Tio Frank: o passado ecoa no presente

Cena do filme Tio Frank. Na imagem, vemos três dos personagens do filme dentro de um carro conversível em uma estrada na zona rural. Da esquerda para a direita, vemos Betty, uma mulher branca, de cabelos ruivos curtos, aparentando ter cerca de 15 anos, vestindo uma blusa roxa e óculos escuros e tomando sorvete no banco do passageiro; Frank, um homem branco, com cabelos curtos loiros e bigode, aparentando ter cerca de 40 anos, vestindo uma camisa azul e óculos escuros, no banco de trás; e Wally, um homem muçulmano, de cabelos curtos pretos e barba preta, aparentando ter cerca de 40 anos, vestindo uma camisa marrom e óculos escuros, tomando sorvete enquanto dirige.
Uncle Frank, longa independente adquirido pela Amazon Studios, foi lançado Prime Video e concorre ao Emmy 2021 como Melhor Telefilme (Foto: Amazon Studios)

Vitória Lopes Gomez

Se o Cinema é um modo divino de contar a vida e esta não se preocupa com a originalidade, toda história é inédita. É assim que, em uma Hollywood cheia de premissas batidas, o roteirista ganhador do Oscar Alan Ball se inspirou na vida real e transformou uma sinopse repetida em uma sensível e comovente road movie sobre repressão familiar, pertencimento e aceitação da sexualidade. Em Tio Frank, o passado não fica para trás, mas ecoa no presente.

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Não há paz em Oslo

Cena de Oslo. Nela vemos Andrew Scott. Um homem branco, de cabelos lisos e pretos. Ele está sentado, veste um paletó cinza, camisa branca e gravata azul. À direita está o ombro e a cabeça desfocada de outro homem. Ao fundo vemos caixas de plástico. A imagem tem um filtro amarelo.
Lançado em maio, Oslo concorre a duas categorias no Emmy 2021 (Foto: HBO)

Ana Júlia Trevisan

Oslo é a capital na Noruega, além de ser a maior cidade do país. Revelando sua importância, o município é centro cultural, científico, econômico e governamental dos noruegueses. Com um dos maiores custos de vida, mas também um dos melhores lugares para se viver, Oslo é o palco do filme de mesmo nome que traz Mona Juul (Ruth Wilson) e Terje Rød-Larsen (Andrew Scott) com um heroico casal de diplomatas ajudando nas negociações dos Acordos de Paz em 1993. 

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As Mulheres da 6ª Mostra de Cinema Feminista

De 14 de agosto a 3 de setembro, as colaboradoras, redatoras e editoras do Persona estudaram as múltiplas óticas que compreendem o que é ser mulher através das obras da 6ª Mostra de Cinema Feminista (Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Raquel Dutra)

Se não a Arte, quem é que vai ter coragem de refletir sobre o que é ser mulher em 2021? Essa foi a conclusão da nova experiência do Persona, que se dedicou a acompanhar a 6ª Mostra de Cinema Feminista. Do dia 14 de agosto ao dia 3 de setembro, a internet nos permitiu fazer parte de mais um encontro para pensar e apreciar o Cinema de forma totalmente online e gratuita. Depois de flutuar pelo que existe de mais diverso, fantástico, inventivo e maravilhoso na Sétima Arte, encaramos uma perspectiva específica e nada leviana: a da mulher.

Como sempre, o Persona se manifesta como uma iniciativa jornalística expressamente contrária a toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. A premissa de falar sobre feminismo em 2021 é apenas uma: que este termo compreenda a mulher em sua totalidade. Assim, as colaboradoras, redatoras e editoras do Persona mergulharam na seleção vasta da 6ª Mostra de Cinema Feminista, composta por 126 filmes nacionais e internacionais, e acompanhada por 5 debates que refletiram sobre a produção cinematográfica contemporânea.

A Mostra de Cinema Feminista é realizada pela Coletiva Malva desde 2015, sob o objetivo de construir um espaço de fruição e fomento ao audiovisual realizado por mulheres cis e trans, pautando debates raciais, de gênero, histórias sobre amores e paixões, relações familiares, sociais, econômicas, históricas e culturais. E no ano de 2021, em sua sexta edição, a realização não fugiu à premissa central de sua concepção: explorar os muitos temas que nascem da combinação do Cinema com os Feminismos.

De crianças à jovens, de adultas à idosas; entre personalidades históricas e existências ordinárias; diante de mulheres reais ou inventadas; doces ou salgadas, azedas ou amargas; seja para rir ou para chorar, para sonhar ou para realizar, vivendo suas liberdades ou estudando suas prisões, Ana Júlia Trevisan, Ayra Mori, Gabriela Reimberg, Gabrielli Natividade, Júlia Paes de Arruda, Ma Ferreira, Mariana Chagas, Raquel Dutra e Vitória Lopes Gomez assistiram 34 filmes da seleção da 6ª Mostra de Cinema Feminista, para agora estudar muitos aspectos da imensidão do ser mulher.

