Bruxas, sáficas e performances teatrais? Certeza que era Agatha Desde Sempre

Cena da série Agatha Desde Sempre. Essa imagem apresenta a atriz Kathryn Hahn, uma mulher branca, no papel de Agatha Harkness. Ela está vestida com uma roupa de tons escuros, predominantemente azul e roxo, com mangas largas e texturas dramáticas. A personagem está em uma pose expressiva e poderosa, com as mãos levantadas em um gesto mágico, sugerindo que está conjurando ou manipulando magia. A cena acontece em um ambiente sombrio e misterioso, com iluminação baixa que realça o tom enigmático da personagem.
Kathryn Hahn brilha performando Agatha Harkness, desde seu movimentos com as mãos até suas expressões faciais (Foto: Disney+)

Arthur Caires

Desde sua primeira aparição em WandaVision (2021), Agatha Harkness conquistou o público com seu charme, ironia e carisma, frutos da magistral atuação de Kathryn Hahn. O impacto foi tão grande que a personagem ganhou sua própria série, Agatha Desde Sempre. Criada pela mesma mente por trás da história de Wanda Maximoff  (Elizabeth Olsen), Jac Schaeffer, a produção busca capturar a magia da obra original ao mesmo tempo que apresenta uma narrativa própria e ousada.

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Trilha Sonora para um Golpe de Estado é documentário corajoso, mas excessivo

Cena do filme Trilha Sonora para um Golpe de EstadoNo canto esquerdo da imagem, em preto e branco, está Louis Armstrong tocando um instrumento de sopro. O ponto de vista é dos pratos de uma bateria, no lado esquerdo há uma mão segurando uma baqueta. No canto direito, de costas para Armstrong, há um homem branco, na faixa dos 50 anos, vestindo terno. Louis Armstrong é um homem adulto, negro e veste um terno.
Louis Armstrong é uma das celebridades que aparece no longa (Foto: Pandora Filmes)

Davi Marcelgo

Há pelo menos uma década, o Oscar se empenha em indicar e prestigiar filmes que tenham como temas o racismo, a sexualidade e o protagonismo feminino, ainda que, por muitas vezes, a premiação vá para caminho habitual, a exemplos de apenas uma mulher indicada em Melhor Direção ou a entrega do prêmio para Green Book: O Guia (2018). Em 2025, Trilha Sonora para um Golpe de Estado entra na lista dos concorrentes a Melhor Documentário. Narrando a luta de Patrice Lumumba para tornar a República Democrática do Congo um país independente, o longa de Johan Grimonprez aposta em imagens de arquivo para costurar a história.

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The Great Impersonator não foi feito para os charts, mas para a Arte

Capa do álbum The Great Impersonator, de Halsey. O rosto da cantora, que ocupa quase todo o espaço reservado, está de frente e se parece com uma máscara: sua cor é acinzentada, enquanto as bochechas apresentam uma cor alaranjada, como se alguém tivesse passado um blush por cima. Os olhos estão com delineador e cílios postiços que lembram os cílios de bonecas. Seu olhar está levemente direcionado para a direita, para fora do enquadramento da câmera, e ela não apresenta nenhuma expressão ao passo que não possui sobrancelhas. A boca, com batom, assume um tom de cinza escuro. No canto superior esquerdo, há uma estrela na cor mostarda com o nome do álbum e da cantora dentro.
Lançado em Outubro de 2024, o álbum foi feito “no espaço entre a vida e a morte”, de acordo com a cantora (Foto: Columbia Records)

Raquel Freire

Quando o assunto é a indústria musical, não é incomum ouvir que artistas, principalmente mulheres, precisam se reinventar múltiplas vezes para continuarem na cena. É o que aconteceu com Halsey na última década: ela fez sua estreia como uma adolescente rebelde em BADLANDS (2015), defendeu a postura de uma ‘artista conceituada’ transformando o clássico shakespeariano Romeu e Julieta em hopeless fountain kingdom (2017), mostrou-se como uma autora de sucesso mundial em Manic (2020) e uma máquina de ódio industrial que explodiu em If I Can’t Have Love, I Want Power (2021). Seu quinto álbum de estúdio, The Great Impersonator, segue a mesma linha. No entanto, ao invés de assumir uma única personalidade, Halsey assume 18.

