Gustavo Alexandreli
O ano de 2015 foi marcado por grandes sucessos de bilheteria, como Velozes e Furiosos 7, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros e Vingadores: Era de Ultron. E para encerrar o ano com uma saga clássica e postulante ao sucesso, em 17 de dezembro foi lançado no Brasil Star Wars VII: O Despertar da Força. O êxito – já esperado – se concretizou, assim que o filme tornou-se a maior bilheteria dentre os já lançados pela franquia, e a quarta maior bilheteria mundial, arrecadando um total de 2,066 bilhões de dólares. O Despertar da Força é, cronologicamente – na saga -, o primeiro filme após a trilogia original, iniciada pelos episódios IV (Uma Nova Esperança, de 1977) e V (O Império Contra-Ataca, de 1980). E 32 anos após o encerramento da história com o episódio VI (O Retorno de Jedi, de 1983), sua continuação chegou aos cinemas.
O sétimo episódio, obviamente, tinha a necessidade de dar continuidade a história e iniciar uma futura nova trilogia. Porém, manter-se no clássico é essencial, já que os filmes lançados entre 1977 e 1983 conquistaram uma legião de fãs. Contudo, a presença de novidades ainda foi muito forte, tornando este um marco na franquia. A principal marca de Star Wars VII fica por conta de sua produção que, pela primeira vez foi comandada pela Disney – em transação bilionária, a empresa comprou a Lucasfilm e a franquia Star Wars -, além da presença do diretor J. J. Abrams que estreia à frente da saga.
Apesar das novidades em sua produção, o filme inicia de seu modo já conhecido do público, com o texto inicial em letras amarelas – que já descreve o caminho que o filme seguirá – e acompanhado da famosa composição musical de John Willians. A trajetória da narrativa é de fato explicitada em seu texto de início, mas isso não faz com que o espectador não se surpreenda ao longo das mais de duas horas de filme.
O início é muito dinâmico, e dentro de um clima muito intenso de guerra, perseguição e morte, o espectador é colocado de frente com os novos personagens, como Poe Dameron (Oscar Isaac), Kylo Ren (Adam Driver) FN-2187/Finn (John Boyega) e Rey (Daisy Ridley). A aparição desses personagens, além de indicar o início de uma nova era, é carregada de representatividade, já que a protagonista Rey é mais uma mulher forte e independente presente na saga e Finn, um personagem negro, que começa como um Stormtrooper mas logo demonstra muita coragem, se rebelando para fazer o que considera certo.
Após um início intenso e o bombardeio imediato de novidades nos primeiros minutos, a trama mostra, sem profundidade e em tom de conversa, o passado dos protagonistas e os objetivos que os motivam. Dividido em duas frentes e com muito acerto ao não misturar linhas do tempo, BB-8 (dróide que contém o mapa mais desejado da galáxia) e Rey seguem em meio ao cenário de destruição de Jakku, e Finn e Poe se conhecem durante um voo arriscado pelo espaço.
A partir desse ponto, o conflito entre Resistência e Primeira Ordem foi estabelecido e o filme torna-se muito equilibrado. Apresentando de maneira sutil e progressiva elementos que trazem o sentimento de nostalgia aos olhos dos fãs, O Despertar da Força flui entre paisagens de destruições das eras passadas e entre a presença de rostos e máquinas conhecidas como o trio: Han Solo (Harrison Ford), Chewbacca e a famosa nave Millennium Falcon. Estas aparições se alinham a uma construção de efeitos especiais altamente detalhista e ao contraste de luzes e cores, que conversam com as faces que as representam (tornando-se mais escuras quando em relação ao lado sombrio e oposta quando em ligação a resistência), e fazem com que a trama fique próxima do público e ainda mais nostálgica.
A aparição de elementos conhecidos não se limita apenas aos personagens emblemáticos, e também se conecta à parte mais permanente e importante de toda a história: a ‘força’, que é tratada de uma forma mais simplificada e que acompanha o crescimento do filme. A força, embora metafísica e particular, gera bastante conflito entre as gerações fãs da saga, visto que Rey sequer tem treinamento, mas sozinha aprende a usar os truques mentais. E os mais apegados ao clássico de George Lucas podem se incomodar também com algumas utilizações que Finn faz dos sabres de luz, que originalmente seriam armas únicas de Jedi.
Apesar da simplificação de processos na força e da fuga de padrões, o apelo à nostalgia, visto da metade inicial até o fim de Star Wars VII: O Despertar da Força, faz com que o filme caia em fórmulas comuns, que apesar de repetidas e extremamente utilizadas na franquia, ainda formam sucessos. São estes as lutas de sabre de luz – ponto alto de muitos filmes -, a perseguição entre caças, e o embate entre familiares – elemento mais conhecido do Episódio V -.
A fórmula de Star Wars VII, apesar de seu grande sucesso, deixa a sensação de um roteiro simplista e sem ousadia, em muitos aspectos. Porém, o desfecho do filme não decepciona, e em uma única aparição, o Jedi Luke Skywalker (Mark Hammil) finaliza o filme sem dizer uma única palavra. Assim, fica totalmente em aberto sua presença no futuro da trilogia, que vem através dos filmes Star Wars VIII, lançado em 2017 e Star Wars IX do ano de 2019.
O sucesso na estreia da Disney, sem dúvidas, foi a marca de Star Wars VII, mesmo com a falta de criatividade e forte apelo ao passado. E o período pós-O Despertar da Força se mostrou muito promissor, já que de antemão, trouxe consigo os dois filmes da nova trilogia que conseguem ir do céu ao inferno em menos de dois anos, entre 2017 (Star Wars VIII: Os Últimos Jedi) e 2019 (Star Wars IX: A Ascensão Skywalker).
Em uma tentativa ousada, após a decepção de A Ascensão Skywalker, a franquia apostou na estreia de The Mandalorian, primeira série live-action da franquia. E seu sucesso, assim como em 2015, quando fez a franquia se reencontrar com o espectador, trouxe também um futuro para a saga. A conquista da série apresenta aos fãs uma luz no fim do túnel, e para a Disney, uma direção que encaminha Star Wars para um futuro brilhante.