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5 anos depois, Aquarius supera o reacionarismo e envelhece como vinho

Foto que compõe o pôster de “Aquarius”. Na imagem, temos Clara, a personagem de Sônia Braga, uma mulher de meia idade com a pele clara, o cabelo preso e usa uma blusa preta e cinza de manga comprida.. Clara está olhando para cima, com a cabeça inclinada para a esquerda. Ao fundo, entre ela, temos dois muros: um que parece ser um jardim vertical, à esquerda, e o outro, de concreto, à direita. A foto foi tirada de dia.
Em seu ano de lançamento, o filme protagonizado por Sônia Braga não agradou nada os cidadãos de bem (Foto: Victor Jucá)

Gabriela Reimberg

É impossível falar de Aquarius sem mencionar o caótico frenesi que atravessava a política brasileira em seu ano de seu lançamento. A narrativa de aversão à esquerda, predominante na mídia, recebeu mal o filme quando, em maio de 2016, no Festival de Cinema mais importante da Europa, o elenco tomou a iniciativa de protestar contra o impeachment ilegítimo que levou Michel Temer à presidência. “Assim que Aquarius estrear no Brasil, o dever das pessoas de bem é boicotá-lo”, dizia uma matéria da época. Foi no berço desse borbulhante caldeirão de reacionarismo que o segundo longa de Kleber Mendonça Filho veio ao mundo. 

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Boys State: meninos mimados estão regendo a nação

Indicado a Melhor Documentário ou Especial de Não-Ficção no Emmy 2021, Boys State é um retrato agridoce do presente e do futuro (Foto: Apple TV+)

Raquel Dutra

A aspiração de homens brancos pela política é um dos fatos mais óbvios deste mundo. Dos números às suas interpretações, algo é compreendido: não há lugar melhor para indivíduos criados como os donos do futuro darem vazão às suas síndromes de poder do que um ambiente institucional deliberativo. Os Parlamentos sabem bem disso, as Câmaras sabem bem disso, os Palácios, Tribunais, Prefeituras e Senados, todos ocupados por uma maioria masculina branca na em boa parte dos governos do mundo, sabem muito bem disso. 

O trabalho de base é forte, começando com a própria existência destes numa sociedade racista e patriarcal. E na chamada maior democracia do mundo, o processo é favorecido por algumas iniciativas, que junto da ação das estruturas de poder do século 21, trabalham para evocar nesses futuros líderes as suas noções políticas. Uma delas é o Boys State, um programa de verão realizado desde 1937 em cada um dos estados dos EUA pela Legião Americana, entidade formada por veteranos de guerra estadunidenses. Todo ano, os membros da instituição escolhem 1.200 jovens para participar do projeto que cria o estado dos meninos, onde eles vivem a experiência de construir um governo do zero.

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Nada é confiável em Sem Remorso

Cena do filme Sem Remorso exibe um homem negro que está olhando para o lado. Ele tem cabeça raspada e usa uma blusa preta, camuflada e de gola alta. Ao fundo, vemos uma parede preta.
Sem Remorso é mais uma das adaptações dos livros de Tom Clancy (Foto: Universal Pictures)

Caio Machado

Xadrez é um dos jogos de tabuleiro mais antigos de todos os tempos. Caracterizado pela estratégia e controle, é um elemento temático importantíssimo em Sem Remorso, filme lançado diretamente no Amazon Prime Video e baseado no romance homônimo de Tom Clancy lançado em 1993. Na trama, o fuzileiro naval John Kelly (Michael B. Jordan) se vê em meio a uma grande conspiração internacional enquanto busca vingança pelo assassinato de sua esposa, Pam (Lauren London).

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As Mortes de Dick Johnson: o Cinema ressuscita

Fotografia em paisagem com fundo preto. Ao centro está Dick Johnson, o protagonista do documentário As Mortes de Dick Johnson. Dick é um homem branco de 86 anos, com cabelos castanhos na parte superior da cabeça e brancos nas laterais. Ele veste uma camisa azul bebê e uma jaqueta marrom acinzentada. Ele olha para câmera e sorri, segurando as mãos da diretora e filha, Kirsten Johnson, que o abraça por trás. Kirsten é uma mulher branca de cabelos na altura do ombro e castanhos. Ela abraça o pai à frente, de olhos fechados e cabeça inclinada sobre o ombro do pai. Ela veste um vestido de mangas compridas, com estampas floridas em vermelho e azul.
Indicado ao Emmy 2021, o documentário original da Netflix, As Mortes de Dick Johnson, é uma carta de amor da diretora Kirsten Johnson ao pai, Dick (Foto: Netflix)

Ayra Mori

2020 foi um ano frutífero para os retratos a respeito da velhice. Vimos desde o drama da relação conturbada entre pai e filha no premiado Meu Pai (The Father) ao representante brasileiro a tentar indicação no Oscar 2021, Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou. E entre os destaques da temporada, o indicado a três categorias no Emmy 2021, As Mortes de Dick Johnson (Dick Johnson Is Dead), não passou em branco.

