Artificial e sincero, Better Man – A História de Robbie Williams atira bananas em cinebiografias

Cena do filme Better Man - A História de Robbie WilliamsNa imagem, o personagem Robbie está cantando de forma feroz para a câmera. Robbie é um chimpanzé, com olhos verdes, pelos pretos e dentes pontudos e amarelados. Ele veste uma roupa de mangas longas na cor preta. Ele canta segurando um microfone. O cenário é de um show, em desfoque, há luzes e muitas pessoas na plateia.
Robbie Williams fez sucesso no Brasil ao fazer parte da trilha sonora da novela Mulheres Apaixonadas em 2003 (Foto: Diamond Films)

Davi Marcelgo

A estreia de Rocketman (2019) trouxe frescor ao ‘mundinho’ de cinebiografias de Hollywood, lançado com poucos meses de diferença do trivial Bohemian Rhapsody (2018), o filme sobre Elton John apostou no lúdico dos musicais, em novos arranjos para músicas de sucesso e, sobretudo, deixou as canções invadirem os quadros para além dos palcos. Porém, a roda continuou a girar da mesma forma, já que a grande maioria do gênero ainda segue o roteiro sobre ascensão e queda dos artistas, assim como a fórmula dos hits serem cantados apenas em apresentações ou como música de fundo. Mas em Better Man – A História de Robbie Williams, um ‘macaquinho’ decidiu balançar o galho e os melhores frutos caíram dessa empreitada.

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Há 10 anos, Kingsman: Serviço Secreto mostrava que um cavalheiro também pode bater em caras maus

A cena mostra um homem de meia-idade, alto e de aparência refinada, usa um terno cinza risca de giz, gravata listrada e óculos de armação grossa. Seu cabelo é loiro-acinzentado, bem penteado, e ele tem uma expressão séria e autoritária enquanto levanta a mão para um jovem. O rapaz, de pele clara e aparência jovem, veste um boné azul, uma jaqueta preta acolchoada e uma camisa polo listrada. Ele tem um rosto anguloso, sobrancelhas marcadas e mantém uma expressão desconfiada ou desafiadora. A cena ocorre em uma sala de estilo clássico, com paredes verdes, quadros e uma mesa de bilhar ao fundo.
O filme arrecadou mais de US$ 414 milhões mundialmente, tornando-se o maior sucesso comercial de Vaughn até o ano de 2014 (Foto: 20th Century Studios)

Marcela Jardim

Lançado em 2015, Kingsman: Serviço Secreto trouxe um novo fôlego para os filmes de espionagem ao combinar ação estilizada, humor ácido e uma estética sofisticada. Dirigido por Matthew Vaughn, o longa subverteu clichês do gênero ao transformar um jovem marginalizado em um agente de elite, sob a tutela do carismático Harry Hart (Colin Firth). Inspirado na HQ The Secret Service, de Mark Millar, a obra se destacou pela violência coreografada e pelo tom irreverente, equilibrando homenagens aos clássicos de James Bond com uma abordagem moderna e exagerada. O roteiro dinâmico e repleto de reviravoltas, aliado às atuações cativantes, fizeram do longa uma experiência única, misturando o charme britânico com sequências de ação eletrizantes.

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Capitão América: Admirável Mundo Novo continua a envelhecida e cínica saga da Marvel

Cena do filme Capitão América: Admirável Mundo NovoNa imagem, o personagem Sam Wilson está entrando em uma sala escura. Ele olha com desconfiança ao seu redor. Sam Wilson segura na mão esquerda, o escudo de seu alter ego, Capitão América, nas cores da bandeira dos Estados Unidos: branco, prata e azul, divididos por faixas circulares. No centro há uma estrela. Sam Wilson é um homem negro, na faixa dos 40 anos, de cabelo raspado e bigode com cavanhaque. Ele veste uma jaqueta preta.
Pela primeira vez nos cinemas, Sam Wilson assume o manto estrelado (Foto: Marvel Studios)

Davi Marcelgo 

Quatro anos depois de Falcão e o Soldado Invernal, a Marvel continua a história de Sam Wilson (Anthony Mackie), mas esquece peças fundamentais da mitologia de heróis em Capitão América: Admirável Mundo Novo, um filme estéril. Na trama, o presidente dos Estados Unidos, Thaddeus Ross (Harrison Ford), sofre um atentado e Isaiah (Carl Lumbly) é preso. Para provar a inocência do amigo, Wilson começa uma investigação que o leva a descobrir segredos sobre o passado da liderança norte-americana.

