Miami, 1964. Após uma vitória espetacular de Cassius Clay(Eli Goree) sobre o campeão dos pesos-pesados Sonny Liston, um grupo de amigos se junta para comemorar o feito. Essa noite poderia ser apenas mais uma história de diversão, com uma festa regada a bebidas alcoólicas. Mas isso não ocorre. O grupo citado é formado pelo ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o pai do soul Sam Cooke (Leslie Odom, Jr.), o jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge) e o campeão Cassius Clay, que futuramente seria chamado de Muhammad Ali.
“Eu falei pra minha mãe que eu tenho medo/Eu ainda tenho medo/Ela me disse que eu não tô sozinho/Esse é seu ídolo”
Elder John
Existem duas certezas na vida: uma é que vamos morrer e a outra é que dia 13/03 tem álbum do Djonga. O rapper emplacou mais uma produção pelo quinto ano seguido.Heresia (2017), O menino que queria ser Deus (2018), Ladrão (2019), Histórias da minha área (2020) e agora NU (2021).
Há quem diga que o ser humano fala mais a palavra ‘não’ do que o próprio nome, mas isso faz com que nós não levemos em conta o impacto e o peso de seu antônimo, ‘sim’, no nosso cotidiano. Falar uma simples palavra de 3 letras pode ter significados tão diferentes; conseguimos afirmar, negar, satirizar, debochar, discordar, implicar, implorar e muitas outras coisas ao apenas dizer ‘sim’ com uma entonação diferente da anterior.
É isso que o indicado à Melhor Curta-Metragem de Animação do Oscar 2021 mostra em seus 8 minutos de tela. Yes-People não tem ‘história’, se não mostrar diferentes pessoas e seus diversos ‘sim’ em suas determinadas situações e contextos. Desde a professora que não quer magoar o aluno que toca mal a flauta até o casal que grita de prazeres na cama; todos os cenários somente são construídos a partir de 1 palavra, 1 frase, 1 diálogo: ‘sim’.
Em tempos de Oscar, é preciso conhecer os candidatos, até mesmo os inexistentes. Em meio ao drama da Hollywood do século 20, Evelyn Hugo veio para ficar. Escrito por Taylor Jenkins Reid, autora de Daisy Jones & The Six e Amor(es) Verdadeiro(s), o romance históricoOs sete maridos de Evelyn Hugo traz 360 páginas de uma envolvente trama LGBTQIA+, e emoções são o que não faltam. E alerta de gatilhos: o livro aborda assuntos como violência doméstica, abuso psicológico, homofobia, suicídio e alcoolismo, além de contar as dificuldades e preconceitos vivenciados pela jovem atriz latina.
Esta é a temporada em que o Cinema mainstream se ocupa em reconstituir trechos da história da luta por igualdade e liberdade na América ao mesmo tempo em que inicia a concretização da exaustiva cobrança por diversidade e inclusão. De 12 meses pra cá, surgiram em nossas telas retratos memorando períodos e movimentos que determinaram o que nossa realidade é hoje e os avanços que conquistamos, pintados por cineastas que hoje compõem as premiações mais diversas da história. No gênero que se ocupa em registrar a nossa existência, o cenário não poderia ser diferente, e Crip Camp: Revolução pela Inclusão é mais um encontro de todas as pautas que tomaram o ambiente de debate sobre as produções audiovisuais nos últimos meses.
Uma lagarta, para se tornar borboleta, passa por uma metamorfose que irá mudar totalmente a sua vida e o mundo ao seu redor. Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta, novo filme da Netflix que chegou no dia 3 de março, conta sobre a transformação de Vivian (Hadley Robinson), uma garota do Ensino Médio que não pôde ficar em silêncio diante das situações misóginas que aconteciam em seu colégio, e passa a enfrentá-las usando o fanzineMoxie, que foi capaz de romper o casulo de diversas meninas a sua volta.
Aviso: esse texto contém imagens sensíveis de crianças em situação de desnutrição.
Vitória Lopes Gomez
É impossível assistir Hunger Ward sem desviar os olhos. O curta-metragem acompanha duas profissionais de saúde em clínicas de alimentação terapêutica no Iémen, onde lutam para salvar crianças da morte por desnutrição. Sem hesitar em filmar o sofrimento, o diretor dinamarquês Skye Fitzgerald usa da dolorida exposição das vítimas para denunciar a mais triste das consequências da guerra que assola o país: a fome, que, só em 2020, ameaçou a vida de cerca de 100 mil crianças.
O meio cultural está em constante mutação. Com o passar dos anos, fomos alterando e desenvolvendo as nossas formas de consumir conteúdo, seja pelo meio impresso, radiofônico ou televisivo. Assim como os meios mudam, o seu público também muda. Temas que no século passado eram tratados com normalidade não são mais cabíveis nos dias atuais. Dessa forma, os produtos culturais foram recebendo novas vestimentas. Hoje, já sabemos que nem toda narrativa precisa ter uma mocinha que vai atrás do seu par romântico, assim como estereotipar personagens homossexuais não é (e nunca deveria ter sido) motivo de piada.
Essa revolução iria se estender, é claro, para o mundo das novelas. Uma das principais formas de entretenimento do público brasileiro, grande adepto do sofá. Com a ascensão dos streamings e a concorrência cada vez maior de seriados, a teledramaturgia precisou se modificar. Assistir histórias com desfechos sem pé nem cabeça já havia se tornado algo rotineiro, “coisa de novela”, como se o gênero tivesse que ser sinônimo de algo mal feito. Não dava para sustentar um público cada vez mais em busca de abordagens sérias e profundas com os mesmos temas batidos de sempre.
São necessários apenas 20 minutos para White Eye estruturar e acusar a sociedade de classes em que se insere. O curta-metragem israelense dirigido por Tomer Shushan é um retrato potente do privilégio social e da noção agressivamente individualista de propriedade privada, utilizando uma esquina de Tel Aviv como seu epicentro. Indicado ao Oscar 2021, o roubo de uma bicicleta é a força narrativa que movimenta um completo desmantelamento da figura humana.
No dia 17 de março, a nossa saudosa Elis Regina (1945-1982) completaria 76 anos. Em homenagem, seu primogênito João Marcelo Bôscoli – fruto de seu primeiro casamento, com Ronaldo Bôscoli –, em parceria com a Universal Music do Brasil, nos presenteou com a remasterização e nova mixagem do álbum Elis (1972). Disco produzido por Roberto Menescal que marcou o início da parceria musical entre a cantora e César Camargo Mariano (a quem posteriormente se tornaria seu marido e pai de seus outros dois filhos), e mostrou a verdadeira e mais humana face dela.