Ao fim de Chegamos Sozinhos em Casa, Tuyo encontra lar no outro

Texto alternativo: Capa do CD “Chegamos Sozinhos em Casa”, da banda Tuyo. Fotografia quadrada e colorida. Nela, vemos três pessoas em frente a um grande rancho, com telhados marrom e pintura branca. O céu é limpo e azul, e eles se apresentam em pé, num gramado verde-escuro. Os três olham para a câmera, com um semblante sério. Primeiro, à esquerda, está Jean. Um homem negro, de barba cheia, com cabelos crespos da cor preta, raspados nas laterais e com um grande volume no topo, que se divide em dois. Ele veste um sobretudo azul escuro, uma camiseta branca, uma calça azul-escuro e tênis brancos. Ao seu lado, no centro, está Lay. Uma mulher negra, de cabelos crespos raspados e tingidos em loiro. Ela veste uma espécie de quimono azul-escuro, com grandes ombreiras nos braços, e com uma saia que se estende apenas até as coxas. Além disso, ela também veste meias de cano longo brancas e tênis brancos. Por fim, ao lado direito, está Lio. Uma mulher negra, de cabelos crespos volumosos da cor preta. Ela veste um grande vestido azul-escuro de mangas longas, que se estende até seus pés, e que se divide no meio em botões fechados. Nos pés, ela também usa tênis brancos.
Depois dos magnânimos Pra Doer (2017) e Pra Curar (2018), Tuyo retorna com um projeto extraordinário, cuja ousadia foi contemplada por uma indicação ao Grammy Latino de 2021 [Foto: Tuyo]
Enrico Souto

Não há medo mais apavorante do que o da solidão. Construímos nosso entendimento de mundo baseado em nossas conexões afetivas e, logo com a chegada da vida adulta, nos deparamos com a instância de trilhar um caminho tortuoso por conta própria. Nesse temor pelo desconhecido e por não pertencer, Machado, Lay e Lio – ou Tuyo, como os conhecemos juntos – encheram sua casa de gente, para não se sentirem sozinhos. Diante disso, Chegamos Sozinhos em Casa, o novo projeto artístico da banda, imerge na psique de seus integrantes, explorando o instante em que essas pessoas voltam para onde vieram, ou criam seus novos espaços, e o que sobra da gente quando, enfim, estamos sós. 

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10 anos de Up All Night: tinha que ser você para o começo do One Direction

Capa do álbum Up All Night, do One Direction. A foto é quadrada, com uma borda branca e possui um aspecto amarelado. No canto superior esquerdo, está um adesivo vermelho escrito 1D em branco, com uma listra branca em cima e outra embaixo. Na parte superior, está escrito One Direction em letras pretas e maiúsculas. Abaixo, em tamanho menor, está escrito Up All Night em letras maiúsculas e pretas. Ocupando o centro da imagem, estão Harry, Zayn, Liam, Louis  e Niall, da esquerda para a direita. Harry é um homem de olhos claros e cabelos cacheados curtos. Ele veste uma camisa listrada branca e amarela e uma calça jeans bege. Ele está sorrindo e possui duas covinhas. Os dois braços estão à frente do corpo. Zayn é um homem com traços árabes, possui olhos e cabelos escuros, com corte estilo topete. Ele veste uma camisa azul piscina e uma calça bege. Zayn está sorrindo, com a língua entre os dentes e abraça Harry na cintura com o braço direito. Liam é um homem de cabelos castanhos claros e curtos ondulados. Ele veste uma camisa de moletom bege. Liam abraça Louis, que está em sua frente, com a mão direita no peito de Louis e também apoia a mão esquerda no ombro de Niall, ao seu lado. Louis é um homem de cabelos castanhos lisos. Ele veste uma camisa branca, uma calça bege e uma jaqueta jeans. Louis está levemente abaixado, sorrindo, sendo segurado por Niall e Liam. Niall é um homem de cabelos loiros curtos. Ele veste uma camisa branca, um moletom azul claro e uma calça jeans. O dia na foto está ensolarado e possui matas pequenas atrás dos integrantes. 
“Palavras serão apenas palavras,/Até que você as traga para a vida” (Foto: Simco Limited/Sony Music Entertainment UK)

