Batman vs Superman: Uma lição de Umberto Eco sobre os mitos contemporâneos

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Eli Vagner F. Rodrigues

A estreia da semana “Batman vs Superman” consolida tanto a disputa DC vs Marvel no calendário anual dos blockbusters derivados dos quadrinhos quanto recoloca em cena dois dos mais lucrativos heróis da história do cinema. O filme, mais uma vez, vai dividir o público, não somente entre os que torcerão para o homem-morcego, herói sem poderes adquiridos, que conta apenas com sua força humana, notável inteligência e obstinação e os que torcem para o virtuoso alienígena semideus, dotado de força quase ilimitada, poderes ultra-humanos. Continue lendo “Batman vs Superman: Uma lição de Umberto Eco sobre os mitos contemporâneos”

Anomalisa: o mundo de Kaufman

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Matheus Fernandes

Há pouco mais de uma década, o roteirista Charlie Kaufman era um dos principais nomes no cinema americano, com obras autorais que fugiam do padrão hollywoodiano e abordavam temas complexos e surreais. Junto do diretor Spike Jonze, fez “Being John Malkovich”, sobre a possibilidade de entrar na mente do famoso ator, e “Adaptation”, um filme meta-referencial sobre bloqueio criativo, seguindo a herança de “8 ½”. O ponto alto de sua carreira veio em 2004, com “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, dirigido por Michel Gondry, romance de ficção científica que ocorre dentro de uma  mente humana em processo de apagamento, em uma das melhores representações do funcionamento cerebral já feitas, muito antes de “Divertida Mente” abordar o tema.

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Divertida Mente: nossa mente é mais complexa do que parece

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Danielle Cassita

“Divertida Mente”, a mais recente animação da poderosa Pixar, trata da história de Riley, uma garota de 11 anos que mora em Minnesota, nos EUA. Típica jovem do país, Riley é uma menina rodeada por amigos, talentosa no hóquei, além de ser filha única, muito amada por seus pais. Porém, esse quadro confortável muda quando sua família se muda para São Francisco, o que implica nas tradicionais – e por vezes complicadas – mudanças: nova casa, pessoas diferentes, uma outra realidade para se adaptar e enfrentar. Continue lendo “Divertida Mente: nossa mente é mais complexa do que parece”

O Menino e o Mundo: a modernidade pelos olhos de uma criança

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Marina Debrino

Com raras falas e uma estética minimalista, “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, causará estranhamento para quem está acostumado com as animações dos estúdios de Hollywood. O filme foi o representante brasileiro no Oscar em 2016, concorrendo na categoria de Melhor Animação, e já carrega mais de 40 prêmios nacionais e internacionais na bagagem. No Festival Internacional de Animação de Annecy na França, uma das mais importantes premiações do gênero, venceu dois dos prêmios principais – o Prêmio Cristal de Melhor Longa e o Prêmio do Público, ambos no ano de 2014.  Além disso, foi o primeiro latino-americano a concorrer na categoria domingo (28) no Oscar. Continue lendo “O Menino e o Mundo: a modernidade pelos olhos de uma criança”

O Regresso: bonito de se ver, mas só uma vez

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Nilo Vieira

As expectativas para a estreia de “O Regresso” eram enormes: o diretor era ninguém menos que o grande vencedor do Oscar 2015 Alejandro Iñárritu, e o protagonista do longa-metragem, Leonardo DiCaprio, muito querido pelo público cinéfilo. Antes mesmo da estreia no circuito comercial dos Estados Unidos, o site Consequence of Sound elegeu a performance de DiCaprio no filme como a melhor de sua carreira e, em entrevista ao Financial Times, Iñárritu declarou que sua nova obra-prima merecia ser vista em templos e que não se encaixava em nenhum gênero cinematográfico – em especial, rejeitou a classificação de “O Regresso” como um faroeste revisionista. O hype estava formado, e com força total.

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Spotlight: Segredos Revelados é uma empolgante história sobre jornalismo

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Lucas Marques dos Santos

Em uma análise comparativa, Spotlight: Segredos Revelados se assemelha a sua temática, o processo de reportagem clássico e ideal: para a mensagem ser clara e objetiva, o texto segue formas funcionais, mas que não limam a subjetividade de um bom repórter.

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Mad Max: Estrada da Fúria, o reboot da distopia

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Mariane Arantes

Segundo o próprio diretor George Miller – premiado pela Academia em 2007, por Happy Feet -, não havia necessidade de fazer outro Mad Max. Ele já tinha feito três deles na década de 80: Tina Turner já havia marcado a geração de fãs cantando “We Don’t Need Another Hero” para a trilha sonora, Mel Gibson já tinha dado o seu melhor encarnando Max Rockatansky, guerreiro das estradas de um futuro distante procurando vingança pela assassinato de sua família. Porém, em entrevista concedida ao American Film Institution no ano passado, George Miller conta que a vontade de fazer mais um Mad Max patrulhou seu pensamento por muito tempo, onde quer que estivesse. Continue lendo “Mad Max: Estrada da Fúria, o reboot da distopia”

O Quarto de Jack: Há um mundo atrás da parede

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Gabriel Fioravante

Dois mundos e dois personagens. Assim somos apresentados, logo de início, ao filme “O Quarto de Jack”, produção de 2015, dirigida por Lenny Abrahamson. Há metáforas e diversos assuntos que muitas vezes, passam despercebidos pelo espectador, pois as atuações, o enredo simples na estrutura, mas profundo na temática, envolvem de forma a criar um vínculo empático com os personagens. Continue lendo “O Quarto de Jack: Há um mundo atrás da parede”

Brooklyn: Dois países, dois amores, um coração

brooklynEilis (Saoirse Ronan) e Tony (Emory Cohen) (imagem: Fox)

Matheus Fernandes

Em 1952, a Irlanda passava por um período de estagnação econômica, que causou a maior emigração da história do país, mais de 50 mil pessoas por ano. Eilis Lacey (Saoirse Ronan) vive em uma pequena cidade no sul do país, Enniscorthy, onde tem um emprego sem perspectivas em uma mercearia e mora com sua mãe e irmã. Continue lendo “Brooklyn: Dois países, dois amores, um coração”

Ponte dos Espiões: Crítica ao estado e Exaltação do indivíduo

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Eli Vagner F. Rodrigues

A crítica cinematográfica costuma classificar os filmes com temática política de Steven Spielberg como “drama histórico de fundo humanista”. Paralelamente a estes denominados filmes “sérios” do diretor (A Lista de Schindler, Amistad, O resgate do Soldado Ryan, Munique, Lincoln) os críticos elencam os, por eles chamados, “Bluckbusters de apelo pop” (Indiana Jones, Jurassic Park, Inteligência Artificial, Minority Report). Nenhuma das duas classificações faz jus à obra de Spielberg. No caso de seu mais recente filme, “Ponte dos espiões”, que concorre ao oscar de melhor filme este ano, a obra foi tratada como um “thriller sobre a guerra fria”. Em geral, após estas classificações genéricas,  apresenta-se uma sinopse do filme pontuada com algumas expressões do momento. Esta desconsideração, ou mesmo ignorância, dos elementos mais complexos dos filmes se deve a vários fatores: público, espaço, dinâmica de consumo dos meios de comunicação etc. O filme de Spielberg vai muito além dos limites destas classificações.

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