Las Mujeres Ya No Lloran: quem nunca sofreu por uma traição que atire a primeira pedra

Capa do álbum Las Mujeres Ya No Lloran de Shakira. Na imagem vemos Shakira, mulher branca de cabelos castanhos claros, com um olhar reflexivo. Em suas bochechas escorrem lágrimas de diamante. Na parte superior direita lê-se o nome “Shakira” em branco. Já na parte inferior direita é possível ler “Las Mujeres Ya No Lloran”, título do álbum, também escrito na cor branca.
Las Mujeres Ya No Lloran obteve mais de 13,4 milhões de streams no Spotify em seu lançamento (Foto: Sony Music Latin)

Vitória Borges

Carinhosamente conhecida como a ‘primeira latina do mundo’ pelo público do X, antigo Twitter, a colombiana Shakira finalmente lançou seu tão aguardado 12º álbum. No intitulado Las Mujeres Ya No Lloran, a artista traz, em suas composições, dores e vivências após o divórcio do ex-marido Gerard Piqué, que ganhou grande repercussão nas redes. A obra possui uma profundidade emocional que ressoa fortemente em cada uma das faixas.

Lançado pela gravadora Sony Music Latin, o sucessor do hipnótico El Dorado – ganhador do Grammy de Melhor Álbum Pop Latino em 2018 – compartilha o recomeço em meio ao caos, combinando sentimentos com a clássica assinatura sonora de Shakira. A produção não foge muito do estilo da cantora, que consegue ‘dar sua cara a tapa’ nas faixas da obra e fazer uma saborosa limonada com os limões que foram jogados em seu colo.

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Os Melhores Discos de 2023

Arte para o texto Os Melhores Discos de 2023. Nela vemos, da esquerda para a direita: Troye Sivan, um homem branco de cabelos loiros, Marina Sena, uma mulher branca de cabelos pretos, Lana Del Rey, uma mulher branca de penteado preto, Bad Bunny, um homem latino de cabelo raspado e Sabrina Carpenter, uma mulher branca de cabelos loiros. Todos estão em preto e branco. O fundo é rosa e centralizado em cores brancas está escrito "OS MELHORES DISCOS DE 2023". No canto superior direito, há o logo do Persona, um olho com o meio em roxo claro e um play no lugar da íris
No campo ou na cidade, do indie ao samba, a Música é onipresente (Arte: Henrique Marinhos/ Texto de abertura: Guilherme Veiga)

O ato de ouvir Música se tornou tão imprescindível que pode até ser confundido com uma banalidade. Banal não no sentido ruim, mas sim de algo tão essencial, que, por assumir uma parcela gigantesca de nossas vidas, à medida que cresce em escala, não consegue acompanhar o tamanho em definição. Chega um momento em que ele se torna apenas… ouvir Música. Para não cair nesse limbo chamado lugar comum, o Persona retorna com sua já tradicional lista de Melhores Discos.

Se 2023 nos reservou um retorno ao início do século graças à Saltburn e Todos Menos Você, aqui focamos essencialmente no que foi criado no ano que passou e, assim como os grandes players da indústria, deixamos o TikTok de lado para embarcar no ato arcaico de se ouvir um álbum de cabo a rabo. O resultado foram 93 produtos que embalaram e deram sentido para o ano.

Não podemos negar que foi o ano de Taylor Swift. Mesmo sem um trabalho de inéditas, o pomposo Speak Now (Taylor’s Version), o agora litorâneo na mesma medida que cosmopolita 1989 (Taylor’s Version) e os resquícios de insônia de Midnights – claro, aliados a gigantesca The Eras Tour – serviram para ecoar o sucesso estrondoso que ela calcou. Ainda na ditadura loira do pop, sua pupila Sabrina Carpenter apareceu para o mundo também com obras repaginadas: primeiro, enviando os anexos que esqueceu no corpo do e-mail e, no fim do ano, trazendo um pouco de malícia para o Natal.

Quem retornou de forma inédita foi a rival de Carpenter, Olivia Rodrigo. Após a acidez de SOUR, a artista volta a expor seus sentimentos de uma forma nada ortodoxa: arrancando suas entranhas. O sentimentalismo, dessa vez mais bonito, mas igualmente doloroso, está presente no alinhamento estelar das boygenius, ao mesmo tempo que Mitski declamava todo seu amor para as paredes de um galpão vazio.

Ao longo das 93 obras, temas conversam entre si, mas a homogeneidade é proibida. Troye Sivan e Pabllo Vittar querem festejar, mas enquanto um é a efervescência do durante, a outra é o desejo do pós. Os latinos KAROL G e Bad Bunny falam sobre o amanhã de formas diferentes: ela com esperança, ele com incerteza. Letrux abordava o reino animal e Ana Frango Elétrico se transmuta em feline. Marina Sena se viciava na selva de pedra enquanto Chappel Roan se assustava com os prédios. Jão quer ser cada vez mais superlativo, à medida que Post Malone se recolhe em suas origens. Metallica sente a passagem de tempo, diferente de Kylie Minogue, que nem o vê passar.

Tal cenário só é possível pois a Música e toda sua imensidão atuam como um espaço de diversidade e liberdade, no sentido mais amplo das palavras. E nada mais justo do que celebrá-las no ano de passagem da Padroeira da Liberdade. O Melhores Discos de 2023 é por Rita Lee, que é gente fina na Música e na eternidade.

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As Mulheres do Grammy 2022

Onde estamos depois de tantas mudanças para contemplar as mulheres no lugar de reconhecimento mais importante da Música mundial? Uma seleção de 12 nomes para entender o passado, o presente e o futuro das mulheres no Grammy

Arte retangular. O fundo é lilás. No lado esquerdo, existe uma foto de Nathy Peluso. Ela é uma jovem branca, de cabelos castanhos presos, e usa uma franjinha sobre a testa. Nathy veste uma blusinha branca de alças e uma jaqueta preta por cima. Do lado esquerdo dela, existe uma foto de Olivia Rodrigo. Ela é uma jovem de cabelos castanhos longos e usa um vestido lilás. Ao lado dela, existe uma foto de H.E.R.. Ela é uma jove negra, de cabelos longos ondulados e pretos, e usa um vestido cor de vinho e óculos transparentes roxos. Por fim, no lado direito da imagem, existe uma foto de Arooj Aftab. Ela é uma mulher paquistanesa, de cabelos escuros curtos, e está usando uma jaqueta prateada.
O Persona preparou uma seleção de 12 artistas que se destacaram nas indicações do Grammy 2022, que se revela com uma temporada complexa para o avanço das mulheres na Música (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara/Texto de abertura: Raquel Dutra)

Se a edição de 2022 da premiação mais importante da Música mundial apresenta um cenário interessante para as mulheres, é como o resultado árduo de uma longa caminhada. Em 2019, o Grammy inaugurou um marco para as artistas reconhecidas pela Academia de Gravação sediada na Califórnia: vindo de um controverso 2018, onde era possível contar nos dedos de uma mão as artistas consideradas para as 4 categorias principais da premiação, assim como as dos gêneros de mais destaque, como rap, rock, R&B e country, a premiação se envergonhou de seu conservadorismo e atraso em se adaptar ao novo ambiente musical. Para trabalhar a situação, a premiação mudou sua forma de reconhecer “o melhor da Música”, ampliando o número de indicados em suas categorias centrais (o chamado ‘Big 4’: Álbum do Ano, Gravação do Ano, Canção do Ano e Artista Revelação) e instaurando comitês específicos para acompanhar as nomeações nichadas.

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