A cerimônia do Grammy Awards 2021 foi delas. Beyoncé quebrou o recorde de artista feminina com mais gramofones ao receber o prêmio de Melhor Performance de R&B, pela importantíssima BLACK PARADE, somando 28 estatuetas no total. Taylor Swift também quebrou um recorde ao receber o prêmio de Álbum do Ano, por folklore, ao se tornar a primeira mulher com três gramofones na categoria.
Praticamente ninguém saiu de mãos abanando: diferentemente do ano passado, quando Billie Eilish rapou as quatro categorias principais de uma vez – fato que só tinha acontecido uma vez na história até então, em 1981 –, em 2021 assistimos uma diversidade maior de premiados. Eilish levou para a casa a estatueta de Gravação do Ano pela segunda vez consecutiva, e em uma surpresa muito positiva, H.E.R. venceu o gramofone de Canção do Ano, com a tocante e política I Can’t Breathe.
Megan Thee Stallion derrotou as fortes competidoras Doja Cat e Phoebe Bridgers e foi consagrada a Artista Revelação de 2021, de forma muito merecida. A dança da chuva de Lady Gaga e Ariana Grande deu certo e as queridinhas do pop venceram a categoria Melhor Performance de Pop Duo/Grupo, se tornando a primeira dupla feminina a alcançar tal feito. E Dua Lipa, que perdeu AOTY, ROTY e SOTY pelo menos pôde levar o gramofone de Melhor Álbum de Pop Vocal para a casa.
Fiona Apple, ao vencer o gramofone de Melhor Álbum de Música Alternativa por Fetch the Bolt Cutters, se tornou a terceira mulher na história a realizar tal feito. Nas categorias Melhor Álbum de Country e Melhor Canção de Rock também assistimos mulheres fazerem história: pela primeira vez mais da metade dos indicados eram artistas femininas.
Porém, competições também dão margem para injustiças: infelizmente alguns grandes nomes não levaram para casa nem um mísero gramofone. É impossível não citar The Weeknd, que nem indicado foi e denunciou a corrupção e racismo dos votantes do Grammy. Mesmo com quatro indicações, a genial Phoebe Bridgers perdeu todas as estatuetas que concorria. Jhené Aiko, Chloe x Halle e Doja Cat, com três cada, também perderam tudo. As talentosíssimas irmãs da banda HAIM também foram embora da cerimônia principal só com os salgadinhos do buffet no estômago.
Pelo menos o quesito apresentação compensou a ida das três irmãs ao Centro de Convenções de Los Angeles. Elas cantaram a excelente The Steps, que concorria a Melhor Performance de Rock. Assistimos também Dua Lipa entregar um eletrizante medley de Levitating (com o rapper DaBaby) e Don’t Start Now. Taylor Swift, Megan Thee Stallion e Cardi B também apostaram no modelo. A loirinha cantou as suaves cardigan, august e willow, com participação especial de Jack Antonoff e Aaron Dessner. Já a dupla Megan e Cardi colocou todo mundo para dançar com Body, Savage (Remix), Up e a lendária WAP, que ganhou trecho especial com o remix do brasileiro Pedro Sampaio.
Outro representante da América Latina que cantou e encantou no Grammy foi o maravilhoso Bad Bunny, com DÁKITI, que contou com participação de Jhay Cortez. Do outro lado do mundo, os meninos do BTS explodiram o palco com o hit Dynamite. Doja Cat não aguenta mais cantar Say So, mas ainda sim entregou tudo em sua apresentação. Harry Styles e Billie Eilish abriram a premiação com performances individuais de Watermelon Sugar e everything i wanted, e os Black Pumas transbordaram talento com Colors.
Também assistimos apresentações de Silk Sonic, DaBaby, Roddy Rich, Anthony Hamilton, Mickey Guyton, Miranda Lambert, Maren Morris, John Mayer, Post Malone, Lil Baby, Tamika Mallory e Killer Mike. E as homenagens para os que já nos deixaram ficaram na voz de Lionel Ritchie, Brandi Carlile, Brittany Howard e Chris Martin.
A Editoria do Persona se reúne num Nota Musical Especial, e comenta os méritos, deméritos, prós e contras dos principais indicados e vencedores do Grammy 2021, em forma de resumão. Falamos das categorias da premiação, chances de vencer, campanhas na imprensa e, no caso de injustiças, quem merecia ter ganho. Fique por dentro do que rolou na premiação mais importante do mundo da música com o Persona.
