Terror, magia, quase apocalipses e empoderamento feminino em Buffy, a Caça-Vampiros

 

*Atenção: contém spoilers!

Bárbara Alcântara

A loira, líder de torcida, branca, magra e atraente é sempre uma das primeiras a morrer nos filmes de terror. Para comprovar essa premissa é só entrar na aba da Netflix com essa classificação. Os gritos estridentes são logo calados por uma facada de Jason Voorhees em “Sexta-feira 13”. O mesmo acontece nas mãos de Freddy Krueger em  “A Hora do Pesadelo”, Ghostface em “Pânico”, Michael Myers em “Halloween” e tantos outros títulos. Era humanamente impossível imaginar que uma menina que se preocupasse tanto com a aparência poderia ser também inteligente e corajosa. Continue lendo “Terror, magia, quase apocalipses e empoderamento feminino em Buffy, a Caça-Vampiros”

Foi preciso mais do que látex para o Príncipe das Sombras se tornar um clássico dos anos 80

capa original o princípe das sombras

Adriano Arrigo

Se há uma memória que me remeta a seção de Terror das extintas locadoras, elas certamente está relacionada a algum filme de John Carpenter. Não que eu tenha assistido, mas a capa de A Cidade dos Amaldiçoados (1995) realmente me apavorava (ok, eu era uma criança medrosa), além do medo me cutucar no pôster da Enigma de Outro Mundo (1987). Como criança, o medo parecia morar nas capas escuras com algum monstro (ou parte dele) em evidência e, no verso dos VHS/DVD’s, o terror era acionado apenas com as melhores direções de arte e maquiagem. Continue lendo “Foi preciso mais do que látex para o Príncipe das Sombras se tornar um clássico dos anos 80”

Blecaute! Uma década da ruína pública de Britney Spears

Leandro Gonçalves

Alternativa aos poderosos vocais, de Whitney Houston à Mariah Carey, e às açucaradas boybands e girlgroups vibrantes que dominavam as paradas musicais, Britney Spears surgiu como uma promessa revigorante ao cenário pop no final dos anos noventa. A ambígua imagem feminina da jovem conquistou rapidamente o público, e seu estrondoso sucesso fez com que seu nome fosse comparado, ainda que precocemente, a grandes mulheres da indústria, como Madonna. A figura eloquente que reunia nuances de inocência com características de Lolita encarnava a virtude atrativa do feminino, instrumento lucrativo aos monopólios fonográficos. Continue lendo “Blecaute! Uma década da ruína pública de Britney Spears”

Paul McCartney toca São Paulo

Noite de clássicos (foto: Marcelo Brandt/G1)

Camila Araújo

Paul mandou quase três horas de um set bem elaborado, escolhido a dedo para agradar os corações beatlemaníacos no Allianz Parque. Mesmo com uma voz rouca – provavelmente devido ao tempo inusitado de São Paulo que resolveu fazer frio e tempo de chuva de última hora – e com 75 anos nas costas, as músicas foram tocadas com perfeita maestria, de um veterano de guerra que há meio século convive com o mesmo repertório.

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Mesmo dentro de excessos, Blade Runner 2049 consegue ser real

Em meio a tantas réplicas no cinema, Denis Villeneuve emplaca um sci-fi com alma em um universo que parecia até então intacto

Adriano Arrigo

Se formos parar para pensar, o universo de Blade Runner nunca fora estranho para Denis Villeneuve. A passar por Incêndios (2010), e, mais recentemente, por O Homem Duplicado (2013) e A Chegada (2016), Villeneuve demonstrou extrema interesse em descobrir o propósito do Ser humano, tanto através da sua linguagem cinematográfica quanto nos roteiros em que trabalha. E Blade Runner 2049 não foge às regras que o diretor canadense rege seu universo particular. Continue lendo “Mesmo dentro de excessos, Blade Runner 2049 consegue ser real”

Radiohead, a era digital e o fator humano

Eu tenho muitas amizades virtuais, eu bato-papo pelo meu computador

N. V. #41

Um texto sobre OK Computer (1997) estava na agenda para o primeiro semestre deste ano. O terceiro álbum do Radiohead é um dos mais aclamados da década de 90, e não à toa: a música mescla diversas influências (DJ Shadow, Pink Floyd, R.E.M, Can) em um produto grandioso e distinto, enquanto as letras já adiantavam a ansiedade e isolamento proporcionados com a chegada da era digital – sem contar os belos clipes e o encarte críptico. Continue lendo “Radiohead, a era digital e o fator humano”

Mãe! é uma polêmica alegoria crítica ao egocentrismo divino

Luigi Rigoni

Polarizando opiniões tanto de crítica como público, o novo filme de Darren Aronofsky, é indiscutivelmente uma obra cinematográfica peculiar. A narrativa, carregada de metáforas e de simbolismos, insere o espectador em uma atmosfera sufocante, despertando um sentimento de impotência diante do cenário surrealista. A falta de nomes dos personagens, monótonas sequências do início do longa e, principalmente, as alusões bíblicas, o confirmam como uma obra pretensiosa, que não almeja, em momento algum, ser facilmente digerida pelo grande público. Continue lendo “Mãe! é uma polêmica alegoria crítica ao egocentrismo divino”

Godspeed You! Black Emperor e o anarquismo simbólico

O Canadá de 1997 resumido em uma foto

Nilo Vieira

Em 1997, o rótulo post-rock era recente e até fazia sentido em bandas diferenciadas como o Godspeed You! Black Emperor. Os pilares centrais do rock (guitarra, baixo e bateria) estavam ali, mas eram utilizados em composições mais próximas a Steve Reich e Ennio Morricone – riffs e solos eram substituídos por texturas e orquestrações, peças de longa duração eram regra. Continue lendo “Godspeed You! Black Emperor e o anarquismo simbólico”

20 anos de Homogenic: Björk retorna ao lar

(Foto: Phil Poynter)

Leonardo Teixeira

Em uma entrevista concedida à revista americana Raygun, Björk afirmou que “Possibly Maybe” (quinto single de seu segundo álbum solo, Post) é uma canção que lhe causava “vergonha”. A islandesa sentia-se constrangida por ter composto uma música que não desse esperança às pessoas. Com o estrelato trazido por seus dois primeiros trabalhos, ela se jogou nas maravilhas do mundo para divulgar sua arte. Continue lendo “20 anos de Homogenic: Björk retorna ao lar”

20 anos de Butterfly: a primeira emancipação de Mariah Carey

Leandro Gonçalves

A voz única e expressiva que embalou os americanos ao cantar sobre a sua visão do amor, compartilhando suas emoções, experimentou o até então auge de seu sucesso ao declarar estar sonhando acordada. Em 1995, com pouco mais de cinco anos de carreira, Mariah Carey desfrutava do próspero caminho que trilhara desde seu álbum de estreia autointitulado. Daydream (1995), seu quinto disco de estúdio, sustentava o sucesso conquistado pelo seu popular antecessor e estabelecia números expressivos, tanto para Carey quanto para a indústria fonográfica. Continue lendo “20 anos de Butterfly: a primeira emancipação de Mariah Carey”