Em Não Sou Eu, Leos Carax busca a alma de Godard para falar sobre a velocidade do mundo

O fundo é uma piscina. As cores dela se alternam entre um azul claro e o branco. No centro direita está uma mulher de maiô preto. Ela parece estar ‘flutuando’ na piscina.
O curta-metragem Não Sou Eu faz parte da seção Apresentação Especial da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: CG Cinéma)

Guilherme Moraes

Após três anos do lançamento de Annette, Leos Carax volta com Não Sou Eu, um curta-metragem de 45 minutos presente na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção de Apresentação Especial. O filme não apenas homenageia, como também encarna o espírito do lendário Jean-Luc Godard, com seus ensaios sobre a velocidade do mundo atual e a exploração da linguagem cinematográfica.

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O que podemos encontrar em Uma Terra Deixada para Trás?

Cena do filme Uma Terra Deixada para Trás. Em uma paisagem aberta e desolada, duas mulheres estão sentadas em cadeiras sob a sombra de uma grande árvore solitária no centro de um campo seco e coberto de grama amarelada. A mulher à esquerda usa óculos escuros e um casaco cinza, enquanto a mulher à direita está envolta em um casaco marrom, ambas parecendo contemplativas e distantes. Ao fundo, há uma linha de árvores sem folhas que realçam o ambiente melancólico e a sensação de abandono. A composição transmite solidão e nostalgia, capturando a vastidão do campo e a quietude do momento.
O produtor do longa esteve presente nas sessões da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e distribuiu cartões-postais temáticos (Foto: Mei Shuxuan)

Henrique Marinhos

Em exibição na seção Perspectiva Internacional da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Uma Terra Deixada para Trás (Nei Sha, no original), dirigido por Yang Yishu, é o testemunho de uma colisão lenta e inevitável entre a modernidade capitalista e a serenidade da tradição. Em uma pequena ilha do rio Yangtze, sentimos o peso de um mundo que se infiltra, pesado, nas rachaduras da tranquilidade. Como a maré que não se detém, forças globais encontram caminho até o canto mais remoto e aquilo que parecia isolado revela-se vulnerável.

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Lispectorante é um espetáculo espectral

Cena do filme Lispectorante. Vista aérea de duas pessoas deitadas no fundo de um barco pequeno, com pintura verde central e madeira clara nas laterais. À esquerda está Glória, uma mulher de meia-idade, de cabelos curtos e ondulados, vestindo uma blusa escura e shorts vermelhos. À direita está Guitar, um homem branco com cabelo raspado dos lados e mais longo em cima, usando uma camisa aberta e calça dourada, exibindo uma expressão relaxada. Objetos como cordas e um salva-vidas branco estão espalhados ao redor. A água ao fundo e o verde vibrante da pintura evocam uma sensação de tranquilidade e liberdade.
Assim como a protagonista, a diretora do longa-metragem também é uma artista plástica (Foto: Amora Filmes)

Henrique Marinhos

Em competição na seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Lispectorante se destaca como um delírio surrealista, cheio de luzes esverdeadas e paralelos poéticos. A diretora Renata Pinheiro nos entrega um Recife que é mais do que um cenário – é um ser vivo, em estado de abandono e renascimento.

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La Pampa não desacelera nem nas curvas mais sinuosas

Cena do filme La Pampa. Amaury Foucher e Sayyid El Alami interpretam Jojo e Willy, respectivamente. Os dois estão de frente um para o outro, com as testas encostadas, transmitindo uma conexão forte e íntima. Amaury, com cabelo loiro e expressão suave, olha diretamente nos olhos de Sayyid, que sorri levemente. A luz natural e o fundo desfocado ressaltam o foco na interação entre os personagens, evidenciando um momento de cumplicidade e afeto.
O longa-metragem foi exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes (Foto: Agat Films)

Henrique Marinhos

Em competição na seção Novos Diretores da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Antoine Chevrollier nos conduz, em alta velocidade, pelos caminhos poeirentos do amor e luto em La Pampa. Ao contrário de Close (2022) e O Segredo de Brokeback Mountain (2005), aqui, a protagonista é a juventude – imprudente, vulnerável e, tragicamente, exposta às crueldades do mundo. A combinação da direção de Fotografia de Benjamin Roux e a montagem de Lilian Corbeille nos deixam em estado de alerta constante, mesmo confortáveis em uma cadeira de cinema.

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Quando Peter Pan pede Cinderela em casamento, o resultado é Anora

Na imagem, Anora está centralizada, ela está dançando em uma balada com iluminação azul e roxa. Ela usa um vestido vermelho com toda região de tórax e peito descobertos. Ela está sorrindo e com os olhos fechados. Ao seu redor há outras pessoas, que seguram copos de bebida. Ela é uma mulher de pele clara, na faixa dos 25 anos, de cabelos longos, ondulados e escuros com algumas mechas de brilho rosa.
O filme foi vencedor da Palma de Ouro da 77ª edição do Festival de Cannes (Foto: Universal Pictures)

Davi Marcelgo

No pódio dos filmes mais aguardados pelo público da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Anora só fica atrás de Ainda Estou Aqui. O novo longa de Sean Baker (Projeto Flórida) faz parte da seção Perspectiva Internacional e narra a história de Anora (Mikey Madison), uma prostituta que é pedida em casamento por Ivan (Mark Eidelstein), um jovem russo podre de rico que está em temporada de férias nos EUA. Não demora muito para o sonho cor-de-rosa da personagem começar a desbotar. 

