Here olha para o que ninguém vê

Cena do filme Here. A cena se passa em uma floresta, com o solo verde coberto por musgos e troncos de árvores ao fundo. Em um primeiro plano, os dois personagem estão mal iluminados e é possível ver, à esquerda, uma mulher adulta com cabelo preso em um coque, ajoelhada no chão, segurando uma planta na mão. À sua frente, à direita, é possível ver um homem curvado sobre uma pedra, encarando o que ela tem em mãos.
Here venceu os prêmios de Encounters e FIPRESCI do Festival de Berlim e participou do Festival do Rio 2023 na seção Expectativa (Foto: Rediance Films)

Vitória Gomez

Para Bas Devos, fazer filmes é uma desculpa para ser curioso. Here, seu quarto longa-metragem, usa essa curiosidade para observar a relação de dois estranhos consigo mesmos, um com o outro e com o país que habitam, estrangeiro tanto quanto eles mesmos ali. A produção desembarcou no Brasil no 25° Festival do Rio depois de conquistar dois troféus no Festival de Berlim e, olhando para o ordinário, torna até o comum fantástico. 

Na obra, o diretor belga segue Stefan (Stefan Gota), um trabalhador romeno da construção civil morando em Bruxelas, na Bélgica. Quando a temporada de obra acaba e ele e seus colegas – igualmente estrangeiros – poderão aproveitar as férias em seus países de origem, o protagonista encontra uma mulher que o fará pensar duas vezes se deve ou não voltar. O grande porém é que ela sequer sabe o nome dele.

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Os batimentos da mudança movem Corações Gentis

Vencedor na seção Generation 14plus do Festival Internacional de Cinema de Berlim, Corações Gentis encanta as telas brasileiras na Perspectiva Internacional da 46ª Mostra (Foto: Accattone Films)

Enzo Caramori

É possível que um sentimento de surpresa arrebate um espectador desavisado ao descobrir que Corações Gentis (2022), representante belga na Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é um documentário. Essa surpresa, no entanto, está longe de afastar o gênero do longa-metragem dirigido pela dupla de cineastas Olivia Rochette e Gerard-Jan Claes. Nesse híbrido de sensibilidades ficcionais e documentais, o casal de jovens adultos Billie Meeussen e Lucas Roefmans são retratados à beira de transformações em suas aspirações pessoais, com uma emoção vertiginosa e delicada — um típico frio na barriga adolescente — acerca das expectativas sobre o futuro e suas incertezas.

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