Álbum do Ano: Taylor Swift – folklore
É difícil defender o Grammy. A forma como a premiação conduz suas principais categorias todos os anos é marcada por inconsistências, favoritismos e esnobadas injustas. O impacto disso é tão grande que prejudica até mesmo o reconhecimento sincero dos méritos de alguns indicados, que mesmo com trabalhos de qualidade, se tornam contestáveis pelas circunstâncias. Em 2021, a categoria que mais evidenciou isso tudo foi a de Album Of The Year. O vencedor era a aposta mais provável, digna e controversa, porque mesmo com toda a excelência de folklore, não tem como falar de Taylor Swift na Academia de Gravação sem reconhecer o favoritismo da artista e sem tocar em polêmicas que se transformaram em discussões seríssimas e importantes no mundo da música.
Dentre os oito indicados, a experimentação um tanto quanto purificada de Coldplay em Everyday Life foi surpresa para uns, mas não para a Academia, que só deixa a banda passar em branco quando o trabalho é de fato muito terrível, como foi em 2016, quando pela primeira vez um álbum do grupo não recebeu nenhuma indicação na premiação. Post Malone é figurinha carimbada e um fenômeno do pop/trap, e Hollywood’s Bleeding justifica o porquê disso, mas o álbum poderia facilmente ser substituído por algum outro trabalho de mais qualidade e impacto – e The Weeknd e After Hours sempre serão mencionados quando o assunto for as principais categorias do Grammy 2021. O mesmo é com Jacob Collier e Djesse Vol.3, que cumpre a cota dos artistas jovens reconhecidos pela Academia com um trabalho que está longe de ocupar o mesmo espaço que Billie Eilish ocupou com seu primeiro álbum em 2020.
A nata da categoria estava na ponta de diversidade que o Grammy apresentou em 2021, depois de muita insistência do público e dos artistas. O disco de estreia homônimo do duo Black Pumas, que foi indicado em Artista Revelação em 2020, foi relançado numa versão deluxe para competir este ano, tomado por funk, R&B e soul maravilhosos. O trabalho de Jhené Aiko em Chilombo dança num R&B divino, a banda HAIM faz de Women In Music Pt. III uma obra de rock alternativo leve e encantador e o pop de Dua Lipa em Future Nostalgia dispensa apresentações. Entretanto, com o Grammy finalmente olhando para fora e entendendo a importância da arte se relacionar com as movimentações da do mundo externo (como bem defendeu Beyoncé em seu discurso histórico na premiação), era esperado que o Álbum do Ano refletisse o que foi 2020, com uma produção intimista, reclusa e fruto do isolamento social. Junte isso ao nome, letras e produções de Taylor Swift, Aaron Dessner e Jack Antonoff e pronto, temos toda a beleza de folklore e o Álbum do Ano do Grammy 2021. – R.D.
Gravação do Ano: Billie Eilish – everything i wanted
Billie Eilish já é queridinha da Academia: em 2020 levou os quatro prêmios principais de uma vez (Álbum do Ano, Canção do Ano, Gravação do Ano e Artista Revelação), feito que tinha sido realizado apenas em 1981. Em 2021, mesmo com pouquíssimas chances, foi a grande vitoriosa da categoria Gravação. Também concorrendo em Record of The Year estavam as favoritas Dua Lipa, com Don’t Start Now e Beyoncé, com BLACK PARADE, mas infelizmente não foi dessa vez.
A própria Billie ficou muito surpresa ao ouvir seu nome, e já com o gramofone na mão deu a entender que estava esperando a vitória de Megan Thee Stallion por Savage (Remix). Que o Grammy é imprevisível nós já sabíamos, porém, Billie vencer por everything i wanted, uma música que não teve forte apelo comercial e também não era a favorita da crítica especializada, é apenas um dos sinais que a Academia realmente gosta da artista e provavelmente continuará a premiar a estadunidense no futuro, mesmo que desagrade o público geral. – J.B.
Canção do Ano: H.E.R – I Can’t Breathe
Uma das categorias mais esperadas da noite, Song of The Year contou com faixas que conseguiram conquistar o público em uma época sem shows ou festas por conta do isolamento social. As composições The Box, cardigan, everything i wanted, If The World Was Ending, BLACK PARADE, I Can’t Breath, Don’t Start Now e Circles encantaram, emocionaram e animaram seus ouvintes, garantindo seu lugar na corrida para o prêmio tão aguardado.
As obras de Beyoncé e H.E.R. entraram na história, onde pela primeira vez duas músicas sobre questões raciais concorreram à categoria. BLACK PARADE entrou na contagem que levou Beyoncé a ser a artista mais indicada da edição. I Can’t Breath, que nasceu dos protestos de Black Lives Matter do ano passado, garantiu a segunda indicação de música do ano para H.E.R..
E dentre os favoritos da noite pelo público, Don’t Start Now, cardigan e everything i wanted estavam com uma torcida gigante pelos fãs das cantoras. Apesar disso, foi H.E.R. que levou a estatueta e, ao subir no palco completamente emocionada, terminou seu discurso dizendo que devemos ser a mudança que queremos ter no mundo. – M.C.