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Um Lugar Silencioso – Parte II surpreende e prova que continuações no terror podem ser excelentes

É uma imagem retangular. Há três pessoas na imagem, aparecendo do joelho para cima. Da direita para a esquerda temos: Evelyn, uma mulher branca, olhos verdes e cabelo loiro e liso na altura do ombro, ela usa um vestido verde com detalhes em amarelo, ela carrega um bebê enrolado em um lençol azul em seu colo, um pouco ao fundo  tem Marcus, um adolescente branco, ele tem olhos castanhos, cabelo cacheado e castanho escuro, ele usa um casaco cinza com detalhes em preto, por último tem Regan, uma adolecente branca, de olhos verdes e cabelos castanho claro ondulado na altura do ombro, ela usa uma camiseta roxa com listras horizontais, um casaco azul e uma saia com listras verticais rosa, azul e branco, ela carrega uma arma em sua mão esquerda.
Tanto o primeiro quanto o segundo filme se destacam por usarem de maneira criativa o silêncio (Foto: Paramount Pictures)

Nathan Sampaio 

Um Lugar Silencioso, de 2018, foi um sucesso inesperado. Com sua proposta intrigante de extrair o terror do silêncio absoluto, a produção faturou mais de 340,7 milhões de dólares na bilheteria, além de dar a Emily Blunt o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no SAG Awards de 2019. Então, havia uma grande expectativa para a sua sequência, que, infelizmente, teve seu lançamento adiado por causa da pandemia de covid-19, e estreou mais de um ano depois do planejado. Mas fica a dúvida, será que a sequência foi tão boa quanto o filme original?

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Bem-vindo à Chechênia: quando vamos parar de matar LGBTs?

Aviso: o texto a seguir apresenta conteúdos sensíveis sobre violência, LGBTQIA+fobia e suicídio, que podem servir de gatilho para alguns leitores.

Cena do filme Bem-vindo à Chechênia exibe uma pessoa de costas, usando casaco e calça preta e arrastando duas malas. O cenário é de casas e algumas árvores cobertas de neve.
O indicado ao Emmy 2021 Bem-vindo à Chechênia nos apresenta à realidade daqueles que devem fugir para sobreviver (Foto: Public Square Films)

Gabriel Gatti

A Chechênia é uma das repúblicas da Federação da Rússia, localizada na região do Norte do Cáucaso, onde a maioria da população é muçulmana sunita. Esse ambiente peculiar é governado sob punhos de ferro pelo tirano Ramzan Kadyrov, a quem o presidente russo Vladimir Putin apoia. A gestão do governante tornou o local em um triângulo das bermudas dos direitos humanos para LGBTs, em que as famílias são incentivadas a matar seus parentes que não sejam heterossexuais. Desse modo, os hábitos doentios dos chechenos serviram de inspiração para o diretor David France no documentário Bem-vindo à Chechênia, indicado ao Emmy 2021 na categoria de Mérito Excepcional em Documentário

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Tina: a chave de ouro de uma lenda

Fotografia retangular da cantora Tina Turner. Ao fundo, vemos um estádio de futebol. No centro, sentada em uma cadeira, a artista se dispõe de lado, com pernas dobradas e boca levemente aberta. Ela é uma mulher negra, com sandálias gladiadoras, esmalte e batom vermelhos, um anel e outros adereços.
Tudo que é bom acaba: Tina Turner se despede da vida pública em documentário indicado três vezes ao Emmy 2021; na foto, a cantora esbanja estilo em solo brasileiro (Foto: Dave Hogan)

Eduardo Rota Hilário

Sucesso, fama e uma multidão de fãs. Se a abertura contagiante do documentário Tina parece dimensionar muito bem a figura de Tina Turner, verdadeira lenda do rock’n’roll, poucos minutos são necessários para que surjam pontos contrastantes em relação a esse clima festivo. Decerto, são as dores dessa artista mundialmente venerada que protagonizam, na maior parte do tempo, a narrativa de um filme honesto, memorialístico e quase melancólico. Dividido em cinco partes, o longa-metragem dirigido e roteirizado por Daniel Lindsay e T.J. Martin é uma boa escolha para quem se despede da vida pública

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