Talvez você também seja um d’Os Maus Patriotas

Imagem do documentário Maus Patriotas. Na foto, o político Jeremy Corbyn e o cineasta Ken Loach, dois homens brancos, estão sentados em um estúdio e dão entrevistas; O homem da esquerda usa uma camisa social azul, uma calça preta e o da direita usa uma blusa marrom com uma jaqueta preta.
Victor Fraga, diretor do documentário, centraliza a narrativa em duas figuras britânicas: Jeremy Corbyn e Ken Loach (Foto: Sesc SP Digital)

Guilherme Machado Leal

Em 2021, o cineasta Victor Fraga cutucou a ferida que marcou o cenário político desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a prisão de Lula com a obra A Fantástica Fábrica de Golpes. Três anos depois, ele volta em Os Maus Patriotas, presente na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, para falar a respeito da relação dos veículos de comunicação com a esquerda britânica. O documentário, da seção Novos Diretores, utiliza duas figuras centrais para a história do Reino Unido: o diretor Ken Loach e Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista. 

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Baby sobrevive com a rua e o Cinema

Cena do filme Baby Na imagem, o personagem Baby faz pose de guarda na luta de Boxe, colocando as duas mãos ao lado do rosto. As mãos estão vestidas com luvas de Boxe na cor vermelha. Baby é um garoto na faixa dos 18 anos, de pele escura e cabelos escuros, bem curtos. Ele está sem camiseta. Ao fundo há uma parede azul.
O filme ganhou o prêmio de Melhor Longa-Metragem de Ficção no Festival do Rio 2024 (Foto: Vitrine Filmes)

Davi Marcelgo 

No momento em que o diretor Marcelo Caetano filmou ‘Baby’ (João Pedro Mariano) – ainda Wellington naquela cena – na FEBEM, um nome ecoava de dentro da cela: Héctor Babenco, seja nas ideias, estilização em cores, Fotografia ou iluminação. Ainda assim, Baby transpira personalidade e dor. Selecionado para a seção Mostra Brasil, o filme faz parte da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

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Enterre Seus Mortos quase soterra sua própria ambição

Na imagem, Nete está encostada na cabeceira de uma cama, com os dois braços apoiando a cabeça. Ela está com expressão de confiança. Nete é uma mulher na faixa dos 40 anos, de pele clara e cabelos longos de cor castanho escuro. No muque, ela possui uma tatuagem escrita.
O filme participou da Mostra Competitiva do Festival do Rio 2024 (Foto: Globoplay)

Davi Marcelgo

Marco Dutra é conhecido por suas colaborações com Juliana Rojas, mas, na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o diretor encara sozinho a missão de contar a história de Edgar Wilson (Selton Mello) e a cidade de Abalurdes, que está prestes a passar pelo apocalipse. Enterre Seus Mortos faz parte da seção Mostra Brasil e é uma produção Globoplay que adapta o romance homônimo de Ana Paula Maia. 

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Zafari: uma metáfora de fuga e desespero

Cena do filme Zafari. Na cena vemos Ana, Bruno e Francisco olhando para algo. Ana, mulher branca com cabelos castanhos, veste uma blusa na cor azul. Bruno, adolescente branco de cabelos castanhos, usa uma camiseta de manga longa vermelha e cinza. Francisco, homem branco com cabelos e barba grisalhos, usa uma camiseta de botão listrada branca e amarela. Todos encontram-se na lateral direita da imagem, e, ao fundo, é possível ver árvores e vegetação.
Zafari também foi exibido no Festival de San Sebastián (Foto: Vitrine Filmes)

Vitória Borges

A produção venezuelana Zafari, presente na seção Perspectiva Internacional da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, conta a história de uma família em situações precárias vivendo em uma Caracas distópica. Produzido por Mariana Rondón, o longa mostra a cidade dividida entre uma sociedade que está à beira de desmoronar e a ânsia pela fuga do país – fazendo uma clara comparação com a situação da Venezuela contemporânea.

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Em Não Sou Eu, Leos Carax busca a alma de Godard para falar sobre a velocidade do mundo

O fundo é uma piscina. As cores dela se alternam entre um azul claro e o branco. No centro direita está uma mulher de maiô preto. Ela parece estar ‘flutuando’ na piscina.
O curta-metragem Não Sou Eu faz parte da seção Apresentação Especial da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: CG Cinéma)

Guilherme Moraes

Após três anos do lançamento de Annette, Leos Carax volta com Não Sou Eu, um curta-metragem de 45 minutos presente na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção de Apresentação Especial. O filme não apenas homenageia, como também encarna o espírito do lendário Jean-Luc Godard, com seus ensaios sobre a velocidade do mundo atual e a exploração da linguagem cinematográfica.

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Persona Entrevista: Davi Pretto, Olívia Torres e Paola Wink

Com o lançamento de Continente, equipe e elenco falam sobre Cinema de gênero, linguagem e Terror 

O filme cutuca cicatrizes do Brasil colonial (Arte: Aryadne Xavier)

Davi Marcelgo

As terras gaúchas se transformaram em palco para sangue e suor no Halloween de 2024 com Continente, terceiro longa-metragem de Davi Pretto, vencedor do prêmio de Melhor Direção na Competição Novos Rumos do Festival do Rio 2024. O filme confronta as raízes do Brasil colonial com toques de vampirismo e com as influências de Glauber Rocha e Jacques Tourneur no DNA, este por quem Pretto diz ter uma “grande fixação, principalmente [por] Cat People e I Walked with a Zombie, que são dois filmes que eu acho absolutamente geniais”. 

