Ana Júlia Trevisan
Oslo é a capital na Noruega, além de ser a maior cidade do país. Revelando sua importância, o município é centro cultural, científico, econômico e governamental dos noruegueses. Com um dos maiores custos de vida, mas também um dos melhores lugares para se viver, Oslo é o palco do filme de mesmo nome que traz Mona Juul (Ruth Wilson) e Terje Rød-Larsen (Andrew Scott) com um heroico casal de diplomatas ajudando nas negociações dos Acordos de Paz em 1993.
O conflito entre judeus e Palestina perdura há décadas, entretanto foi após a Segunda Guerra Mundial, juntamente com a propagação do antissemitismo, que as divergências se intensificaram. O extermínio dos judeus pelos nazistas, levou muitas famílias a imigrarem para a Palestina, fortalecendo o movimento sionista que se consumou, em 1948, com a criação do Estado de Israel.
Em 1993, líderes de Israel e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se reuniram na capital da Noruega para negociar os Acordos de Paz de Oslo. Entre muitas tentativas de cessar fogo, o plano apostou em diálogos entre os representantes para, eventualmente, alcançar o resultado esperado. O filme se inicia nesse ponto, toda essa breve introdução é história, e conhecer o básico, ajudará a entender o recorte temporal da trama, escolhido pelo diretor Bartlett Sher, que adaptou a peça teatral de mesmo nome, para as telas da HBO.
Diferente de tudo que possa ser imaginado sobre o filme, Oslo não traz grandes discussões ou brigas entre inimigos mortais, apenas meras trocas de farpas. Pelo ponto de vista de Mona e Terje é que a história se manifesta, diferenciando o telefilme dramático de um documentário. Os diplomatas são construídos de maneira humanizada, com seus cansaços, fraquezas e suas sensibilidades. É o casal que rouba a cena da produção, após verem a olho nu a destruição na Faixa de Gaza. Tidos como quase-heróis, são eles que organizam os representantes e o local das negociações – o próprio governo norueguês não sabe na integra todas as movimentações.
As negociações acontecem a portas trancadas por sete chaves. O telespectador quase não tem acesso aos diálogos que podem mudar o rumo do conflito, já Mona e Terje tem acesso negado para garantir a neutralidade do Acordo. Nas cenas do ambiente externo, enquanto tudo está sendo encaminhado a passos lentos, a mão da produção pesa para gritarem que Oslo é um filme sobre o Oriente Médio. A forte iluminação, extremamente amarelada, típica de qualquer cenário que fuja da Europa ou dos EUA, faz a vista doer, reiterando a sensação de heroísmo das protagonistas.
Lançado em maio, Oslo concorre a duas categorias no Emmy 2021, o Oscar da TV. Ele é mais uma produção para a conta da HBO, que lidera as indicações desse ano. Caso o filme ganhe, a HBO continua com título de Melhor Telefilme que, até então, está nas mãos de Bad Education, protagonizada por Hugh Jackman. Mas a pedra no sapato do streaming pode ser seu concorrente Amazon Prime Video, que vem forte na disputa com Sylvie’s Love e Uncle Frank.
Na categoria de Melhor Composição Musical em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme ou Especial (Trilha Dramática Original), quem assina a composição da trilha sonora de Oslo é Jeff Russo e Zoë Keating. O nome de Russo aparece mais uma vez na lista de indicados da mesma, a dobradinha acontece pela trilha de Fargo, que já lhe rendeu um Emmy em 2017. Na área da produção executiva, quem dá o nome é Marc Platt. Conhecido no Tony Awards por Dear Evan Hansen e Wicked, Platt já faturou o Emmy nos anos de 2016 e 2018
Oslo peca na tecla que mais bate: a neutralidade. O falso equilíbrio do filme humaniza apenas os seus protagonistas, colocando as demais figuras políticas num cenário descontextualizado. Mesmo com a imponência dos Estados Unidos nas discussões sendo mostrada, o longa não deixa de ser uma visão ocidental da crise. O subir dos créditos é um dos pontos altos; Oslo não se encerra de maneira leviana, trazendo dados e cenas reais dos acontecimentos que precedem o Acordo. Quem dera se o mesmo tivesse sido feito no início.