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Coringa: Delírio a Dois foi o fiasco que o primeiro filme não merecia

Cena do filme Coringa: Delírio a dois. Joaquim Phoenix, que interpreta Coringa, é um homem branco, com cabelo de cor verde, e maquiagem de palhaço e veste um terno vermelho Ele está ao lado de Lady Gaga, que interpreta Haarlem Quinzel Ela é uma mulher branca, de pele clara, cabelos loiros e um vestido colorido, os dois estão com uma perna levantada cada, aparentemente dançando.
O corte de algumas cenas da versão final gerou descontentamento dos fãs (Foto: Warner Bros. Pictures)

Lucas Barbosa

Cinco anos após o primeiro filme, Coringa: Delírio a dois não correspondeu às altíssimas expectativas que pesavam sobre o longa-metragem que carrega a continuação da história problemática e exotérica de um dos maiores seres vilanescos do universo dos quadrinhos. Sendo a sombra de uma das melhores películas de 2019, garantindo até Oscar de melhor Ator para o Joaquim Phoenix, a continuação deixou lacunas mal resolvidas, questionamentos desnecessários sobre a história e aquele velho pensamento se uma continuação de uma obra amplamente premiada é realmente necessária.

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A terceira temporada de Heartstopper é um lembrete de que nunca estamos sozinhos

Cena de Heartstopper com dois adolescentes se encarando de forma carinhosa em um ambiente externo à noite. O menino da esquerda, chamado Nick, tem cabelo liso e veste um moletom cinza com capuz. Ele sorri de maneira suave enquanto olha para o menino da direita, chamado Charlie, que tem cabelo cacheado e veste um casaco verde claro. O fundo está escuro, com leves sombras de árvores e uma cerca.
Demorou três temporadas, mas finalmente Nick e Charlie disseram ‘eu te amo’ um para o outro (Foto: Netflix)

Arthur Caires

A atmosfera positiva e idealizada de Heartstopper é uma marca registrada da série desde a sua estreia, gerando algumas críticas por parte do público. Embora certos momentos possam ser considerados caricatos, a produção tem como objetivo ser uma fuga da adolescência corrompida de obras como Euphoria, focando em ser quase como um ‘manual’ para a nova geração e um acalento para os mais velhos. Na terceira temporada, lançada em Outubro de 2024, o original Netflix segue com o tom adocicado, mas oferece um retrato mais realista e autêntico ao tratar de temas mais maduros.

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Em Clancy, o fim é feito de recomeços

Capa do álbum Clancy, do duo Twenty One Pilots. Nele vemos um fundo vermelho com detalhes em amarelo que lembram chamas. Na parte central temos dois homens, que são Tyler Joseph e Josh Dun. Tyler está mais centralizado, veste uma jaqueta preta com detalhes no ombro, uma calça preta e uma balaclava. Josh veste uma jaqueta preta com magas brancas e uma calça preta. A foto dos dois estão em preto e branco e bastante granuladas. Na parte superior central, está escrito na vertical "CLANCY" com letras estilizadas
Como era de se esperar, Clancy trouxe consigo uma tonelada de teorias (Foto: Fueled By Ramen)

Guilherme Veiga

Fechar ciclos nunca é uma tarefa fácil, ainda mais quando tais ciclos são internos e nos remetem a nós mesmos. Se serve de consolação, essa não é uma experiência única. Aliás, se fosse, vários cantores e bandas que gostamos não teriam o impacto que têm para nós. Felizmente, o Twenty One Pilots sabe disso e consegue não só transmutar sentimentos, como também encerrar períodos. A forma com que o duo formado por Tyler Joseph e Josh Dun lida com isso é muito única. Assim como uma criança traumatizada, a dupla cria uma história fantástica para mascarar problemas reais, a fim de deixá-los menos banais e insignificantes ao olhar externo.

Dessa empreitada saíram quatro dos sete álbuns de sua discografia, Blurryface (2015), Trench (2018), Scaled and Icy (2021) e, agora, aquele que parece ser o final dessa história: Clancy. Por mais que os álbuns antecessores também tratassem de forma muita pungente as questões do duo – mas, principalmente de Joseph –, aqui, elas, em uma espécie de Efeito Streisand, ao serem mascaradas em uma narrativa, ganham ainda mais força e chegam ao ápice no momento mais oportuno, quando se toma coragem para enfrentar seus inimigos.

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Rivais deixa o público ansiando pela próxima partida de Guadagnino

Cena de Rivais. Na imagem, três jovens estão sentados em uma cama. Uma mulher de shorts preto, longos cabelos castanhos e moletom de zíper rosa está entre dois homens. Ela beija um deles, de cabelos loiros, que veste uma camiseta cinza e um shorts xadrez. Observando-os está outro homem. Ele possui cabelos escuros, utiliza shorts azul e uma camisa verde com listras verticais brancas, a qual está aberta.
Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor seguiram rotinas de musculação e treinos de tênis antes do início das gravações de Rivais (Foto: Amazon MGM Studios)

