Os Melhores Discos de 2024

2024 foi o ano das mulheres, seja no pop, no rap ou no country (Texto de abertura e edição: Guilherme Veiga e Laura Hirata-Vale/Arte: Rafael Gomes)

Por mais impossível que pareça, até que dá para passar um ano inteiro sem ver filmes, ou até mesmo perder a temporada daquela única série que você assiste, mas experimenta ficar esse mesmo período sem Música? É praticamente impensável. E não há como fugir disso, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Ela está lá, no carro da rua que passa tocando o hit do carnaval; no verão ensolarado é ela quem dá o clima; nos corações partidos, o primeiro ombro amigo vem de seus acordes e nas comemorações; é ela que intensifica a euforia.

Em 2024 não foi diferente, pra onde você olhava, havia Música, e melhor, ela fazia história. No ano marcado pela ‘treta’ de Drake e Kendrick, ponto para o rapper de Compton, que, além de fazer o mundo inteiro trucidar seu oponente, ainda teve as honrarias máximas reconhecidas pela indústria. Em outra briga, dessa vez, menos sanguinária, Taylor Swift e suas várias versões do antológico THE TORTURED POETS DEPARTMENT batia de frente com quem ameaçasse seu pódio nos charts.

Mas não há como negar que foi o ano delas. O mundo foi pintado de verde pela efervescência de Charli xcx. A própria Swift ampliou ainda mais seu império, mas foi outra ‘loirinha’ – mais irônica e com intenção de instigar – que mostrou seu lado curto e doce para os holofotes. Foi o ano das também das voltas; uma veio a galope para reivindicar a música country, enquanto outra saiu do crepúsculo de seu hiato para alvorecer com sua voz de fada e pop de gente grande; enquanto o terror dos primos nos almoços de família, Billie Eilish, chegou como quem não quer nada e nos afogou em suas questões e genialidade.

Como em todo ano e já de praxe nessa Arte, foi a diversidade que dominou. Enquanto POCAH reconta sua história através de todas as suas versões, Twenty One Pilots dava um fim (?) para a sua. Se o The Cure voltou depois de 16 anos para o reino da tristeza com um álbum de inéditas, Rachel Chinouriri estreou abordando a mesma tristeza quase que com uma autopiedade cômica. Tyler, The Creator voltou com o pé na porta, já Gracie Abrams chegou com tudo. Luan Santana cantou amor, enquanto Duda Beat cantou tesão. Linkin Park entoou novamente o gutural típico do nu metal, diferente de Adrianne Lenker, que murmurou sentimentos doloridos.

Mas uma coisa é certa, mais uma vez a já tradicional lista de Melhores Discos retorna do jeito que é. No ano em que perdemos Liam Payne, o Persona segue uma direção: usar da Música e das Artes no geral para lembrar quem somos e discutir quem podemos ser.

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O instinto grita de volta nos 10 anos de The Hunting Party

Capa do álbum The Hunting Party. A imagem tem um fundo cinza superior, semelhante à fumaça, que vai em degradê para o branco na parte inferior. No centro superior, está uma criatura segurando um arco e uma flecha, que parecem ser feitos de ossos. Essa criatura não é identificável, mas tem alguns espinhos semelhantes à estalactites em cor de gelo, e se parece com uma estátua pela coloração cinza de mármore.
A chegada desse álbum é um alívio para os fãs da banda, que voltam a bater cabeça após seu lançamento (Foto: Warner Records)

Maria Vitória Bertotti 

Eles estão em sua forma mais animalesca possível e com fome por Música. Foi com essa premissa que, há 10 anos, a banda norte-americana Linkin Park lançava seu sexto álbum de estúdio, The Hunting Party. A obra pode ser lida como um retorno às origens do rock mais pesado, que beira o visceral mas não esquece dos testes melódicos e eletrônicos de seus outros registros. Com mensagens certeiras e um ritmo perfeitamente equilibrado, o projeto é facilmente um dos melhores álbuns da discografia da banda.

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15 anos de Minutes to Midnight: a ruptura entre o antigo e o novo Linkin Park

Capa do álbum Minutes to Midnight, da banda Linkin Park. Na parte inferior da capa, estão os seis integrantes, virados de costas e olhando para algum ponto à frente. Eles estão usando calças e jaquetas pretas. Por conta dos efeitos criados, é possível visualizar apenas as silhuetas deles. O cenário contém um mar ao fundo. Na parte superior, está escrito Linkin Park em letras pretas grossas e estilizadas, de maneira que se encaixam. Acima do nome da banda, está escrito o nome do álbum, em letras finas e num tom acinzentado. O álbum está em tons de preto e branco, fazendo a maioria do espaço da imagem ser branco, dando destaque para os integrantes e o que está escrito.
Com cerca de dois anos de gravação, Minutes to Midnight satisfaz o desejo do Linkin Park em ir além da replicação dos sucessos (Foto: Warner Bros Records)

Maria Vitória Bertotti 

11:58:20. O relógio do juízo final, criado em 1947 e atualizado em 2020, nos dá pouquíssimos minutos antes da meia-noite para repensarmos nossas atitudes antes do fim. Levados por essa simbologia, a banda californiana Linkin Park lançou, em 2007, o Minutes to Midnight, seu terceiro álbum de estúdio que chegou ao público após uma longa espera. Ao contrário dos dois primeiros discos, esse funcionou como uma rachadura, diferenciando com o experimentalismo, o som que a banda já estava acostumada a fazer há 15 anos.  

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