Giovana Keiko
Emily em Paris, série de Comédia estrelada por Lily Collins, que interpreta a marketeira Emily Cooper, se passa quando, há alguns meses na cidade luz, novos dilemas aparecem no caminho da personagem. Mas nada muito preocupante. O seriado pode ser colocado na categoria de “Séries de Almoço”, aquelas de meia horinha, que assistimos com leveza, por puro entretenimento, sem precisar se preocupar com o conteúdo agregado de fato. Ou seja, a mais pura e bela distração. Se você procura por isso, a produção da Netflix é um prato cheio.
Já com a terceira temporada confirmada, a trama concorre ao Emmy deste ano na categoria de Melhor Design de Produção em um Programa Narrativo (Meia-Hora). No ano passado, a série foi indicada na mesma modalidade, além de concorrer como Melhor Série de Comédia. O segundo ano foi lançado pela Netflix em 2021, e, assim como o primeiro, logo foi parar no top 10 da plataforma.
Agora, por que afirmar que Emily in Paris (no original) é uma série dos anos 2000 perdida em 2020? Porque funciona como uma poção mágica: junte um pouco de clichês, triângulos amorosos, uma bela patricinha esforçada, uma vilã chiquérrima, perrengues engraçados, amores impossíveis, um bad boy se mostrando romântico e sensível depois de conhecê-lo, muitos outros white people problems e, ainda por cima, tudo isso em Paris? Isso não te lembra nada que já tenha visto na Sessão da Tarde?
Durante os primeiros episódios, tudo parece girar em torno do triângulo amoroso entre Gabriel (Lucas Bravo), Emily (Lily Collins) e Camille (Camille Razat). A protagonista que dá nome à série nem parece ter mudado de continente, nada se fala da família que ficou para trás, e muito menos do seu ex-namorado, que foi esquecido já no começo da primeira temporada. O ‘peixinho fora d’água’ que ela era no início, sendo desprezada pelos colegas, parece passado, e agora eles compareceram até no seu aniversário.
Algo que hoje não faz mais sentido, e infelizmente é uma das partes principais dos episódios, é a rivalidade feminina. Tanto na vida amorosa quanto no trabalho, e principalmente nas amizades de Emily, as personagens femininas parecem sempre estar competindo. A trama pode ser vista de duas formas, tendo Emily como vítima ou vilã da própria história, pois todas suas confusões foram desencadeadas por suas próprias decisões. Ora, ora, se não são as “consequências das minhas ações”?
Ah, e não nos esqueçamos do outro pretendente romântico de Emily (opções não faltam): Alfie (Lucien Laviscount), um sujeito arrogante a princípio, mas, quando se conhece, revela-se um amor. Isso não te lembra algo? Exatamente, é puro suco dos anos 2000! Ele é bancário, cheio de grana (praticamente um “Faria Limer”), está em Paris a trabalho e, quando eles se encontram com histórias tão parecidas… Parece que deu match, né?
Na segunda temporada da série, os estereótipos continuam bem fortes e pejorativos sobre o povo francês, o que, no geral, não agrada. Embora a maior parte do elenco seja branca e realmente francesa, os produtores tentam trazer pluralidade, como as personagens Mindy Chen (Ashley Park), Alfie e Julian (Samuel Arnold), que são os únicos não-brancos. Já a comunidade LGBTQIA+ é representada não só pelos personagens secundários, mas também estão presentes nas cenas que envolvem a boate que Mindy trabalha.
Nem só de gafes vive Emily em Paris. É impossível não comentar sobre o figurino (a impecabilidade beira o surreal), confeccionado pela figurinista Marylin Fitoussi e pela consultora de vestuário Patricia Field, que já trabalharam em Sex and the City, assim como o diretor, Darren Star. São notáveis as referências a outras séries e filmes dos anos 2000, como Gilmore Girls, Gossip Girl e O Diabo Veste Prada.
A série é superficial, sem nenhuma trama lá muito complexa, mas é agradável de se assistir, e nem se vê a hora passar. A produção entrega tudo que promete, as trapalhadas são bem engraçadas e até parece que ela é gente como a gente. Assim, vale a pena passar um domingo preguiçoso maratonando Emily em Paris. O seriado deixa o coração quentinho com clichês que estamos acostumados, e é uma ótima opção para quem quer se distrair sem compromisso. Apesar da segunda temporada ter sido bem mais morna que a primeira, aguardamos ansiosamente pelo seu terceiro ano.
resenha incrível!!! sz