O nome Fetch The Bolt Cutters é tirado diretamente de uma fala de Gillian Anderson na série The Fall (Foto: Epic Records)
Arthur Caires
Se a discografia de Fiona Apple sempre carregou nuances de raiva e angústia sobre a experiência de ser mulher, Fetch the Bolt Cutters (2020) surge como a obra em que ela finalmente rompe qualquer amarra que pudesse suavizar sua fúria. Neste álbum, a crueza e a violência emocional não são filtradas – são expostas sem reservas. A faixa-título evidencia exatamente esse espírito de libertação: “Pegue os alicates, estou aqui há muito tempo/Não importa o que aconteça”. Ou seja, arranque as barras dessa minha prisão e me deixe falar.
Mickey 17 é o primeiro filme de Bong Joon-Ho depois de vencer o Oscar (Foto: Warner Bros. Pictures)
Guilherme Moraes
Devido à greve dos atores e roteiristas, e da tentativa do estúdio de levar para o IMAX, Mickey 17 mudou a data de estreia várias vezes, inicialmente planejado para Janeiro, depois mudando para Abril e sendo lançado, antecipadamente, em Março. O longa finalmente chegou às telonas como o primeiro filme de Bong Joon-Ho após a histórica vitória de Parasitano Oscar de 2020. Assim como seu antecessor, o coreano manteve sua veia política, mas, desta vez, focado na eleição norte-americana entre Donald Trump e Kamala Harris. Contudo, em oposição à sua obra mais celebrada, este não consegue criticar o capitalismo de maneira produtiva, além de não sustentar a diversidade de temas, principalmente pela sua abordagem.
Robbie Williams fez sucesso no Brasil ao fazer parte da trilha sonora da novela Mulheres Apaixonadas em 2003 (Foto: Diamond Films)
Davi Marcelgo
A estreia de Rocketman (2019) trouxe frescor ao ‘mundinho’ de cinebiografias de Hollywood, lançado com poucos meses de diferença do trivial Bohemian Rhapsody(2018), o filme sobre Elton John apostou no lúdico dos musicais, em novos arranjos para músicas de sucesso e, sobretudo, deixou as canções invadirem os quadros para além dos palcos. Porém, a roda continuou a girar da mesma forma, já que a grande maioria do gênero ainda segue o roteiro sobre ascensão e queda dos artistas, assim como a fórmula dos hits serem cantados apenas em apresentações ou como música de fundo. Mas em Better Man – A História de Robbie Williams, um ‘macaquinho’ decidiu balançar o galho e os melhores frutos caíram dessa empreitada.
Na ideia original, os produtores tinham em mente o gênero comédia maluca, que era muito popular nos anos 1930, e adicionar performances musicais (Foto: Blue Sky Studios)
Marcela Jardim
Lançado em 2005, Robôs completa 20 anos ainda como um marco na animação digital, embora nem sempre seja lembrado dessa forma. O filme, dirigido por Chris Wedge e produzido pela Blue Sky Studios, se destaca por sua estética vibrante e um mundo inteiramente mecanizado, explorando temas como inovação, meritocracia e desigualdade social. A trama acompanha Rodney Lataria (Ewan McGregor), um jovem robô inventor que sai de sua cidade natal em busca de oportunidades, a fim de dar um futuro melhor para sua mãe amorosa e o pai adoecido. Porém, ele encontra uma realidade dominada pelo lucro e pela obsolescência programada. A crítica ao capitalismo desenfreado e à exclusão dos menos favorecidos é evidente, mas a narrativa, voltada ao público infantil, simplifica questões complexas.
Wonka marca o retorno dos musicais e da fantasia nas telonas (Foto: Warner Bros. Pictures)
Ludmila Henrique
O chocolate, dos sabores mais doces até os mais amargos que conhecemos, transitou por grandes mudanças até se tornar um símbolo gastronômico. Originário da Mesoamérica antiga, as civilizações latinoamericanas foram as primeiras a utilizarem o cacau de maneira medicinal e em rituais. Os Astecas acreditavam que o chocolate era um presente dos deuses, usufruindo de seus grãos como moeda de troca e também como uma bebida afrodisíaca. No entanto, os componentes ganham uma característica familiar após sua vinda à Europa, onde foi adocicado com açúcar e mel, garantindo um sabor mais aprazível. Em Wonka, longa dirigido por Paul King, somos apresentados à fantasia de um ‘chocolateiro’, que deseja mudar o mundo com um pedaço de cada vez.
