“Como um dos homens sem mulheres, eu rezo do fundo do coração. Parece que não há nada que eu possa fazer agora a não ser rezar. Por enquanto. Possivelmente.”
O mundo ficcional de Haruki Murakami se parece com o nosso, revestindo-se de uma aura melancólica e acinzentada, na qual habitam indivíduos sem rumo, quase vazios, e à deriva. Somos lembrados que estamos diante de uma obra ficcional quando encontramos vestígios desse mundo onírico em um lugar distante, semelhante a uma memória ainda não vivenciada. Em sete narrativas interligadas por perdas de vários os tipos – sentimentais, físicas, futuras e passadas –, Homens sem mulheresdá voz a um universo que não parece mais existir: um mundo distante, dominado pelo jazz, sonhos perdidos e rostos caídos.
Drive My Car, história que abre Homens sem mulheres, foi incrivelmente adaptada para o Cinema pelo diretorRyûsuke Hamaguchi, em um filme de quase três horas com trechos inspirados em mais dois contos da mesma obra, Sherazade e Kino. Após suas quatro indicações no Oscar, vencendo na categoria de Melhor Filme Internacional, o tão aguardado longa chegou ao Brasil no dia 1º de abril, através da plataforma MUBI.
No único encontro do mês, os membros do Clube do Livro debateram as nuances da obra, observando sua melancolia – que perpassa as sete histórias do livro –, a maneira a qual o autor reproduz homens quebrados e falidos em seus textos, e, principalmente, a forma como Murakami retrata o gênero feminino em seus contos.
Além do escritor japonês, outro nome que se destacou no meio literário em Março foi o de Abdulrazak Gurnah. Ao final do mês, a Companhia das Letraslançou Sobrevidas, a primeira obra lançada no Brasil do tanzaniano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2021. A publicação dá início a uma série de quatro lançamentos do autor que a editora deve entregar futuramente. Entre eles, além de Sobrevidas, estão Paradise (finalista do Booker Prize de 1994), By the Sea e Desertion.
A editora também montou uma campanha de arrecadação de fundos, junto ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), para as vítimas na Guerra da Ucrânia; por esse motivo, o livro Contos de Odessa, do ucraniano Isaac Bábel, passou a ser vendido no site da editora com mais de 65% de desconto, sem a cobrança de frete, cujo valor integral das vendas será entregue ao CICV. A obra clássica do autor captura o dia a dia na Ucrânia do século XX.
Como uma despedida de viagem – mas com o retorno breve e já agendado –, você fica agora com as dicas de leitura que os membros do Clube do Livro deixaram no Estante do Persona, as quais se pode ler no carro, deitado, no smartphone, ou como bem entender.