Timothée Chalamet prova que Bob Dylan é um estado de espírito em Um Completo Desconhecido

Cena do filme Um Completo Desconhecido. Na cena, há uma silhueta de um músico em um palco, iluminado por uma luz em foco, tocando guitarra. A composição da imagem é simples e focada, com o músico no centro, em destaque. O artista está posicionado em um palco, possivelmente numa apresentação. A iluminação, direcionada ao músico, cria um contraste forte entre a figura escura e o fundo levemente iluminado. As linhas do corpo do músico, bem como a guitarra e o microfone, ficam bem definidas, sem detalhes excessivos. A posição do músico sugere movimento e ação, como de uma apresentação musical.
A Complete Unknown recebeu oito indicações ao Oscar 2025, incluindo a de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Som (Foto: Searchlight Pictures)

Nathalia Tetzner

Um menino circense, uma sensação do folk ou um andarilho? Com mais de seis décadas de carreira e inúmeras transições de gênero musical, Bob Dylan sempre foi e permanecerá um enigma. Sob a perspectiva de que o compositor, dono de um Nobel da Literatura, se trate de algo além do que uma ideia performática, Um Completo Desconhecido traz Timothée Chalamet em um papel que prova como o Dylan é, na verdade, um estado de espírito. 

O cineasta James Mangold, que também dirigiu a biografia do astro do country Johnny Cash, Johnny & June (2006), repete a aclamação da crítica especializada com oito indicações ao Oscar 2025 para a obra que acompanha Robert Allen Zimmerman até sua ascensão e primeira grande mudança de sonoridade. Uma vez símbolo político de uma era que clamava por liberdade, o público se depara com a paranoia da fama e o desejo de uma metamorfose interna.

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Alien: Romulus atualiza o medo pelo desconhecido

Cena do filme Alien: RomulusNa imagem, a personagem Rain está no canto esquerdo, vestindo um uniforme de astronauta e o capacete. O cenário é todo escuro e dentro do capacete há uma luz amarelada iluminando o rosto de Rain. A expressão dela é atenta ao perigo. Rain é uma mulher adulta na faixa dos 25 anos, de pele clara e cabelos escuros.
A franquia que começou em 1979 já possui nove filmes (Foto: 20th Century Studios)

Davi Marcelgo

O diretor Ridley Scott pôde aproveitar intensamente do fator novidade em 1979, quando o mundo ainda não conhecia o visual tenebroso dos xenomorfos, criado pelo artista Hans Ruedi Giger, o que permitiu que o medo pelo desconhecido invadisse as salas de cinema sem fazer barulho. A sequência, Aliens, O Resgate (1986), dirigida por James Cameron, se afastou do Terror e abraçou a ficção científica dos blockbusters. De apenas um alien no filme anterior, o cineasta de O Exterminador do Futuro (1984) brincou com dezenas. Saturada a imagem da criatura, a franquia mirou em outros estilos de narrativa, mas em Alien: Romulus, o sanguinário Fede Alvarez conseguiu o feito de fazer o público temer a escuridão.

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Wicked arrisca trazer a potência dos palcos da Broadway para as telas

Cena do filme Wicked. À esquerda, a personagem Elphaba, de pele verde e cabelos longos pretos em tranças finas, roupas pretas e um chapéu com a ponta alta e triangular. À direita, a personagem Glinda, branca e de cabelos longos loiros, com roupas rosas. As duas estão viradas para frente e olhando para cima
Com muito em jogo, Wicked atinge sucesso nas bilheterias e na crítica especializada (Foto: Universal Pictures)

Giovanna Freisinger

Um dos musicais mais adorados de todos os tempos do Teatro chegou com tudo às telonas. Wicked não só encarou a grandiosidade da obra, como a potencializou ao máximo em cada detalhe da produção. Foi assim que o diretor Jon M. Chu conquistou o impossível e satisfez as altas expectativas dos fãs de longa data do musical da Broadway – mesmo sendo vítima de sua própria ambição em momentos importantes. A responsabilidade que Chu assumiu com este filme foi a de lidar com a nostalgia existente no coração de muitas pessoas e, ao mesmo tempo, renovar a história, para compartilhar essa paixão antiga de tantos com novas audiências. O longa entrou com força na corrida das grandes premiações do ano, conquistando dez indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme.

