Existem diretores que não precisam de muito para extrair algo interessante, fazem do simples algo profundo, seja por um movimento de câmera, pela maneira como enquadra uma cena ou até como posiciona seus atores. Esse é o caso de Akira Kurosawa, diretor japonês que, há 70 anos, lançava Os Sete Samurais, um dos seus melhores e mais influentes filmes. Na trama, lavradores descobrem que bandidos vão saquear a sua vila e decidem contratar samurais para protegê-la. No entanto, apesar da sua aparente simplicidade, Kurosawa traz profundidade ao analisar os conflitos históricos entre camponeses e guerreiros japoneses, além de meditar sobrea vida e a guerra.
Depois de lançar duas obras-primas, Roda do Destino(2021)e Drive My Car (2021), Ryusuke Hamaguchi retorna com O Mal Não Existe, ou melhor, Aku Wa Sonzai Shina,no original. O filme conta a história de um vilarejo que vive em harmonia com a natureza até a chegada de uma empresa, que pretende fazer um camping em meio a floresta, o que ocasionaria em alguns problemas ambientais e afetaria a vida de todas as pessoas locais.
Era Uma Vez em… Hollywood, a nona e mais recente obra de Quentin Tarantino, está completando cinco anos de estreia. Com dez indicações ao Oscar 2020, o longa ganhou as estatuetas douradas de Melhor Direção de Arte, assinada por Barbara Ling, e de Melhor Ator Coadjuvante para Brad Pitt. O filme é uma envolvente viagem no tempo para uma idealizada e ensolarada Califórnia na década de 1960, onde o diretor utiliza calmamente o cotidiano para expressar seu amor pela Sétima Arte, retratando um cenário que respira Cinema.
Quem diria que um roteiro bem feito e um elenco de peso teria, mais uma vez, nota máxima no boletim? Após duas temporadas de funcionários que entregam o melhor de si com o pouco que recebem do falho sistema educacional norte-americano, o terceiro ano de filmagens dentro da Abbott Elementary rendeu mais uma excursão para a escola toda no Emmy. Dessa vez, além de terem o apoio do Distrito Escolar, a equipe do instituto chega na premiação com personagens muito mais maduros, humanizados e, claro, com nove chances de levar a estatueta para o colégio… ou melhor, para a casa do time de futebol norte-americano Eagles.
A terceira temporada de Hacksmantém o script das anteriores, com uma comédia metalinguística ancorada na amizade de Deborah Vance (Jean Smart) e Ava Daniels (Hannah Einbinder) que encontra, no drama pessoal da protagonista, a própria forma de fazer humor profissionalmente. Apesar das dinâmicas entre a dupla e das questões internas dos personagens funcionarem, a temporada demora para engrenar. Na dúvida se mantinham a fórmula vazia para gerar comicidade ou exploravam um caminho mais arriscado e profundo, os roteiristas deixaram boa parte da season inconstante. Por sorte, Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky reencontram o caminho do sucesso nos últimos episódios, o que garantiu várias indicações ao Emmy 2024, incluindo ao prêmio de Melhor Série de Comédia.
Ciclope, Jean Grey, Tempestade, Wolverine… a principal equipe da Marvel Comics, os X-Men,estreou seu primeiro projeto dentro da Marvel Studios no começo de 2024, quebrando recordes e conquistando a indicação ao Emmy de 2024 na categoria Melhor Programa de Animação. Escrita pelo showrunner Beau De Mayo, a série X-Men ’97 é a mutação do gene do estúdio que, por muito tempo, esqueceu a singularidade de seus personagens. A animação é recheada de cenas de ação incríveis, mas não deixa de fora os dramas, romances e ‘picuinhas’ do dia a dia dos mutantes.
Quantas vezes nos pegamos pensando em como nossas vidas poderiam ser diferentes se tivéssemos feito outras escolhas? A teoria quântica sugere que todos esses possíveis caminhos coexistem até o momento em que tomamos uma decisão, colapsando todas as outras possibilidades em uma única realidade. Em entrevista à revista ELLE, Tinashe associa Quantum Baby ao seu terreno pessoal, onde todas essas expectativas se concentram em uma única obsessão: o amor.
Lançado cinco anos depois do incêndio no CT do Flamengo, que matou dez jogadores da base em Fevereiro de 2019, Longe do ninho: Uma investigação do incêndio que deu fim ao sonho de dez jovens promessas do Flamengo de se tornarem ídolos no país do futebol é um livro que honra as memórias daqueles se foram e dos dezesseis jovens que sobreviveram. Daniela Arbex, jornalista investigativa, não falha em trazer – assim como em Holocausto Brasileiro (2013), Cova 312 (2015) e Todo dia a mesma noite (2018) – o desrespeito dos responsáveis pelo incêndio que vitimou Arthur Vinícius, Athila Paixão, Gedson Santos, Pablo Henrique de Souza, Vitor Isaías, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Jorge Eduardo dos Santos, Samuel Rosa, Rykelmo de Souza e seus sonhos.
Com uma escrita impactante, a autora se debruça em dez mil folhas de arquivos sobre o caso para trazer à tona a imprudência da instituição do Flamengo e seus dirigentes. Durante as 266 paginas, acompanhamos a reconstituição do caso e nos é revelado que o local de ‘moradia’ – contêineres totalmente inadequados nunca deveriam ser chamados pelo termo –, localizado no centro de treinamento do Flamengo, Ninho do Urubu, não tinha alvará como alojamento. Determinado como estacionamento em um dos documentos, as famílias confiaram seus filhos à instituição, pensando que a mesma iria tratá-los com respeito e decência, mas o que é mostrado indica o contrário.
EnquantoBarbie levava multidões trajadas de rosa aos cinemas em 2023, Ainda Temos o Amanhã (C’è Ancora Domani,no original) alcançou otopo das bilheterias na Itália só com o preto e branco. O debut como diretora de Paola Cortellesi encantou ao construir uma narrativaneorrealista ambientada em 1946, em uma Itália devastada após o fim da Segunda Guerra, na qual todo e qualquer homem é coadjuvante.
A primeira cena de Boyhood: Da Infância à Juventude é um céu nublado, mas muito azul. Yellow, do Coldplay, toca ao fundo. Logo, somos apresentados a um menino que observa o céu, deitado na grama com o braço dobrado sob a cabeça. Essa criança nos introduz a um rosto que não conhecemos e se torna familiar em pouco tempo, pois enquanto ela observa o céu, nós a observamos crescer e abraçar o mundo – entre os céus claros e escuros.
Você já se perguntou como as pessoas envelhecem nos filmes? Normalmente, essas impressões são realizadas através de maquiagens bem elaboradas, técnicas avançadas de edição e efeitos especiais para simular a passagem do tempo. No entanto, em Boyhood (no original), Richard Linklater optou por uma abordagem radicalmente diferente e autêntica: a obra foi gravada ao longo de 12 anos consecutivos, permitindo que o envelhecimento dos personagens acontecesse de forma completamente natural.