Ana Laura Ferreira e Júlia Paes de Arruda

Pegue qualquer lista de maiores hits da década de 2010 e é certo que terá um salpicado aqui e ali de uma banda britânica muito famosa. Se você não conhece o One Direction por nome, tenho certeza que pelo menos já escutou uma vez na vida o maior single dos cantores europeus, What Makes You Beautiful. Parece que foi ontem, mas o primeiro álbum do grupo, Up All Night, já está completando 10 anos de história e de recordes. Para além dos diversos caminhos tomados por seus cinco integrantes, nada poderia ser mais nostálgico do que o início de tudo.

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O All Stars 6 lubrifica uma franquia enferrujada

Cena do reality show All Stars 6, mostra uma mulher branca, vestindo uma vestido metalizado em roxo, com peruca rosa, segurando um cetro com as mãos.
Kylie Sonique Love é a grande vencedora do All Stars 6 (Foto: Paramount+)

Vitor Evangelista

De cara, não tem como mentir: escrever sobre RuPaul’s Drag Race é uma tarefa e tanto. Afinal, são horas e horas de episódios extensos, sem contar o Untucked e seus bastidores, os programas de recapitulação (oficiais e não-oficiais) e, é claro, a internet. As drag queens presentes nas temporadas são pessoas de verdade, tem dramas, conquistas e presença forte no mundo real, sempre expandindo a narrativa do programa para além dos televisores. 2021 se empanturrou da Corrida das Loucas e, depois de viajar da Espanha à Oceania, Mama Ru olha para as segundas chances dentro da América, no sensacional All Stars 6.

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Love For Sale põe à venda os amores mais fraternos

Cena das sessões de gravação do álbum Love For Sale. Fotografia retangular. Ao fundo, vemos um estúdio musical. No canto direito da imagem, observamos a dupla Lady Gaga e Tony Bennett. Lady Gaga é uma mulher branca, de cabelos loiros, está em pé, com um vestido bege, segurando uma bolsa e olhando para Tony. Tony Bennett, por sua vez, é um homem idoso, está sentado e retribuindo o olhar de Gaga. Ele aparece de perfil, mostrando poucos traços do rosto.
No último álbum da carreira, Tony Bennett vê sua trajetória artística ser devidamente honrada por Lady Gaga (Foto: Kelsey Bennett)

Eduardo Rota Hilário

Esqueça os mais de dez anos revolucionários da carreira de Lady Gaga. Isso mesmo, esqueça. Ou pelo menos não se apegue a eles. Hoje, nós vamos falar de tradição: o jeito mais Gaga de ser tradicional possível. Não, a Mother Monster não abandonou o pop. Mas Love For Sale (2021), seu novo álbum ao lado da lenda do jazz Tony Bennett, segue um estilo bastante clássico do início ao fim. Longe de arquitetar revoluções, o segundo disco conjunto da dupla ainda assim é capaz de inovar a discografia da cantora. E por ter a intenção de ser um tributo ao compositor norte-americano Cole Porter, é um pouco injusto classificá-lo como caxias. Afinal, ele cumpre muito bem seu papel, destacando-se por cargas emotivas e preciosidades vocais.             

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Only Murders in the Building: a série da Selena Gomez é um bom podcast

Imagem da série Only Murders in the Building. Na imagem, da esquerda para direita, uma mulher branca, de cabelos pretos presos em rabo, usa um casaco de pelo marrom, com uma blusa amarela; ao meio, um homem branco, de cabelos curtos grisalhos usa um casaco preto; e por fim, um homem branco, usa um chapéu e óculos pretos, assim como um casaco preto. Os três estão com expressões assustadas e ao fundo vemos uma porta.
A aposta da Hulu em true crimes populares do Spotify é boa, mas nada revolucionária para a Televisão (Foto: Hulu)

