Tonight’s The Night: uma carta de overdose

Gabriel Rodrigues de Mello

No começo do mês, o músico canadense Neil Young disponibilizou toda sua discografia em um serviço de streaming exclusivo, temporariamente gratuito. O site Neil Young Archives conta com mais de 50 álbuns de estúdio, concertos, bootlegs, tudo para ser ouvido em alta qualidade. O veterano, famoso por suas exigências, sempre rejeitando a qualidade do formato mp3, afirma: “não é que o formato digital seja ruim ou inferior, é que a forma como ele está sendo usado não faz jus à arte.”. Desse modo, o site funciona como uma biblioteca de discos virtual para quem quiser ouvir as gravações em sua forma mais pura. Continue lendo “Tonight’s The Night: uma carta de overdose”

Dinosaur Jr., adolescência e autoestima

um jovem tocando guitarra e cantando
Capa estranha, nome esquisito: indies (Foto: Reprodução)

Gabriel Leite Ferreira

Lançado no dia 14 de dezembro de 1987, You’re Living All Over Me é o segundo álbum do Dinosaur Jr., trio de rock alternativo dos Estados Unidos. Não fique paranoico se esse nome não lhe soar familiar: o Dinosaur Jr. é mesmo uma banda obscura. O underground americano da época fervilhava, cenas surgiam em todos os cantos do país, mas a incipiente MTV limitava-se a divulgar o mainstream. O jogo só viraria em 1991, e mesmo que o Dino Jr. nunca tenha conquistado o mesmo status do Nirvana ou do Sonic Youth, seu segundo disco teve papel determinante na chegada do indie rock às massas.

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Thriller: o topo ainda pertence a Michael Jackson

Estilera foda: fotografado por Dick Zimmerman, “Thriller” é Michael Jackson em sua mais extravagante forma vista até então (Foto: Divulgação)

Leonardo Teixeira

Escrever sobre Michael Jackson é sempre um desafio. Isso porque, considerando o tamanho do artista, fica difícil não querer abraçar o mundo dentro de uma dezena de parágrafos para fazer jus ao tema. Fugir de clichês é outra tarefa intrincada, considerando que o talento Rei do Pop já foi dissecado e exaltado cerca de um milhão de vezes por cerca de um milhão de pessoas e veículos. Continue lendo “Thriller: o topo ainda pertence a Michael Jackson”

Melhores discos de Novembro/2017

Craque Neto pistola: mesmo após o título do Corinthians, este meme ainda é a melhor tradução de 2017 (Band/Reprodução)

Adriano Arrigo, Leonardo Teixeira, Matheus Fernandes, Nilo Vieira

Em novembro, o mundo perdeu o rapper Lil Peep e o ex-guitarrista do AC/DC, Malcolm Young. Embora de faixas etárias e ritmos diferentes, os dois convergem pelo público cativado por suas músicas, majoritariamente jovem. Também pela situação triste do falecimento: o primeiro morreu de overdose aos 21 anos, enquanto o segundo se encontrava abatido pela demência e se foi aos 64.

Enquanto isso, a curadoria mais bolada da internet brasileira tentou não se abalar e fechar o ano com chave (qualquer uma serve, não precisa ser de ouro). Entre os destaques dos últimos 30 dias e discos que resgatamos para a sua lista de melhores do ano não ficar feia, cá estão nossas escolhas: Continue lendo “Melhores discos de Novembro/2017”

A universalidade do Sigur Rós em São Paulo

(Foto: Fabricio Vianna)

Nilo Vieira

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o baixista Georg Hólm afirmou que se surpreende com a popularidade do Sigur Rós. Numa primeira análise, essa incredulidade faz muito sentido: apesar do forte senso melódico, o som do grupo é caracterizado por estruturas longas, que variam entre a melancolia esparsa e crescendos ruidosos no estilo do Godspeed You! Black Emperor. É música de picos extremos, com letras cantadas no idioma nativo da gélida Islândia. Continue lendo “A universalidade do Sigur Rós em São Paulo”

A maturidade do Converge em The Dusk in Us

Nilo Vieira

The Dusk in Us, nono álbum do Converge, não traz novidades à carreira do quarteto de Massachusetts. Os integrantes são os mesmos, design gráfico e produção são novamente assinados, respectivamente, pelo vocalista Jacob Bannon e o guitarrista Kurt Ballou. A dinâmica musical também não mudou: vocais urrados, timbres sujos e controlados, estruturas tortas e dissonâncias. Continue lendo “A maturidade do Converge em The Dusk in Us”

De Janet Jackson a Kelela, o poder da representação negra

Leonardo Teixeira

São muitos os fatores que conferem a um grande artista o status de ícone. Madonna traduziu vanguardas para a linguagem da MTV e as usou para provocar e desconcertar; Prince tirou de sua cabeça genial um terço do que hoje entendemos como música pop; Stevie Wonder oferecia orgulho e excelência negra pra todo mundo que estivesse pronto para ouvir. Continue lendo “De Janet Jackson a Kelela, o poder da representação negra”

O dia em que eu subi no palco do Green Day

Depois de sete anos, o Green Day finalmente voltou ao Brasil (Foto: Vitor Valandro)

André Dal Corsi

“Desce daí agora!”, disse o bombeiro. Eu, inconformado: “Por quê? Qual é!!!”. “Só desce!”, retrucou um dos seguranças.

Desci. Com certeza era o fim! Achava que não teria a oportunidade de subir no palco naquela noite. Afinal, se eu escalasse de novo nos ombros do Vitor, poderia ser retirado de perto do palco no show da minha banda favorita. Mas eu estava errado, extremamente errado. O motivo? Me precipitei. Ninguém seria convocado aquele hora. Não era o último verso, e isso aconteceria somente nos próximos minutos…

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Slipknot: o horror cotidiano, de Iowa a Botucatu

Adote animais e louve o Cramunhão

Nilo Vieira

O segundo disco do Slipknot é uma audição dolorosa (já comecei o texto dando piada de graça pra detratores). Urros quase ininterruptos, linhas percussivas marretadas, guitarras de afinação baixa com timbres que beiram o nojento, intervenções eletrônicas barulhentas. Pra coroar, a masterização, vítima da loudness war, joga todos os níveis no vermelho. 14 faixas, 66 minutos de duração. Continue lendo “Slipknot: o horror cotidiano, de Iowa a Botucatu”

Melhores discos de Outubro/2017

Leonardo Teixeira, Matheus Moura, Nilo Vieira e Satanás

Quem precisa de ficção? O terror está à solta! Dentre as denúncias de assédio e abuso sexual de famosos, atentados na Somália e repressão violenta contra os separatistas catalães, basta correr até o jornal mais próximo que é batata. Se espremer sai até sangue, dizem os mais velhos.

Aqui na curadoria mais supimpa da internet brasileira, tentamos aliviar um pouco a barra com música (ou então ficar paranoico com trilhas condizentes – tá todo mundo doido!). Cá estão nossas escolhas dos últimos 31 dias:

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