10 anos depois, Alien: Isolation continua a nos levar ao espaço para gritar

Imagem do jogo Alien: Isolation. A imagem se trata de um close-up do rosto do alienígena Xenomorfo. É uma criatura preta com dentes prateados e afiados. A cabeça longa não apresenta olhos e possui uma testa lisa. De dentro da boca completamente, há outra boca menor com dentes tão brilhantes e afiados quanto a maior que ocupa o lugar da língua da criatura.
É tempo de aproveitar o hype de Alien: Romulus e revisitar essa experiência inesquecível (Foto: SEGA)

Iris Italo Marquezini

Quando Alien: O Oitavo Passageiro estreou nos cinemas em 1979, a audiência foi surpreendida com uma explosão vinda do peito de um homem. De dentro dele, uma nova criatura surgia repleta de sangue e ansiando, sedenta, por muito mais. Anos depois, sequências bem diferentes do filme original foram lançadas para expandir a história da protagonista Ellen Ripley, incluindo o também clássico dirigido por James Cameron, Aliens (1986). Durante muitos anos, os fãs mais assíduos do primeiro longa, dirigido por Ridley Scott, ficaram órfãos de obras que tivessem uma ambientação claustrofóbica e aterrorizante à altura. Alien: Isolation, jogo diretamente inspirado pelo pioneiro, foge desse cenário ao passo que é exatamente a experiência que os fãs tanto queriam de volta. 

Continue lendo “10 anos depois, Alien: Isolation continua a nos levar ao espaço para gritar”

O instinto grita de volta nos 10 anos de The Hunting Party

Capa do álbum The Hunting Party. A imagem tem um fundo cinza superior, semelhante à fumaça, que vai em degradê para o branco na parte inferior. No centro superior, está uma criatura segurando um arco e uma flecha, que parecem ser feitos de ossos. Essa criatura não é identificável, mas tem alguns espinhos semelhantes à estalactites em cor de gelo, e se parece com uma estátua pela coloração cinza de mármore.
A chegada desse álbum é um alívio para os fãs da banda, que voltam a bater cabeça após seu lançamento (Foto: Warner Records)

Maria Vitória Bertotti 

Eles estão em sua forma mais animalesca possível e com fome por Música. Foi com essa premissa que, há 10 anos, a banda norte-americana Linkin Park lançava seu sexto álbum de estúdio, The Hunting Party. A obra pode ser lida como um retorno às origens do rock mais pesado, que beira o visceral mas não esquece dos testes melódicos e eletrônicos de seus outros registros. Com mensagens certeiras e um ritmo perfeitamente equilibrado, o projeto é facilmente um dos melhores álbuns da discografia da banda.

Continue lendo “O instinto grita de volta nos 10 anos de The Hunting Party”

10 anos de Boyhood: Da Infância à Juventude, onde todo fim é o começo de algo

Cena do filme Boyhood: Da Infância à Juventude. Um menino branco, loiro de olhos azuis deitado na grama verde com um braço sob a cabeça. Ele veste uma camisa listrada azul, branca e cinza.
Em algum momento você não está mais crescendo, você está envelhecendo, mas ninguém consegue identificar exatamente esse momento (Foto: Universal Studios)

Leticia Stradiotto

A primeira cena de Boyhood: Da Infância à Juventude é um céu nublado, mas muito azul. Yellow, do Coldplay, toca ao fundo. Logo, somos apresentados a um menino que observa o céu, deitado na grama com o braço dobrado sob a cabeça. Essa criança nos introduz a um rosto que não conhecemos e se torna familiar em pouco tempo, pois enquanto ela observa o céu, nós a observamos crescer e abraçar o mundo – entre os céus claros e escuros. 

Você já se perguntou como as pessoas envelhecem nos filmes? Normalmente, essas impressões são realizadas através de maquiagens bem elaboradas, técnicas avançadas de edição e efeitos especiais para simular a passagem do tempo. No entanto, em Boyhood (no original), Richard Linklater optou por uma abordagem radicalmente diferente e autêntica: a obra foi gravada ao longo de 12 anos consecutivos, permitindo que o envelhecimento dos personagens acontecesse de forma completamente natural.