Larissa Vieira

Embarcando na modinha de podcasts true crime e a popularização ainda maior de casos criminais, a Hulu decidiu trazer essa aposta para o streaming com Only Murders in the Building (ou, como popularmente ficou conhecida, a série da Selena Gomez). Na contramão, ao invés de escalar um grupo de cinco atores adultos interpretando adolescentes do high school dos Estados Unidos – como a conturbada Pretty Little Liars e a perdida Riverdale – a produção traz de volta três renomados (e nostálgicos) nomes da Televisão norte-americana: a dupla dinâmica, Martin Short e Steve Martin, e Selena Gomez (afinal, para a década de 2020 até o nome da cantora se tornou nostálgico na TV).

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Deus Salve a Rainha: os 5 glamourosos anos de The Crown

Cena da série The Crown. É uma imagem com as bordas escura e bem iluminada ao centro para destacar, em plano médio, a personagem principal: Elizabeth II, uma mulher branca, magra, de cabelos castanhos presos para trás em um penteado baixo com uma grande coroa acima, prateada e composta de cristais. Ela tem grandes olhos azuis e está em pé andando para a esquerda, olhando para a direita e sorrindo sem mostrar os dentes. Ela veste um vestido de tecido brilhante branco e prata, com um pequeno detalhe aparente de tecido azul turquesa na saia e um pedaço de um detalhe em prata na cintura do vestido. Ela cruza os braços na direção da cintura para enrolar um estola de pelos braços pela parte superior do corpo, que cobre toda a frente da roupa e deixa apenas um pequeno pedaço dos ombros e do colo à mostra. Ela usa luvas brancas que cobrem até acima dos cotovelos, já no braço esquerdo, carrega uma pequena bolsa branca, em seu pescoço há um grande colocar brilhante com pérolas e nas orelhas, há brincos compridos e brilhantes. Atrás dela e levemente ao fundo, do lado direito da imagem e levemente desfocado está Philip, um homem branco, magro e alto, de cabelos loiro médio, ele se encontra na mesma posição de corpo que ela, ele veste um smoking preto, com um lenço branco no bolso, e por baixo uma camisa branca com uma gravata borboleta da mesma tonalidade, ele aparenta estar com os braços atrás do corpo. Ao fundo atrás da personagem há dois grandes pilares cor de areia, e em frente a eles, à esquerda da imagem, há um pequeno grupo de pessoas, da esquerda para a direita: uma mulher branca, magra, de cabelos castanhos com um lenço cor de areia escuro cobrindo-os, deixando apenas o topo aparente, ela usa batom vermelho e veste um sobretudo marrom de estampa xadrez, ela sorri sem mostrar os dentes e aplaude. Um pouco atrás dela há um homem alto, branco de cabelos loiro escuro, usa um terno preto com uma camisa branca e uma gravata bege clara, só é possível ver a a parte superior do corpo acima da cintura; em frente a ele há um homem um pouco mais baixo, branco, de cabelos pretos e sobrancelhas grossas, ele veste um sobretudo cinza azulado e na cabeça usa uma boina da mesma cor, embaixo do sobretudo, veste uma camada um pouco mais escura acima de uma blusa branca, as duas mãos estão juntas em frente ao corpo. Atrás de Elizabeth é possível ver apenas o rosto de um homem branco de cabelos castanhos que olha em sua direção, assim como todos os figurantes. Ao fundo à esquerda há mais algumas pessoas não distinguíveis e a direita um prédio pouco iluminado com paredes cinzas, janelas grandes e de pelo menos dois andares.
“O país precisa ser liderado por alguém forte” (Foto: Netflix)

Júlia Caroline Fonte

Há 5 anos, os portões do Buckingham Palace foram abertos ao público, revelando os segredos obscuros e os dramas da família real britânica, como também nos aproximando de uma das figuras mais conhecidas da história. The Crown, série criada por Peter Morgan, que, de início, não tinha tanta aclamação e atenção do público, logo tornou-se um sucesso e, prestes a lançar sua quinta temporada, a série da Netflix conta com o maior orçamento da plataforma, a altura de suas personagens e de sua luxuosa produção. 

