Universo Ao Meu Redor completou 15 anos (Foto: Marisa Monte)

Raquel Dutra

O planeta Terra não era habitado por Marisa Monte quando este iniciava o ano de 2006 ao completar mais um ciclo ao redor do Sol. Depois de dar à luz ao fenômeno romântico filho de Vênus batizado de Memórias, Crônicas e Declarações de Amor em 2000, a jovem deusa da música pop brasileira se recolheu. Para bem longe do brilho, grandiosidade e tudo mais que envolvia a ideia de sua ascensão escrita nas estrelas, cuja concretização nesta galáxia lhe era prometida desde os anos 90, Marisa Monte passou seis anos orbitando o seu próprio universo. 

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5 anos de Remonta: só Liniker e os Caramelows sabem o quanto dói

Em 2015, Liniker e os Caramelows lançaram o EP Cru com as faixas Zero, Louise de Brésil e Caeu (Foto: Let’s GIG)

Ana Júlia Trevisan

“Eu não quero mais saber de desamor”: Liniker abre Remonta, seu primeiro disco, lançado em 2016, sendo categórica e exteriorizando seu pedido de ‘basta!’. A cantora araraquarense de, na época, apenas 21 anos, não estava sozinha nessa viagem imersiva e sentimentalista. É ao lado da banda Caramelows, que contava com a voz de Renata Éssis, o contrabaixo elétrico de Rafael Barone, a guitarra de William Zaharanszki, a bateria de Péricles Zuanon, o trompete Márcio Bortoloti, as teclas de Fernando Travassos, as percussões acústicas de Marja Lenski e (ufa!) o saxofone de Éder Araújo; que Liniker dá luz às suas composições. O amor visceral é usado como a substância vital na construção do trabalho que transformou a artista numa das maiores representantes da dita Nova MPB.

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