A melancolia e a esperança em Circles, de Mac Miller, completam cinco anos

Capa do álbum "Circles", do cantor Mac Miller. São duas fotos sobrepostas, criando um efeito de movimento. Nas duas, o rapper aparece ao centro, usando uma blusa de frio preta, com a mão na cabeça. Em uma das fotos, Mac está de olhos fechados e com a cabeça tombada para o lado direito; na outra, com a cabeça parada ao centro e olhos abertos.
Circles, primeiro álbum póstumo de Mac Miller, completa 5 anos (Foto: Warner Records)

Ana Beatriz Zamai

O primeiro dos, até o momento, quatro álbuns póstumos de Mac Miller, foi lançado cinco anos atrás. Circles foi gravado em 2018, mesmo ano de lançamento de Swimming, quinto álbum do estúdio de Mac, e após a morte do rapper.  Contudo só foi divulgado em janeiro de 2020, quando a família pediu para o produtor Jon Brion finalizar a obra. Se destacando como um dos poucos rappers brancos – e bons – desse meio, Miller se afasta um pouco do rap para se misturar com o R&B.

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The Weeknd tenta a redenção audiovisual em Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes, mas escorrega em um roteiro no escuro

Aviso: O texto contém spoilers

A imagem mostra o artista musical Abel Tesfaye (The Weeknd) com uma expressão aflita, em meio a partículas de chamas e faíscas em um cenário escuro.
O filme foi lançado no Brasil em 15 de maio de 2025 (Foto: Lionsgate Films)

Eduardo Dragoneti

Após sua atuação amplamente criticada na série The Idol, da HBO Max, o multiartista Abel Tesfaye (The Weeknd) volta a se arriscar no mundo audiovisual e protagoniza  seu primeiro longa-metragem: Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes. Contracenando com nomes de peso como Jenna Ortega e Barry Keoghan, o filme parece buscar redenção para a imagem audiovisual do cantor. No entanto, o que se desenha é um desastre narrativo embalado por trilhas de seu último álbum homônimo.

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How Big, How Blue, How Beautiful: Há 10 anos, Florence Welch mergulhava em sua linda e triste imensidão

Capa de How Big, How Blue, How Beautiful. Nela vemos Florence Welch, uma mulher branca de cabelos ruivos. Ela veste uma camisa preta de manga comprida. Ela está arcada para frente com o ombro esquerdo um pouco abaixo da linha do direito. Sua mão direita está levantada, fazendo com que seu dedo direito apoie levemente seu queixo enquanto ele olha fixamente para frente. A foto está em preto e branco.
Terceiro álbum do grupo traz a versão mais pés no chão (mas não menos megalomaníaca) de sua frontwoman [Foto: Island Records]
Guilherme Veiga

Florence Welch sabe enganar muito bem. Quem ouve sua voz angelical ou já a escutou seus trabalhos anteriores, como Lungs e Ceremonials, de relance nem imagina que a frontwoman do Florence + The Machine reivindica todas as desgraças sentimentais existentes para si. A princípio pode até soar prepotente e egoísta uma pessoa achar que só ela detém de todo o sentimentalismo do mundo, mas é justamente na ignorância de que nenhuma experiência é única que How Big, How Blue, How Beautiful se torna tão singular.

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Em Sincerely, Kali Uchis expõe suas vulnerabilidades com lirismo denso, mas não foge da estética habitual

Na capa do álbum, Kali Uchis, mulher latina de 30 anos, aparece deitada sobre uma superfície rosa e brilhante que se assemelha a uma flor. Ela usa uma lingerie de cetim e sapatos que lembram sapatilhas de bailarina. Está com o cabelo solto. Ao fundo, uma tela exibe uma versão ampliada de sua expressão facial no momento da foto, como um reflexo projetado.
“Sincerely”, álbum lançado dia 9 de maio de 2025 (Foto: Capitol Records)