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Cineclube Persona – Outubro de 2021

Destaques de Outubro de 2021: Maid, Cenas de um Casamento, 2ª temporada de Ted Lasso e Duna (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Nathália Mendes)

Outubro é o mês mais amado pelo Persona. Cheios do espírito macabro do Halloween, agitamos nossas produções com o Mês do Horror e cobrimos com afinco a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Como comentar sobre tudo isso ainda é pouco, nós também demos vida ao Clube do Livro e as indicações da Estante do Persona. Para fechar nosso mês favorito com chave de ouro, chegamos para comentar as novidades da TV e do Cinema no Cineclube de Outubro.

Foram 31 dias recheados de lançamentos esperados. Começando com sequências do Terror para honrar o mês, Halloween Kills: O Terror Continua tenta dar sentido para as matanças de Michael Myers, mas garante a continuação da franquia graças aos atos horrendos do protagonista. Quem também voltou pela Paramount+ foi Atividade Paranormal 7, com traços da história original e inovando sua narrativa. Já a aposta da Netflix, Tem Alguém Na Sua Casa, degringolou como mais uma trama conhecida de jovens tentando descobrir a identidade do assassino. 

Ainda para os amantes do gênero slasher, o remake de Slumber Party Massacre acabou com os problemas do filme original e expandiu com irreverência a sua trama clássica dos anos 80. Com o mesmo sucesso, American Horror Story: Double Feature gastou tempo dividindo a décima temporada em duas histórias distintas, e foi destaque ao conquistar a aprovação total da crítica na primeira delas.

Enquanto isso, o Amazon Prime Video investiu mais na antologia de terror Welcome to the Blumhouse e trouxe ao mundo O Bingo Macabro e A Mansão, que deixaram os sustos de lado para trabalhar a relação entre a trama e seus personagens. Outro longa entre os lançamentos é Madres, Mães de Ninguém, com sua narrativa dramática e inspirada em fatos reais. O longa de Ryan Zagoga captura os horrores dos imigrantes mexicanos recém-chegados aos Estados Unidos, por isso merecia um desenvolvimento como drama dedicado.

Sucessos da Netflix, Você e Maid, também partilham dessa pegada dos terrores da realidade com protagonistas femininas arrebatadoras. A terceira temporada de Você amadureceu seus conflitos e mostrou como psicopatas brincam de casinha, enquanto a estreia de Maid causou exaustão emocional pela sua trama complexa que fala de pobreza, trauma e agressão.

Outras queridinhas da plataforma tudum que lançaram novas temporadas foram Sintonia e On My Block. Coproduzida pelo KondZilla, Sintonia segue na sua caminhada em mostrar como o poder funciona dentro das favelas brasileiras. Por outro lado, o quarteto do subúrbio de Los Angeles se despediu com fraqueza, pois a última temporada de On My Block empobreceu os desfechos de seus personagens.

  Para os fãs de Round 6, My Name é a nova produção sul-coreana de grande destaque. Além da performance de Han So-hee como protagonista, a narrativa equilibrou ação e sensibilidade estando entre uma organização criminosa e a polícia. Os Muitos Santos de Newark também trabalhou a temática de organizações poderosas ao contar a vida de Tony Soprano antes de ser chefe da máfia italiana. No entanto, nenhuma das produções acima  fez tanto sucesso quanto a primeira temporada de Only Murders in the Building na mistura perfeita de um elenco brilhante, humor e mistério.

No gênero de Ação, o grandioso 007 – Sem Tempo Para Morrer era o mais esperado. Depois dos 15 anos de Daniel Craig e seu James Bond, a aposentadoria chegou em um filme empolgante, emotivo e explosivo que fez jus à saga. Duna também deu o que falar com Zendaya, Timothée Chalamet e Oscar Isaac no elenco. Baseado no livro homônimo de Frank Herbert, o longa exibiu a disputa de poder no universo intergalático à altura da obra. E como não poderia faltar a parceria Marvel e Sony, Venom: Tempo de Carnificina foi um recorde nas bilheterias brasileiras. Com Tom Hardy protagonizando o segundo filme ao lado de seu amigo alienígena, Venom 2 ficou entre ser engraçado e superficial.

