Produção mexicana, As Hostilidades fez parte da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na categoria Competição Novos Diretores (Foto: Centro De Capacitación Cinematográfica A.C.)
Jamily Rigonatto
Quanto terreno fértil a criminalidade pode encontrar nas partes do mundo ignoradas pela preocupação social? Em temos reais e muito pessoais, As Hostilidades documenta isso em lentes trêmulas. Dirigido por M. Sebastian Molina, o filme mostra as mudanças da cidade de Santa Lúcia, no México, após a violência se tornar protagonista em um espaço aparentemente vazio, mas cheio de memórias e feridas.
O cantor Bad Bunny incorpora um verdadeiro narcojunior na terceira temporada de Narcos: México (Foto: Netflix)
Vitor Tenca
Em abril de 1989, Miguel Ângel Félix Gallardo era preso por agentes de uma força tarefa montada há anos (a Drug Enforcement Administration) em sua própria casa, em Guadalajara, surpreendentemente sem que uma única bala fosse disparada. Enfim chegava o momento do jefe de jefespassar o bastão para seu rebanho do tráfico internacional – mas, como estamos falando do homem mais poderoso do México, claramente essa troca de postos não poderia ser exatamente amistosa.
A terceira e última temporada de Narcos: México recebe não somente a gigantesca tarefa de finalizar o arco da própria série, como também carrega o peso de fechar o universo das drogas com chave de ouro. Seguindo o caminho pavimentado pelos narcotraficantes mais famosos e procurados do mundo, o ano final do spin-off de Narcos escora suas narrativa em rostos conhecidos como a família Arellano, os carismáticos sinaloenses e o “senhor dos céus” Amado Fuentes Carillo, enquanto faz questão de apresentar novas figuras e trajetórias que complementam o universo não-tão-fictício da produção da Netflix.
O trio de protagonistas mirins de A Noite do Fogo são um show à parte dentro da seção Perspectiva Internacional da Mostra de SP (Foto: Vitrine Filmes)
Caroline Campos
“Agora vamos deixar você feia, minha mãe disse”. As primeiras palavras do livro de Jennifer Clement, Reze pelas mulheres roubadas, são marcadas pela dor – e é exatamente nesse sentimento que a livre adaptação cinematográfica de Tatiana Huezo se pauta. A Noite do Fogo, presença fortíssima na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, é um filme de muitas cicatrizes, todas elas compondo a grande ferida aberta e pulsante de cores e dores que é a América Latina.