Continue lendo “10 anos de Boyhood: Da Infância à Juventude, onde todo fim é o começo de algo”

Em busca da liberdade, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho alcança o amor

 Cena do Filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho". A imagem mostra três jovens no centro que usam calça jeans e a mesma camiseta manga curta cinza com gola azul e uma coruja como brazão a esquerda. O menino da esquerda é branco, possui cabelos cacheados, castanho escuro e está sorrindo com os olhos fechados. Ele usa uma mochila nas costas, a qual só podemos ver as alças de cor marrom. A menina do meio é branca, usa um relógio lilás no pulso direito, tem cabelos lisos na cor castanho escuro com franjas na altura da sobrancelha. Ela está sorrindo e sua alça de mochila nas costas é cinza claro. O último menino, da direita, é branco, tem cabelo castanho liso e está segurando com a mão direita o braço esquerdo dobrado da menina ao seu lado. Ele está sorrindo e com a sua mão esquerda segura a alça da sua mochila, na cor cinza também. O fundo da imagem é de uma rua, na parte esquerda temos a rua e os jovens andam na calçada, com árvores e grades de casas.
No Festival de Berlim de 2014, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi premiado como Melhor Filme pelo Júri da Crítica na Mostra Panorama e com o Prêmio Teddy de Melhor Filme LGBT (Foto: Netflix)

Marina Iwashita Canelas

Imagine a sua adolescência, todos os mil sentimentos juntos e bagunçados, desde ‘Será que eu sou bonito?’ ou ‘Será que ela gosta de mim?, até os comentários e palpites sobre aquela pessoa que está ‘ficando’ com quem você gosta. O início da vida adulta, junto ao amadurecimento e as descobertas sobre si mesmo, não são períodos fáceis. É nessa fase que muitas pessoas passam a experimentar coisas novas, como alguma aventura com amigos ou ser rebelde em casa. Para Leonardo (Ghilherme Lobo) – protagonista do premiado curta-metragem Eu Não Quero Voltar Sozinho, que, com seus infames 17 minutos de duração, encantou muita gente –, essa realidade nunca foi fácil. 

Léo é um adolescente cego que descobre a sua sexualidade com a chegada de um novo aluno no colégio. Quatro anos depois, em 2014, o longa-metragem Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi lançado ao mundo por Daniel Ribeiro, diretor de ambas as obras. Sem perder a leveza da primeira obra, o filme pôde aumentar sua riqueza de detalhes, dando mais foco às personagens e suas particularidades. Ribeiro traz mais discussões referentes ao dia a dia do personagem para a trama, tornando-a muito mais do que apenas um filme com temática LGBTQIA+.

Continue lendo “Em busca da liberdade, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho alcança o amor”

Homens sem mulheres e o universo melancólico de Haruki Murakami

Com uma de suas narrativas adaptadas para o Cinema, Homens sem mulheres foi a leitura do mês de Março de 2022 no Clube do Livro do Persona (Foto: Alfaguara/Arte: Jho Brunhara)

Bruno Andrade

“Como um dos homens sem mulheres, eu rezo do fundo do coração. Parece que não há nada que eu possa fazer agora a não ser rezar. Por enquanto. Possivelmente.”

O mundo ficcional de Haruki Murakami se parece com o nosso, revestindo-se de uma aura melancólica e acinzentada, na qual habitam indivíduos sem rumo, quase vazios, e à deriva. Somos lembrados que estamos diante de uma obra ficcional quando encontramos vestígios desse mundo onírico em um lugar distante, semelhante a uma memória ainda não vivenciada. Em sete narrativas interligadas por perdas de vários os tipos – sentimentais, físicas, futuras e passadas –, Homens sem mulheres dá voz a um universo que não parece mais existir: um mundo distante, dominado pelo jazz, sonhos perdidos e rostos caídos. 

Continue lendo “Homens sem mulheres e o universo melancólico de Haruki Murakami”

A quem pertence O Babadook?

Imagem de divulgação do filme “O Babadook”, de 2014. Foto preto-e-branco de uma página acinzentada. No centro, vemos o desenho de Babadook, feito com lápis preto. Trata-se de uma silhueta alongada, com os braços colados sobre o tronco e os longos dedos de suas mãos abertos. Ele tem olhos esbugalhados, um nariz triangular, e uma grande boca cheia de dentes que se abre em um sorriso perturbador. Além disso, ele veste na cabeça uma cartola. Sua sombra se projeta do lado esquerdo até o desenho de um armário com a porta aberta. E, do lado direito, em paralelo com o armário, vê-se o desenho de uma porta semi-aberta.
O nome “Babadook” trata-se de um neologismo que reproduz a pronúncia de “a bad book”, “um livro mau” em inglês (Foto: Causeway Films)

Enrico Souto

Filme australiano independente lançado em 2014, O Babadook é um dos longas mais marcantes da história recente do Terror e, a despeito de sua pouca visibilidade, foi um sucesso de crítica, sendo considerado hoje um clássico moderno. Seus méritos narrativos e cinematográficos são incontestáveis, porém, o que realmente o marcou como um ícone da cultura pop foi sua apropriação feita pela comunidade LGBTQIA+. Embora visto por muitos como uma grande piada, esse paralelo com a experiência queer evoca camadas da narrativa que jamais seriam alcançadas em uma leitura mais superficial. E, visto que parte do público médio repudia essa relação, é necessário questionar: a quem pertence uma obra como O Babadook?

Continue lendo “A quem pertence O Babadook?”