A opressão do amor em Tudo Que Imaginamos Como Luz

Cena do filme Tudo Que Imaginamos Como Luz. A imagem está em plano detalhe, captando apenas do ombro para cima das personagens. No centro está Prabha observando algo que Anu está segurando. Ela está atrás de Anu. Anu está segurando e observando uma air fryer vermelha.
Uma Noite Sem Saber Nada é o primeiro filme de Payal Kapadia (Foto: Petit Chaos)

Guilherme Moraes

Vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes, Tudo Que Imaginamos Como Luz chegou com muita expectativa na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, ao ponto de lotar as sessões. Dirigido por Payal Kapadia, o longa, que fez parte das seções Foco Índia e Competição Novos Diretores, fala sobre a opressão do amor de diferentes formas nos grandes centros urbanos indianos.

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O Palhaço de Cara Limpa é ‘faz-me rir’ para quem nunca perde

Cena de O Palhaço de cara limpa. Na imagem, um homem pardo aparece olhando para o céu. Ele veste camiseta vermelha e está no meio de uma manifestação que acontece a noite entre diversas pessoas. Sua feição é triste e tem lágrimas no canto do olho.
Retratando os reflexos das crises políticas na sociedade, O Palhaço de Cara Limpa fez parte da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil (Foto: Lira Filmes)

Jamily Rigonatto

Estamos em Agosto de 2016. Depois de tanto pegar fogo, as grandes capitais percebem que lutar pela diminuição da tarifa dos circulares deu certo e decidem se engajar politicamente em outros espaços. O movimento amplificado em milhares de vezes chegou ao Congresso Nacional e a atual presidente, Dilma Rousseff, perde seu cargo por meio de um Impeachment feito às pressas e com consideráveis buracos constitucionais. O momento parece estranho, pessoas comemoram ativamente nas ruas e outras se preocupam. Estas, previam um futuro que sacrificaria muitos e, entre Arte e cotidiano, O Palhaço da Cara Limpa remonta uma partícula de pólvora dessa explosão catastrófica. 

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Em Hit Me Hard and Soft, Billie Eilish tira o fôlego e o devolve como um novo sopro de vida

Imagem quadrada ambientada embaixo da água. Uma porta branca está aberta, próxima à superfície, no canto superior central da imagem. Em um lugar azul escuro, é possível ver caída flutuando a cantora Billie Eilish, uma mulher branca de olhos claros e cabelos longos, lisos e escuros. . Ela veste roupas escuras e largas, e cai em direção ao fundo.
Billie Eilish demonstra que não há espaço para sorte em seu sucesso estrondoso com um novo álbum de tirar o fôlego – em todos os aspectos (Foto: Darkroom)

Aryadne Xavier

Quando surgiu na mídia em 2015, Billie Eilish ainda caminhava a passos tímidos ao lado de seu irmão e parceiro mais íntimo na Música, Finneas O’Connell. Juntos, eles criaram uma das canções mais tocantes do ano, Ocean Eyes, e deixaram como marca registrada esse jeito único de gerar uma composição: sincero, sentimental e com um ar de caseiro, que aproxima o ouvinte do autor com  uma verdade quase universal. Em todos seus trabalhos, essas características ficam marcadas, mas em Hit Me Hard and Soft, Eilish escancara todos os seus sentimentos e se expõe de ponta a ponta em cada uma das canções. Muito mais madura e consciente do que faz, a artista eleva o nível técnico de suas produções e sua poesia emociona ainda mais. Nesse ponto, já nem faz sentido não assumir a estrela musical que ela é. Continue lendo “Em Hit Me Hard and Soft, Billie Eilish tira o fôlego e o devolve como um novo sopro de vida”

Através do Fluxo encontra a beleza da vida por meio da casualidade

O cenário é uma mesa de um restaurante. Três personagens estão em cena. Na direita está o personagem de Kwon Hae-hyo com uma roupa preta e com a mão no queixo. Na esquerda está Kim Min-hee com uma roupa cor de bege. No centro está Jo Yun-hee com uma blusa rosa. As duas olham para o personagem de Kwon Hae-hyo. Existem três taças na mesa na frente de cada um. Eles estão bebendo alguma bebida alcoólica.
Hong Sang-soo é reconhecido por lançar um filme por ano e por ter uma filmografia muito regular (Foto: Jeonwonsa Film)

Guilherme Moraes

Hong Sang-soo é considerado um dos grandes cineastas contemporâneos por conseguir trazer profundidade em meio a diálogos, aparentemente, banais, uma condução discreta e histórias simples. Em Através do Fluxo, filme que fez parte da seção Perspectiva Internacional na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, ele encontra a beleza da vida por meio da casualidade.

