Dentre halloween, eleições, shows e fins de semestre, outubro foi realmente um mês macabro. A aura desses últimos trinta e um dias foi tão bizarra que afetou até nossa curadoria mensal, bem divida: um lado selecionou as melhores trevosidades, enquanto o outro trouxe lançamentos mais ensolarados para balancear. Tem para todos os gostos, como você pode conferir abaixo.
“O que é a vida? É o princípio da morte. O que é a morte? É o fim da vida. O que é a existência? É a continuidade do sangue. O que é o sangue? É a razão da existência!” – Zé do Caixão
Lançado em outubro de 1986, Reign in Blood é o terceiro disco do Slayer, quarteto californiano de thrash metal. No entanto, apesar de possuir antecessores, é considerado pelo guitarrista Kerry King como o primeiro álbum “legitimamente Slayer”, onde o grupo enfim encontrou sua própria identidade e as influências da New Wave of British Heavy Metal (presentes na estreia Show No Mercy) ou do Mercyful Fate (crucial para as composições de Hell Awaits serem mais longas) não mais transpareciam.
Animes de terror não costumam ser o assunto mais comentado em rodas de conversa entre otakus e nerds. O foco das grandes discussões gira entorno de animes do gênero shounen, voltados geralmente para o público jovem masculino e que possuem grandiosas cenas de batalha, como Dragon Ball e One Piece, ou os grandes novos títulos que se espalham pelo mercado mundial, como Shingeki no Kiojin e Sword Art Onlne. Também não é incomum ouvirmos sobre obras que marcaram a história da animação, tal qual A Viagem de Chihiro e outros clássicos do Studio Ghibli. No entanto, o mercado de horror, tão pouco explorado pelos consumidores, é um dos que exibe o maior potencial, devido ao seu modo de retratar cenas grotescas em narrativas realistas que prendem o leitor, às vezes com um efeito maior do que o das grandes produções americanas.
O britânico Alan Moore entrou no mercado norte-americano em 1983, em um título deixado de escanteio pela DC Comics, para desestabilizar de vez a indústria dos quadrinhos.
Além do escritor Alan Moore, muito da concepção da personagem se deve aos artistas Stephen Bissette e John Totleben/ DC Comics
Lucas Marques
A chamada “Sophisticated Suspense” (Suspense Sofisticado) presente na maioria das capas de A Saga do Monstro do Pântano não traduz nas histórias o que os editores da DC Comics queriam indicar por ela: algo nos moldes da literatura de H. P. Lovecraft ou mesmo de Stephen King, que nesses meados dos anos 80 vinha de sucesso após sucesso. Mas essa sofisticação é verdadeira, não se engane, concretizada em uma miscelânea inédita nos quadrinhos. Ao longo de mais de 40 edições, Alan Moore reuniu em um mesmo espaço religião e filmes trash, Freud e Aleister Crowley, biologia e erotismo, movimentos sociais e cinema pastelão, o racional e o irracional. Continue lendo “Alan Moore e seu “suspense sofisticado” de Monstro do Pântano”
Lucas Lombardi, estudante de Jornalismo da Unesp Bauru
“Nunca pergunte ‘quem está aí?’, você não assiste a filmes de terror? É uma sentença de morte.”, diz o assassino do outro lado da linha telefônica. Se você já assistiu a um slasher movie, o clássico filme de assassino, tem ideia dos clichês e elementos que vivem se repetindo. É sempre um maníaco mascarado perseguindo uma adolescente, que se esconde dentro da casa ao invés de sair e correr pela porta da frente, evitando o perseguidor. Esse tipo de filme teve seu auge de popularidade nos anos 80, gerando alto lucro para os estúdios, que faziam sequências e mais sequências, todo o ano. Continue lendo “Irônico e autoconsciente: como Pânico mudou para sempre o gênero do terror”
O vampirismo está intrinsecamente ligado à história do cinema, desde o Drácula impressionista de Murnau em Nosferatu, de 1922. Daí pra frente, nenhum outro personagem foi tema de tantos filmes, indo do essencial, em Vampyr, de Dreyer, o remake de Nosferatu, por Herzog, e o primeiro Drácula da série de interpretações de Cristopher Lee, ao ofensivamente ruim, em desastres como Dracula 3D, de Dario Argento.
Guilherme Reis Mantovani, estudante de Jornalismo da Unesp Bauru
O Cemitério (do original Pet Sematary – sim, a famosa música dos Ramones de mesmo nome é uma homenagem referencial à obra literária) é um romance de terror escrito por Stephen King na década de 80. É interessante ressaltar que o autor revelou repulsa à sua própria criação em entrevistas pós-publicação, por sentir um pessimismo incômodo e irredutível no desfecho da história, bem como uma mensagem intrínseca repulsiva. Na verdade, após sua mulher também ter rejeitado o manuscrito original, King pretendia engavetar “n’O Cemitério”. O livro, no entanto, era parte de um imbróglio contratual do autor com a editora norte-americana Doubleday e precisava ser publicado. Pois aí estava a solução: livrar-se da obrigação contratual e do “livro visceral” ao mesmo tempo… Continue lendo “O Cemitério, de Stephen King, enterra os receios do autor e (res)suscita uma história sóbria, intensa e muito assustadora”
Da esquerda para a direita, as personagens: Columbia, Magenta, Frank-N-Furter, Riff Raff
Bárbara Alcântara, estudante de Jornalismo da Unesp Bauru
No ano em que foi lançado, 1975, The Rocky Horror Picture Show foi um fracasso de bilheteria. Para os críticos, era um filme de difícil classificação: terror? Comédia? Musical? Sátira? Para o público em geral, o roteiro era confuso e, principalmente, polêmico. Talvez por conter uma enorme quantidade de referências que iam desde os cultuados filmes de ficção científica e terror, até cantores e estilos musicais da época. Ou então por praticamente pregar a liberação sexual. Fosse qual fosse o motivo do fiasco, o que ninguém esperava era que, nos anos seguintes, o longa deixaria de ser um desastre para se tornar um clássico cult. Passaria a ser exibido regularmente em sessões especiais de cinemas espalhados pelos Estados Unidos e ganharia, além de uma legião de fãs, um remake televisivo quatro décadas depois. Continue lendo “Vamos fazer o Time Warp novamente: The Rocky Horror Picture Show”
Em sua terceira noite, o Festival de Artes Cênicas de Bauru nos apresenta o espetáculo Crise de Gente, da Companhia Hecatombe. O título da peça já carrega em si muito do que é abordado nas suas aproximadas duas horas tão intensas e provocadoras. A palavra mais utilizada nos discursos midiáticos, políticos e até nas conversas triviais é quem guia todo o enredo do espetáculo, se é que há um enredo.
Uma década depois de seu lançamento, a viagem continua.
Luis Felipe Silva
Depois de viajar cerca de 1.300 km, chegava ao Brasil, há dez anos, uma Kombi amarela caindo aos pedaços. Dentro dela, uma família pouco convencional que, mesmo somadas as diferenças, se uniu em torno do sonho de ganhar um concurso de beleza da pequena Olive interpretada por Abigail Breslin.