O desafio de contar uma história é repleto de decisões difíceis, e o de contar a sua própria é um desafio ainda maior. Essa é, no entanto, é a tarefa de Steven Spielberg em seu novo filme, Os Fabelmans, uma semi-autobiografia que utiliza de elementos narrativos fictícios para refletir na própria relação do diretor com a sua narrativa pessoal, sua família e sua paixão pelo Cinema.
“Pressenti então que neste mundo há um tipo de desejo semelhante à dor pungente. ‘Quero me transformar nele’ foi a vontade que me sufocou ao olhar para aquele rapaz todo sujo: ‘Quero ser ele’”.
Publicado no Japão em 1949 pelo aclamado autor Yukio Mishima, Confissões de uma máscara é um interessante retrato de muitas crises. A crise de seu protagonista, certamente – Koo-chan é um jovem em processo de descoberta da sua própria homossexualidade, em constante conflito com suas crenças pessoais sobre honra, valor próprio e masculinidade -, como também a crise de seu contexto histórico, marcado pela ideologia militarista do Japão Imperial e uma herança cultural em processo de transição e ressignificação. Mas é, principalmente, um livro sobre as crises de seu próprio autor, marcado pelo tom quase biográfico, uma sincera proximidade com o leitor na prosa e uma percepção bastante honesta sobre os dilemas enfrentados por um jovem LGBTQIA+ num período de grande repressão social.