As expectativas foram grandes na TV para a segunda temporada do premiado Ted Lasso. Seus episódios mais longos investiram ainda mais nos seus personagens, conseguindo marcar outros 3 pontos e ter um segundo volume ainda mais fenomenal. Quem também encantou foi a sitcom Pretty Smart e sua vibe Disney Channel em 2010, contando com a protagonização de Emily Osment – a nossa Lily de Hannah Montana. Com a mesma expectativa, The Walking Dead acendeu a chama da saudade no coração dos fãs de zumbis na primeira parte da sua temporada final.

Caminhando na contramão, a animação Injustiça: Deuses Entre Nós não foi digna dos Maiores Heróis da Terra da DC Comics. No Showtime, The L Word: Generation Q retoma The L Word depois de dez anos mas também segue presa ao passado, e mesmo com sua satisfatória repaginada, não retrata a vida da comunidade LGBTQIA+ nos dias de hoje.

E falando de vida real, Diana: O Musical estreou na Netflix mostrando o carisma e inteligência de Lady Di, mas esqueceu do drama necessário para falar de uma das maiores figuras do século XX. Já a coprodução entre Brasil e EUA do HBO Max, O Hóspede Americano, veio com um gosto amargo para contar a Expedição Científica Rondon-Roosevelt. Dando mais ênfase ao lado yankee, a minissérie lembrou a perda dos registros históricos brasileiros no incêndio do Museu Nacional de 2018.

Tentando alegrar nosso espírito, What We Do in the Shadows volta com qualidade para a sua terceira temporada cheia de humor, terror e vampiros malucos. No entanto, se nos confortamos com a comédia da FX, Cenas de um Casamento veio para quebrar de vez nossos corações. Terminando ao som de Chico Buarque, a produção original da HBO é uma obra-prima que mostra um casamento fracassado da forma mais complexa possível. 

Enfim, todos esses lançamentos não aliviam a perda de Gilberto Braga para a TV brasileira no mês de outubro. De Escrava Isaura à Babilônia, o talento do escritor deixou um leque de novelas e memórias nas pessoas de todo o país. Uma dedicatória ao legado do dramaturgo e muito mais sobre o que rolou no Cinema e na TV você confere no Cineclube de Outubro de 2021, sob a curadoria da Editoria do Persona e de seus Colaboradores. E deixamos aqui a pergunta mais importante que permeia a memória de um noveleiro digno: Quem matou Odete Roitman?

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Eternos desvirgina a Marvel

Cena do fime Eternos, mostra Thena, personagem de Angelina Jolie, olhando para baixo. Ela é branca, loira e usa uma espécie de tiara dourada na testa. O fundo é verde-água.
Dirigido pela vencedora do Oscar Chloé Zhao, Eternos é um prato cheio para os famintos por mudanças no mundinho dos heróis (Foto: Marvel Studios)

Vitor Evangelista

O conceito de virgindade é cultural, mas se tem uma coisa que o épico bíblico Eternos faz é deflorar o Marvel Studios. Recheado de barreiras quebradas, a aventura comandada pelas mãos de ouro de Chloé Zhao não apenas ruma as investidas do Universo Cinematográfico para longe do sanduíche dos Vingadores, como também vai de encontro a uma leitura muito mais interessante desses heróis em roupas de látex. Ainda por cima com mais de dez anos de histórias nas costas e a exaustão da fórmula pipoca das narrativas.

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Nota Musical – Outubro de 2021

Destaques do mês de outubro: Gloria Groove, Jão, Ed Sheeran e Alice Caymmi(Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara/Texto de abertura: Raquel Dutra)

O mês de outubro foi o mais agitado de 2021 aqui no Persona. Iniciado com o especial para o Mês do Horror e intermediado pela cobertura intensa da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, os últimos 31 dias também viram o nascimento do nosso Clube do Livro, que aqui no site se materializou na Estante do Persona, nosso novo quadro mensal literário. Entre todas essas atividades, não deixamos de acompanhar o mundo da Música, e agora, chegamos para comentar tudo o que rolou no décimo mês do ano no Nota Musical.