Talita Mutti

Uma garota que, aos 17 anos, foi expulsa de casa pode não ter muitas perspectivas de um futuro de sucesso. Afinal, viver sem a família, dormindo no banco de trás de um carro, não parece uma situação propícia para formar um gênio da música. No entanto, para quem sonha e entende seu propósito no mundo, isso pode ser apenas mais um obstáculo da vida. Se Kali Uchis, aos 23 anos, disse em Isolation, álbum lançado em 2018, que precisamos ser nossos próprios heróis e esperar o sol nascer depois da tempestade, hoje, aos 30, com uma carreira consolidada e sua própria família formada, ela prova que as flores cresceram em Sincerely, lançado em 9 de maio de 2025. Continue lendo “Em Sincerely, Kali Uchis expõe suas vulnerabilidades com lirismo denso, mas não foge da estética habitual”

Rua do Medo: Rainha do Baile faz pastiche de clássicos, mas sem replicar os motivos da honraria

Cena do filme Rua do Medo: Rainha do Baile Na imagem, o assassino do filme encara alguém para matar. Ele segura um machado com cabo de madeira, que está sujo de sangue na lâmina. O personagem usa uma capa de chuva vermelha e uma máscara dourada semelhante à do teatro grego.
Nova história acontece após os eventos do segundo filme da franquia (Foto: Netflix)

Davi Marcelgo 

O avassalador sucesso da trilogia Rua do Medo, em 2021, resultou na aposta de um quarto filme para a franquia: Rua do Medo: Rainha do Baile, dirigido por Matt Palmer. Inspirado em uma série de livros infantojuvenis de mesmo nome, a história em três partes concebida por Leigh Janiak era assumidamente uma homenagem ao slasher e ao folk à la A24. Ainda que as três obras tenham caído no gosto do público, nunca foram exemplares de uma boa reprodução dos códigos dos subgêneros que se inspira e esse lançamento da Netflix segue pelo mesmo caminho.  Continue lendo “Rua do Medo: Rainha do Baile faz pastiche de clássicos, mas sem replicar os motivos da honraria”

25 anos de Gladiador: Quando o Cinema reviveu Roma e nos lembrou que até impérios podem sangrar

Cena do filme Gladiador.Na imagem, o personagem Maximus aparece de costas, do lado direito da imagem, caminhando pelos campos dourados em direção à sua família, que o aguarda ao fundo da imagem. Ele veste sua armadura de gladiador e está nos Campos Elíseos, representando sua passagem para o pós-vida. Máximus é um homem adulto, de pele branca e cabelos pretos.
“O que fazemos em vida ecoa na eternidade” (Foto: Paramount Pictures)

Marcos Henrique

Sabe quando tomamos uma decisão que, à primeira vista, parecia extremamente difícil, mas que, depois de feita, começa a se mostrar a escolha óbvia e certa? Essa é a história de Ridley Scott com o roteiro de Gladiador (2000), filme que marcou a virada do século com o retorno do gênero épico aos cinemas e nos apresentou a poética e grandiosa jornada de Maximus Decimus Meridius (Russell Crowe). Continue lendo “25 anos de Gladiador: Quando o Cinema reviveu Roma e nos lembrou que até impérios podem sangrar”

Para santificar Ethan Hunt, Missão: Impossível – O Acerto Final renega a singularidade da franquia

Aviso: O texto contém alguns spoilers

Cena do filme Missão: Impossível - O Acerto FinalNa imagem, Ethan Hunt está debaixo d’água em posição fetal enquanto é carregado pelas águas. A superfície está congelada e o personagem está quase encostado no gelo. A imagem é fotografada com o ângulo invertido: a superfície do mar está no canto esquerdo, como uma parede. Ethan Hunt ao centro, enquanto o lado direito é a água em tons escuros. Ele é um homem na faixa dos 60 anos, de pele clara e cabelos escuros. Está sem roupa e apenas usa uma sunga.
Oitavo filme da franquia foi exibido no Festival de Cannes 2025 (Foto: Paramount Pictures)

