Gustavo Alexandreli
A primeira temporada de O Livro de Boba Fett estreou no catálogo do Disney+ em 29 de dezembro de 2021. Chegando já na virada do ano, a produção marcou não somente o novo ciclo, como também a primeira das apostas para as séries do universo Star Wars em 2022. No semestre inicial, a saga apresentada pela franquia no streaming foi a de Obi-Wan Kenobi, com o protagonista homônimo interpretado por Ewan McGregor. Já em setembro será a vez de Andor, cujo personagem principal será novamente protagonizado por Diego Luna. A coincidência entre ambas produções é que todas trazem a história de uma figura com passagem em histórias anteriores.
Obi-Wan Kenobi teve sua primeira aparição em 1977, em Uma Nova Esperança, e possui relação ainda mais identificada com o público por conta do tempo. A presença de Cassian Andor é mais recente: chegou em 2016 em Rogue One para fechar uma ponta solta da história, aberta entre os capítulos III (A Vingança dos Sith, de 2005) e IV, filme que deu início à saga. Por fim, no caso de Boba Fett, o caçador de recompensas apareceu pela primeira vez em 1980, em O Império Contra-Ataca. Na série homônima do vilão, a franquia Star Wars, que obteve extremo sucesso com The Mandalorian (2019), apresenta a volta de Fett (Temuera Morrison). A sua trajetória é feita na cidade arenosa de Tatooine, trazendo à tona peças conhecidas, como o palácio de Jabba e também a sua nave, agora com um formato diferente do usual.
Na primeira aparição de Boba nos filmes, ele trabalhou para Jabba The Hutt, inclusive participando no sequestro de Han Solo e Leia. Em The Book of Boba Fett, porém, o personagem chega ao local com novos propósitos e uma trajetória de pacificidade bastante longa. Dividida em sete episódios, a obra entrega ao público as devidas explicações sobre como o agora piedoso vilão sobreviveu às ameaças enfrentadas no poço de Sarlacc e outras das suas aventuras. O retorno, no entanto, se deu na segunda temporada de The Mandalorian. Na ocasião, Boba buscava por outra peça chave de sua história: seu traje
Apesar disso, a série que carrega o nome daquele que deveria ser o personagem principal acaba escorregando entre flashbacks e misturas com a trajetória do que viveu o mandaloriano. A produção anterior, que se tornou um fenômeno, anda mais perto do que deveria. Embora não haja um grande brilhantismo individual, O Livro de Boba Fett possui lampejos de boas produções. Por definição, é uma série com a essência Star Wars, porém comum.
A essência de The Book of Boba Fett pode ser traduzida nas indicações ao Emmy que a série recebeu. Das surpreendentes quatro categorias indicadas, todas em aspectos técnicos, inicialmente vale o destaque para Melhor Coordenação de Acrobacias em Série de Drama, Limitada ou Antologia ou Telefilme, para JJ Dashnaw, e também para Melhores Efeitos Visuais em uma Temporada ou Telefilme. Nesses dois aspectos, de fato, não há decepções. A produção saiu como a vencedora na categoria que premia os melhores efeitos durante a temporada. Já na primeira, quem levou a melhor foi Stranger Things, recebendo 5 estatuetas no total. No entanto, também vale ressaltar que a série de Boba Fett chegou ao Oscar da TV com vinte indicações a menos que a saga do Mandaloriano – recordista do ano em que participou.
Produzida por Jon Favreau e Dave Filoni, O Livro de Boba Fett não possui um roteiro ruim, porém deixa a desejar na narrativa do próprio vilão. Por conta disso, assim como fazem as premiações, é melhor ressaltar a técnica. Sob o comando de Ludwig Göransson, a trilha sonora é um show à parte. Desde a entrega na música tema e a passagem do capítulo de estreia, Um Estranho Numa Terra Estranha, é possível ter a certeza que esse será um dos pontos altos da série. No Emmy 2022, o capítulo 6, Do Deserto Vem Um Estranho, é quem carregou a indicação como Melhor Edição de Som em Série de Comédia ou Drama, apesar do prêmio ter ficado com o Disney+, na franquia vizinha. Cavaleiro da Lua, da Marvel Studios, saiu vencedora.