Pintura de Katy para a capa do álbum (Foto: Will Cotton/Capitol Records)
Rafaela Martuscelli
O segundo álbum de Katy Perry, Teenage Dream, lançado pela Capitol Records, completa 10 anos neste mês de agosto de 2020. Para a surpresa de muitos, o resultado do trabalho de Katy para o sucessor de One Of The Boys (2008) foi um disco extremamente pop, trazendo uma proposta completamente oposta ao seu álbum de lançamento, marcado pela mistura de pop e rock.
A quarentena mexeu com todo mundo. Talvez você não aguente mais ler e ouvir sobre isso – nem eu –, mas é impossível não traçar um paralelo entre o novo extended play (EP) de Troye Sivan, In A Dream, com os últimos meses. Apesar da maior parte das faixas terem sido criadas antes do mundo acabar, as palavras falam diretamente com todos nós, e quase todas as músicas parecem ter sido escritas ontem mesmo, quando ninguém podia sair de casa por motivo nenhum, e até os sonhos eram mais interessantes que a vida real. Bem, não só os sonhos, mas os pesadelos também.
“No isolamento, minha imaginação disparou e este álbum é o resultado, uma coleção de canções e histórias que fluíram como um fluxo de consciência. Pegar uma caneta foi minha maneira de escapar para a fantasia, história e memória” (Foto: Beth Garrabrant)
Raquel Dutra
Visuais rústicos e paisagens bucólicas fotografadas em preto e branco mas que ocasionalmente revelam verdes úmidos e marrons aconchegantes. Foi com essa serenidade que Taylor Swift surgiu nas redes sociais no dia 24 de julho para anunciar seu novo álbum, folklore, apenas 24 horas antes de seu lançamento.
O ano era 2015 quando em uma terça-feira (13) de janeiro a cantora islandesa Björk anunciou o seu nono álbum de estúdio. O nome era Vulnicura, que significa “Cura para as Feridas”. Um grande título para tratar uma enorme ferida aberta: o término do seu casamento de 13 anos com o artista inglês Matthew Barney.
A banda britânica teve em sua formação original os cantores Harry Styles, Niall Horan, Zayn Malik, Louis Tomlinson e Liam Payne (da esquerda para a direita) (Foto: Reprodução)
Ana Laura Ferreira
Talvez seja muita presunção perguntar se você se lembra onde estava no dia 23 de julho de 2010, principalmente porque essa data pode não te significar nada. Porém, mesmo que você não faça parte da enlouquecida legião de fãs do One Direction, tenho certeza que se lembra de uma música chamada What Makes You Beautiful, ou pelo menos, de sua paródia brasileira sobre umbar mitzvah. O fenômeno nascido no The X FactorUK, acaba de completar 10 anos de muitos hits, recordes e saudades para as directioners, que já estão por cinco anos sofrendo pelo hiato. Hoje, já com bem sucedidas carreiras solo, será que podemos ainda sonhar com um comeback da banda?
No dia cinco de julho deste ano, Sua Alegria Foi Cancelada, oitavo álbum de estúdio da Fresno, completa um ano desde o seu lançamento. O mais denso e maduro álbum da banda pode ser um susto para o ouvinte desavisado, que não acompanha os trabalhos lançados pelo grupo na última década.
Capa da versão deluxe (Foto: Norbert Schoerner/Interscope Records)
Jho Brunhara
Lady Gaga é uma ótima contadora de histórias. Desde seu primeiro projeto, quando sua persona foi construída através de uma imagem bizarra, instigante e quase mística, a nova-iorquina não estava ali só pelas músicas. Estava pelos visuais, conceitos pretensiosos que funcionam, e principalmente, sua narrativa. Uma jovem seduzida e engolida pelo monstro da fama; depois uma alien-mãe lutando pela liberdade de seus monstrinhos; um híbrido metade-Warhol metade-Gaga nascido de um ovo azul botado por Jeff Koons; uma grande homenagem póstuma meio country; e agora, Chromatica.
Nem sempre é possível entender exatamente o que a artista quer contar em todos os universos que cria, como no controverso ARTPOP, mas dessa vez a mensagem chega clara ao ouvido deste planeta: Chromatica soa como uma celebração. O primeiro disco de Gaga sem nenhuma balada para desacelerar o caminho de suas 16 faixas incorpora o house e o dance dos anos 90, luta pelo seu espaço nas pistas de dança do presente, e relembra o mundo que às vezes você só precisa dançar, mesmo que sozinho em seu quarto, e tudo vai ficar bem.
Capa do quarto álbum de estúdio do The 1975 (Foto: Reprodução)
Vitor Evangelista
Os meninos do The 1975 nunca foram tão cirurgicamente prepotentes. A banda de Manchester que fez seu nome rimando a sujeira das vielas em Sex e o ciúmes carcomido em Somebody Else, agora não busca mais solucionar os problemas do mundo, nem mesmo entendê-los. As 22 faixas de Notes on a Conditional Form ‘apenas’ documentam essa pós-modernidade em que vivemos. O disco soa como uma progressão natural e orgânica da arte de Matty Healy e cia, com mais anos de experiência e propriedade para endereçar os vícios de uma sociedade ególatra e despreocupada. Notes encontra espaço para estudos a respeito de Deus, da amizade e do aquecimento global. E todas essas arestas particulares formam um quadro que, em suma, pinta as qualidades e falhas dos artistas.
O título do álbum quota uma fala da série britânica ‘The Fall’, na qual a personagem de Gillian Anderson, que investiga crimes sexuais, encontra o antigo cativeiro de uma garota torturada, e pede que tragam um alicate para poder entrar no local (Foto: David Garza/Epic Records)
Carlos Botelho
Após oito longos anos de espera, o aguardado quinto álbum de estúdio de Fiona Apple, Fetch The Bolt Cutters, chegou fazendo barulho na internet. Além de arrancar notas máximas das principais publicações da crítica especializada, o disco ainda entrou pro seleto grupo a receber um 10.0 da polêmica Pitchfork. O último lançamento a conquistar este feito foi o monumental My Beautiful Dark Twisted Fantasy de Kanye West, dez anos atrás.
O que faz este álbum ganhar status de clássico instantâneo é o fato de Fiona Apple ter transformado sua própria casa em estúdio, adicionando os ruídos e barulhos do cotidiano ao instrumental da obra. Somadas a esta imprevisibilidade e crueza sonora únicas, Fetch The Bolt Cutters constrói ao longo de treze faixas um olhar poderoso e libertador sobre os fantasmas do passado.
Conan Gray definiu seu álbum de estreia como ‘chaotic neutral’ (Foto: Reprodução)
Vitor Evangelista
Conan Gray nunca foi de pedir muito. ‘Take me where the music ain’t too loud’, ele canta numa das faixas que abrem seu encantador debut. O californiano de 21 anos é filho do Youtube e da Geração Z, é filho também de pais divorciados, mas disso falamos depois. Suas canções mantém uma máxima: são súplicas. O músico versa sobre corações partidos e amizades distantes. Temas comuns mas que ganham fôlego quando ele faz uso de suas vivências, seus respiros e, principalmente, a maneira como lida com a rejeição. No fim das contas, Kid Krow é uma prisão macia. Nunca seremos felizes? Não há resposta certa mas, se a incerteza vier com trilha sonora de Gray, tudo é suportável.