Na verdade, Casa de Antiguidades é um abatedouro

Depois de ‘passar’ por Cannes, o filme estreou em território nacional na 44ª Mostra Internacional de SP (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

O burburinho que cercou Casa de Antiguidades não veio de graça. Considerando que temas como regionalismo e horror de mal estar estão em voga desde a explosão de Bacurau, em 2019, quaisquer obras que resvalem nesse espectro sem dúvidas chamariam atenção do público brasileiro. Parte da Seleção Oficial de Cannes 2020 e exibido com exclusividade na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o primeiro longa de João Paulo Miranda Maria se mune de um misticismo tupiniquim para desconstruir e metamorfosear a vida e a humanidade de Cristovam, um homem abandonado pelo tempo e rejeitado pela comunidade em que habita.

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Cracolândia (não) é propaganda

O documentário é parte da Mostra Brasil da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Danilo Verpa/Folhapress)

Raquel Dutra

Prometendo apresentar uma profunda pesquisa e diferentes pontos de vista sobre um dos maiores desafios da vida urbana contemporânea é que o documentário Cracolândia chega à 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Em certa medida, ainda que levianamente, a produção dirigida por Edu Felistoque cumpre sua promessa inicial, mas revela outras problemáticas ao decorrer do filme que são chanceladas de uma forma muito infeliz ao final de seus 87 minutos.

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Desmistificando La Planta

O documentário de Beto Brant emplacou na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Vitor Tenca

A cannabis faz parte da história humana por milhares de anos e tem tremendas propriedades além de sua mera utilização recreacional. Seu papel central para a compreensão do sistema endocanabinóide e sua relação especial com o sistema químico corpóreo a torna única, e ainda há muito a se descobrir. O que você sabe sobre cannabis? É com essa pergunta que o documentário La Planta, exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, vem nos instigar de uma forma sensível, informativa e, o mais importante, afirmativa. 

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Verlust é um filme encalhado

Ismael Caneppele, Marina Lima e Andrea Beltrão na festa de Ano Novo de Verlust, filme exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos

Verlust, no alemão, significa perda – mesmo que lust, sozinha, signifique desejo. Afinal, quanto mais desejamos algo, mais medo temos de perdê-lo. Se soubermos que vamos perder, maior é o desejo. É essa complexa e profunda palavra do alemão que o cineasta Esmir Filho escolhe para intitular seu novo filme, Verlust, que participa da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil. Uma experiência angustiante e cheia de conflitos, o longa carrega no elenco grandes nomes do cenário nacional e uma trilha sonora impecável.

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Cidade Pássaro: os desencantos da metrópole

Cidade Pássaro marca o retorno de Matias Mariani à Mostra de SP (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Tateando uma São Paulo incomum na grande mídia, Cidade Pássaro é um filme singular. Por quase duas horas somos conduzidos por uma cidade poluída, imunda física e espiritualmente pelo bafo do capitalismo e da pobreza. Imigrantes tomam o posto de protagonista e a seriedade de Amadi (O.C. Ukeje) é a régua moral da narrativa, na incessante busca pelo irmão Ikenna. Parte da Mostra Brasil da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Cidade Pássaro voa sem amarras, com a corrente do ar à seu favor.

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Luz Acesa e a ilusão do vício

Transmutação, diz Zé Henrique, no filme que faz parte da 44ª Mostra de SP (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos

A luta contra a dependência está longe de ser uma caminhada tranquila. De acordo com o levantamento de 2013 feito pela Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, mais de 8 milhões de brasileiros são dependentes de drogas como o álcool, a cocaína e derivados. Luz Acesa, documentário do cineasta Guilherme Coelho, seleciona 5 dessas pessoas para coletar relatos sensíveis e acolhedores sobre o vício e sua recuperação – o começo, o fundo do poço, a busca por ajuda e o apoio da família. 

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Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão continua relevante 25 anos depois

Com este álbum, Marisa Monte se consagrou definitivamente na música popular brasileira

(Foto: Reprodução)

 

Guilherme Hansen

Quando Marisa Monte começou a carreira, em 1987, com o show Veludo Azul, naturalmente foi exaltada e posta como estrela do MPB. No entanto, não foi isenta às críticas que todo artista sofre. De origem rica, era acusada de ter um estilo aristocrático demais em sua música e de ser uma nova-iorquina que canta música brasileira, em uma crítica de Maria Bethânia que ficou famosa em entrevista à revista Playboy.

Com o CD “Mais”, de 1991 e com a ajuda de hits como “Beija eu” e “Eu sei (Na mira)”, conseguiu se tornar mais popular, mas, ainda assim, era considerada distante do público médio. 

Chegamos então no clássico “Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão”. Lançado em 1º de agosto de 1994, Marisa mais uma vez faz a sua mistura de estilos, porém, como bem disse Bethânia, colocou toques de Paulinho da Viola e o violão de Gilberto Gil. Ela abrasileirou muito mais seu repertório e, consequentemente, agradou mais o público e a crítica. 

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Fabricio FBC e S. C. A., siglas decorativas, significados grandes

Gangsta lust!!!!!!!!!!!!!

Gabriel Leite Ferreira

“S. C. A.”, novo disco do rapper FBC, saiu no fim de outubro. Esbarrei com ele por acaso no Spotify, 30 minutos em poucas faixas, tava indo dormir, mas por que não? Vários dos discos do ano tiveram essa mesma duração, afinal…

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Wu-Tang Clan e MC Igu: não mexam com o rap ‘asiático’!

The game of chess is like a swordfight: you must think first before you move!

Gabriel Leite Ferreira

“Shaolin shadowboxing and the Wu-Tang swordstyle. If what you say is true, the Shaolin and the Wu-Tang could be dangerous. Do you think your Wu-Tang sword can defeat me? / En garde, I’ll let you try my Wu-Tang style.” Assim começa “Bring da Ruckus”, primeira faixa do lendário Enter the Wu-Tang: 36 Chambers, disco de estreia do Wu-Tang Clan que completou 25 anos na sexta passada. Samples de filmes de artes marciais dos anos 50 e 60 em um disco da costa leste durante a franca ascensão do gangsta rap? Baixe a guarda…

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Em ‘Gigantes’, BK com novos ritmos e a mesma essência

“Falando alto para sermos gigantes”: a capa, assinada pelo artista plástico Maxwell Alexandre, dá conta da versatilidade e variedade do segundo disco de BK’ (Foto: Reprodução)

Elder John

Após mais de dois anos do lançamento de Castelos & Ruínas (2016), BK lançou no dia 31 de outubro seu segundo disco, intitulado Gigantes, com 13 faixas. Anteriormente, o rapper carioca havia lançado dois EPs nomeados Antes dos Gigantes Chegarem Vol. 1 & 2 (2017), criando expectativa para o tão esperado álbum.

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