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O Pardal na Chaminé compartilha o desejo de escapar

Cena do filme O Pardal na Chaminé. Cinco pessoas estão lado a lado, com expressões introspectivas e semblantes melancólicos, sugerindo um momento de reflexão ou tristeza. À esquerda, um jovem de cabeça baixa veste uma camisa clara, enquanto ao seu lado está um homem de barba curta, usando um suéter marrom. No centro, uma mulher de cabelos curtos e roupa leve, com uma blusa listrada e shorts roxos, olha para baixo com ar desanimado e rosto sujo de sangue. Ao lado dela, uma mulher de cabelo preso veste uma camisa vermelha, enquanto a última personagem, à direita, usa uma camiseta verde com a palavra "Chicago". A composição evoca uma atmosfera de tensão emocional, capturando um instante de silêncio e introspecção compartilhada pelo grupo. Ao fundo, há vegetação densa e uma parede clara, próximo a uma casa.
A desesperança é o único sentimento que encontramos em O Pardal na Chaminé (Foto: Zürcher Film)

Henrique Marinhos 

Exibido na seção Perspectiva Internacional da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, O Pardal na Chaminé (Der Spatz im Kamin, no original), é um filme suiço dirigido por Ramon Zürcher e chega para provar que o ditado popular “família não se escolhe” não é só uma frase jogada ao vento – é uma sentença. Uma casa de campo, que parece um refúgio de tranquilidade, não demora a se mostrar uma prisão emocional onde as tensões familiares afloram o pior de cada um.

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Por trás da Estátua da Liberdade, O Brutalista encontra o verdadeiro Estados Unidos

Aviso: o texto contém spoiler e aborda temas sensíveis.

Cena do filme O Brutalista. O cenário é de um quarto transformado em um escritório. Um tom esverdeado toma conta da imagem. No centro está Erzsébet Tóth sentada com uma blusa com uma coloração amarelada por fora, e outra blusa florida por dentro. László está atrás de Erzsébet, colado a ela, com uma camisa de coloração esverdeada. Ambos estão com uma expressão de preocupação.
O filme teve uma sessão na Mostra em SP antes mesmo de sair o trailer (Foto: Universal Pictures)

Guilherme Moraes

Um dos longas mais aguardados da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, O Brutalista, que fez parte da seção Perspectiva Internacional, é o clássico filme que recebe indicações na temporada de premiações. O teor biográfico, as atuações sisudas, os movimentos de câmeras sutis e uma trilha sonora pensada previamente para tomar a sala de cinema e criar algo mais sensorial são exemplos disso. No entanto, eles não foram usados de maneira vazia. Brady Corbet consegue aderir a todos os elementos que a Academia gosta para contar um épico sobre a desconstrução dos Estados Unidos como um país grandioso e  terra da liberdade.

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Talvez você também seja um d’Os Maus Patriotas

Imagem do documentário Maus Patriotas. Na foto, o político Jeremy Corbyn e o cineasta Ken Loach, dois homens brancos, estão sentados em um estúdio e dão entrevistas; O homem da esquerda usa uma camisa social azul, uma calça preta e o da direita usa uma blusa marrom com uma jaqueta preta.
Victor Fraga, diretor do documentário, centraliza a narrativa em duas figuras britânicas: Jeremy Corbyn e Ken Loach (Foto: Sesc SP Digital)

Guilherme Machado Leal

Em 2021, o cineasta Victor Fraga cutucou a ferida que marcou o cenário político desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a prisão de Lula com a obra A Fantástica Fábrica de Golpes. Três anos depois, ele volta em Os Maus Patriotas, presente na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, para falar a respeito da relação dos veículos de comunicação com a esquerda britânica. O documentário, da seção Novos Diretores, utiliza duas figuras centrais para a história do Reino Unido: o diretor Ken Loach e Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista. 

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Estante do Persona – Outubro de 2024

No Estante do Persona de Outubro o horror está nas páginas (Arte: Aryadne Xavier/Texto de abertura: Jamily Rigonatto)

Muitos têm medo de filmes de terror. Produções gráficas de violência, sangue, sustos em formato jumpscare, gore e outras possibilidades da linguagem audiovisual acumulam fãs e haters por todo o mundo, mas, e na Literatura? O que o horror é capaz de fazer? O Estante do Persona de Outubro vem te responder essa pergunta e, como de costume, fazer indicações, dessa vez, horripilantes.