Artista Revelação: Megan Thee Stallion
A categoria Artista Revelação, é, sem dúvidas, uma das mais polêmicas do Grammy. Desde as suas mudanças de regras ao longo dos anos influenciadas por artistas que não puderam ser indicados, como Lady Gaga e Lorde, até as críticas pela falta de diversidade entre os ganhadores. Nos últimos 10 anos da categoria, apenas dois dos vencedores eram pessoas negras. Mas na cerimônia de ontem a situação mudou um pouquinho: merecidamente, Megan Thee Stallion contrariou as estatísticas e recebeu o gramofone de Best New Artist. *Ahh!*
Com uma campanha excelente de Megan e dois hits, WAP (com Cardi B) e Savage (Remix) [com Beyoncé], a rapper dona de um Body-ody-ody tão icônico quanto seu talento levou a estatueta para a casa com orgulho. Fosse em outro ano, talvez poderíamos ter assistido a também favorita e talentosíssima Phoebe Bridgers receber a categoria, ou até mesmo Doja Cat. Mas 2021 nos deixa satisfeitos, pelo menos nesse sentido, e esperançosos por um futuro que não esnobe tanto pessoas não brancas. – J.B.
Melhor Performance de Pop Solo: Harry Styles – Watermelon Sugar
A brisa da melancia foi o que fez um dos artistas mais idolatrados de 2020 não sair de mãos abanando do Grammy 2021. Com Watermelon Sugar, Harry Styles venceu Don’t Start Now de Dua Lipa, numa categoria que só tinha hit, como Say So, da revelação Doja Cat, e nomes fortes, como Billie Eilish com a maravilhosa everything i wanted e Taylor Swift com o lead single do Álbum do Ano, cardigan.
A vitória caiu bem para o ex-One Direction, que foi o primeiro dos egressos da boyband a ser indicado e vencer um Grammy. Já para a Academia, uma indicação de Best Pop Solo Performance caiu muito mal, forçando um dos trabalhos mais preguiçosos de Justin Bieber com a terrível Yummy numa categoria que poderia reconhecer muitas outras performances louváveis de um ano tão rico para a música pop como 2021. – R.D.
Melhor Performance de Pop Duo/Grupo: Lady Gaga & Ariana Grande – Rain On Me
A categoria de Best Pop Duo/Group Performance do Grammy desse ano foi recheada de ídolos pop e era como se estivéssemos vendo a premiação de alguns anos atrás. Uma mulher que já fez nome no Grammy e concorreu nessa categoria foi Taylor Swift, junto de Bon Iver, com a canção exile, de seu álbum premiado folklore. A loirinha, que não saiu de cena nesse ano, entregou essa canção em um tom um pouco mais alternativo, e é a que mais se difere da fórmula das outras da categoria.
Continuando na saga de cantores que amamos (ou amávamos), Justin Bieber esteve presente em Melhor Performance de Pop Duo/Grupo. Após vermos o canadense com Quavo em I’m The One, a colaboração dos dois na canção Intentions felizmente não ganhou o Grammy desse ano. Nessa mesma categoria, J. Balvin, Dua Lipa, Bad Bunny e Tainy terão que esperar UN DIA (ONE DAY) para ter um prêmio com essa canção.
Lady Gaga, que até hoje não trouxe a continuação de Telephone com a Beyoncé, ganhou nessa categoria com a colaboração de Ariana Grande, que foi esnobada no Grammy passado. Assim, a parceria do pop foi a primeira colaboração feminina ganhar essa categoria na história da premiação. Rain On Me fez parte da primeira (e única) performance do Chromatica e fez chover felicidade dos fãs das cantoras com uma música que mexeu com tudo nesse ano. Gaga também não deixou os meninos do BTS brilharem com seu Dynamite dessa vez e os fãs dos coreanos também ficaram surpresos. E agora, o que esperar das Armys em relação aos próximos Grammy? – A.B.R.
Melhor Álbum de Pop Vocal: Dua Lipa – Future Nostalgia
Na categoria Best Pop Vocal Album concorrem aqueles que apresentaram obras como mais de 51% de seu foco na sonoridade vocal dos artistas, e entre os nomes que disputam esse ano temos vários veteranos, alguns novatos e uma grande incógnita de merecimento. Começando pelo que não deveria concorrer, Changes e Justin Bieber colocam interrogações em nossas cabeças com a indicação. Afinal, sua vaga pertencia claramente ao maior ícone musical de 2020: The Weeknd.
Mas decepções a parte, Lady Gaga, indicada apenas em duas categorias esse ano, disputou com o caloroso Chromatica e sua fantasia de cores. Ela, assim como Taylor Swift e Bieber, já concorreram a Melhor Álbum Pop Vocal em anos anteriores, sendo ele o único que nunca venceu. Contudo, entre os veteranos, Taylor competiu com o aclamado folklore, empregando a magia pop folk que perpassa o álbum e fez dele um dos favoritos da noite.