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O que podemos encontrar em Uma Terra Deixada para Trás?

Cena do filme Uma Terra Deixada para Trás. Em uma paisagem aberta e desolada, duas mulheres estão sentadas em cadeiras sob a sombra de uma grande árvore solitária no centro de um campo seco e coberto de grama amarelada. A mulher à esquerda usa óculos escuros e um casaco cinza, enquanto a mulher à direita está envolta em um casaco marrom, ambas parecendo contemplativas e distantes. Ao fundo, há uma linha de árvores sem folhas que realçam o ambiente melancólico e a sensação de abandono. A composição transmite solidão e nostalgia, capturando a vastidão do campo e a quietude do momento.
O produtor do longa esteve presente nas sessões da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e distribuiu cartões-postais temáticos (Foto: Mei Shuxuan)

Henrique Marinhos

Em exibição na seção Perspectiva Internacional da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Uma Terra Deixada para Trás (Nei Sha, no original), dirigido por Yang Yishu, é o testemunho de uma colisão lenta e inevitável entre a modernidade capitalista e a serenidade da tradição. Em uma pequena ilha do rio Yangtze, sentimos o peso de um mundo que se infiltra, pesado, nas rachaduras da tranquilidade. Como a maré que não se detém, forças globais encontram caminho até o canto mais remoto e aquilo que parecia isolado revela-se vulnerável.

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Lispectorante é um espetáculo espectral

Cena do filme Lispectorante. Vista aérea de duas pessoas deitadas no fundo de um barco pequeno, com pintura verde central e madeira clara nas laterais. À esquerda está Glória, uma mulher de meia-idade, de cabelos curtos e ondulados, vestindo uma blusa escura e shorts vermelhos. À direita está Guitar, um homem branco com cabelo raspado dos lados e mais longo em cima, usando uma camisa aberta e calça dourada, exibindo uma expressão relaxada. Objetos como cordas e um salva-vidas branco estão espalhados ao redor. A água ao fundo e o verde vibrante da pintura evocam uma sensação de tranquilidade e liberdade.
Assim como a protagonista, a diretora do longa-metragem também é uma artista plástica (Foto: Amora Filmes)

Henrique Marinhos

Em competição na seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Lispectorante se destaca como um delírio surrealista, cheio de luzes esverdeadas e paralelos poéticos. A diretora Renata Pinheiro nos entrega um Recife que é mais do que um cenário – é um ser vivo, em estado de abandono e renascimento.

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La Pampa não desacelera nem nas curvas mais sinuosas

Cena do filme La Pampa. Amaury Foucher e Sayyid El Alami interpretam Jojo e Willy, respectivamente. Os dois estão de frente um para o outro, com as testas encostadas, transmitindo uma conexão forte e íntima. Amaury, com cabelo loiro e expressão suave, olha diretamente nos olhos de Sayyid, que sorri levemente. A luz natural e o fundo desfocado ressaltam o foco na interação entre os personagens, evidenciando um momento de cumplicidade e afeto.
O longa-metragem foi exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes (Foto: Agat Films)

Henrique Marinhos

Em competição na seção Novos Diretores da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Antoine Chevrollier nos conduz, em alta velocidade, pelos caminhos poeirentos do amor e luto em La Pampa. Ao contrário de Close (2022) e O Segredo de Brokeback Mountain (2005), aqui, a protagonista é a juventude – imprudente, vulnerável e, tragicamente, exposta às crueldades do mundo. A combinação da direção de Fotografia de Benjamin Roux e a montagem de Lilian Corbeille nos deixam em estado de alerta constante, mesmo confortáveis em uma cadeira de cinema.

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Quando Peter Pan pede Cinderela em casamento, o resultado é Anora

Na imagem, Anora está centralizada, ela está dançando em uma balada com iluminação azul e roxa. Ela usa um vestido vermelho com toda região de tórax e peito descobertos. Ela está sorrindo e com os olhos fechados. Ao seu redor há outras pessoas, que seguram copos de bebida. Ela é uma mulher de pele clara, na faixa dos 25 anos, de cabelos longos, ondulados e escuros com algumas mechas de brilho rosa.
O filme foi vencedor da Palma de Ouro da 77ª edição do Festival de Cannes (Foto: Universal Pictures)

Davi Marcelgo

No pódio dos filmes mais aguardados pelo público da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Anora só fica atrás de Ainda Estou Aqui. O novo longa de Sean Baker (Projeto Flórida) faz parte da seção Perspectiva Internacional e narra a história de Anora (Mikey Madison), uma prostituta que é pedida em casamento por Ivan (Mark Eidelstein), um jovem russo podre de rico que está em temporada de férias nos EUA. Não demora muito para o sonho cor-de-rosa da personagem começar a desbotar. 

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