Davi Marcelgo

Depois de Christopher McQuarrie conceber o melhor filme da franquia, o cineasta trava a impossível missão do novo superar o antecessor. Tarefa que o faz aderir à rebeldia: não por incapacidade, mas por opção. Missão: Impossível – O Acerto Final conclui o embate entre Ethan Hunt (Tom Cruise) e a Entidade, renunciando as convenções da saga e investindo na crença que o público possui no Cinema. Na trama, o agente e sua equipe precisam reunir as forças remanescentes para impedir que a Entidade destrua o mundo ou obrigue as principais nações nucleares a fazê-lo.  Continue lendo “Para santificar Ethan Hunt, Missão: Impossível – O Acerto Final renega a singularidade da franquia”

JPEGMAFIA e Flume mergulham na experimentação musical e flertam com o delírio em We Live In A Society

Aperto de mão entre duas pessoas, uma de pele preta e outra de pele branca, com fundo branco.
“We Live In A Society”, lançado dia 2 de maio (Foto: Flume)

Talita Mutti

O processo de construção de um projeto musical pode levar tempo e exigir muito estudo, principalmente quando se trata de um álbum que precisa carregar um conceito e coerência entre as faixas. Em um EP (Extended Play), há apenas a junção de algumas músicas que não necessariamente seguem um sentido conceitual, mas que apresentam um novo estilo ou funcionam como um teste fora do habitual do artista. JPEGMAFIA e Flume parecem ter brincado um pouco com essa definição em ”We Live In A Society”, lançado em maio de 2025. Os dois já haviam colaborado anteriormente em “How To Build A Relationship, para uma das faixas da mixtape Hi This Is Flume. Mas, desta vez, encontramos uma curta sessão musical entre dois artistas que pode ser proveitosa, peculiar e altamente experimental.

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Thunderbolts* busca a morte do cinema de herói, mas a Marvel não aceita

Aviso: O texto contém alguns spoilers

O cenário é um elevador, com cinco personagens enquadrados. À esquerda está o Guardião Vermelho, ele está usando o uniforme e o capacete vermelho. Logo atrás dele está Fantasma usando roupas pretas, e com o rosto descoberto. Seu cabelo está caindo na altura dos ombros. Ao seu lado direito está o Soldado Invernal com um rosto sério, cabelo repartido e usando roupas pretas. Ao seu lado está o Agente Americano, ele está com seu uniforme azul, com partes em branco e vermelho em referência à bandeira dos Estados Unidos. Ele usa uma máscara, também azul. A sua frente, do lado direito da tela está Yelena, com seu cabelo loiro repartido e seu uniforme acinzentado.
Os Thunderbolts são os novos Vingadores (Foto: Marvel)

Guilherme Moraes

Próximo ao novo filme dos Vingadores, o grupo de anti-heróis, liderados por Yelena (Florence Pugh), chega para suprir a ausência de figuras marcantes do UCM (Universo Cinematográfico Marvel), como a Viúva Negra, o Homem de Ferro, o Capitão América, entre outros. Contudo, surpreendentemente, o longa não se conforma em ser apenas uma peça que alimenta a cultura do hype, ele, ao menos, busca ser uma obra audiovisual, com ideias e que pensa em sua forma. Nesse sentido, Thunderbolts* intriga ao propor a morte do cinema de heróis, porém, é boicotado pela própria Marvel.

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20 anos atrás Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith aceitava a inevitabilidade da tragédia

O cenário é de uma sala futurista. Anakin está ao centro, ele está de lado, mas olhando para a câmera. Ele usa um capuz marrom escuro que cobre parte de seu rosto. Seus olhos estão amarelos e demonstram ódio.
Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith voltou aos cinemas em comemoração ao seu aniversário de 20 anos (Foto: LucasFilm)

Guilherme Moraes

Depois da trilogia original, a volta de Star Wars nos anos 2000 causou grande alvoroço. Eram muitas expectativas para a história de origem de Darth Vader, que, na época, não foram atendidas (ainda que o último capítulo tenha sido poupado). A mudança de tom pode explicar tal aversão a trilogia prequel. Se a original conservava um espírito aventuresco, esta foi tomada por uma dramaticidade muito teatral. Contudo, 20 anos depois, a trajetória de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) e, principalmente, Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith está sendo revisitada e entendida como é: um grande conto sobre destino e tragédia greco-romana.

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