Por fim, migrando para os novatos, Harry Styles recebeu suas primeiras indicações ao gramofone dourado nessa edição, concorrendo com Fine Line na categoria. O álbum que equilibra delicadeza e poder se destaca por ser um suspiro de personalidade entre obras masculinas clichês como Changes. Mas entre todos, foi Dua Lipa que dominou as rádios e corações no ano de 2020, o que torna mais do que justa sua vitória com Future Nostalgia. A britânica, que embalou a sonoridade oitentista em moldes contemporâneos, foi contemplada por oferecer carisma, diversão, autenticidade e qualidade em um único pacote. – A.L.F.
Melhor Álbum de Dance/Eletrônica: KAYTRANADA – BUBBA
Se ARCA, que também estava indicada, tivesse ganhado essa categoria com seu intenso KiCk i, ela seria a segunda mulher trans na história a receber uma indicação para o gramofone e a primeira a vencer. SOPHIE, produtora talentosíssima que perdemos no começo do ano, já havia sido indicada em 2018 por OIL OF EVERY PEARL’S UN-INSIDES. Porém, não foi dessa vez que a venezuelana fez história.
A vitória de KAYTRANADA em Best Dance/Electronic Album não é de nenhuma forma decepcionante ou negativa, muito pelo contrário: o haitiano-canadense é uma força como artista negro e LGBTQ+. Seu álbum, BUBBA, transborda energia e sensibilidade, e ele também foi o grande vencedor da categoria Melhor Gravação de Dance com 10%, parceria com Kali Uchis. Na categoria também estavam indicados Disclosure, com o disco Energy; Madeon, com Good Faith; e Baauer, com Planet’s Mad. – J.B.
Melhor Performance de Rock: Fiona Apple – Shameika
Antes mesmo de premiar uma das seis performances indicadas, a categoria de Best Rock Performance fez história por incluir apenas artistas mulheres ou bandas comandadas por mulheres nomeadas. Enquanto Stay High de Brittany Howard perseverou em Canção, Performance apenas repetiu o discurso mais potente da música em 2020: Fiona Apple é uma força da natureza e deve ser reconhecida como tal, e mesmo que a vencedora Shameika passe longe do que a cantora oferece de melhor em Fetch the Bolt Cutters, sua vitória é um aceno da Academia para a excelência técnica de Apple, que transformou isolamento em rotina antes da OMS decretá-lo como norma.
O caminho mais interessante, entretanto, seria premiar cantoras realmente ligadas no Grammy e que iriam apreciar uma vitória significativa, ainda mais nesse ano comandado por mulheres roqueiras. Um agrado para Kyoto, da excepcional Phoebe Bridgers, calharia aqui. Sem falar que premiar a melhor música de 2020, The Steps da banda HAIM, seria a justiça divina. Mas o Grammy raramente liga para o que é certo. – V.E.
Melhor Canção de Rock: Brittany Howard – Stay High
Esse é um gramofone dado aos compositores, como o VT de Best Rock Song ilustra de maneira enfática. Quem saiu vitoriosa, então, foi Brittany Howard, vocalista do Alabama Shakes e dessa vez indicada por seu trabalho solo no disco Jaime. Indicada também em Performance de Rock, onde perdeu para Fiona Apple, a canção Stay High venceu aqui. Numa categoria usualmente dominada por homens, Howard já havia sido premiada em 2016, ainda sob o manto do Alabama Shakes. Ela perdeu esse prêmio ano passado, concorrendo com History Repeats.
A letra de Stay High é uma homenagem ao pai da cantora, K.J. Howard, e narra a importância do homem para a família, de maneira sensível e poderosa. Brittany venceu a favorita Shameika, de Apple, e a monumental Kyoto, de Phoebe Bridgers. Ainda concorriam canções das bandas Tame Impala e Big Thief. É especialmente notável que, num ano dominado por mulheres em Canção e Performance de Rock, foram elas mesmo que saíram vitoriosas. – V.E.
Melhor Álbum de Música Alternativa: Fiona Apple – Fetch the Bolt Cutters
Dado para artistas do gênero música alternativa, a categoria Best Alternative Music Album esse ano foi concorrido por Fiona Apple com Fetch the Bolt Cutters, Beck com Hyperspace, Phoebe Bridges com Punisher, Brittany Howard com Jaime e Tame Impala com The Slow Rush. Cada um dono de suas particularidades, os destaques ficaram com Fetch the Bolt Cutters, no qual a artista se desnudou para falar de traumas passados e entregou um verdadeiro clássico; e Punisher com seus arranjos complexos e perfeitamente dominados pela entrega da cantora.
