Os melhores álbuns de 2016

melhores álbuns 2016

Que ano foi 2016 para a música! Tivemos grandes perdas, é claro, mas também lançamentos impactantes. Aliás, os que se foram deixaram obras fundamentais. A lista dos cinco melhores discos do ano do Persona exalta as inovações dos artistas mais jovens, assim como põe abaixo o horrível clichê de que os veteranos da música popular não têm mais nada a dizer.

5) Car Seat Headrest – Teens Of Denial

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Depois de dezenas de álbuns gravados no banco de trás de um carro e distribuídos pelo Bandcamp, o Car Seat Headrest surge como maior esperança do indie rock em 2016 com Teens of Denial, disco lançado pela Matador que cataliza todo o melhor da versão noventista do gênero.

As canções energéticas e grudentas de Will Toledo capturam toda a angústia do período pós-adolescência, alternando entre crises de ansiedade e depressão, festas ruins repletas de drogas e gente que você odeia e a combinação entre essas duas situações. Dirigir bêbado, relacionamentos ruins, todo dia é uma oportunidade para tomar decisões ruins e depois transformá-las em música, processadas pela ironia e pelo cinismo desse período onde a única opção é desistir de tudo. – Matheus Fernandes

4) Frank Ocean – Blonde

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Contrariando a máxima de que não se mexe em time que está ganhando, o cantor surpreendeu com um trabalho mais onírico e de consumo menos imediato que seu antecessor, channel Orange (2012). Aqui, o ex-Odd Future mostra ser um artista mais maduro, enquanto produz um som imersivo e atmosférico, que transita lentamente dentre versos acerca dos efeitos da fama e do consumismo sobre sua vida. Distorções de voz, momentos de produção fantasmagórica e tom confessional compõem a psicodelia comedida de Blonde, que revela um Frank Ocean retraído em meio ao caos.

Dentre créditos para samples, vocais de apoio e produção, o álbum tem uma vasta lista de colaboradores — que vai de Beyoncé aos Beatles, passando por Jamie xx — e é um dos registros mais completos do ano. O público esperava muito e o intérprete de Nikes entendeu o recado, mas não da forma que presumíamos. Temos aqui um registro que se destaca pela originalidade e que não busca superar ou se inspirar em seu predecessor: apenas se coloca ao lado do mesmo, no panteão dos clássicos instantâneos da música recente. – Leonardo Teixeira

3) Danny Brown – Atrocity Exhibition

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A mais recente empreitada do excêntrico rapper de Detroit, como boa parte dos lançamentos aguardados do estilo neste ano, é uma obra ambiciosa e multifacetada: a produção vai do industrial ao lisérgico, passando por batidas hardcore secas e flertes com texturas do r&b alternativo. Nas letras, as experiências de Danny com drogas alternam espaço com comentários sobre a violência policial, em um flow sempre intenso. As participações especiais são poucas, mas sempre eficientes.

Diferente de boa parte dos outros discos do gênero lançados em 2016, porém, Atrocity Exhibition tem um repertório variado em duração enxuta – são 13 músicas em apenas 46 minutos. Isso não apenas torna a mensagem mais eficiente, como também dá ao álbum o muito bem vindo fator replay – e, se teve algo que faltou neste ano, foram discos que despertassem a vontade de revisões. Um discaço, que reafirma o hip hop como a vertente musical mais importante da década (e comprova que, sim, é possível assinar com uma gravadora major e não gerar uma catástrofe). – Nilo Vieira

2) David Bowie – Blackstar

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2016 começou amargo: faleceu no dia 10 de janeiro, aos 69 anos, David Bowie, um dos cinco maiores artistas de todos os tempos. Blackstar, seu 25º álbum de estúdio, fora lançado de surpresa apenas dois dias antes e, claro, ganhou um novo significado. O que à primeira vista parecia ser um trabalho conceitual recheado de referências ao oculto transformou-se em um elogio à própria morte.