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Todo Tempo Que Temos é receita para filme conforto

Cena do filme Todo Tempo Que Temos. Na imagem, Tobias, Almut e a filha do casal estão juntos em um jardim. Eles estão enfileirados, a criança está no colo de Tobias, olhando para trás, o rosto dela não está visível. Atrás de Tobias, na direita, está Almut. Eles estão felizes, sorrindo. Ela é uma mulher na faixa dos 30 anos, de pele clara e cabelos loiros, lisos e compridos. Ela está vestindo uma camisa social de botões na cor branca com listras pretas na vertical. Tobias é um homem branco, na faixa dos 40 anos, de cabelos curtos na cor castanho claro. Ele usa um suéter azul marinho. A criança também possui pele clara, cabelos castanhos com um penteado de tranças nos dois lados da cabeça. Ela usa uma jaqueta jeans e calça moletom na cor verde escuro. Na mão direita ela segura um ursinho de pelúcia com o corpo branco e orelhas e rabo na cor preta. O jardim possui muitas árvores secas, grama verde e flores vermelhas. No canto esquerdo há um espaço para descanso, com sofá com almofadas e uma cadeira de madeira.
O longa é uma produção de Benedict Cumberbatch (Foto: Imagem Filmes)

Davi Marcelgo

Ao assistir a um filme, a atividade é inconsciente. O cérebro vai interpretando através do olhar, dos ouvidos e das convenções e elementos em cena que são familiares. Uma pessoa andando sozinha em uma noite escura é sinal de que o assassino vem aí, já um parceiro novo em uma franquia de ação, na certa, é um agente duplo. Na Comédia romântica, clichês não faltam, mas são justamente eles que fazem tantas pessoas terem como confort movie 10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999), por exemplo. Nesse sentido, Todo Tempo que Temos é o mais novo candidato para entrar na lista de filmes que assistimos quando precisamos. 

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O Planeta Silencioso fala demais e não diz a que veio

Cena de O Planeta Silencioso. Nela, vemos Theodore, um homem branco de meia idade e Niyya, uma mulher negra. Eles vestem um macacão amarelo. Os dois carregam um carrinho de mão e estão em um ambiente composto por pedras.
Longa fez sua estreia em terras brasileiras através da Perspectiva Internacional na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Good Movies)

Guilherme Veiga

Quando o Dr. Manhattan está farto da humanidade, ele adota Marte como sua nova terra e divaga sobre a vida e o universo em toda sua divindade no silêncio da atmosfera marciana. Sem todo o complexo de Deus, o diretor Jeffrey St. Jules disse, em exibição de O Planeta Silencioso na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que o filme “é um sonho de infância, de imaginar um lugar totalmente vasto e novo para explorar”. Mas entre pensar e executar, há um abismo ainda mais vasto.

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Continente e sua perturbadora sede de sangue

Cena do filme Continente. Na imagem vemos o rosto de Amanda coberto de sangue. Amanda, mulher branca com olhos e cabelos castanhos, encontra-se boquiaberta e com muito sangue ao redor de sua boca. Ao fundo da foto está escuro.
Davi Pretto recebeu o prêmio de Melhor Direção na categoria Novos Rumos do Festival do Rio 2024 (Foto: Vitrine Filmes)

Vitória Borges

Exibida nos prestigiados Festival Internacional de Cinema de Munich e Festival do Rio, a produção brasileira Continente faz parte da seção Mostra Brasil na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O longa, que acompanha a história de um simples vilarejo nas planícies do Sul do país, mostra uma narrativa muito distópica que aborda o colonialismo, misturando drama com horror. 

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Um Homem Diferente se assemelha nas crises existenciais

Cena de Um Homem Diferente. Nela, vemos Edward, interpretado por Sebastian Stan. Edward é um homem branco com o rosto desfigurado. Ele veste uma camisa xadrez e encara a câmera. O fundo está escuro e uma luz foca no rosto do personagem
Longa teve recepção calorosa em suas exibições na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: A24)

Guilherme Veiga

Se tem um tema que o Cinema injetou no debate público nos últimos tempos foi o da busca por padrões. Com o sucesso estrondoso de A Substância (2024), Um Homem Diferente chegava às telas da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo através da seção Perspectiva Internacional com cara de mais do mesmo: alguém insatisfeito com seu corpo, um tratamento milagroso e o mais puro caos. Porém, o longa entrega uma intrigante e curiosa abordagem sobre perda e subversão da identidade.

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Às vezes, nós não Precisamos Falar…

Cena do filme Precisamos Falar. Na imagem vemos Sandra e Paulo pensando em algo. Sandra, mulher branca com cabelos castanhos, veste um top azul e corta-vento cinza, seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo. Celso, homem branco com barba e cabelos grisalhos, veste uma camisa de botão listrada branca e vinho. Ao fundo dos dois é possível ver uma geladeira.
Precisamos Falar aborda negacionismo e narcisismo (Foto: Conspiração Filmes)

Vitória Borges

Nenhuma visão de mundo é igual. É isso que a produção brasileira Precisamos Falar mostra. O longa, exibido na seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, aborda os limites da moralidade e acompanha as turbulências no relacionamento intrafamiliar de duas famílias do Rio de Janeiro. Inspirado no livro O Jantar, de Herman Koch, o filme mostra a reflexão sobre até onde os pais vão para proteger seus filhos.

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