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Timothée Chalamet prova que Bob Dylan é um estado de espírito em Um Completo Desconhecido

Cena do filme Um Completo Desconhecido. Na cena, há uma silhueta de um músico em um palco, iluminado por uma luz em foco, tocando guitarra. A composição da imagem é simples e focada, com o músico no centro, em destaque. O artista está posicionado em um palco, possivelmente numa apresentação. A iluminação, direcionada ao músico, cria um contraste forte entre a figura escura e o fundo levemente iluminado. As linhas do corpo do músico, bem como a guitarra e o microfone, ficam bem definidas, sem detalhes excessivos. A posição do músico sugere movimento e ação, como de uma apresentação musical.
A Complete Unknown recebeu oito indicações ao Oscar 2025, incluindo a de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Som (Foto: Searchlight Pictures)

Nathalia Tetzner

Um menino circense, uma sensação do folk ou um andarilho? Com mais de seis décadas de carreira e inúmeras transições de gênero musical, Bob Dylan sempre foi e permanecerá um enigma. Sob a perspectiva de que o compositor, dono de um Nobel da Literatura, se trate de algo além do que uma ideia performática, Um Completo Desconhecido traz Timothée Chalamet em um papel que prova como o Dylan é, na verdade, um estado de espírito. 

O cineasta James Mangold, que também dirigiu a biografia do astro do country Johnny Cash, Johnny & June (2006), repete a aclamação da crítica especializada com oito indicações ao Oscar 2025 para a obra que acompanha Robert Allen Zimmerman até sua ascensão e primeira grande mudança de sonoridade. Uma vez símbolo político de uma era que clamava por liberdade, o público se depara com a paranoia da fama e o desejo de uma metamorfose interna.

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Alien: Romulus atualiza o medo pelo desconhecido

Cena do filme Alien: RomulusNa imagem, a personagem Rain está no canto esquerdo, vestindo um uniforme de astronauta e o capacete. O cenário é todo escuro e dentro do capacete há uma luz amarelada iluminando o rosto de Rain. A expressão dela é atenta ao perigo. Rain é uma mulher adulta na faixa dos 25 anos, de pele clara e cabelos escuros.
A franquia que começou em 1979 já possui nove filmes (Foto: 20th Century Studios)

Davi Marcelgo

O diretor Ridley Scott pôde aproveitar intensamente do fator novidade em 1979, quando o mundo ainda não conhecia o visual tenebroso dos xenomorfos, criado pelo artista Hans Ruedi Giger, o que permitiu que o medo pelo desconhecido invadisse as salas de cinema sem fazer barulho. A sequência, Aliens, O Resgate (1986), dirigida por James Cameron, se afastou do Terror e abraçou a ficção científica dos blockbusters. De apenas um alien no filme anterior, o cineasta de O Exterminador do Futuro (1984) brincou com dezenas. Saturada a imagem da criatura, a franquia mirou em outros estilos de narrativa, mas em Alien: Romulus, o sanguinário Fede Alvarez conseguiu o feito de fazer o público temer a escuridão.

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Wicked arrisca trazer a potência dos palcos da Broadway para as telas

Cena do filme Wicked. À esquerda, a personagem Elphaba, de pele verde e cabelos longos pretos em tranças finas, roupas pretas e um chapéu com a ponta alta e triangular. À direita, a personagem Glinda, branca e de cabelos longos loiros, com roupas rosas. As duas estão viradas para frente e olhando para cima
Com muito em jogo, Wicked atinge sucesso nas bilheterias e na crítica especializada (Foto: Universal Pictures)

Giovanna Freisinger

Um dos musicais mais adorados de todos os tempos do Teatro chegou com tudo às telonas. Wicked não só encarou a grandiosidade da obra, como a potencializou ao máximo em cada detalhe da produção. Foi assim que o diretor Jon M. Chu conquistou o impossível e satisfez as altas expectativas dos fãs de longa data do musical da Broadway – mesmo sendo vítima de sua própria ambição em momentos importantes. A responsabilidade que Chu assumiu com este filme foi a de lidar com a nostalgia existente no coração de muitas pessoas e, ao mesmo tempo, renovar a história, para compartilhar essa paixão antiga de tantos com novas audiências. O longa entrou com força na corrida das grandes premiações do ano, conquistando dez indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme.

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Em rabiscos coloridos, Flow cria sua própria revolução dos bichos

Cena da animação Flow. Nela vemos um gatinho preto de olhos amarelos. ele está flutuando em uma espécie de galáxia azul ao fundo. O gato é animado em um 3D que simula a pintura em aquarela
A obra instantaneamente se tornou patrimônio cultural da Letônia (Foto: Sacrebleu Productions)

Guilherme Veiga

Existe um consenso no mundo das animações, quase que uma lei não escrita e potencializada pela indústria estadunidense de que elas precisam reproduzir nossa sociedade não em conteúdo, mas em forma. Quantos os filmes que nos vêm à memória em que um certo ecossistema é adaptado para viver como nós – e nessa releitura que, muitas vezes, mora a Comédia deles. 