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Em rabiscos coloridos, Flow cria sua própria revolução dos bichos

Cena da animação Flow. Nela vemos um gatinho preto de olhos amarelos. ele está flutuando em uma espécie de galáxia azul ao fundo. O gato é animado em um 3D que simula a pintura em aquarela
A obra instantaneamente se tornou patrimônio cultural da Letônia (Foto: Sacrebleu Productions)

Guilherme Veiga

Existe um consenso no mundo das animações, quase que uma lei não escrita e potencializada pela indústria estadunidense de que elas precisam reproduzir nossa sociedade não em conteúdo, mas em forma. Quantos os filmes que nos vêm à memória em que um certo ecossistema é adaptado para viver como nós – e nessa releitura que, muitas vezes, mora a Comédia deles. 

De abelhas operárias ao modo capitalista a uma fauna vivendo exatamente igual gente, exemplos não faltam. De certa forma, eles até funcionam como um escape da realidade. Mas Cinema de verdade, ao mesmo tempo que nos tira de órbita, nos reconecta também, e nas mais peculiares histórias que somente esse gênero pode nos proporcionar, Flow é a que alcança esse feito da forma mais singela e pura.

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Divertida Mente 2 acende alerta para o distúrbio de ansiedade e ensina sobre inteligência emocional

Ansiedade tomando a liderança na mesa de controle da cabeça de Riley, com sua base na cor da emoção que controla no momento, desta vez é laranja, representação da Ansiedade. Enquanto isso, os tradicionais sentimentos abordados no primeiro filme estão em segundo plano assustados com o trabalho da agonizante laranja, que não vê problema no que está fazendo.
O longa-metragem dirigido por Kelsey Mann bateu a marca de US$1,46 bilhão em bilheteria mundialmente, superando Frozen 2 e Os Incríveis 2 (Foto: Pixar)

Livia Queiroz

Como evitar que memórias ruins gerem convicções equivocadas?”. Essa é uma frase da Nojinho no final da trama desse filme, após uma conclusão da Alegria de que lembranças que não nos agradam devem ser colocadas no esquecimento. A verdade é que todas as nossas memórias são importantes e criam o que somos, as boas formam nossas expectativas, sonhos e habilidades sociais, e as ruins nos ajudam a sermos mais fortes psicologicamente e a digerir nossos erros para melhorar nossas atitudes. Divertida Mente 2, lançado em Junho de 2024 e candidato ao Oscar de Melhor Animação, é recheado de filosofias do crescimento pessoal. 

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Trilha Sonora para um Golpe de Estado é documentário corajoso, mas excessivo

Cena do filme Trilha Sonora para um Golpe de EstadoNo canto esquerdo da imagem, em preto e branco, está Louis Armstrong tocando um instrumento de sopro. O ponto de vista é dos pratos de uma bateria, no lado esquerdo há uma mão segurando uma baqueta. No canto direito, de costas para Armstrong, há um homem branco, na faixa dos 50 anos, vestindo terno. Louis Armstrong é um homem adulto, negro e veste um terno.
Louis Armstrong é uma das celebridades que aparece no longa (Foto: Pandora Filmes)

Davi Marcelgo

Há pelo menos uma década, o Oscar se empenha em indicar e prestigiar filmes que tenham como temas o racismo, a sexualidade e o protagonismo feminino, ainda que, por muitas vezes, a premiação vá para caminho habitual, a exemplos de apenas uma mulher indicada em Melhor Direção ou a entrega do prêmio para Green Book: O Guia (2018). Em 2025, Trilha Sonora para um Golpe de Estado entra na lista dos concorrentes a Melhor Documentário. Narrando a luta de Patrice Lumumba para tornar a República Democrática do Congo um país independente, o longa de Johan Grimonprez aposta em imagens de arquivo para costurar a história.

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Assombroso, Conclave joga luz nas certezas do Vaticano

Texto Alt: Cena do filme Conclave Na imagem, o personagem Cardeal Benítez está olhando para frente com uma expressão séria. Ele veste roupas de cardeal da igreja católica, uma batina vermelha e branca; em seu pescoço há um terço fino prateado. Atrás dele, há outros cardeais, eles estão em pé, com as mãos juntas em posição de oração. Também vestem batinas e usam terços. Benítez é um homem na faixa dos 50 anos, de pele escura, mexicano, e com cabelos escuros.
O roteiro de Peter Straughan foi premiado com o Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro de Filme (Foto: Focus Features)

Davi Marcelgo

O Papa está morto. A reunião para os cardeais do Vaticano escolherem o próximo pontífice está para começar. Quem é a pessoa correta para assumir o manto e quem tem certeza de ser capaz de conduzir o catolicismo? As questões de certo e errado, certezas e dúvidas são a principal temática de Conclave, dirigido por Edward Berger (Nada de Novo no Front) que isola personagens e espaços em uma linguagem pomposa para criticar e conduzir ideias sobre a Igreja Católica. Continue lendo “Assombroso, Conclave joga luz nas certezas do Vaticano”

O Oscar é passageiro e Ainda Estou Aqui é eterno

Aviso: o texto contém spoiler e aborda temas sensíveis.