Tudo começou com um misterioso número 30 surgindo nas principais cidades do mundo. Como um bat-sinal, Adele criou um momento no início de outubro para a divulgação de seu retorno, que acontece depois de seis silenciosos anos que sucederam seu último disco, 25. Agora, seremos apresentados aos 30 da artista, e o single Easy On Me foi mestre em nos introduzir ao novo estágio da vida de Adele, que encontrará seu lugar no mundo em forma de disco no próximo dia 19 de novembro.

Enquanto Adele ressurgia com os seus números, Ed Sheeran retornava com os seus sinais. Como anunciado pelas variáveis e constantes de Bad Habits e Shivers, o novo disco do cara mais legal do pop chegou para continuar sua concepção musical pautada na matemática. Agora, +, × e ÷ tem a companhia de =, e para o bem ou para o mal, a música de Ed é assumidamente definida pelo símbolo de igual. 

Por outro lado, as sábias operações musicais de Lady Gaga e Tony Bennett decidiram apostar tudo num jazz que coloca o amor à venda. Da mesma forma, Hans Zimmer, por sua vez, concluiu na trilha do novo 007 que não temos tempo para morrer, The War on Drugs percebeu que precisa de um novo lugar no indie rock, e Brandi Carlile criou sua aclamada música country a partir de dias silenciosos.

Há também os que buscam a maior abstração possível. É assim com Coldplay e seu novo disco Music of the Spheres, que inventa de buscar outras formas de vida e de expressão distanciando-se do que nos conecta uns aos outros aqui na Terra. Mas nem tudo está perdido: as viagens atmosféricas de outubro funcionam sob a condução de Felipe de Oliveira, Tirzah e Black Country, New Road. Quem quiser acompanhar as belezas descobertas pelos artistas em ascensão, pode conferir os discos Terra Vista da Lua e Colourgrade e o single Chaos Space Marine.

Se alguns embarcam em direção ao exterior, outros mergulham no interior. Na MPB, essa foi a direção de Caetano Veloso em Meu Coco, e de Ney Matogrosso em Nu Com a Minha Música. No rock, o movimento nos entrega o melhor de Sam Fender em seu segundo disco, Seventeen Goin Under. No pop, foi a tática de importantes estreias: lá, FINNEAS descobriu um otimismo agridoce e PinkPantheress resolveu mandar tudo pro inferno.

É da dimensão íntima que outros grandes nomes trazem grandes coletâneas. Silva comemorou seus dez anos de carreira com De Lá Até Aqui; Megan Thee Stallion presenteia seus fãs com Something for Thee Hotties; Elton John traz sua música de quarentena em The Lockdown Sessions; Nick Cave & The Bad Seeds desenterram alguns tesouros em B-Sides & Rarities (Part II); e Madonna disponibiliza sua experiência ao vivo de Madame X nas plataformas de streaming

Assim, outubro também foi um mês de retornos. Primeiro, The Wanted movimentou a internet com seu comeback anunciado através de Rule The World, primeiro lançamento da banda desde sua separação em 2014. Depois, Agnes chega para o revival da era disco em seu quinto álbum, Magic Still Exists, que finaliza um hiato de quase dez anos. Já Tears For Fears viveu um intervalo um pouco maior, mas agora o jejum iniciado em 2004 está encerrado com The Tipping Point, faixa-título do novo álbum da dupla britânica, cujo lançamento está previsto para o início de 2022.

Quando o assunto é novidade, também estamos bem servidos. Em terras brasileiras, o pop viu o encontro de ANAVITÓRIA e Jorge & Mateus, teve mais uma chance de reconhecer Johnny Hooker, finalmente recebeu a estreia de Priscilla Alcantara e o terceiro álbum de Jão. O funk juntou Valesca Popozuda e Rebecca, o rap esteve com Karol Conká e WC no Beat, e a MPB ganhou a companhia de Jorge Drexler na nova canção de Marisa Monte, mas o maior destaque de outubro vai para a Imaculada Alice Caymmi.