O resultado não poderia ser outro. Fiona Apple que já concorreu ao lado da divindade Bjork em 2013 com The Idler Wheel…, seu quarto álbum de estúdio, ganhou o merecido gramofone, minimizando um pouco a injustiça após não ter sido indicado em Album of The Year, mesmo sendo um disco aclamado pela crítica especializada e consagrado o melhor de 2020. Produzido na própria casa da artista, o barulho do dia a dia se mescla com o instrumental das faixas, fazendo com que as biográficas letras se tornem ainda mais envolventes. O prêmio de Melhor Álbum de Música Alternativa não foi surpresa pra ninguém, o vitorioso Fetch the Bolt Cutters nasceu para ficar marcado na história. – A.J.T.
Melhor Performance de R&B: Beyoncé – BLACK PARADE
As músicas de Beyoncé, Jhené Aiko, Jacob Collier, Brittany Howard e Emily King concorreram na categoria de Best R&B Performance. Goat Head, que discute colorismo e miscigenação, levou Brittany Howard a uma das suas 5 indicações na cerimônia.
Jacob Collier, que já possuía 4 prêmios, entrou na disputa com seu feat junto a Mahalia e Ty Dolla Sign, All I Need. O outro collab que concorreu na categoria foi de Jhené que, com seu trabalho em parceria a John Legend, Lightning & Thunder, garantiu sua segunda indicação da noite.
E sendo a mais indicada da edição, Bey foi favorita pelo público para ganhar a estatueta com BLACK PARADE. A música também concorreu em Song of The Year, uma das maiores categorias do Grammy. Ao ser anunciada como vencedora, Beyoncé se tornou a artista feminina com mais prêmios em toda a história da premiação, e foi aplaudida de pé pelos outros convidados. – M.C.
Melhor Canção de R&B: Robert Glasper, H.E.R. & Meshell Ndegeocello – Better Than I Imagined
Em Melhor Canção de R&B, a mais indicada da noite competia com suas apadrinhadas e com a grande vencedora do disputadíssimo Grammy de Canção do Ano. Beyoncé e Chloe x Halle eram as favoritas com suas respectivas canções, BLACK PARADE e Do It. No entanto, Bey perdeu e a dupla das irmãs Bailey que entregaram em Ungodly Hour um dos melhores álbuns do ano não foram premiadas nem pelo lead single do disco.
O que brilhou forte foi o nome de H.E.R.. Além de ser reconhecida em uma das categorias principais, artista aparecia duas vezes em Best R&B Song, indicada por Slow Down, sua colaboração com Skip Marley, e na vencedora, Better Than I Imagined, levada graciosamente por H.E.R, Robert Glasper e Meshell Ndegeocello. A última indicação era Collide, de Tiana Major9 e EARTHGANG, que amarra uma das categorias mais consistentes do Grammy 2021. Cada uma delas vale muito o play. – R.D.
Melhor Álbum de R&B Progressivo: Thundercat – It Is What It Is
Diferente do que as previsões apontavam, já entregando o gramofone para o aclamado álbum Chilombo, de Jhené Aiko, foi Thundercat que acabou levando a melhor. Cinco anos após sua primeira indicação e vitória no Grammy Awards, o estadunidense Stephen Lee Bruner conseguiu revirar todos os bolões ao ganhar o prêmio de Best Progressive R&B Album com seu melódico It Is What It Is.
Outra surpresa na categoria foram as irmãs Bailey terem ficado para trás. A dupla criadora do Ungodly Hour, e uma das grandes revelações de 2020, também era uma das principais apostas ao prêmio. Suas indicações em categorias de R&B ainda causaram polêmica por se tratar de um álbum majoritariamente pop, e que poderia ter simplesmente trocado de lugar com outros artistas. – V.S.
Melhor Performance de Rap: Megan Thee Stallion & Beyoncé – Savage (Remix)
Quando Beyoncé está na área, não tem pra ninguém! Pelo nas categorias de gênero, a Queen B sempre se mostra presente e vitoriosa. Em 2021, o remix de Savage ganhou o prêmio de Best Rap Performance. Megan Thee Stallion, a sensação do ano passado, pareceu surpresa na hora de agradecer a Academia mas, convenhamos, não existia um mísero cenário onde a colaboração mais quente do rap pudesse perder o gramofone.
As únicas mulheres indicadas, Stallion e Beyoncé bateram nomes em ascensão e consolidados do cenário norte-americano, como DaBaby, Lil Baby e o falecido Pop Smoke. Não havia música mais badalada que Savage, mas os votantes poderiam homenagear de forma póstuma Pop Smoke, que foi baleado poucas semanas depois de lançar seu disco e estourar nas paradas. É uma pena que o brilhante trabalho do rapper tenha sido reconhecido apenas nas categorias de nicho e não se alastrado para as gerais, como Artista Revelação, onde uma indicação seria justa e bem-vinda. – V.E.