Na imagem, Eunice olha para frente com expressão de tristeza e olhos marejados. A cena possui tons de azul e verde, cores melancólicas. O cenário é de um restaurante, ao fundo há mesas e um homem em desfoque à esquerda. Eunice é uma mulher na faixa dos 60 anos, de pele clara, cabelos escuros e lisos na altura do pescoço. Ela usa brincos grandes, pretos e arredondados. Ela está vestindo uma camisa de botões, com a gola aberta. A roupa é na cor verde escura e estampas de flores.
O filme levou 350 mil pessoas aos cinemas no fim de semana de estreia (Foto: Globoplay)

Davi Marcelgo e Guilherme Machado Leal 

O Cinema de Walter Salles se concentra em temáticas semelhantes, principalmente em Terra Estrangeira (1995) e Central do Brasil (1998), histórias sobre memória, esquecimento e a relação de suas personagens com o Brasil. No primeiro, Fernanda Torres interpreta Alex e, no segundo, é a sua mãe, Fernanda Montenegro, quem dá vida à professora Dora. Em 2024, com Ainda Estou Aqui, adaptação de livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o diretor retoma a parceria com as atrizes para abordar um outro período da história: a Ditadura Militar brasileira. Ambientado no Rio de Janeiro da década de 1970, o longa-metragem acompanha a vida de Eunice Paiva (Fernanda Torres) e seus filhos após o desaparecimento de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado engajado na luta contra o regime ditatorial. 

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Por trás da Estátua da Liberdade, O Brutalista encontra o verdadeiro Estados Unidos

Aviso: o texto contém spoiler e aborda temas sensíveis.

Cena do filme O Brutalista. O cenário é de um quarto transformado em um escritório. Um tom esverdeado toma conta da imagem. No centro está Erzsébet Tóth sentada com uma blusa com uma coloração amarelada por fora, e outra blusa florida por dentro. László está atrás de Erzsébet, colado a ela, com uma camisa de coloração esverdeada. Ambos estão com uma expressão de preocupação.
O filme teve uma sessão na Mostra em SP antes mesmo de sair o trailer (Foto: Universal Pictures)

Guilherme Moraes

Um dos longas mais aguardados da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, O Brutalista, que fez parte da seção Perspectiva Internacional, é o clássico filme que recebe indicações na temporada de premiações. O teor biográfico, as atuações sisudas, os movimentos de câmeras sutis e uma trilha sonora pensada previamente para tomar a sala de cinema e criar algo mais sensorial são exemplos disso. No entanto, eles não foram usados de maneira vazia. Brady Corbet consegue aderir a todos os elementos que a Academia gosta para contar um épico sobre a desconstrução dos Estados Unidos como um país grandioso e  terra da liberdade.

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Quando Peter Pan pede Cinderela em casamento, o resultado é Anora

Na imagem, Anora está centralizada, ela está dançando em uma balada com iluminação azul e roxa. Ela usa um vestido vermelho com toda região de tórax e peito descobertos. Ela está sorrindo e com os olhos fechados. Ao seu redor há outras pessoas, que seguram copos de bebida. Ela é uma mulher de pele clara, na faixa dos 25 anos, de cabelos longos, ondulados e escuros com algumas mechas de brilho rosa.
O filme foi vencedor da Palma de Ouro da 77ª edição do Festival de Cannes (Foto: Universal Pictures)

Davi Marcelgo

No pódio dos filmes mais aguardados pelo público da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Anora só fica atrás de Ainda Estou Aqui. O novo longa de Sean Baker (Projeto Flórida) faz parte da seção Perspectiva Internacional e narra a história de Anora (Mikey Madison), uma prostituta que é pedida em casamento por Ivan (Mark Eidelstein), um jovem russo podre de rico que está em temporada de férias nos EUA. Não demora muito para o sonho cor-de-rosa da personagem começar a desbotar. 

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