De abelhas operárias ao modo capitalista a uma fauna vivendo exatamente igual gente, exemplos não faltam. De certa forma, eles até funcionam como um escape da realidade. Mas Cinema de verdade, ao mesmo tempo que nos tira de órbita, nos reconecta também, e nas mais peculiares histórias que somente esse gênero pode nos proporcionar, Flow é a que alcança esse feito da forma mais singela e pura.

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Divertida Mente 2 acende alerta para o distúrbio de ansiedade e ensina sobre inteligência emocional

Ansiedade tomando a liderança na mesa de controle da cabeça de Riley, com sua base na cor da emoção que controla no momento, desta vez é laranja, representação da Ansiedade. Enquanto isso, os tradicionais sentimentos abordados no primeiro filme estão em segundo plano assustados com o trabalho da agonizante laranja, que não vê problema no que está fazendo.
O longa-metragem dirigido por Kelsey Mann bateu a marca de US$1,46 bilhão em bilheteria mundialmente, superando Frozen 2 e Os Incríveis 2 (Foto: Pixar)

Livia Queiroz

Como evitar que memórias ruins gerem convicções equivocadas?”. Essa é uma frase da Nojinho no final da trama desse filme, após uma conclusão da Alegria de que lembranças que não nos agradam devem ser colocadas no esquecimento. A verdade é que todas as nossas memórias são importantes e criam o que somos, as boas formam nossas expectativas, sonhos e habilidades sociais, e as ruins nos ajudam a sermos mais fortes psicologicamente e a digerir nossos erros para melhorar nossas atitudes. Divertida Mente 2, lançado em Junho de 2024 e candidato ao Oscar de Melhor Animação, é recheado de filosofias do crescimento pessoal. 

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Doechii resgata essência do hip-hop e se prova além do gênero com Alligator Bites Never Heal

Na imagem, Doechii, uma mulher negra, está sentada em uma cadeira de madeira sobre um tapete estampado, com uma parede de fundo em tom verde escuro. Ela veste uma saia verde, uma camisa branca, sapatos marrons e meias brancas. Seu cabelo está trançado, com acessórios decorativos. A mulher segura um jacaré albino em seu colo, olhando diretamente para a câmera.
Alligator Bites Never Heal, mixtape de Doechii, faturou três nomeações no 67º Grammy Awards (Foto: Top Dawg Entertainment)

Talita Mutti

No dia 13 de Junho de 2019, uma jovem chamada Jaylah Ji’mya Hickmon publicou um vídeo em seu canal no YouTube questionando o porquê da transição para a vida adulta ser tão difícil. Como poder investir nos próprios sonhos, se ela precisava pagar contas e lidar com a vida real? “Eu só quero atingir meus objetivos, ser uma grande estrela, […] mas eu sinto que preciso fazer uma escolha”, diz. Arriscar continuar lutando pelos seus sonhos talvez tenha sido a melhor decisão da vida de Doechii, rapper que usou um trecho de seu desabafo em uma das faixas de sua mixtape Alligator Bites Never Heal, lançada em Agosto de 2024. Com o projeto, se tornou a terceira mulher a faturar o Grammy de Melhor Álbum de Rap na história da premiação, além de ter sido uma das nomeadas ao prêmio de Artista Revelação, junto de Sabrina Carpenter e a vencedora Chappell Roan.

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A Nonsense Christmas abraça o absurdo e entrega um especial natalino engraçado e caótico

A imagem mostra Sabrina Carpenter, que é uma jovem mulher loira de olhos azuis, segurando um microfone e sorrindo para a câmera. Ela veste um vestido vermelho justo, decorado com pequenas pedrarias brilhantes e detalhes de plumas brancas na parte superior. Seu cabelo é longo, liso e tem franja, emoldurando seu rosto de traços delicados. Sua maquiagem inclui blush rosado, batom suave e olhos destacados com delineador e cílios volumosos. O cenário ao fundo sugere um ambiente de bastidores, com equipamentos de produção e iluminação. A luz quente do ambiente realça sua expressão animada e carismática.
“É uma hora de absurdo literal”, disse Carpenter à revista TIME sobre o especial em Outubro de 2024 (Foto: Netflix)

Marcela Jardim

Em meio a uma avalanche de clichês típicos das produções de fim de ano, A Nonsense Christmas, estrelado por Sabrina Carpenter, aposta em uma abordagem irreverente que subverte as expectativas do gênero. Apesar de seu charme inegável e do carisma da intérprete de Espresso, que transita com facilidade entre a atuação e sua persona musical, a produção levanta a questão: até que ponto o ‘nonsense’ pode sustentar uma narrativa? Enquanto alguns momentos brilham pela originalidade e criatividade, outros escorregam no excesso, deixando um ‘gostinho’ agridoce para o público.

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