Esther Chahin 

Um filme sobre um triângulo amoroso entre três prodígios do tênis é específico, mas foi lançado. Rivais (Challengers, originalmente) estreou em Abril de 2024 e é mais uma grande obra do cineasta italiano Luca Guadagnino, também responsável por tramas como Me Chame pelo Seu Nome (2017) e Até os Ossos (2022). O principal nome do elenco é Zendaya que, pela primeira vez, interpretou uma personagem adulta, a ex-tenista Tashi Duncan. Dando vida aos outros dois elementos essenciais da narrativa, os atores Mike Faist (Art Donaldson) e Josh O’Connor (Patrick Zweig), porém, não foram ofuscados pela estrela de Euphoria

O enredo conta a história de Art Donaldson, Tashi Duncan e Patrick Zweig, três tenistas de talento excepcional cujas vidas tomam outros rumos quando se envolvem em um triângulo amoroso. Ao longo da trama, o espectador é apresentado aos eventos que levaram os protagonistas à então relação, mas não há uma linearidade. No início, tudo que se sabe é que Art e Patrick competem uma partida de tênis, enquanto uma elegante jovem, apreensiva, assiste-os atentamente. A obra não ultrapassa esse núcleo de personagens de forma significativa: há bastante material a ser explorado apenas entre os três. 

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Pra Sempre Paquitas é um polêmico e surpreendente purgatório dos traumas da geração das décadas de 1980 e 1990

Imagem de três mulheres sorrindo em um camarim iluminado. A mulher ao centro, com cabelos curtos e uma camiseta preta com a frase 'Tô Empaquitada', segura um pequeno cachorro vestido com um chapéu vermelho. As outras duas mulheres, uma usando uma camiseta branca com estampa da marca Reserva e outra com uma camiseta branca com um arco-íris, estão ao lado dela. Ao fundo, araras de roupas e espelhos completam o ambiente descontraído.
Tatiana Maranhão e Ana Paula Guimarães, além de ex-paquitas, são as criadoras da série documental
(Foto: Blad Meneghel)

Vinicius Magalhães

Difícil assistir o documentário Pra Sempre Paquitas, lançado pelo Globoplay em Setembro de 2024, sem fazer comparações com outro produto de 2023 da plataforma de streaming da Globo: Xuxa, o Documentário. Apesar de não ser vendida como um spin off – mesmo com todas as características de um –, a série sobre o grupo de assistentes de palco da apresentadora Xuxa entrega um material muito mais polêmico, interessante, honesto e divertido comparado ao que inspirou a sua criação. 

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Há 5 anos, Adoráveis Mulheres definia o que é irmandade

Cena do filme Adoráveis Mulheres. Na imagem, há quatro mulheres abraçadas. Elas estão na sala de casa, que possui decorações de natal. Da esquerda para direita, há uma mulher branca de cabelos castanhos escuros com uma blusa bege, uma mulher branca de cabelos ruivos e curtos com uma blusa azul, uma mulher branca usando uma blusa cinza com listra amarela e de cabelos ruivos com franja e uma mulher ruiva de cabelos longos utilizando uma blusa com estampa azul e laranja.
Relação entre irmãs é introdução, desenvolvimento e referência no universo repaginado por Greta Gerwig (Foto: Sony Pictures)

Guilherme Machado Leal

Em 2019, Greta Gerwig lançou a sua versão do clássico Mulherzinhas. A obra, baseada no romance escrito por Louisa May Alcott, é uma das inúmeras adaptações da história que acompanha as irmãs March durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos. Por ser uma trama que já foi retratada nos cinemas  e na Televisão, a diretora tinha um caminho árduo a percorrer: ampliar a discussão acerca dos temas discutidos pela autora. No mundo das Adoráveis Mulheres, a generosidade é quem dita a ação das personagens.

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10 anos de 1989: o álbum que mudou a história do pop moderno

Uma foto estilo polaroid retratando Taylor Swift com o rosto parcialmente cortado, vestindo um suéter estampado com gaivotas voando contra um fundo azul. Abaixo da imagem, está escrito "T.S." e "1989" em letras manuscritas.
O título do álbum é uma referência ao ano em que a cantora nasceu (Foto:
Big Machine Records)

Marcela Jardim

Blank Space, Shake It Off e Bad Blood são apenas alguns hits de uma das eras mais icônicas da ‘loirinha’. Os clipes, a estética e as músicas do 1989 marcaram a transição de Taylor Swift do country para o pop, que mergulhou de cabeça nesse novo gênero – o que deu muito certo. Red (2012), o antecessor do álbum, já havia mostrado sinais de uma mudança estilística, mas 1989 foi a confirmação dessa transformação, apresentando um som claramente mais synth-pop e inspirado pela década de 1980.

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