Gustavo Alexandreli
Se você gosta ou já ouviu falar da saga Star Wars, sabe que compreender a cronologia é um grande desafio, até mesmo para os fãs mais apaixonados. Com Rogue One: Uma História Star Wars, lançado em dezembro de 2016, não é diferente. Para entender a jornada de Jyn Erso (Felicity Jones), é necessário voltar mais de uma década e encaixar a história rebelde deste spin-off, o primeiro de Star Wars, entre os eventos dos episódios III (A Vingança dos Sith, de 2005) e IV (Uma Nova Esperança, de 1977).
Com direção do britânico Gareth Edwards, a trama se inicia quando o notável cientista Galen Erso (Mads Mikkelsen) é levado à força por um Esquadrão Imperial e seu líder para finalizar a construção da Estrela da Morte – arma destruidora de planetas –, e sua filha, Jyn Erso, ainda criança é deixada para ser resgatada pelo líder Saw Gerrera (Forest Whitaker) – que não possui sua primeira aparição do universo Star Wars neste filme.
A primeira vez que o vimos foi na animação Star Wars: The Clone Wars, lançada em 2008, que se passa na Era Republicana. O personagem reaparece em Star Wars Rebels, sequência de 2014, já na Era Rebelde – a mesma de Rogue One, em mais uma demonstração do quão extenso é o universo e a cronologia desta franquia. A saga ainda possui em seu horizonte após Rogue One ao menos 7 produções já disponíveis e receberá ainda nos próximos anos conteúdos que foram anunciados durante Disney Investor Day, em 2020.
Após essa breve introdução, Jyn Erso, agora adulta, está presa pelo Império e escondida sob um pseudônimo, enquanto a Aliança Rebelde busca por informações de um suposto piloto desertor enviado por Galen. Ambientado em diversas áreas, inicialmente Rogue One transita muito rapidamente entre as várias cidades, luas, campos e espaços. Com fotografia sob direção do experiente Greig Fraser, é de ressaltar a alta qualidade deste quesito.
Após saber destas informações, o filme não possui muito aprofundamento e segue com a caça por parte da inteligência rebelde em não perder as esperanças de deter a tão temida Arma Imperial. Jyn, agora sob controle da rebelião, é crucial para a missão por conta do sobrenome que carrega. A garota, no entanto, participa ativamente da missão e os acompanha nos diferentes espaços. Possuindo voz forte em decisões que norteiam a rebelião, ela chega ao comando do grupo em conflitos determinantes, fugindo do fardo de ser apenas a portadora do sobrenome.
Com um clima iminente ao estopim de uma guerra e a ameaça de morte constante, a estratégia se faz muito mais presente para adentrar zonas de domínio Imperial e enfrentar outros rebeldes mais extremistas. É o que ocorre na cidade de Jedha e em outras vezes ao longo de toda a obra. No entanto, não há um forte impacto, mas sim um clima constante de perigo e desconfiança.
Os inúmeros conflitos, ambientados desde espionagem até roubos, não possuem elementos conhecidos como os sabres de luz ou a presença da Força dos Jedis e do Lado Sombrio, pois Rogue One se passa pelos esforços daqueles que lutaram pela rebelião para termos “Uma Nova Esperança”. A luta perdura muito mais por questões políticas do que em torno da Força – o que não significa abandono aos elementos base, que, a partir de referências sutis, trazem essa lembrança dos outros filmes da franquia.
Este objeto político durante toda a saga Star Wars sempre se faz muito presente, mas é neste filme que, durante o último suspiro, nos faz pensar para além de apenas uma guerra – indo desde o ideal revolucionário, até mesmo como parte da sua própria vida. As desavenças políticas, o poder de escolha ou não, tornam-se mais do que somente parte da obra.
Rogue One não é a melhor, mas sem dúvidas é uma das melhores produções recentes da saga Star Wars. O roteiro de Rogue One preenche com honra o legado dos que lutaram pela rebelião. Poderia ser simplesmente mais um filme de guerra, mas, ao final, entrega muita luta e esperança para se manter firme em roubar os planos da Estrela da Morte, essenciais na sequência da aventura de Luke Skywalker. O último ato rebelde se dá em uma intensa batalha no planeta Scarif onde a missão se encerra, porém, ainda revela, em seus últimos 3 minutos, um fim dramático e impressionante para uma rebelião contra o Imperador Darth Vader.
Mesmo estando situado entre filmes longínquos – tanto 1977 quanto 2005 –, Rogue One: Uma História Star Wars é a esperança anterior a tudo que a rebelião e os Jedis, quando presentes dentro dos filmes sequenciais da franquia, prosseguem. Atualmente, após 5 anos de sua chegada, a obra ainda preenche parte essencial no universo Guerra nas Estrelas, com um pouco mais de profundidade na história daqueles que não possuíam sabres nas mãos.