Bowie sempre se manteve sintonizado às novas tendências ao longo de sua prolífica carreira e em Blackstar não foi diferente. Segundo Tony Visconti, produtor e parceiro de longa data, o objetivo era se desviar do rock’n’roll e apostar em outros caminhos mais experimentais, como a música eletrônica do Boards of Canada, o hip hop de Kendrick Lamar e Death Grips e o jazz. O resultado foi um trabalho moderno na forma e nostálgico no conteúdo. Bowie recebeu o diagnóstico de câncer no fígado ainda em 2014 e sabia que seu tempo estava acabando. Restou-lhe se despedir dos fãs com uma última grande obra, sombria e melancólica, mas grata. “Don’t believe for just one second I’m forgetting you”, canta ele em “Dollar Days”. Nós também nunca te esqueceremos, David. – Gabriel Leite Ferreira

1) A Tribe Called Quest – We Got it from Here… Thank You 4 Your Service

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O A Tribe Called Quest surpreendeu a todos com o anúncio de um álbum com novo material, depois de um hiato de quase 20 anos. Ao contrário do que acontece na maioria esmagadora de álbuns de reunião, o grupo não soa acomodado e olha para frente, inclusive contando com nomes do rap contemporâneo.

O Jazz-Rap clássico do grupo continua presente durante todo o álbum, com espaço para experimentações com outros estilos musicais, mostrando que a sonoridade do grupo envelheceu muito bem e ainda se mantêm relevante. Entre os nomes que aparecem como participações nas faixas estão velhos conhecidos do grupo como Consequence e Busta Rhymes, enquanto Kendrick Lamar e Anderson Paak representam a nova geração.

Não há nada de revolucionário em We Got It From Here… Thank You 4 Your Service, mas ele cumpre justamente o que ele deveria ser e que tantos falham: é um excelente álbum, com grandes participações e boa música. Um jeito digno de se despedir de Phife Dawg e do A Tribe Called Quest. – João Pedro Fávero 

Votantes:

Adriano Arrigo:  5  Nicolas Jaar – Sirens/ 4 Kaytranada – 99,9%/ 3 Kaitlyn Aurelia Smith – EARS / 2 Sabotage – Sabotage /1 A Tribe Called Quest – We Got It From Here… Thank You 4 Your Service

Bárbara Alcântara: 5 Rihanna – ANTI/ 4 White Lung – Paradise/ 3 A Tribe Called Quest – We got it from Here… Thank You 4 Your service/ 2 Warpaint – Heads Up/ 1 The Coathangers – Nosebleed Weekend

Gabriel Leite Ferreira:  5 Preoccupations – Preoccupations/ 4 Radiohead – A Moon Shaped Pool/ 3 Kendrick Lamar – untitled unmastered./ 2 Nick Cave & The Bad Seeds – Skeleton Tree/ 1 David Bowie – Blackstar

João Pedro Fávero: 5 Xiu Xiu – Xiu Xiu Plays The Music Of Twin Peaks/ 4 Car Seat Headrest – Teens Of Denial/ 3 A Tribe Called Quest – We Got It From Here… Thank You 4 Your Service/ 2 Danny Brown – Atrocity Exhibition/ 1 David Bowie – Blackstar

Leonardo Santana: 5 Blood Orange – Freetown Sound/ 4 Rihanna – Anti/ 3 A Tribe Called Quest – We Got It From Here… Thank You 4 Your Service/ 2 Frank Ocean – Blonde/ 1 Beyoncé – Lemonade

Lucas Marques: 5 Danny Brown – Atrocity Exhibition/ 4 A Tribe Called Quest – We Got It From Here… Thank You 4 Your Service/ 3 Frank Ocean – Blonde/ 2 Kanye West – The Life of Pablo/ 1 David Bowie – Blackstar

Matheus Fernandes: 5 Parquet Courts – Human Performance/ 4 Jenny Hval – Blood Bitch/ 3 Frank Ocean – Blonde/ 2 Car Seat Headrest – Teens of Denial/ 1 Kanye West – The Life of Pablo

Nilo Vieira: 5 Jenny Hval – Blood Bitch/ 4 Car Seat Headrest – Teens of Denial/ 3 David Bowie – Blackstar/ 2 Denzel Curry – Imperial/ 1 Danny Brown – Atrocity Exhibition

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