Melhor Performance de Rap Melódico: Anderson .Paak – Lockdown
O que diabos é Rap Melódico? Vamos começar por aí, então. A categoria de Best Melodic Rap Performance ganhou esse novo nome recentemente, na tentativa de abraçar o crescimento e a evolução do gênero. Em inglês, além de se referir ao estilo da música, a palavra rap é um verbo, o ato de cantar rap, normalmente de forma rápida, com beats intensos e pouco espaço para respiro. Então, são indicadas aqui canções do nicho que usam de elementos de fora dele. Para ajudar a entender, podemos olhar para os antigos vencedores: Crazy in Love, Umbrella, Empire State of Mind, All of the Lights e This Is America.
Em 2021, concorreram HIGHEST IN THE ROOM, de Travis Scott, Laugh Now Cry Later, parceria de Drake e Lil Durk e das 6 nomeações de Roddy Ricch, duas foram aqui, solo por The Box (injustiçada e vencedora moral), e acompanhado de DaBaby em ROCKSTAR (outra merecedora do gramofone). Quem venceu foi Anderson .Paak, queridinho da Academia e que performou algumas canções ao lado de Bruno Mars e a recém-nascida banda Silk Sonic. .Paak subiu ao palco para agradecer o prêmio pela melódica Lockdown. – V.E.
Melhor Canção de Rap: Megan Thee Stallion & Beyoncé – Savage (Remix)
Real Hot Girl Shit! Eu poderia muito bem repetir os argumentos escritos nos parágrafos acima, na seção de Performance de Rap, mas, assim como os diversos discursos que Megan Thee Stallion deu quando subiu ao palco do Grammy, vou ser versátil. Esse gramofone é especial por uma série de motivos: primeiro de tudo, pelo fato de Beyoncé ter dado as caras e feito história como a pessoa com mais prêmios na história da premiação. Segundo, por ser a primeira parceria feminina a vencer na categoria dominada por homens. Terceiro, pelas palavras de Stallion, visivelmente emocionada de receber a honraria ao lado da Queen B.
Ainda concorriam uma porrada de músicas escritas e cantadas por homens, a maioria presente nas outras categorias de rap da noite. O remix de Savage vencer Best Rap Song ajudou a pavimentar o estrelato de Megan, seu status de estrela não apenas em ascensão, mas agora completamente suspensa e brilhante. Além de ter turbinado a jornada de Bey como recordista do Grammy. É verdade que a maioria de suas estatuetas estão nas categorias secundárias, mas essa é uma pequena vitória digna de celebração. – V.E.
Melhor Álbum de Country: Miranda Lambert – Wildcard
Para dizer o mínimo, podemos classificar as indicações de Best Country Album no ano de 2021 como sendo revolucionárias. Pela primeira vez na história da premiação, apenas mulheres concorreram pela categoria deste gênero, que é majoritariamente masculino e machista. A favorita da noite era, sem dúvida, Miranda Lambert e sua obra Wildcard. Ela, que acumula 5 indicações no Grammy, já venceu a categoria em 2015 por seu álbum Platinum, entretanto, nesse ano ela concorreu com nomes mais poderosos e emergentes.
Apesar de não poderem ser chamadas exatamente de novatas no ramo Country, Ingrid Andress com Lady Like e Brandy Clark com Your Life Is Like a Record chamaram a atenção pela excelência que apresentam mesmo com pouco tempo de carreira, nos dando esperanças de em breve vê-las novamente na premiação. Mas entre todas, se pudéssemos entregar o gramofone da noite a quem realmente merecia, Ashley McBryde e sua obra Never Will seriam a escolha perfeita. A cantora que concorreu pela segunda vez na categoria continua a construir álbuns coesos e poderosos. Entretanto, a vitória ficou mesmo com Lambert, que com certeza entregou uma das melhores produções do ano, mas não a melhor ou a mais completa. – A.L.F.
Melhor Álbum Latino Urbano ou de Pop: Bad Bunny – YHLQMDLG
Apesar da criação do Grammy Latino em 2000, para premiar as produções de destaque da indústria fonográfica da América Latina, o Grammy Awards não descartou o reconhecimento de trabalho da região em sua premiação, ou melhor, o reggaeton que se inspira na música latina, caribenha e europeia, influenciada pelo hip hop, pela salsa e pelo eletrônico. Sendo Melhor Álbum Latino Urbano ou de Pop a única televisionada desta seção. Entre os indicados deste ano – Bad Bunny, Ricky Martin, Camilo, Kany García e Debi Nova – apenas Martin tem histórico glorioso na categoria, levando duas vezes o gramofone pra casa (1999 e 2016).
