Os Melhores Discos de 2022

Entre a vida e a morte, o sagrado e o profano, composições íntimas e inovadoras são o combustível do Melhores Discos de 2022 (Arte: Henrique Marinhos/Texto de Abertura: Ana Júlia Trevisan)

A Música é o tom indispensável da vida. No amor, na alegria, na tristeza, na solidão, as canções preenchem playlists embalando a vida e refletindo a alma. As composições são o espelho de como artista e ouvinte enxergam a existência, fazendo com as mudanças sejam necessárias e novidades refresquem o imaginário auditivo de quem aguarda ansiosamente por um single, quiçá um disco de seu intérprete favorito. É impossível me conformar com a potência transformadora da Música. Assim como é inevitável usar tanto floreio para introduzir esse que reúne o melhor do que foi feito em 2022.

Com o formato de vendas modificado pelas plataformas digitais, os álbuns se tornam cada vez mais inviáveis para cantores inseridos na indústria, que coage produções única e exclusivamente voltadas a músicas virais para o TikTok. Quebrando aquilo que parece ter virado regra, o Persona emerge os ossos do ofício e abocanha 73 produções que marcaram o ano na Música.

Dominando a tarefa de trazer um novo fôlego para sua arte, The Weeknd lançou a rádio Dawn FM, vislumbrando dias melhores. Coroando o topo dos rankings, ROSALÍA acelerou com muita autenticidade sua MOTOMAMI. Ao lado da catalã, montada em seu cavalo prata, a musa-mor do pop renasceu. Kendrick Lamar ficou entre a cruz e a espada, SZA pediu socorro, Björk celebrou os recomeços, Sabrina Carpenter finalmente enviou seus e-mails, Florence and the Machine renovou seu nome na lista das netas das bruxas e a loirinha mais querida cantou seus terrores noturnos.

A música haitiana foi lembrada em notas do Topical Dancer. Cruzando o oceano, no mundinho do k-pop, enquanto 2022 serviu para SEVENTEEN se consolidar de vez como uma das maiores boybands da Coreia, artistas de outros grupos tão grandes quanto embarcaram em viagem solo, com novas perspectivas, sonoridades exuberantes e trabalhos coesos que entregam turbilhões de sentimentos. No território russo a boa surpresa veio do metal vampiresco da dupla IC3PEAK.

Em solo brasileiro Acorda, Pedrinho caiu na boca do povo, Bala Desejo ganhou o grande público, Ludmilla mais uma vez provou que nasceu para interpretar pagode, Maria Rita cantou para Xangô, e os calos de Alaíde Costa a fizerem – merecidamente – a cantora nacional mais citada nos rankings. Em meio a isso, o amargo das perdas imperaram no território com os álbuns póstumos de Marilia Mendonça e Elza Soares, o adeus a Erasmo Carlos, e aquela que foi a despedida mais cruel do ano, Gal Costa, a Doce Bárbara, se encantou. 

O Melhores Discos de 2022 é dedicado a Gal Costa. Coisas sagradas permanecem!

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Unlimited Love: o antigo novo Red Hot Chili Peppers

Capa do álbum Unlimited Love da banda Red Hot Chili Peppers. Na imagem quadrada colorida, vemos uma outdoor com o logo da banda aceso em cor vermelha, no centro está escrito Unlimited Love com luzes em cor vermelha e amarela e abaixo escrito Red Hot Chili Peppers com luzes em cor verde. Ao fundo vemos a cidade de Los Angeles em meio ao crepúsculo do dia, à contraluz.
Lançado no Dia da Mentira, Unlimited Love é o 12º álbum na carreira do Red Hot Chili Peppers, e marca o retorno de John Frusciante (Foto: Warner Records)

Bruno Andrade

Mais de uma década separam a saída de John Frusciante do Red Hot Chili Peppers e o lançamento de Unlimited Love, álbum que marca seu retorno triunfal. Nesse período, muitas coisas aconteceram. O guitarrista Josh Klinghoffer, visto desde sempre como um pupilo de Frusciante, ingressou no grupo, gravou dois álbuns e depois foi retirado do RHCP, como ele próprio revelou em entrevista. Tudo indicava que o retorno de Frusciante – visto há anos como o clássico guitarrista do quarteto, mesmo que outro guitarrista tivesse dominado o instrumento antes dele – seria o esforço genuíno em recuperar a faísca dos anos dourados. Embora essa seja uma característica visível no projeto lançado em 1º de abril, Unlimited Love não soa como ninguém além dos próprios Chili Peppers.

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10 anos de I’m with You: o álbum do Red Hot sem o Chili Peppers

Capa do CD I'm with You. Fotografia quadrada com o fundo cinza claro. A esquerda inferior está uma pílula de remédio rosa e branca. Na parte branca da pílula tem uma mosca pousada. Na parte rosa da pílula está escrito I'm With You. Na parte superior pode-se ler “Red Hot Chili Peppers” na cor branca.
I’m with You, lançado em 2011, é o primeiro álbum com o guitarrista Josh Klinghoffer após a saída de John Frusciante (Foto: Warner Bros Records)

Leticia Stradiotto 

E agora, será que John Frusciante vai voltar assim como na primeira vez? Esse era o questionamento dos ouvintes de Red Hot Chili Peppers após a segunda saída do tão querido guitarrista em 2009. No entanto, a resposta para tal pergunta é simples: não. John Frusciante não voltou e, agora, depois do grandioso Stadium Arcadium (2006), temos um novo álbum: I’m with You. Sem Frusciante, mas com o fofíssimo Josh Klinghoffer. A expectativa era grande, e apontar o dedo para a nova performance da banda é inevitável.

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Novo álbum dos Peppers é um conflito entre fantasmas do passado, presente e futuro

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Victor Pinheiro

Desde a saída de John Frusciante em 2009, os Red Hot Chilli Peppers enfrentam a desconfiança de seus fãs. Sobretudo depois da crítica apontar a falta de familiarização do substituto Josh Klinghoffer como um dos fatores responsáveis pela falta de tempero do último álbum, I’m With You (2011). No entanto, qualquer curioso que pesquisar o passado da banda deve perceber que a trajetória dos Peppers está recheada de mudanças, inclusive na formação e nas propostas musicais.

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