Os anos da adolescência são responsáveis pelo florescer dos mais ardentes sentimentos, para o bem e para o mal. Numa França utópica dos anos oitenta, Alexis (papel do travesso Félix Lefebvre) conhece David (Benjamin Voisin), e o resto é história. História essa contada no danado Verão de 85, filme dirigido por François Ozon e presente na reta final do Festival do Rio 2021.
O décimo primeiro dia do Festival do Rio 2021 ficou por conta da direção e protagonismo da cineasta francesa Maïwenn e seu DNA. Vindo da Seleção Oficial do Festival de Cannes 2020, o filme contempla aspectos da vida de sua criadora no centro de uma família que carrega a ascendência argelina de um amado avô, exilado no colonizador europeu e inflamado de saudade da sua terra natal. Pelo toque diretora, o drama se desenrola com vislumbres políticos e risos sagazes, indo em direção à uma obra rica em camadas que pulsa um desejo de compreensão de origem, herança, laços e identidade.
Em 1963, o astronauta soviético Yuri Gagarin, primeiro homem a realizar uma viagem espacial, foi à França com uma missão: participar da inauguração de um moderno conjunto habitacional que levava o seu nome, erguido pelo Partido Comunista Francês. Décadas depois, acompanhando o declínio do partido, o enorme edifício sem manutenção entrou em decadência, até vir a ser demolido entre 2019 e 2020, em um longo processo que durou cerca de 16 meses. Em meio à destruição, a dupla Fanny Liatard e Jérémy Trouilh encontrou a delicadeza, que tomou a forma de filme em Edifício Gagarine, filme francês exibido no quinto dia do Festival do Rio 2021.
Estamos cada dia mais imersos nas Olimpíadas de Tóquio. A última vez que assistimos aos jogos, eles aconteciam em solo brasileiro, na Cidade Maravilhosa. Um dos grandes destaques do Rio 2016 foi a ginasta Simone Biles, que conquistou quatro medalhas de ouro, batendo recordes. Em 2018, ela revelou ter ser uma das mais de 100 vítimas de abuso sexual cometido pelo ex-médico da Federação de Ginástica dos Estados Unidos, Larry Nassar. É nesse pavoroso mundo onde a realidade se torna o pior pesadelo que é ambientando Slalom – Até o Limite.
Terceiro filme a ser exibido no Festival do Rio 2021, o longa integrou a Seleção Oficial do Festival de Cannes 2020, e marca com dor e talento a estreia da roteirista e diretora francesa Charlène Favier. A história da promissora esquiadora que sonha em chegar com seu esporte às Olimpíadas é, em partes, inspirada na própria biografia de sua criadora, que molda a garota com suas experiências pessoais. A atuação de Noée Abita merece, também, todo o destaque, pela coragem e força em encarnar essa personagem e defender seus anseios.