Esse ano, quem levou o prêmio foi um dos maiores nomes da América Latina da atualidade, o porto-riquenho Bad Bunny por seu álbum YHLQMDLG. O Grammy foi mais que merecido para o artista que já havia se destacado no Grammy Latino e o que mais acumulou streams globais em 2020. Momentos antes de receber seu gramofone, ele se apresentou de maneira grandiosa ao lado de Jhay Cortez com o hit DÁKITI. Para encerrar com chave de ouro a vitoriosa noite, Bad Bunny acertou em discursar em espanhol, fazendo jus a sua categoria de Best Latin Pop or Urban Album. – A.J.T.
Melhor Álbum de Música Global: Burna Boy – Twice As Tall
Melhor Álbum de Música Global é uma categoria recém-criada do Grammy que busca “celebrar a diversidade musical e inclusão cultural”, derivando-se da extinta Melhor Álbum de Música do Mundo. Segundo a Academia, essa modificação visa uma maior inclusão de gêneros menos recorrentes na premiação, e para marcar a inauguração de Best Global Music Album, os escolhidos foram Fu Chronicles, do grupo nova-iorquino de afro-beat Antibalas, Love Letters, da britânica-indiana Anoushka Shankar, e o blues africano profundo de Amadjar, da banda Tinariwen.
A música brasileira também foi lembrada e muito bem representada por Agora, de Bebel Gilberto. O condecorado da nova categoria foi Twice As Tall, a mistura deliciosa de afro-beat, pop, dancehall e hip-hop do nigeriano Burna Boy. Novos ares parecem estar mudando as concepções da Academia e o Grammy não tem mais como fugir das demandas por diversidade e inclusão. Veremos como isso seguirá. – R.D.
Melhor Trilha Sonora Compilada para Mídia Visual: Taika Waititi – Jojo Rabbit
A categoria de Best Compilation Soundtrack for Visual Media abarca os formatos de Cinema e TV mas, como veremos a seguir, a maioria dos indicados vieram de filmes. Vencido em 2020 pela dupla dinâmica Bradley Cooper e Lady Gaga por Nasce Uma Estrela, dessa vez a sátira Jojo Rabbit e seu diretor Taika Waititi foram agraciados com o gramofone.
Por conta da janela maluca de elegibilidade, longas que participaram da temporada passada só aparecem no Grammy um ano depois. Jojo Rabbit, que já havia vencido o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, bateu filmes de 2020 como Frozen II e Um Lindo Dia na Vizinhança, bem como obras que figuram na temporada atual, caso de Eurovision e Bill & Ted 3. Diretamente do set do novo Thor, o diretor neozelandês apareceu para agradecer o Grammy e declarou que fica feliz com o máximo de prêmios que consegue ganhar com a história de Jojo e seu amigo imaginário Hitler. – V.E.
Melhor Trilha Sonora para Mídia Visual: Hildur Guðnadóttir – Coringa
Novamente sem reconhecimento para TV, a categoria de Best Score Soundtrack for Visual Media repetiu a vencedora do ano anterior. A magnânima Hildur Guðnadóttir, que fez história sendo a primeira mulher a ganhar esse gramofone sozinha, não contente com um recorde, foi lá e venceu mais uma vez. Em 2020, o prêmio veio por Chernobyl, série pela qual a islandesa também ganhou o Emmy. Dessa vez, a Academia reconheceu a Trilha de Coringa, que já havia lhe rendido um Oscar.
Diferente da categoria anterior, que premia músicas vocais, esse prêmio é dado para os compositores do instrumental. Hildur usou sua força musical para ilustrar de maneira límpida e crua a evolução e a queda do personagem que deu o Oscar à Joaquin Phoenix. Falta apenas um Tony para a mulher virar EGOT e, pelo seu aclamado currículo recente, isso não vai demorar para acontecer.
No Grammy 2021, ela venceu o recordista de prêmios e indicações da categoria John Williams, desta vez representado por Star Wars IX: A Ascensão Skywalker. Fora ele, Hildur bateu Thomas Newman, indicado ao Oscar por 1917 ao lado dela, Max Richter por Ad Astra e Kamasi Washington, responsável por Becoming. Daqui para a frente, nunca aposte contra Hildur Guðnadóttir. – V.E.
Melhor Canção Escrita para Mídia Visual: Billie Eilish & Finneas – No Time To Die
A Academia do Grammy adora premiar os desenhos da Disney aqui, mas em 2021 o furacão Billie Eilish conseguiu vencer por um filme que sequer foi lançado. No Time To Die, canção original do próximo 007, perseverou numa categoria dividida entre obras da temporada passada e da atual e fez história. O prêmio foi recebido com surpresa e felicidade por Billie e seu irmão Finneas O’Connel, parceiro da jovem cantora. Bom lembrar que 2020 foi o ano deles na premiação, onde ganharam tudo que puderam e mais um pouco.
