Leticia Stradiotto
É impossível não gostar da Lagum. A chegada da banda ao mundo da Música começou em 2014, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e desde então, os mineiros ganham cada vez mais destaque. A origem foi dada pelo Facebook, com um vídeo da composição de uma canção do vocalista Pedro Calais. Nisso, um amigo promotor de eventos incentivou a criação de uma banda. Amém. Atualmente, o grupo conta também com os integrantes Chico, Jorge e Zani, depois do falecimento do baterista Tio Wilson em 2020, que deixou muitos sons para os fãs. Apesar da perda enorme, a banda cresce cada vez mais e inova o estilo de som brasileiro com muita alegria.
Sem um gênero musical especificado, o som da Lagum é definido como quando o rock’n’roll decidiu ir à praia de skate ouvindo reggae. É difícil de entender, mas basta escutar e tudo faz sentido. A música tem feeling e existe para te acompanhar. Pular do sofá, ir pro mundo, vadiar, conhecer gente nova, viver amores, se decepcionar com os amores e por fim, criar uma coleção de momentos inesquecíveis.
Em 2016, o primeiro álbum da Lagum foi lançado. Ainda em forma de CD, o som era conhecido apenas pela turma que frequentava os bares e eventos em que a banda participava, ou seja, era bem restrito às regiões mais próximas. Felizmente, agora as músicas estão disponíveis nas principais plataformas. De maneira simples, o nome do disco traz toda a essência do grupo. Seja o Que Eu Quiser é para quem curte a vida e, obviamente, gosta de ser o que quiser.
Para os amantes de um bom rock brasileiro, é possível notar a presença de influências externas muito importantes no álbum, como o conjunto Charlie Brown Jr.. Realmente, o vocalista Pedro Calais tem grande admiração e já realizou até uma live em homenagem a banda. E sejamos sinceros, quem não curte CBjr? Seguindo essa base, já dá para esperar muita coisa boa vindo da Lagum.
Após 5 anos de lançamento, Seja o Que Eu Quiser, apesar de ser o início dos trabalhos da banda, é um disco espetacular e super atual. A escolha da primeira faixa do álbum não poderia ser outra, pois Pra Lá de Bagdá faz parte daquela lista de músicas que te dão uma enorme vontade de viver e enfrentar os problemas da vida. O som é sobre a liberdade, e em conjunto com a voz de Pedro Calais e as guitarras de Jorge e Zani, não existe outro sentimento se não o de ser “livre, pra fazer o que eu tiver afim”.
Transante tem gingado, com uma mistura de efeitos scratch no disco (muito utilizado por DJs). A letra é sobre aquela paixãozinha do começo de um relacionamento. Porém, esse detalhe passa totalmente despercebido, afinal o ritmo da banda é tão contagiante que a música também é ótima para os desapegados. Seguido por Fifa, com um tom mais calmo, que retrata aquele sentimento sereno de acabar de conhecer alguém e já querer levar pra vida toda.
Lagum é sobre sentir. Ambas as músicas, Transante e Fifa, possuem a mesma letra perto do encerramento. As últimas frases são iguais, mas as sensações de cada uma, em cada obra, são extremamente diferentes. Transante emite um sentimento de desapego e tranquilidade, enquanto em Fifa é um conforto, é saber entender as mudanças e conviver com elas. E isso é muito f*da!
O álbum também realiza um movimento de abrir a janela e apreciar os momentos da vida, que é tão efêmera. Último dia foi escrita pelo baterista Tio Wilson, e essa foi um dos legados mais bonitos que ele deixou para os fãs e futuros ouvintes da banda. É incrível a maneira que a realidade e a composição se encaixam perfeitamente. O resultado é uma das lembranças eternas do baterista recheada de carinho e incentivo para ser o que você quiser sempre.
Aos ansiosos de plantão, 2026 demonstra que você não está sozinho. Acompanhado de uma pegada mais pesada do rock’n’roll, o som dá grande destaque aos jovens que piram de tanto pensar no dia de amanhã, ou melhor, em agosto de 2026. Agora em 2021 com a quarentena, todo mundo está louco pra sair de casa, né? Então, Sei Lá te dá um abrigo, e com um groove puxando um reggaeton fica evidente o desejo de sair da rotina e curtir um pouco o mundo.
Olha foi escrita pelo vocalista Pedro Calais a partir de uma briguinha boba de banheiro de festa. A letra retrata que curtir a vida, passear e conhecer gente nova é legal, mas na realidade nem tudo são flores. De qualquer forma, a faixa contém uma vibe acolhedora com um som de gaita delicioso. E no fim, aprender a lidar com os problemas da vida escutando Lagum, isso sim, são flores.
Acompanhando o álbum inteiro na íntegra e agora chegando ao final, é fácil pensar que não tem como ficar melhor, mas estamos enganados. A última faixa vem para surpreender e dar aquele gosto de quero mais. Sem Hora inicia com um solo do baixista Chico junto com os guitarristas Jorge e Zani com uma entrada extremamente expansiva. É complicado definir o som, é o rock do jeitinho da Lagum, e assim, Seja o Que Eu Quiser se encerra totalmente dedicado a quem ama viver.
O álbum é sobre uma vida cheia de liberdade e contém músicas para ouvir a qualquer hora, seja viajando, curtindo a vida, tendo um dia ruim ou até mesmo como forma de se declarar para alguém. É interessante perceber que cada vez mais o papel da Lagum no som brasileiro ganha destaque, não apenas porque eles oferecem música boa, mas também porque oferecem sensações aos ouvintes, e é isso que dá a originalidade característica da banda.
Seja aquela vontade de ofender alguém em um lindo dia, ou só fazer o que estiver afim. Viver mais momentos reais e deixar a gratidão registrada. Não é preciso muito, uma gaita pra trocar, uma gata pra abraçar, fazendo um som, um reggae no rock, sei lá. No filme da vida, não existe melhor soundtrack se não Seja o Que Eu Quiser.
Você sempre arrasa lê!!!! Adoro seus textos