Fora do país, o nome segue sendo o de Anitta, que esse mês, apareceu junto de Saweetie em Faking Love. Mas desta vez, a Girl From Rio não representou o Brasil sozinha na música internacional. Nas tabelas, A QUEDA de Gloria Groove significou ascensão, e a drag brasileira estreou na parada global da Billboard. O mesmo sucesso e apreço não pode ser encontrado na colaboração entre Jesy Nelson e Nicki Minaj, já que o lançamento de Boyz veio encharcado de polêmicas da líder Barbz nas redes sociais, e episódios de blackfishing por parte da ex-Little Mix.

Ainda bem que a Música pode contar com a honestidade de Phoebe Bridgers, que usou That Funny Feeling para levantar sua voz em oposição à legislação antiaborto mais restritiva dos Estados Unidos que avança no Texas. O cover da artista esteve no radar mensal do indie, que também tem novidades preciosas no novo disco de Lana Del Rey e nas canções de Mitski e Michael Kiwanuka

Por fim, outubro ainda trouxe um belo descarte de Ariana Grande, novos contornos para a Conan Gray, clipes de Troye Sivan, Kacey Musgraves e Olivia Rodrigo, e o encontro gigante de The Weeknd com Swedish House Mafia. Foi um mês e tanto, mas o Persona nunca deixa de se atentar às novidades e decepções que a Arte nos oferece. Na décima edição do Nota Musical, nossa Editoria e nossos colaboradores se reúnem para vasculhar os CDs, EPs, músicas e clipes que ecoaram por aí em Outubro de 2021.

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O Mapeador de Ausências e a memória como preenchimento do vazio

Arte da capa do livro O Mapeador de Ausências. Na imagem, há um fundo vermelho, com a capa do livro ao centro da imagem, possuindo uma sombra de cor amarela. Na capa, há o desenho de uma mulher negra com diversos tecidos coloridos. Esses tecidos são de cor vermelha, azul, amarela, branca, rosa e verde. Ao centro, está escrito Mia Couto em fonte de cor branca, com a grafia do próprio autor, e abaixo escrito O Mapeador de ausências, também em fonte de cor branca. Acima do seu nome está o logo da editora Companhia das Letras. Na parte superior esquerda da imagem, há a ilustração de um olho com a íris de cor azul. Na parte inferior direita, está o símbolo do Time de Leitores da editora Companhia das Letras, composto por um círculo de cor azul escrito Grupo companhia das letras em fonte de cor branca, envolto de um círculo branco com os escritos Time de leitores 2021, em fonte de cor azul.
O Mapeador de Ausências, 11º romance de Mia Couto, traz o autor revisitando o próprio passado em meio aos paradoxos da colonização de Moçambique (Foto: Companhia das Letras/Arte: Jho Brunhara)

Bruno Andrade

“Nestes dias, caminhei pelos lugares da minha infância como quem passeia num pântano: pisando o chão com as pontas dos pés. Um passo em falso e corria o risco de me afundar em escuros abismos. Eis a minha doença: não me restam lembranças, tenho apenas sonhos. Sou um inventor de esquecimentos.”

Na icônica cena de Um bonde chamado Desejo (1947), escrita pelo dramaturgo norte-americano Tennessee Williams, a personagem Blanche DuBois entoa: “Eu não quero realidade. Eu quero magia”. Parece que essa afirmação espelha a carreira literária de Mia Couto, cuja diferença consiste em enxergar na existência toda a magia necessária para encarar a vida. Segundo o próprio escritor, “não há somente uma realidade, mas várias”. Como fruto da parceria com a editora Companhia das Letras, o Persona teve acesso a seu novo romance, O Mapeador de Ausências, participando de um evento exclusivo com o autor. A obra, publicada no início de setembro de 2021, traz como protagonista Diogo Santiago, poeta e professor universitário na cidade de Maputo, que parte em uma viagem física e metafísica à Beira, sua cidade natal. 

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