O relato escrito de horror existe há muito tempo, com os primeiros registros sendo as gravuras nas paredes de cavernas e espaços afins, que já faziam uma espécie de documentação dos mitos e folclores que assustavam os homens muito antes dessa espécie de narrativa ser categorizada. O fluxo seguiu com menção a monstros, acontecimentos fantásticos, eventos sanguinários e muito mais ocupando diários, crônicas e, inclusive, textos religiosos.

Durante o século XVIII, a materialização de textos voltados para o terror começa a aumentar. A incidência da teoria do pensamento lógico impulsiona a popularização de histórias que exploram o sobrenatural com menos enfoque na vontade divina. Nesse período, ocorre o lançamento de O Castelo de Otranto (1764), de Horace Walpole, considerado o primeiro romance gótico.

No século seguinte, clássicos do gênero caem no gosto da população e se tornam lendas imortais. Entre os mais famosos estão Frankenstein (1818), de Mary Shelley, Drácula (1897), de Bram Stoker, e a coletânea de livros de Edgar Allan Poe. Estes, já sendo considerados inspirações inesgotáveis para diversas estórias de monstros, além de base para suas versões cinematográficas, lançadas com mais de 50 anos de diferença.

Desse momento para frente, a ruptura promove uma revolução, com autores do mundo todo explorando os mais diversos aspectos do terror e horror. Nomes como H.P. Lovecraft, Stephen King, Shirley Jackson, Charles Beaumont, Neil Gaiman e incontáveis outros se tornaram referências para produções macabras com subcategorias e muita profundidade – algumas até questionáveis. De caça às bruxas a pequenas meninas que entram em portais macabros, a Horror Literature cria mundos ou narra o real com garras afiadas, suspense e imprevisibilidade.

Esse texto não contempla nem metade das possibilidades que o gênero criou no universo literário e deixa, inclusive, de passear pelos frutos suculentos do cenário nacional. Por isso, a palavra fica agora com nossos redatores e suas indicações para lá de frescas, com veias fartas e cheias de sangue novinho… Quer dizer, criatividade, isso mesmo, criatividade e só! Agora, é sua vez de aproveitar e tirar um tempinho para adentrar esse imaginário, mas, por favor, deixe de fora o alho, as tochas e a caça aos monstros.

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Baby sobrevive com a rua e o Cinema

Cena do filme Baby Na imagem, o personagem Baby faz pose de guarda na luta de Boxe, colocando as duas mãos ao lado do rosto. As mãos estão vestidas com luvas de Boxe na cor vermelha. Baby é um garoto na faixa dos 18 anos, de pele escura e cabelos escuros, bem curtos. Ele está sem camiseta. Ao fundo há uma parede azul.
O filme ganhou o prêmio de Melhor Longa-Metragem de Ficção no Festival do Rio 2024 (Foto: Vitrine Filmes)

Davi Marcelgo 

No momento em que o diretor Marcelo Caetano filmou ‘Baby’ (João Pedro Mariano) – ainda Wellington naquela cena – na FEBEM, um nome ecoava de dentro da cela: Héctor Babenco, seja nas ideias, estilização em cores, Fotografia ou iluminação. Ainda assim, Baby transpira personalidade e dor. Selecionado para a seção Mostra Brasil, o filme faz parte da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

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Enterre Seus Mortos quase soterra sua própria ambição

Na imagem, Nete está encostada na cabeceira de uma cama, com os dois braços apoiando a cabeça. Ela está com expressão de confiança. Nete é uma mulher na faixa dos 40 anos, de pele clara e cabelos longos de cor castanho escuro. No muque, ela possui uma tatuagem escrita.
O filme participou da Mostra Competitiva do Festival do Rio 2024 (Foto: Globoplay)

Davi Marcelgo

Marco Dutra é conhecido por suas colaborações com Juliana Rojas, mas, na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o diretor encara sozinho a missão de contar a história de Edgar Wilson (Selton Mello) e a cidade de Abalurdes, que está prestes a passar pelo apocalipse. Enterre Seus Mortos faz parte da seção Mostra Brasil e é uma produção Globoplay que adapta o romance homônimo de Ana Paula Maia. 

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