Sem Tempo Para Morrer ainda não saiu por conta da pandemia mas a canção foi agraciada com o prêmio que Lady Gaga havia ganhado duas vezes nos últimos dois anos, primeiro por Shallow e depois por I’ll Never Love Again, do hit Nasce Uma Estrela. É provável que Eilish siga os passos de Gaga e chegue até o Oscar com sua música, mas isso só poderá acontecer em 2022, quando, e se, o filme do James Bond estiver elegível.
Ainda competiam pelo Grammy de Best Song Written for Visual Media: Taylor Swift por Beautiful Ghosts, de Cats; a composição original de Dois Irmãos; e duas das indicadas ao careca dourado em 2020: Stand Up, que faz parte de Harriet, e Into the Unknown, carro-chefe de Frozen II. Billie não tinha muita competição aqui, visto que a maioria das canções não eram destaques dos filmes, além do lobby ao redor da marca Billie Eilish ser gigantesco e a Academia claramente adorar ela. – V.E.
Produtor do Ano, Não-Clássico: Andrew Watt
O que Break My Heart (Dua Lipa), Midnight Sky (Miley Cyrus), Ordinary Man (Ozzy Osbourne & Elton John) e Take What You Want (Post Malone, Ozzy Osbourne & Travis Scott) tem em comum? Todas têm pelo menos algum dedo da produção de Andrew Watt, que costuma assinar como watt. O estadunidense ganhou o gramofone de Producer Of The Year, Non-Classical pela qualidade de suas produções, criatividade e pela campanha realizada.
Outro favorito que saiu sem prêmio foi Jack Antonoff, que estava indicado por august, mirrorball e this is me trying (Taylor Swift); Gaslighter (The Chicks) e holy terrain (FKA twigs & Future). Aliás, horas depois Jack subiu no palco da premiação principal para receber sua estatueta como produtor do Álbum do Ano, após Swift vencer com folklore. Quem sabe ano que vem o queridinho das cantoras pop finalmente recebe o gramofone que merece? – J.B.
Melhor Vídeo Musical: Beyoncé, Blue Ivy e WizKid – BROWN SKIN GIRL
Na categoria em que a sétima arte encontra a música, os indicados do ano buscaram trazer inovação e espiritualidade para suas produções. E entre tantas obras de alta qualidade, a vencedora foi aquela que uniu o sentimento de pureza ao melhor que a música pode oferecer. Beyoncé, levou o prêmio de Best Music Video com BROWN SKIN GIRL, recebendo o seu segundo gramofone dourado nessa categoria, a qual já havia vencido em 2017 com Formation.
Apaixonante, poderosa e delicada, a obra da cantora se destacou em meio aos nomes masculinos que concorriam com ela. Entre eles Future e Drake com Life Is Good, e Woodkid com Goliath. Para a alegria de todos, a controversa premiação decidiu agraciar merecidamente o curta-metragem que explora o poder materno e deu a Blue Ivy o título de segunda pessoa mais jovem a vencer o Grammy, atrás apenas de Leah Peasall que conseguiu o feito com 7 anos de idade. Vale ressaltar ainda que o produtor Nathan Scherrer venceu ao lado da cantora, mas concorria por outros dois clipes na categoria, sendo eles Adore You de Harry Styles e Lockdown de Anderson .Paak. – A.L.F.
Melhor Filme Musical: Linda Ronstadt: The Sound of My Voice
Decepcionada, mas não surpresa. Como a Beyoncé não ganhou essa categoria com Black is King eu também não sei, mas conhecendo o Grammy e em especial a forma como ele trata a recordista Beyoncé, não é de se surpreender. A Academia até tentou se inteirar dos debates sociais e melhorar sua representatividade, mas perdeu feio uma das melhores oportunidades de premiar um trabalho grandioso em significado, beleza e relevância.
A obra-prima que exalta o continente africano enquanto berço da humanidade, recaindo sobre um dos assuntos de maior relevância na atualidade e coordenado pela artista que também é uma das de maior impacto perdeu para o documentário sobre a vida de Linda Ronstadt, grande nome do rock, country, blues e folk estadunidense que se aposentou em 2011. Concorriam também ZZ Top: That Little Ol’ Band From Texas, contando a história da banda de blues-rock ZZ Top, Beastie Boys Story, documentário dirigido por Spike Jonze que se debruça sobre memória do Beastie Boys, e We Are Freestyle Love Supreme, musical que relembra a origem do grupo de hip-hop fundado por Lin-Manuel Miranda.
Não quero discutir os méritos de The Sound of My Voice nem de qualquer outro indicado em Best Music Film porque cada um carrega sua importância e singularidade dentro de seu nicho. Prefiro usar o espaço para reforçar a importância de se apreciar Black is King, que carrega uma riqueza inestimável em cada canto da produção e transcende qualquer barreira de espaço, tempo, língua, gênero e cultura. – R.D.
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