As filmagens das corridas foram feitas em pistas reais com dublês de ação e carros cinematográficos (Foto: Netflix)
Livia Queiroz
Em Abril de 2024, um dia antes do marco de 30 anos da morte de Ayrton Senna, a Netflix divulgou um teaser oficial com um trecho da minissérie em homenagem ao piloto automobilístico, feita em parceria com a Senna Brands e a família do brasileiro. Após seis meses, a plataforma de streaming postou otrailer, para anunciar que a produção, dirigida por Julia Rezende e Vicente Amorim, seria lançada em Novembro. O Brasil esperou, com muita expectativa, pela oportunidade de voltar no tempo para reviver a era de esperança, carinho e vitórias dentro da Fórmula 1.
A capa do álbum foi pensada para representar um ambiente comum não só da vida de Benito Antonio Martínez mas também de toda a comunidade latina (Foto: Rimas Entertainment LLC.)
Livia Queiroz
Após pouco mais de um ano do seu último lançamento, nadie sabe lo que va a pasar mañana (2023), Bad Bunny volta ao tradicional ritmo musical latino: o reggaeton. O som dançante teve início em Porto Rico, país de nascimento do cantor e, portanto, pilar fundamental de sua criação e desenvolvimento. Entretanto, desde o começo de sua carreira, ele teve uma relação conturbada com o estilo musical, criando seus álbuns, muitas vezes, com base norap norte-americano e nohip-hop.
Nesse sentido, foi uma grande surpresa quando em seu novo trabalho, DeBÍ TiRAR MáS FOToS (2025), Benito Antonio Martínez voltou ás suas origens, juntando reggaeton, salsa, plena, cantores latinos em ascensão,samples, críticas sociais e histórias de sua vida traduzidas em canções. O disco inicia de forma animada, com várias referências, descrevendo a diversidade na cidade de Nova Iorque e suas infinitas possibilidades de viver por lá com a música NUEVAYoL, que constituí sonoras de Un Verano en Nueva York porEl Gran Combo de Puerto Rico e a entrevista de Felix Trinidad depois de sua luta contra Oscar De La Hoya, em 1999.
Na capa de So Close To What, Tate McRae está que nem a Billie Eilish na frente do espelho (Foto: RCA Records)
Arthur Caires
Em 2023, Tate McRae lançou THINK LATER, seu segundo álbum de estúdio. Na faixa cut my hair, ela canta: “ser uma garota triste ficou um pouco chato”. Mais do que uma declaração sobre sua própria evolução artística, esse verso reflete o momento atual do pop. Nos últimos anos, o gênero foi dominado por composições confessionais e melancólicas, com artistas como Taylor Swift, Olivia Rodrigo, Billie Eilish e Phoebe Bridgers no centro da cena. Mas, essa atmosfera introspectiva acabou criando uma saturação, despertando no público o desejo por algo mais leve, enérgico e dançante.
Essa guinada ficou evidente em 2024, com o crescimento de nomes como Charli XCX, Sabrina Carpenter e Chappell Roan, que trouxeram frescor ao pop sem abandonar a conexão emocional com suas letras. Assim como essas artistas, Tate McRae entendeu que o zeitgeist precisa de diversão e é isso que ela entrega no seu terceiro disco, So Close To What.
O filme arrecadou mais de US$ 414 milhões mundialmente, tornando-se o maior sucesso comercial de Vaughn até o ano de 2014 (Foto: 20th Century Studios)
Marcela Jardim
Lançado em 2015, Kingsman: Serviço Secreto trouxe um novo fôlego para os filmes de espionagem ao combinar ação estilizada, humor ácido e uma estética sofisticada. Dirigido por Matthew Vaughn, o longa subverteu clichês do gênero ao transformar um jovem marginalizado em um agente de elite, sob a tutela do carismático Harry Hart (Colin Firth). Inspirado na HQ The Secret Service, de Mark Millar, a obra se destacou pela violência coreografada e pelo tom irreverente, equilibrando homenagens aos clássicos de James Bond com uma abordagem moderna e exagerada. O roteiro dinâmico e repleto de reviravoltas, aliado às atuações cativantes, fizeram do longa uma experiência única, misturando o charme britânico com sequências de ação eletrizantes.
Os traumas e as novas facetas de Jinx são exploradas na segunda e última temporada de Arcane (Foto: Netflix)
Por Isabela Pitta
O abandono e o luto são inerentes ao ser humano. Em períodos de guerra, a chuva cai sobre todos, o sofrimento é uníssono, porém, a maneira de lidar com a dor da perda diverge. A segunda e última temporada de Arcane, que estreou em Novembro de 2024, mergulha de cabeça na psique de cada personagem que enfrenta a desesperança coletiva de um mundo dilacerado pela cobiça terrena. As consequências de uma escolha ou de um posicionamento são tema da produção da Riot Games, em associação com o estúdio francês de animação Fortiche, desde o primeiro ano, em 2021.